sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Quando a igreja se conforma com este mundo!


Por Marcos Sampaio

“E não vos conformeis com este mundo” – Rm 12:2a

Ao longo dos séculos, a cultura pagã com a sua arte, a música, a maneira de vestir, o modo de pensar e as normas sociais sempre foi uma armadilha para o povo de Deus. Isto era verdadeiro com Israel no Antigo Testamento, bem como com a Igreja Cristã ao longo de sua história.

Em nossa época observamos a igreja de alguma maneira em declínio sob o feitiço das normas culturais que o próprio liberalismo gerou. Isso porque muitas vezes não conseguimos pregar a verdade como ela é de acordo com as Escrituras. Há um receio de sermos ridicularizados pelo mundo. Parece que há uma intimidação que tem deixado a igreja em silêncio. Senão vejamos:

1- O sermão sobre o inferno está em extinção.

A doutrina do inferno é um bom exemplo de como a teologia liberal pode influenciar os cristãos a tornarem-se silenciosos em várias doutrinas. Enquanto os evangélicos ainda acreditam no castigo eterno e consciente dos incrédulos, eles raramente pregam hoje sobre ele. Afinal, quando foi a última vez que você ouviu um sermão sobre o inferno? Por que não pregamos mais essa verdade bíblica?

Teólogos liberais vêem a doutrina do inferno como sendo grosseira e insensível bem como moralmente repugnante. A mídia liberal normalmente representa alguém que prega o inferno e a perdição como sendo um pregador selvagem com um machado sangrento! Hollywood mesmo já produziu milhares de filmes ridicularizando as pessoas que acreditam em inferno.

Dada a predominância do liberalismo em nossa cultura hoje, a doutrina do inferno não é mais aceitável. Assim, enquanto os evangélicos ainda acreditam no inferno como uma doutrina, eles mesmos não pregam muito hoje sobre ela porque a cultura liberal se opõe a sua menção entre o povo moderno.

2- A verdade está sendo abandonada.

A verdade sem rodeios, nua e crua tem sido evitada em muitos púlpitos das igrejas. Isso porque temos medo dos zombadores deste mundo. Permitimos que o mundo nos colocasse em seu próprio molde. O apostolo Pedro alertou-nos que isto iria acontecer em 2 Pedro 3:3-4.

Não obstante, será que Pedro parou de pregar a Segunda Vinda de Cristo, porque algumas pessoas estavam zombando dele? Não! Para os apóstolos, a verdade era a verdade e não importava o que o mundo pensava. O apóstolo Paulo tinha a mesma atitude quando disse que Deus era fiel mesmo que todo mundo seja mentiroso [Romanos 3:4].

Ele disse ao jovem Timóteo para pregar a Palavra, independentemente se o tempo é conveniente ou não [2 Timóteo 4:2]. O sistema deste mundo não pode ser mais influente do que a verdade do evangelho de Deus.

3- A pregação doutrinária hoje é diluída e superficial.

Tornou-se fora de moda hoje pregar sobre o pecado. A “coisa” popular em nossa época é falar sobre várias doenças psicológicas, vícios e problemas.

Você já reparou que as pessoas hoje já não são vistas como pecadoras? Se você assistir a um desses programas de TV que fala de comportamento, você vai ouvir que os adúlteros, estupradores e molestadores de crianças não são pecadores que necessitam de arrependimento. Eles são viciados em sexo que precisam de terapia! Eles são apenas "doentes" e não pecadores perdidos que necessitam da graça de Deus. As pessoas hoje são apenas as "vítimas" da sociedade, do racismo, abuso, da negligência política e outras coisas mais. O que precisam então é de "doze passos" de um programa para encontrar as respostas. Não devemos julgá-los como pecadores! No entanto, a verdade é que tal perversidade e estupidez francamente vêm de uma falta de temor de Deus. É o pecado em suas vidas! A sua terrível natureza pecaminosa. E somente Cristo pode socorrer eficazmente essas pessoas. Creio que precisamos resgatar a doutrina do pecado e suas terríveis conseqüências.

Entretanto, infelizmente, o processo cultural liberal tem feito a pregação doutrinariamente bíblica se tornar irrelevante hoje na igreja. Há uma forte despreocupação de expor a antiga verdade do evangelho das Escrituras. Em vez de pregar a verdade de Deus, muitos pastores suavizam seus sermões. Qualquer doutrina que possa ferir os sentimentos de alguém, ou é negada ou completamente ignorada no púlpito da igreja.

4- É politicamente incorreto dizer a verdade.

No momento em que apontamos todos os ensinamentos falsos e populares que não estão de acordo com a verdade do evangelho, você é convidado para se calar em nome da paz e da unidade. Não raro ouvimos: "Não balance o barco!" Não faça ondas!". Estas parecem ser a regra de fé e prática de nossa época.

Em outras palavras, se você levantar-se para falar a verdade da Palavra de Deus, é chamado de arruaceiro que não é sensível aos sentimentos das pessoas. É acusado de orgulhoso e radical se você defende as doutrinas fundamentais da Bíblia e da fé cristã.

5- O movimento de crescimento de Igrejas é a nova onda.

Um fenômeno hoje que revela claramente o quão longe fomos arrastados do evangelho bíblico é o movimento de crescimento de igrejas. Eles querem nos fazer crer que os números, o dinheiro e os edifícios são os únicos objetivos que contam e que o Novo Testamento é irrelevante quando se trata da natureza, estrutura e programa da Igreja local. Comunidades evangélicas que participam de pesquisas entre o povo para definir que tipo de serviço da igreja eles querem e quais os assuntos no sermão estão dispostos a ouvir. Ou seja, devemos construir uma igreja que reflete o conselho dos ímpios! Não importa o que a Bíblia diz sobre como a Igreja deve ser estruturada e conduzida. Os sociólogos estão melhores equipados para nos dizer o que fazer como igreja do que Jesus e seus apóstolos!

No entanto, em Mateus 16:18, Jesus disse que Ele iria edificar Sua Igreja da maneira Dele. Ele não perguntou aos fariseus que tipo de igreja que eles queriam e, em seguida, edificar uma igreja de acordo com seus desejos. Teria os apóstolos, no livro de Atos, procurado o povo para ver o que eles queriam? Absolutamente que não!

É no Novo Testamento que encontramos os fundamentos e princípios da natureza e a estrutura de uma igreja. Podemos criar uma organização que queremos e chamá-la de uma igreja, mas isso não significa que é uma verdadeira igreja do Senhor Jesus Cristo. A Bíblia é a única regra de fé e prática para que a igreja cresça de maneira saudável.

A Bíblia nos diz em passagens como Atos 20:27 que "todo o conselho de Deus" deve ser pregado. Se o movimento de crescimento de igreja é de Deus, porque a doutrina e a verdade bíblica não é de fato proclamada? Porque a realidade do pecado e depravação humana não é ensinada? A resposta é muito simples: Os sem igreja não querem ouvir que são pecadores sob a ira de Deus! Eles odeiam a idéia de que precisam se arrepender e voltar-se humildemente para Deus. Não querem obedecê-Lo. Com isso, desde que a cruz é um escândalo para os gentios, algumas igrejas tem decidido não pregar o evangelho da cruz ou mesmo cantar hinos como o velho “rude cruz"!

6- O culto se tornou hoje uma busca de felicidade, não de Deus.

Se a verdade do evangelho já não é mais pregada, a maioria dos cristãos hoje não entende que o seu objetivo na vida é glorificar a Deus. Em vez disso, sua própria felicidade pessoal se tornou o tema de todos os que “consomem” a vida cristã. Felicidade se tornou um ídolo e muitos tem se curvado diante dela. Ouvimos muitos sermões sobre "Como Jesus pode te fazer feliz". Ao invés de pregar que existimos para a glória de Deus e que somos Seus servos, somos informados hoje de que Deus existe para a nossa felicidade e que Ele é o nosso servo! Ele é supostamente um Deus para buscar a riqueza e a saúde, bastando determinar no coração e exigir Dele toda a sorte de bênçãos.

A verdade é que há uma decadência da dedicação a Cristo nesses tempos difíceis. O ego da geração moderna não está interessado no sacrifício pessoal para servir a Deus.

O ensino bíblico da dedicação total de tudo o que somos e temos ao Senhor Jesus Cristo é raramente pregada hoje. Em vez disso, as pessoas dizem que a vida cristã é fácil e divertida. Você pode pecar contra Deus, trapacear, roubar e até mesmo cometer adultério e ainda ser um pastor! Moralidade e a verdade não importam mais.

7- O entretenimento evangélico tomou o lugar da pregação.

Há evidencias de que muitas igrejas estão envolvidas no entretenimento, em vez de pregação bíblica. O culto tornou-se uma produção teatral, em vez de estar centrado na pregação da Palavra de Deus. Os atrativos estão sendo incluídos nos cultos das igrejas e os sermões cada vez mais estão curtos e superficiais.

Observamos que multidões de pessoas estão dispostas a ir à igreja, se houver muito entretenimento e pouca pregação. Muitos têm defendido a idéia de que a Igreja deve fazer de tudo para que as pessoas se sintam bem consigo mesmas; não é de admirar que já não ouvimos tantos sermões que confronte o pecado. A palavra pecado não se encaixa no pensamento positivo do movimento de crescimento de igreja. Não é politicamente correto. Isso é lamentável. Penso que muitos já venderam o direito de primogenitura por um bocado de sanduíche de nossa época.

Com isso a Igreja no do século XXI, apesar de toda a sua riqueza, modernidade e poder, é realmente arrastada para a perversidade e fraqueza espiritual. O homem no púlpito é freqüentemente mais carnal e imoral do que aqueles que se sentam no banco! A maldade que é feita em nome do Senhor, hoje, é uma praga sobre o testemunho da Igreja.

Portanto, a nossa oração é que a Igreja hoje recupere a sua espiritualidade nas Escrituras e renove o seu entendimento não se conformando com este século tão confuso!

4 comentários:

  1. Graça e Paz

    A cultura pagã como citado em seu texto, sempre foi uma armadilha para o povo de Deus.
    Mas observe que a maior e mais perigosa armadilha vem muito antes de existir outras culturas, ela aconteceu dentro da primeira família instituída por Deus, primeiro na cobiça de Eva e depois na inveja e mágoa de Caim a ponto de matar seu irmão Abel.
    Tais sentimentos ruins são o mal da humanidade e não fazem distinção de povos, comunidades, cultura e quaisquer outros artifícios, estes podem e são na verdade usados como ferramentas para fazerem tropeçar o povo de Deus, mas mesmo isentos e bem longe de tais ferramentas o perigo continua.
    Os sentimentos no convívio em comunhão devem ser cuidadosamente cultivados em nossos corações para que possam gerar frutos bons.

    Outra coisa que não se ouve pregar é sobre os Frutos do Espírito, muito embora se pregue enfadonhamente sobre os dons do Espírito, não que eu não creia, creio e os vivencio em minha caminhada de fé, mas sobre os frutos que são de muito mais importância que os dons ninguém prega!

    Sobre sermões sobre o inferno eu tenho uma teoria do porque da extinção dele, é o que penso, não é verdade absoluta.
    No passado muitos homens zelosos pelos seus rebanhos ao pregarem sobre o inferno e também sobre o pecado, ao falar do inferno pregavam com tanta eloquência que apavoravam os crentes, estes por medo de ir para lá evitavam o máximo possível cometer qualquer coisa que pudesse levá-los para lá. Conheci muitos crentes de berço que me relataram o medo que tinham devido aos sermões ouvidos, muitos ao crescerem e formarem uma opinião própria esfriaram e outros desviaram-se pelo fato de nunca terem servido ao Senhor por Amor a Deus e sim por Medo do Inferno!
    No passado se ensinava pouco (apesar de falar bastante) sobre o inferno e as intenções de Deus, e hoje ao invés de ensinarem corretamente sem terrorismo deixaram de pregar.

    Sobre o pecado a mesma coisa, nada se explicava somente era “imposto” aos crentes que não cometessem o tal pecado, hoje infelizmente ao que se constata parece que uma boa parte dos que se dizem cristãos pensam que uma das consequências do pecado e ser pobre ou doente.

    Esse crescimento evangélico não corresponde aos seguidores do Evangelho Genuíno, e sim dessa parafernalha que os programas apelidados evangélicos apresentam; são frutos deles.
    Lamentável...

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  2. Graça e paz Moysés,
    obrigado pela visita e comentário.
    Dentre muitas coisas que você falou destaco os sermões sobre o inferno. Assim que eu me converti ouvi também muitas mensagens sobre o inferno e o perigo de pecarmos e irmos para lá. Te confesso que morria de medo, mas o tempo foi passando e através do estudo das Escrituras eu descobri que o nosso Senhor nos garante vida eterna e quem o recebeu como seu Salvador pessoal já passou da morte para a vida, e que se hoje eu tenho salvação em Jesus é por meio de sua graça e não por meus méritos pessoais, como disse o apóstolo Paulo: "Pela graça sois salvos...". Mas, não quero dizer com isso que não temos que falar sobre esse assunto, pois ele é bíblico e real. Aliás, o livro de Apocalípse nos fala sobre esse lugar terrível com muita propriedade e temos que pregar e falar sobre assunto não para amendrontar ninguém, mas para mostrar a todos a necessidade de pregarmos o evangelho para povoarmos o céu e alertar sobre o fim de quem não tem Jesus. A verdade liberta, mas a ignorância tem levado muitos para o inferno. Por isso temos que pregar toda a Escritura e não partes dela. Temos que falar da graça, mas também da desgraça.
    Fique na Paz!
    Pr. Silas

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  3. Só tenho uma coisa a dizer, após, ler um texto tão verdadeiro: nestes dias por ser uma pessoa de pouco entendimento tenho sofrido para conseguir encontrar ambiente para servir a Deus na comunidade disposta a crescer bem ajustada pela palavra da verdade, aponto de chegar a pensar em desistir do ambiente congregacional, mas fora só vejo perversão e certamente que sem Cristo não passaria eu também de mais um pervertido amante de si mesmo. Desejo algo melhor e sei que o Marcos Sampaio escrevi com sinceridade bendito seja Deus em sua vida Obrigado.

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    1. Graça e paz Joilson.
      Eu entendo a sua frustração, mas saiba que Deus conhece o desejo do seu coração, e, eu creio que você encontrará uma igreja séria (não perfeita), para congregar.
      Fique na Paz!
      Pr. Silas Figueira

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