segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A síndrome da prisão na existência




Por Pablo Massolar

Uma grande parcela dos presidiários, que ficam encarcerados por longos anos, apesar do grande desejo de liberdade, são acometidos de um mal chamado de “Síndrome do Medo da Liberdade”. Trata-se do pavor, às vezes irracional, de sair da “segurança” da cela. Alguns já estão tão acostumados ao convívio social dos amigos presidiários, das convenções, regras e códigos de conduta da prisão a que foram submetidos que a liberdade passa a se tornar uma ameaça ao invés de um prêmio, gerando transtornos emocionais sérios ao se aproximar o dia de sair da prisão.

É o medo de não ser aceito, medo de não encontrar abrigo, medo de cometer novamente algum tipo de crime, medo de morrer, etc.

O que acontece é que nem sempre a prisão é física. As cadeias podem ser de ordem emocionais e até mesmo espirituais. São presos em si mesmos aqueles que tem medo de viver o novo, arriscar-se, experimentar a vida e se fazer percebido não pelos outros, mas por si mesmo, por sua própria vida, vivida em abundante liberdade. Projetos são travados, sonhos são interrompidos, decisões são adiadas porque, na maioria das vezes, temos medo de tomar decisões para sermos livres.

Algumas pessoas já sofreram tanto, estão a tanto tempo acorrentadas aos medos das traições do passado, das mágoas e das feridas que aqueles ao seu redor lhe causaram, que elas acabam construindo e somatizando muros emocionais e existenciais, prisões e grades para elas mesmas, para que ninguém de fora consiga penetrar suas masmorras de defesas e lhe causar mais dor. Tais pessoas colocam seus corações em verdadeiras gaiolas e não conseguem ter coragem de tirá-lo de lá.

Estas prisões tem nome e são geralmente conhecidas pela sensação de que não se conseguirá ser plenamente feliz na liberdade. Algumas pessoas vivem, de fato, presas ao medo de ser feliz, pois acham que experimentar felicidade é arriscado demais e podem acabar sofrendo alguma outra frustração ou falta. Acabam não se entregando inteiramente aos relacionamentos e compromissos por medo de abrirem a guarda e serem machucados e abandonados novamente. Eu já presenciei gente que não gargalhava porque tinha aquilo como prenúncio de algo ruim, uma espécie de “maldição” imposta pela vida, ou seja lá o que for, que infligia àquela pessoa um alto preço de tristeza algum tempo depois por cada vez que ela se permitia ser momentaneamente feliz. Então, para tal pessoa, era menos doloroso viver a monotonia da vida, do que a frustração provocada pela remoção da felicidade.

Entretanto, foi para a liberdade que Cristo nos chamou, a começar pela liberdade que vem pela verdade. Sim a verdade liberta! Mas quem tem medo da verdade não conseguirá ser livre de verdade.

A verdade é o caminho para a liberdade na vida e pela vida. Quem diz a verdade e vive por ela aprende a não temer mais nada. Quem perde o medo das conseqüências da verdade terá a liberdade de olhar nos olhos de qualquer um na existência e ter plena consciência de fazer a escolha correta sempre.

Não há como a vida em liberdade não ser um risco, somos alvo das coisas boas e das ruins também. Mas o apóstolo Paulo, no início da era cristã aprendeu a enfrentar qualquer situação, tanto de falta e escassez, como de abundância. Ele descobriu Aquele em quem ele podia todas as coisas, não na sua própria força em particular, mas na força, no dinamismo, Daquele que o fortalecia em todas as circunstâncias. Até mesmo preso, Paulo experimentou a liberdade que nenhuma cadeia no mundo consegue prender.

Nossa libertação vem daquele que não conhece cadeia, aqui ou no por vir, que impeça Seu poder de libertar a quem quiser. Ele é aquele que tem o nome pronunciável até mesmo pelos mudos, Sua voz pode ser ouvida por surdos e sua glória percebida por quem não possui olhos neste mundo. Antes que houvesse dia ou trevas, antes da própria existência, antes das coisas que não eram virem a existir, Ele é o que sempre foi e sempre será. Seu poder está para além da quantificação, seus dias são incontáveis e inumeráveis. Defini-lo é tolice, segurá-lo loucura, contê-lo impossível. Dar-lhe um só nome é reduzi-lo.

Senhor é o Seu nome, Imutável, Eterno, Rei da Glória. Ele é o que não conhece limites. Poderes e governos nada são diante do Ingovernável. Nele está a plenitude das plenitudes. Justo, Conselheiro, Amigo e Fiel.

Toda grandeza é como um nada, uma poeira diante Dele.

O Deus que liberta em plenitude te abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!

Fonte: Ovelha Magra

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