quarta-feira, 20 de maio de 2009

O FIM DE TODAS AS TENTAÇÕES!...– glória ao diabo?‏

A liquefação da alma humana é um fato tão real nesses dias de carência, de vazio de caráter e de perda da individualidade sadia, posto que a verdadeira individualidade tenha sido trocada pela persona de grife e de moda generacional a ser adotada como personalidade, que, hoje em dia, já não existe mais o ambiente da tentação.
Tentação pressupõe caráter, conteúdo, idéia, opinião, certeza, principio, fé e conduta segundo valores pessoais.
Sem tais coisas não existe tentação...
Ora, como a maioria desistiu dessas coisas há algum tempo, no máximo fazendo gestão pública do aparecimento ou não da coisa considerada “tentação” do ponto de vista das convenções, o que resta é que as pessoas existem cada vez mais apenas ante o que possam ou não possam, consigam ou não consigam, alcancem ou não alcancem — pois, de fato, poucos são ainda os que, podendo, não façam o que possam; conseguindo, não realizem os que conseguiriam; e, podendo alcançar, desistam de fazê-lo apenas por uma questão de principio.
Hoje o que vejo muito é gente zangada com Deus por não as haver ajudado a cair em tentação... Sim, raiva de Deus por não ter transformado a obsessão na tentação em uma feliz resposta à oração.
Pouca gente hoje diz não à tentação...
A oração existencial é: “E não nos livre da tentação, mas apenas das conseqüências de seu mal contra mim!”
A questão que ficou ante o fenômeno do estar tentado é apenas a constatação de que se pode ou não fazer aquilo... Digo “pode” apenas do ponto de vista da exeqüibilidade ao não do desejo...
Tentação se tornou apenas uma alternativa que pode ou não ser abraçada, dependendo de se conseguir manter a tentação em segurança...
Ou seja:
Tentação não realizada é apenas aquela que não “rolou”... Pois, se “rolar”, e se “rolar com segurança”, a tentação já não será um problema.
De fato, para muitos, aí está a benção: entregar-se a tentação fugindo de suas conseqüências danosas, socialmente falando, e olhe lá...
Hoje tentação é apenas o desejo que só não será realizado se o malandro achar que pode fazer muito mal a ele; pois, caso ele assim não veja a tentação como problema prático, a decisão de acolhê-la já está a priori abraçada pela maioria.
Cada vez menos se encontra gente que, podendo, não faça; que, conseguindo, não realize; que, desejando, não busque alcançar...
Leio as cartas que me mandam e vejo que no máximo o que acontece aos “crentes de hoje” é a culpa à posteriori, depois que tudo virou bosta...
Antes, no entanto, quase ninguém tem mais luta... A maioria vai mesmo... Assumiram que é irresistível... Abraçaram o mal como destino normal...
Tenho saudades do tempo em que as pessoas ainda lutavam contra a tentação. Sim, sou saudoso do tempo em que se dizia a si mesmo ante a tentação, que nenhuma tentação seria maior do que as nossas forças, conforme Paulo afirma.
Não! Hoje, quase que de modo geral, todo “crente” acha que toda tentação seja irresistível... E mais: sentem-se bobos quando não cedem a ela...
“Vigiai e orai para que não entreis em tentação” se tornou algo diferente: “Fique de olhos bem abertos para não perder a oportunidade da tentação, pois, pode ser que você nunca mais a tenha desse modo, com essa pessoa, com esse conjunto de benefícios, no caso de se ficar bem atento..., de olhos bem abertos, a fim de que não seja apanhado no flagra”.
Depois escrevem querendo saber por que o inferno parece com o inferno e perguntando por que a existência parece gerida pelo próprio diabo.
Olhe para dentro de você mesmo e você verá a diferença entre você e você mesmo; entre você hoje e você no tempo em que o caráter do Evangelho ainda existia em sua consciência.
Quando a tentação deixa de ser tentação, creia, é porque a alma já se liquefez e a pessoa nem percebeu...
Virou pasta...

Nele, que foi tentado em todas as coisas, mas sem pecado,

Caio
20 de maio de 2009
Lago Norte
Brasília
DF
www.caiofabio.com
www.vemevetv.com.br

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