terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A Igreja de Laodicéia, a Condição da Igreja de Hoje


Por Steve Gallagher

"Estou totalmente convencido de que a indiferença não se origina por sermos fatigados pela dor, mas sim pelo prazer. É por isso que vivemos na bancarrota em meio à abundância". Ravi Zacarias

Ao lançar-se sobre os pés do Salvador Transfigurado, Jesus começou a falar com João. Nos momentos que se seguiram, Jesus entregou sete das mais puras mensagens que um ser humano esperaria ouvir. Provavelmente, João havia visitado todas aquelas igrejas na Ásia Menor, incluindo a congregação em Laodicéia. Sem dúvida, conhecia o pastor e os membros da igreja, mas nenhuma lembrança sentimental impediu-o de enviar-lhes, sem o menor eufemismo, as palavras de Jesus sobre a condição espiritual deles.

Muitos estudiosos concordam que essas sete igrejas representam a história da Igreja Cristã. Se isso for verdade, a palavra dada à Laodicéia é uma mensagem extremamente importante para s cristãos de hoje. A correlação entre a igreja de Laodicéia e a Igreja Ocidental (com suas denominações espalhadas por todo o mundo) não pode ser ignorada.

Não há dúvidas de que estejamos desfrutando do nosso melhor momento. Nunca na história do Cristianismo houve tantas conversões, tantas igrejas e tanto dinheiro para empreendimentos evangélicos. Os prédios das igrejas nunca foram tão grandes. Os cultos nunca estiveram tão cheios. As músicas e livros cristãos são um grande negócio. O Cristianismo permeia todos os aspectos da vida moderna. Temos astros do esporte cristãos, políticos cristãos, atores cristãos, milionários cristãos...!

Decerto as coisas não poderiam parecer melhores para a Noiva de Jesus! Parece que só resta o Arrebatamento e iremos para casa, para uma recompensa bem merecida, deixando o resto do mundo se virando sozinho durante a Grande Tribulação.

Esta situação era muito parecida com a da comunidade de Laodicéia, no fim do primeiro século. Provavelmente, aquela igreja era pastoreada por Arquipo, filho de um rico mercador chamado Filemom. Os membros da congregação estavam contentes e tudo estava em paz. O futuro parecia promissor aos cristãos guardavam a fé enquanto mantinham um estilo de vida confortável. [...]

Mas o Senhor disse aos laodicenses algo que "não sabiam". Jesus, o Onisciente, não via as coisas da mesma forma que eles. Sua resposta ao engano deles foi: "Você diz: estou rico, adquiri riquezas e não preciso de nada. Não reconhece, porém, que é miserável, digno de compaixão, pobre, cego, e que está nu" (Ap 3.17). Em sua misericórdia, Ele os expôs. Tratava-se da mesma verdade que dissera a um homem ambicioso: "Cuidado! Fiquem de sobreaviso contra todo tipo de ganância; a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens" (Lc 12.15).

Veja como Jesus tratou diferente os santos de Esmirna - a quem chamou de "ricos", mesmo em meio à pobreza - e os de Filadélfia, a quem elogiou por sua fidelidade em meio à perseguição. Esses santos, maduros, poderiam ter ensinado aos prósperos irmãos de Laodicéia o que é o Cristianismo. É verdade, que eles apresentavam um pequeno sucesso. Mas é pouco provável que tivessem reuniões lotadas de gente. Seus cultos talvez não agradassem mais do que um punhado de crentes. Ainda assim, esses amados eram "ricos para Deus", enquanto o povo de Laodicéia era "miserável, digno de compaixão, pobre, cego, e que está nu". [...]

A prosperidade tende a cegar-nos quanto â nossa decadência espiritual, e cria uma falsa sensação de bem-estar e segurança eterna. Quando os laodicenses examinavam-se, enxergavam apenas o favorecimento e as bênçãos divinas. Isso deixava-os com uma atitude de "não tenho falta de nada". Tudo parecia bem porque não havia problemas. Era fácil ser um seguidor de Cristo assim [...]

Sobre a sua condição Jesus disse: "Conheço as suas obras, sei que você não é frio nem quente. Melhor seria que você fosse frio ou quente! assim, porque é morno, não é frio nem quente, estou a ponto de vomitá-lo da minha boca" (Ap 3.15,16). Eles andavam de um lado para o outro: ora amando a Jesus, ora amando ao mundo. Essa é verdadeiramente uma vida cristã medíocre. Não se trata nem de frieza daqueles que desconhecem a Deus, nem da fervente paixão de quem O ama de verdade. Os crentes de Laodicéia não se opunham ao Evangelho, mas também não o abraçavam por completo. Não estavam pecando descaradamente, mas também não se esforçavam para alcançar qualquer santidade... Tinham sucesso em suas programações, mas nenhuma manifestação do poder divino.

A CULTURA EVANGÉLICA MODERNA

Como
a Igreja do século 21 assemelha-se a essa próspera congregação! Nós também criamos um evangelho, feito sob medida, para adaptar-se à essa nossa própria cultura e amoldar-se aos desejos ambiciosos da sociedade atual. O Evangelho que saiu da moda, aquele que deveríamos estar pregando, foi adulterado para ajustar-se à nossa rotina cheia de compromissos e numerosos momentos de lazer. Enfatizando apenas determinados ensinos bíblicos e - o mais importante - negligenciando outros, conseguindo criar um novo evangelho, adequado ao nosso estilo de vida.

lamentavelmente, nossa entrega a Cristo não exige mais nada, não espera qualquer sacrifício, não produz qualquer recompensa eterna. O Leão de Judá foi anestesiado, amputado e domesticado. Reduzimos o Todo-Poderoso a uma figura inofensiva, honrada mecanicamente em nossa vida ocupada. A visão de um Deus Santo, Fogo Consumidor, de um Juiz que um dia retribuirá sua justa recompensa a cada um, praticamente desapareceu da Igreja Moderna... Cantamos música de adoração, mas raramente ultrapassamos a emoção que as letras nos trazem. Demonstramos certa espiritualidade, mas sem nenhum poder. Honramo-Lo com os lábios, mas nosso coração está bem longe d'Ele. Aí dos que fazem parte desta geração de Igreja! [...]

Os pastores que pregam sobre uma vida de santidade possuem tantas lesões, causadas pelas mordidas das ovelhas, que dificilmente mantém as forças para prosseguir nesse caminho. Muitos têm desistido de lutar, encontrando escape nos empregos seculares. Outros acabam cedendo e juntando-se ao grupo dos que alimentam seu rebanho anêmico com sermões carecidos de real substância e profundidade.

Se continuarmos transformando os pregadores que dão "coceira nos ouvidos" em celebridades, mais nos convenceremos de que estamos certos. Toda nova "celebridade" que surgir e não pregar contra o pecado, a carnalidade e o mundanismo, fortalecerá ainda mais as nossas convicções deturpadas. Por que tantos estão errando o alvo? Talvez seja porque acreditamos apenas no que queremos e ouvimos o que nos agrada. Se um homem de Deus tentar equilibrar as coisas, logo é taxado de "desequilibrado"!

Temos sobrevivido à base de uma dieta espiritual incompleta e sem substância, nutrindo-nos por tanto tempo com alimentos alternativos que já nos esquecemos do gosto do verdadeiro alimento [...].

Leonard Ravenhill disse com muita sabedoria "A igreja tem sido anormal por tanto tempo que, quando se torna normal, todos acham que está anormal". Ou como Watchman Nee comentou: "Quando um cristão mediano fica com a temperatura acima do normal, todos pensam que ele está com febre". Não que todo cristão esteja nesse caminho, mas o padrão mais baixo está agora sendo aceito como normal.

O cristianismo moderno tem-se satisfeito tanto com o seu evangelho alternativo que as pessoas deixaram de ter fome pelo verdadeiro. Temos comido "hambúrgueres e doces" suficientes para deixarmos sem fome. E sem as sensações de fome, nunca percebemos nossa necessidade de alimento sólido. Estamos morrendo de fome e nem percebemos. E quem é responsável por criar e promover os "hambúrgueres e doces" espirituais? Isso mesmo, o diabo, também conhecido como kosmos, que fará de tudo para não deixar que percebamos nossa necessidade urgente de alimento sólido [...].

Podemos encontrar nosso caminho de volta ao primeiro amor, mas precisamos começar com uma avaliação honesta da nossa condição espiritual. Não podemos mais adiá-la. Este é o dia e esta é a hora para a confissão e o arrependimento. Que o clamor de nosso coração continue sendo: "Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece as minhas inquietações. Vê se há em minha conduta algo que te ofende, e dirige-me pelo caminho eterno" (Sl 139. 23,24).

Este artigo é o resumo do capítulo seis do livro Contaminados com a Babilônia, de Steve Gallagher. Ed. Propósito Eterno. Segunda edição, setembro de 2008.

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