domingo, 23 de maio de 2010

A parábola do filho mais velho.

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A volta do Filho Pródigo


Por João Cruzué

Eis o texto da Parábola que tem por título: A Parábola do Filho Pródigo, quando na verdade o objetivo do texto era uma crítica bem formulada contra o pensamento farisaico, que desprezava Jesus, porque ele conversava e comia com os publicanos - a "gentalha" da sua época.

"E o seu filho mais velho estava no campo; e quando veio, e chegou perto de casa, ouviu a música e as danças. E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo. E ele lhe disse: Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo. Mas ele se indignou, e não queria entrar.

E saindo o pai, instava com ele. Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos; vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.

E o Pai lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas; mas era justo alegrarmo-nos e folgarmos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu; e tinha-se perdido, e achou-se." (Lucas 15: 25-32).


O texto da Parábola começa com a ação do filho mais novo que cobrou sua herança antes da morte do pai, para torrá-la com bebedices, falsos amigos e meretrizes. Este filho volta, e é recebido com alegria pelo pai, que para expressar seu contentamento mandou chamar todos da casa e deu uma grande festa com "churrasco" e música e danças.

O filho mais velho, era o contraste em pessoa. Quando soube do regresso do irmão, e da festa preparada pelo pai, irritou-se ao ponto de se recusar a entrar para abraçar o irmão. Era um apologeta dos bons costumes. Cobrou coerência do pai: um tratamento duro e exemplar para aquele irmã devasso, dissipador dos bens paternos.

Foi com esta analogia que Jesus criticou o comportamento dos fariseus, autoridades religiosas do seu tempo. Eles passavam muito tempo dentro da casa de Deus, mas Deus não estava dentro de seus corações. Eram frios, não conheciam a verdadeira face de Deus. Uma face de misericórdia, que oferecia uma nova oportunidade aos pecadores. O amor como forma de produzir gratidão e garantir o perdão.

O filho mais velho reclamou que em todo aquele tempo nunca tinha recebido um festa, nem celebrado com um "churrasco". Não recebeu, porque tinha uma imagem muito diferente da pessoa de seu pai. Achava que tinha um pai austero e mesquinho. Um pai que castigava o erro das pessoas, que a todo momento lançava em seus rostos a falha cometida.

Ele estava muito enganado.

Preocupado com o trabalho, não tinha tempo para conversar com seu Pai. Por isso não via que seu "velho" todo dia caminhava até os limites de suas terras para ver se o filho caçula estava voltando. O filho mais velho nunca percebeu isso. Não sabia que tinha um pai generoso, disposto a perdoar, esperançoso da volta do filho.

E no dia que o pródigo voltou, o primogênito voltava do trabalho, quando ouviu um barulho de música e o cheiro de "churrasco". Ao saber do que se tratava, não quis entrar e festejar.

O filho mais velho é o tipo de crente que trabalha dedicadamente nas Igrejas hoje. Prestam um serviço de excelência há muitos anos, mas é pura formalidade. Em seus corações são críticos ácidos. São perfeitos em serviço, mas mesquinhos interiormente.

Estão todos os dias dentro da casa do Pai, mas o Espírito Santo não está mais dentro de seus corações. Porque a boca fala da abundância que há no coração. Um coração predominantemente crítico espelho a ausência do Espírito. E sem o Espírito não há misericórdia. E perante os olhos do Senhor a misericórdia prevalece sobre o fundamentalismo farisaico.

O filho primogênito queria ver seu irmão pelas costas. Aliás, se fosse por ele, o irmão somente botaria os pés dentro de casa na condição de jornaleiro.

E com esta crítica sutil na forma de uma parábola, Jesus Cristo mostrou aos fariseus, e mais tarde aos judeus, que o amor de Deus transcende à justiça dos homens. Que para Deus o arrependimento de um pecador é motivo de festa entre os anjos do céu, porque Deus não enviou seu Filho ao mundo para chamar os justos ao arrependimento, mas para anunciar aos pecadores uma nova oportunidade de perdão - O Ano aceitável do Senhor.

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