domingo, 31 de janeiro de 2010

Marcas de uma igreja saudável: Marca 1 - Pregação Expositiva


Mark Dever

O ponto para começar a falar sobre as marcas da igreja saudável é onde Deus começa conosco – o modo como Ele fala conosco. Foi por aí que a nossa própria saúde espiritual veio, e é por esse caminho que a saúde de nossas igrejas virá também. Especialmente importante para qualquer um que esteja na liderança de uma igreja, mas particularmente para o pastor, é um compromisso com a pregação expositiva, um dos mais antigos métodos de pregação. Trata-se da pregação cujo objetivo é expor o que é dito em uma passagem particular da Bíblia, explicando cuidadosamente seu significado e aplicando-o à congregação (veja Neemias 8:8). Existem, evidentemente, muitos outros tipos de pregação. Sermões tópicos, por exemplo, coletam tudo o que a Bíblia ensina sobre um único assunto, como a oração ou a contribuição. A pregação biográfica aborda a vida de alguém na Bíblia e retrata-a como uma demonstração da graça de Deus e como um exemplo de esperança e fidelidade. Mas a pregação expositiva é algo diferente - uma explicação e aplicação de uma porção particular da Palavra de Deus.

"(...) os pregadores cristãos de hoje têm autoridade para falar da parte de Deus somente se proclamarem as palavras dEle."

A pregação expositiva presume uma convicção na autoridade da Bíblia, mas é algo mais. Um compromisso com a pregação expositiva é um compromisso de ouvir a Palavra de Deus. Assim como os profetas do Antigo Testamento e os apóstolos do Novo Testamento não receberam apenas uma ordem para ir e falar, mas uma mensagem específica, os pregadores cristãos de hoje têm autoridade para falar da parte de Deus somente se proclamarem as palavras dEle. Assim, a autoridade do pregador expositivo começa e termina com as Escrituras. Às vezes as pessoas podem confundir pregação expositiva com o estilo de um pregador expositivo predileto, mas não é fundamentalmente uma questão de estilo. Como outros já observaram a pregação expositiva não é tanto sobre como nós dizemos o que dizemos, mas sobre como nós decidimos o que dizer. Não é marcada por uma forma particular, mas por um conteúdo bíblico.

Pode-se aceitar alegremente a autoridade da Palavra de Deus e até mesmo professar a convicção na inerrância da Bíblia; ainda assim se na prática (propositalmente ou não) alguém não prega expositivamente, nunca pregará além do que já sabe. Um pregador pode tomar um trecho das Escrituras e exortar a congregação em um tópico que é importante sem que ele realmente pregue o ponto abordado na passagem. Quando isso acontece, o pregador e a congregação só ouvem nas Escrituras o que eles já sabiam.

"Como outros já observaram a pregação expositiva não é tanto sobre como nós dizemos o que dizemos, mas sobre como nós decidimos o que dizer."

Em contrapartida, quando pregamos uma passagem das Escrituras no contexto, expositivamente - tomando o ponto da passagem como o ponto da mensagem - nós ouvimos de Deus coisas que nós não pretendíamos ouvir quando começamos. Desde a chamada inicial ao arrependimento até a área de nossas vidas em que o Espírito nos condenou recentemente, a nossa salvação inteira consiste em ouvir a Deus de modos que nós, antes de ouvi-lO, nunca teríamos adivinhado. Esta submissão extremamente prática à Palavra de Deus deve ser evidente no ministério de um pregador. Não se deixe enganar: em última instância, é responsabilidade da congregação assegurar que as coisas sejam assim (observe a responsabilidade que Jesus põe sobre a congregação em Mateus 18, ou Paulo em 2 Timóteo 4). Uma igreja jamais pode colocar como supervisor espiritual do rebanho uma pessoa que não demonstra na prática um compromisso claro em ouvir e ensinar a Palavra de Deus. Agir assim é impedir inevitavelmente o crescimento da igreja, praticamente encorajando-a a só crescer até o nível do pastor. Se assim for, a igreja será conformada lentamente à mente dele, em vez de ser conformada à mente de Deus.

O povo de Deus sempre foi criado pela Palavra de Deus. Da criação em Gênesis 1 até a chamada de Abraão em Gênesis 12, da visão do vale dos ossos secos em Ezequiel 37 até a vinda da Palavra Viva, Deus sempre criou o Seu povo através da Sua Palavra. Como Paulo escreveu aos romanos, “a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo” (10:17). Ou, como ele escreveu aos coríntios, "Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação" (1 Cor. 1:21).

"Uma igreja construída sobre a música – seja qual for o estilo - é uma igreja construída sobre a areia."

A pregação expositiva sadia freqüentemente é o manancial de crescimento em uma igreja. Na experiência de Martinho Lutero, tal atenção cuidadosa para com a Palavra de Deus foi o princípio da reforma. Nós também precisamos estar comprometidos em sermos igrejas que sempre estão sendo reformadas de acordo com a Palavra de Deus.

Certa vez, quando eu estava ensinando em um seminário sobre puritanismo em uma igreja de Londres, eu mencionei que os sermões puritanos às vezes duravam duas horas. Diante disso, uma pessoa perguntou, "Quanto tempo sobrava para a adoração?" A suposição era de que ouvir a palavra de Deus pregada não constituía adoração. Eu respondi que muitos cristãos protestantes ingleses teriam considerado a possibilidade de ouvir a palavra de Deus no seu próprio idioma e de responder a ela nas suas vidas como a parte essencial da sua adoração. Se eles teriam tempo para cantar juntos seria comparativamente de pouca importância.

Nossas igrejas têm que recuperar a centralidade da Palavra na nossa adoração. Ouvir a Palavra de Deus e responder a ela pode incluir louvor e ações de graças, confissão e proclamação, e qualquer destas coisas pode vir na forma de canções, mas nenhuma delas precisa ter essa forma. Uma igreja construída sobre a música – seja qual for o estilo - é uma igreja construída sobre a areia. Pregar é o componente fundamental do pastorado. Ore por seu pastor, para que ele se dedique a estudar Bíblia rigorosa, cuidadosa e seriamente, e para que Deus o conduza na compreensão da Palavra, na aplicação dela à sua própria vida, e na aplicação dela à igreja (veja Lucas 24:27; Atos 6:4; Ef. 6:19-20). Se você é um pastor, ore por estas coisas para si mesmo. Ore também por outros que pregam e ensinam a Palavra de Deus. Finalmente, ore para que nossas igrejas assumam um compromisso de ouvir a Palavra de Deus pregada expositivamente, de forma que os rumos de cada igreja sejam crescentemente moldados pela agenda de Deus expressa nas Escrituras. O compromisso com a pregação expositiva é uma marca de uma igreja saudável.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Estratégias Para Lutar contra a Lascívia

Por John Piper

Gostaria de compartilhar duas coisas com vocês antes que leiam o texto:

1º Tratam-se de estratégias não de regras ou meras recomendações sistematizadas e sem nexo algum entre si. Recomendo que leiam com a mente de "soldados de Cristo" realmente conscientes da ameaça que esse e qualquer outro tipo de pecado nos causa.

2º Não ouse aplicar essas estratégias por legalismo ou só por causa que John Piper disse. Lembre-se que a santificação é Por Ele, através dEle e para Ele. Boa leitura!

"Estou pensando em homens e mulheres. Para os homens, isto é óbvio. É urgente a necessidade de lutar contra o bombardeamento de tentações visuais que nos levam a fixar-nos em imagens sexuais. Para as mulheres, isto é menos óbvio, porém tal necessidade se torna maior, se ampliamos o escopo da tentação de alimentar imagens ou fantasias de relacionamentos. Quando uso a palavra “lascívia”, estou me referindo principalmente à esfera dos pensamentos, imaginações e desejos que visualizam as coisas proibidas por Deus e freqüentemente nos levam a conduta sexual errada.

Não estou dizendo que o sexo é mau. Deus o criou e o abençoou. Deus tornou o sexo agradável e definiu um lugar para ele, a fim de proteger sua beleza e poder — ou seja, o casamento entre um homem e uma mulher. Mas o sexo tornou-se corrompido pela queda do homem no pecado. Portanto, temos de exercer restrição e fazer guerra contra aquilo que pode nos destruir. Em seguida, apresentamos algumas estratégias para lutar contra desejos errados.

Evitar — evite, tanto quanto for possível e sensato, imagens e situações que despertam desejos impróprios. Eu disse “tanto quanto possível e sensato”, porque às vezes a exposição à tentação é inevitável. E usei os termos “desejos impróprios” porque nem todos os desejos por sexo, alimento e família são maus. Sabemos quando tais desejos são impróprios, prejudiciais e estão se tornando escravizantes. Conhecemos nossas fraquezas e o que provoca tais desejos. Evitar é uma estratégia bíblica. “Foge, outrossim, das paixões da mocidade. Segue a justiça” ( 2 Tm 2.22). “Nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências” (Rm 13.14).

Não — diga “não” a todo pensamento lascivo, no espaço de cinco segundos. E diga-o com a autoridade de Jesus Cristo. “Em nome de Jesus: Não!” Você não tem mais do que cinco segundos. Se passar mais do que esse tempo sem opor-se a tal pensamento, ele se alojará em sua mente com tanta força, a ponto de se tornar quase irremovível. Se tiver coragem, diga-o em voz alta. Seja resoluto e hostil. Como disse John Owen: “Mate o pecado, se não ele matará você”.1 Ataque-o imediatamente, com severidade. “Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4.7).

Voltar — volte seus pensamentos forçosamente para Cristo, como uma satisfação superior. Dizer “não” será insuficiente. Você tem de mover-se da defesa para o ataque. Combata o fogo com fogo. Ataque as promessas do pecado com as promessas de Cristo. A Bíblia chama a lascívia de “concupiscências do engano” (Ef 4.22). Tais concupiscências mentem. Prometem mais do que podem oferecer. A Bíblia as chama de “paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância” (1 Pe 1.14). Somente os tolos cedem a elas. “Num instante a segue, como o boi que vai ao matadouro” (Pv 7.22). O engano é vencido pela verdade. A ignorância é derrotada pelo conhecimento. E tem de ser uma verdade gloriosa e um conhecimento formoso. Esta é razão por que escrevi o livro Vendo e Provando a Cristo (Seeing and Proving Christ — Crossway, 2001). Preciso de breves retratos de Cristo para me manter despertado, espiritualmente, para a sublime grandeza do Senhor Jesus. Temos de encher nossa mente com as promessas e os deleites de Jesus. E volvermo-nos imediatamente para tais promessas e deleites, depois de havermos dito “não”.

Manter — mantenha, com firmeza, a promessa e o deleite de Cristo em sua mente, até que expulsem a outra imagem. “Olhando firmemente para... Jesus” (Hb 12.2). Muitos fracassam neste ponto. Eles desistem logo. Dizem: “Tentei expulsar a fantasia, mas não deu certo”. Eu lhes pergunto: “Por quanto tempo fizeram isso?” Quanta rigidez exerceram em sua mente? Lembre: a mente é um músculo. Você pode flexioná-la com violência. Tome o reino de Deus por esforço (Mt 11.12). Seja brutal. Mantenha diante de seus olhos a promessa de Cristo. Agarre-a. Agarre-a! Não a deixe ir embora. Continue segurando-a. Por quanto tempo? Quanto for necessário. Lute! Por amor a Cristo, lute até vencer! Se uma porta automática estivesse para esmagar seu filho, você a seguraria com toda a sua força e gritaria por ajuda. E seguraria aquela porta... seguraria... seguraria... Jesus disse que muito mais está em jogo no hábito da lascívia (Mt 5.29).

Apreciar — aprecie uma satisfação superior. Cultive as capacidades de obter prazer em Cristo. Uma das razões porque a lascívia reina em tantas pessoas é porque Cristo não lhes é muito cativante. Falhamos e somos enganados porque temos pouco deleite em Cristo. Não diga: “Esta conversa espiritual não é para mim”. Que passos você tem dado para despertar sua afeição por Cristo. Você tem lutado por encontrar gozo? Não seja fatalista. Você foi criado para valorizar a Cristo — de todo o coração — mais do que valoriza o sexo, o chocolate ou o açúcar. Se você tem pouco desejo por Cristo, os prazeres rivais triunfarão. Peça a Deus que lhe dê a satisfação que você não tem. “Sacia-nos de manhã com a tua benignidade, para que cantemos de júbilo e nos alegremos todos os nossos dias” (Sl 90.14). E olhe... olhe... e continue olhando para Aquele que é a pessoa mais magnificente do universo, até que você o veja da maneira como Ele realmente é.

Mover – mova-se da ociosidade e de outros comportamentos vulneráveis para uma atividade útil. A lascívia cresce rapidamente no jardim da ociosidade. Encontre algo útil para realizar, com todas as suas forças. “No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor” (Rm 12.11); “Sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão” (1 Co 15.58). Seja abundante em atividades. Faça alguma coisa: limpe um quarto, pregue uma tábua, escreva uma carta, conserte uma torneira. E faça tudo por amor a Jesus. Você foi criado para administrar e trabalhar. Cristo morreu para nos tornar zelosos “de boas obras” (Tt 2.14). Substitua as concupiscências e paixões enganosas por boas obras.

Pai de misericórdias, quão freqüentemente

Deixamos de lutar contra a lascívia.

Temos abraçado o inimigo que faz guerra contra a nossa alma.

Perdoa-nos, de acordo com tua promessa de ser

Tardio em ira e abundante em misericórdia.

Vem agora e dá-nos nova determinação

Novo poder e nova visão de tuas

Promessas e de teu supremo valor.

Sacia-nos de manhã com a tua benignidade

Destrói a raiz de nossa lascívia com um prazer superior.

Em nome de Jesus, oramos. Amém."

A Nossa Vontade Não É Realmente Livre

A. W. Pink

"Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade" (Filipenses 2:13)

Muitas pessoas dizem que o homem tem "livre arbítrio". Elas dizem que podemos escolher por nós mesmos acreditar ou não no Senhor Jesus. Nos dizem que temos em nós mesmos a capacidade para aceitar ou rejeitar a Cristo.

Porém a Bíblia não ensina isso. Rm 3:11 diz que ninguém deseja buscar a Deus. é verdade que a Bíblia diz que quem quiser pode vir a Cristo, mas isto não significa que os homens possuam a capacidade de vir.

De fato, a Bíblia diz claramente que ninguém tem a capacidade de vir a Cristo. (Veja, por exemplo, João 6:44, 65). Romanos 8:7 nos diz que a nossa natureza caída está em inimizade contra Deus. João 15:18 diz que o mundo odeia em forma natural a Deus. leia estes versículos por si mesmo e veja que isto é bíblico.

Fica claro então que a Bíblia diz que as nossas vontades não são realmente livres. Não somos livres para escolher se vamos receber a Cristo como nosso Salvador ou não. Em realidade, longe de sermos livres ou neutrais, a nossa vontade é escrava de outras coisas.

Mas, o que é a nossa vontade? A vontade é a capacidade de escolher entre uma coisa e outra, ou entre mais alternativas. Mas algo sempre influi na eleição, que nos faz decidir em prol de uma ou em contra de outra alternativa. Isto significa que a nossa vontade é como uma serva daquelas coisas que influem em sua decisão. Portanto, a nossa vontade não pode ser livre.

Quais são as coisas que influem em nossa vontade para que escolha entre uma coisa ou outra? Isso depende de que tipo de pessoas sejamos; ou seja, depende de nossa natureza e caráter. Em algumas pessoas esta influência pode ser a razão, e em outras poderia ser a consciência ou as emoções, ou poderia ser Satanás ou o Espírito Santo. Qualquer destas coisas que tenha mais influência sobre a pessoa é o que em verdade controla a sua vontade. Então, enquanto muitos dizem que é a vontade do homem o que o governa, a Bíblia ensina que é a sua natureza interna a que o controla. A Bíblia chama esta natureza interior "o coração". É o nosso coração (nossa natureza interior) o que influencia a nossa vontade.

Portanto, quando alguém realiza uma eleição, fará o que agrada a seu coração. Se um pecador tem que escolher entre uma vida de bondade e de santidade e uma vida de pecado e egoísmo, escolherá a vida de pecado. Por que? Porque isso é o que agrada a seu coração. Seu coração (seu "eu" interior) é pecaminoso. Lembre-se, a vontade do homem (sua capacidade de escolha) está controlada pelo seu coração pecaminoso.

A Bíblia ensina que os nossos corações são por natureza pecaminosos e que por natureza odiamos a Deus. Devido a isso, as nossas vontades inclinam-se naturalmente para a maldade, já que as nossas vontades são controladas pelos nossos corações pecaminosos. E já que nunca somos forçados a pecar em contra de nossa vontade, existe um sentido em que podemos dizer que as nossas vontades são "livres". Como pessoas somos livres de fazer o que nos dá prazer, mas porque somos pecadores, gostamos sempre é de pecar. Isto é semelhante a um homem que sustém um livro em sua mão e depois o deixa cair. O livro é agora livre, mas naturalmente cai no chão. O homem que o soltou não o tem forçado a cair no chão: aí caiu. Do mesmo modo, ninguém força o pecador a pecar; ele peca naturalmente porque a sua natureza pecaminosa controla a sua vontade. Ele escolhe pecar livre e deliberadamente, mas sempre escolhe pecar porque a sua natureza é pecaminosa.

O pecado tem afetado cada parte da natureza do homem, ou seja: a sua mente, suas emoções e sua vontade. O homem é totalmente depravado e isso não é difícil de provar. Não temos que discutir acerca da natureza pecaminosa do homem, já que nenhuma pessoa pode guardar as normas que ela impõe a si mesma. Também não pode fazer as coisas boas que deseja realizar, nem muito menos as coisas que agradam a Deus (é por isso que a Escritura declara: "Não há um justo, nem um sequer" (Romanos 3:10). Isto mostra claramente que o homem não é livre, senão que está controlado pelo pecado e por Satanás. O pecado tem penetrado em cada parte de nossa natureza humana. Por natureza não queremos realizar a vontade de Deus, e também não desejamos amá-Lo. O pecado tem entrada em cada parte de nós, incluindo as nossas vontades. Nossas vontades não são livres.

De igual maneira como as outras partes de nosso ser, a vontade é governada pelo pecado e está em oposição a Deus. Sendo assim, não é correto dizer que o homem é capaz de escolher amar e obedecer a Deus, porque em realidade a vontade não deseja obedecer a Deus em absoluto. Também não é correto dizer que os homens têm que fazer "a sua parte" na salvação de si mesmos. Um homem morto não pode fazer nada para salvar a si mesmo, e a Bíblia nos diz que os homens estão mortos a causa de sua desobediência e pecado. Somente Deus pode mudar a nossa natureza pecaminosa de modo que cheguemos a amá-Lo e obedecê-Lo (Romanos 8:7-8; 1 Coríntios 2:14; João 6:44, 65; João 3:1-9; Efésios 4:17-19; Efésios 2:1-10; João 8:34, 44; Gênesis 6:5; Eclesiastes 9:3; Jeremias 17:9; Marcos 7:21-23; Isaias 53:6 y 64:6; Jó 14:4; Jeremias 13:23, etc.).

Temos aprendido que Deus tem o controle de todas as coisas. Deus o Pai escolheu salvar a certas pessoas de seus pecados. Jesus Cristo morreu para salvá-los e o Espírito Santo lhes dá vida espiritual. Na salvação de seu povo e em seu controle de todas as coisas, Deus opera de acordo com Seu propósito determinado. Nenhuma pessoa pode escolher se será salva ou não, porque a sua vontade é por natureza má e não deseja o que é bom. Ou seja, se Deus deixara liberados a todos nós aos desejos de nossa própria natureza, então nenhum seria salvo, mas todos perdidos. Só Deus pode realizar que uma pessoa deseje ser salva de seus pecados.

Muitas pessoas desejam escapar das conseqüências de seus pecados, mas ninguém por natureza quer deixar o pecado, nem ser salvo de seu controle e domínio. É por isso que a Bíblia ensina que o arrependimento e a fé são dons que Deus concede só aos seus escolhidos (2 Timóteo 2:24-26; Atos 5:31 y Atos 13:48; Filipenses 1:29 y 2:13-14; Tiago 1:18; 1 Coríntios 3:5; Romanos 12:3; Atos 16:14).

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Este artigo foi traduzido do espanhol para o português por Daniela Raffo. Este artigo é parte de um livro que foi traduzido de uma versão abreviada em inglês intitulada "Quem está no controle?", publicado por Grace Publications Trust, e em sua versão original em inglês por Baker Book House. O título da versão original em inglês é: "A soberania de Deus".

Conversões Superficiais, Religião Superficial


Por C.H. Spurgeon

Embora eu me regozije com conversões súbitas, eu tenho sérias suspeitas quanto a essas pessoas repentinamente felizes que nunca parecem ter se entristecido com o próprio pecado. Receio que esses que vêm tão facilmente à sua religião que freqüentemente a perdem completamente com a mesma facilidade. Saulo de Tarso foi convertido subitamente, mas nenhum homem já passou por maior horror de escuridão do que ele, antes que Ananias viesse a ele com palavras de conforto.

Eu gosto do arado profundo. A raspagem superficial do solo é trabalho pobre. O corte profundo da terra sob a superfície é grandemente necessário. Afinal de contas, os cristãos mais duradouros parecem ser aqueles que viram que o mal interior que neles há é profundo e repugnante, e depois de algum tempo foram levados a ver a glória da mão curativa do Senhor Jesus conforme Ele a estende no Evangelho.

"Para pôr tudo em uma palavra, uma ausência do Espírito Santo é a grande causa da instabilidade religiosa."

Receio que em muito da religião moderna há uma carência de profundidade em todos os pontos. Eles não tremem profundamente nem se regozijam grandemente. Eles não se desesperam muito, nem acreditam muito. Oh, cuidado com um verniz piedoso! Proteja-se da religião que consiste em colocar uma fina camada de piedade sobre uma pesada massa de carnalidade. Nós precisamos de uma obra contínua no interior. A graça que alcança o centro e afeta o espírito mais interior é a única graça que vale a pena ter.

Para pôr tudo em uma palavra, uma ausência do Espírito Santo é a grande causa da instabilidade religiosa. Cuidado para não confundir excitação com o Espírito Santo ou as suas próprias resoluções com os profundos mecanismos do Espírito de Deus na alma. Tudo aquilo que a natureza pinta, Deus queimará com ferro quente. Qualquer coisa que a natureza põe em funcionamento, Ele fará parar e jogará fora com os trapos. Você precisa nascer de cima, você precisa ter uma nova natureza forjada em você pelo dedo do próprio Deus, já que de todos os seus santos está escrito, "Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus."

Oh, mas, em todos os lugares eu temo que haja uma ausência do Espírito Santo! Há muita coisa vindo de uma moralidade espalhafatosa, superficial, muitos clamores de "Paz, Paz" onde não há nenhuma paz; e muito pouca ansiedade profunda advinda de um exame do coração para ser completamente purificado do pecado. Verdades bem conhecidas e facilmente lembradas são cridas sem serem acompanhadas da devida uma impressão do peso delas; esperanças sem consistência e confianças infundadas são formadas e é isso que faz com que os enganadores sejam tão abundantes e os espetáculos carnais tão comuns.

Fonte: Bom Caminho

O QUE A BIBLIA NÃO FALA MAS OS PASTORES SIM


Por Daniel Clós Cesar

Há alguns anos, fui convidado por um pastor, e participei de um evento para jovens e adolescentes em uma igreja evangélica aqui de minha cidade. O objetivo do presbitério da instituição era ensinar a sã doutrina conforme a Palavra, sem nenhuma idéia humana ali embutida. Ora, isso era o mesmo que pensavam ser possível os historiadores da Escola Metódica ou Positivista, eles morreram acreditando serem totalmente imparciais, isso porque não leram seus próprios textos 50 anos depois. Ora, quem pode ser totalmente imparcial? Se você é a favor da pena de morte não será um discurso que lhe fará mudar de opinião, pessoalmente, acredito que apenas uma transformação gerado no Espírito Santo te fará pensar de outra forma. O mesmo digo dos “idolatradores” da Teologia da Prosperidade, só o Espírito Santo para fazer uma obra na vida deles e os transformar, ou alguém acredita que por tanto gritar eles vão acordar? Somente quem tem ouvidos ouve.

Pois bem, alguns pastores e líderes sentados no meio de um grupo de aproximadamente 50 jovens e adolescentes, ávidos por questionarem tudo aquilo que desejam fazer mas têm medo de que sejam disciplinados por tal atitude, ainda que a tal denominação, como tantas outras, diga não ter doutrinas senão as bíblicas.

Entre as primeiras perguntas, escritas em um papel, afinal ninguém quer mostrar a cara quando se tem 16 anos e não é filho de pastor ou levita, veio a seguinte: “Jesus era tatuado, posso fazer uma tatuagem?”

A gente já sabe de onde o rapaz ou moça tirou a idéia de que Jesus é tatuado (Ap 19.16), e não vou entrar aqui no detalhe se Jesus é ou não tatuado, eu tenho tatuagem e fiz depois de muitos anos de convertido, mas não aconselharia ninguém a fazer uma, você pode se arrepender mais tarde, então, mantenha a pele limpa até ter certeza de alguma coisa... mas voltando ao Jesus tatuado e se eu posso ou não fazer a resposta dos pastores foi, entre outras coisas: “tatuagem tem um simbolismo perverso, é usada por pessoas de gangues e promiscuas, não por alguém que já teve um encontro com Deus etc...” por fim a mesma bobagem de sempre: “a Bíblia diz que não se deve marcar o corpo”.

Também sabemos de onde vem essa pérola, e aqueles que lêem a Palavra sabem que ela está incompleta. A Palavra diz em Lv 19.28, que “não golpeareis o corpo nem o marcareis pelos mortos”... hum mudou muito... mas não quero parar aqui, não quero me deter nas coisas pequenas, quero ir para o macro, para ver se assim, os legalistas conseguem abrir seus olhos. Neste mesmo capítulo de Levítico, a lei mosaica também proíbe o consumo de sangue animal, o corte arredondado do cabelo, o se vestir com roupas de diferentes malhas (ex: algodão e lã), manda guardar o sábado e por fim intruí quanto à prática do sacrifício de carneiros.

O que aconteceu que apenas um pedaço da lei foi mantido e o restante foi “detonado”? Moisés não ouviu direito o que Deus lhe disse e escreveu coisas além do necessário? Não servem mais?

Pergunta vai, resposta vem, surge o piercing... Ah o piercing... a resposta foi das melhores, vai bem a calhar com o fim da novela das 8 da Globo. “Essa é uma prática indiana em homenagem a ídolos, representa sensualidade e é demoníaca. Um cristão não pode ficar copiando esse tipo de coisa”. Aí resolvi participar, apesar de ser convidado. Fiz então a seguinte colocação e pergunta:

“Pastor, mas quando Eliezer encontra Rebecca ele lhe põe um pendente no nariz. Se lermos em Êxodo, vamos ver que as mulheres hebréias doaram seus pendentes de nariz para os utensílios do templo. Não poderíamos nós então pensar no “significado” do pendente para os judeus e não para os indianos?”

Antes da resposta ouvi: “De que igreja você é mesmo?” Depois de responder ouvi um solene: “Porque motivo seguiríamos a lei? Haviam outros povos andando com os judeus no deserto, certamente era desses outros povos, que não eram de Deus, os pendentes”.

Contraditório? Não, absurdamente insano, mundano e perverso esse tipo de pensamento. Um pensamento que só deseja cativar de forma violenta pessoas que vão ali em busca de água, e o que recebem para beber? Vinagre?

O mesmo aconteceu comigo aí já em outro lugar quando questionei uma festa à fantasia organizada por membros da minha igreja há vários anos atrás. Até porque essas mesmas idéias de “significados” rolam por lá. Discuti o fato de festas à fantasia estarem na origem das festas carnavalescas, nas orgias e outros tipos de eventos profanos desde a Antigüidade, e falo com a propriedade de um professor de História com estudos na área de História Antiga Clássica, e encontramos tanto na literatura tradicional como na hoje disposta na internet, uma vasta bibliografia à respeito.

O que ouvi foi: “Não podemos levar tudo tão à sério assim não”.

Ora, que tipo de cristianismo estamos vivendo? Um cristianismo arbitrário que escolhe aquilo que é bom e aquilo que é ruim conforme a moda, que diz não ao incenso mas diz sim ao mantra “gospelizado”, que diz não a música secular mas sim aos filmes seculares que usam essas mesmas músicas como tema? Aí quando queremos incorporar uma nova mania espiritualizamos tudo e dizemos: “Vamos resgatar o que o diabo nos tomou, e agora vamos fazer isso ou aquilo”.

A hipocrisia já atingiu faz muito tempo o ápice dentro da igreja instituição. Que a cada momento “resgata” alguma coisa das mãos do diabo. “Resgataram” o rock e o tornaram espiritual, “resgataram” a dança e a tornaram profética, “resgataram” a guitarra e a tornaram ungida, “resgataram” as festas à fantasia e tornaram momento de comunhão... só esqueceram de resgatar o homem e dar-lhe a chance de ser chamado, Filho de Deus.

Fonte: HARDBLOG

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

10 motivos bíblicos para não ser Católico Apostólico Romano


O Catolicismo Romano afirma ser o único representante na terra da fé Cristã. Ensinam que fora da igreja Católica Romana não há salvação. Quando o papa Bento 16 veio ao Brasil em 2007, disse em seu discurso que os Católicos devem ser mais práticos em sua fé, com o objetivo de deter o avanço das seitas (ele considera como seita, todo seguimento cristão que não tem vínculo com a igreja Católica) na América do Sul.

Será a seita Romana a verdadeira representante de Cristo na terra? Será que salvação em Cristo só no Catolicismo Romano? Estará certo o papa Bento 16, ao chamar de seita qualquer outro seguimento Cristão que não esteja ligado ao Catolicismo. Iremos responder a estas e outras indagações neste estudo.

DEZ RAZÕES BÍBLICAS PORQUE NÃO SOU CATÓLICO APÓSTOLICO ROMANO.
I – A igreja de Cristo não nasceu em Roma, mas em Jerusalém.

a. O catolicismo romano nasceu somente em 325 d.C. com o concílio de Nicéia, promovido por Constantino, imperador de Roma. Ela recebeu esse nome em 381 com o imperador Teodósio.
b. A bíblia revela que o início da igreja cristã foi trezentos anos antes em Jerusalém, e não em Roma. Lc. 24: 47-49; At.1:4, 8, 12-14; 2: 1-5, 37-47.
II – A autoridade da bíblia está acima da autoridade de qualquer igreja.

a. A igreja católica em 1546 colocou a tradição da igreja em pé de igualdade com as escrituras. Isto significa que só a igreja romana determina o que é verdade e o que não é na bíblia.
Exemplo: No século IV a igreja romana estabeleceu as orações pelos mortos e sinal –da- cruz feito no ar. No ano de 1100 d.C. introduz na igreja o culto dos anjos.

b. Mt.15:3; Mc.7:13; II Tm.3:16. A bíblia tem autoridade suprema e não a igreja. Devemos aceitar a verdade da palavra de Deus e não uma interpretação particular de uma entidade. I Co.4:6; Ap.22:18

III - A história da igreja e acima de tudo a bíblia nos ensina que só devemos aceitar 66 livros da escritura como inspirado por Deus e não 73.

a. Os 7 livros a mais na bíblia católica foram acrescentados em 8 de Abril de 1546 no Concilio de trento (1545-1563). São estes os livros: Tobias, Judite, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico, Baruque, A epístola de Jeremias, 1 e 2 Macabeus e acréscimos feitos a Ester e a Daniel.
b. Wayne Grudem alista 4 fatos que comprovam que você não deve recebê-los com Palavra de Deus.

b.1. Eles não atribuem a si a inspiração divina; b.2. Não foram considerados como palavra de Deus pelo povo judeu; b.3. Não foram considerados como escritura por Jesus nem pelos escritores do novo testamento; b.4. Contêm ensinos incoerentes com o restante da bíblia.

Exemplos: Baruc diz que Deus ouve as orações dos mortos (3.4); II Macabeus pede desculpas por seus erros, 15:36-39.

IV – Seguir o Catolicismo é praticar espiritismo, que é condenado por Deus.

a. A partir do momento que os sacerdotes católicos ensinam os seus seguidores a intercederem a Maria, João, José, Pedro ou a qualquer outro que está morto. Ensinam praticas espíritas que é consultar os mortos.
b. Deus condena veementemente consultar os mortos, Dt.18:9-14; Is.8:19-22.

V – A idolatria é um grande pecado diante de Deus.

a. O 3° catecismo-p. 75 da igreja católica ensinam que se deve prestar honra e veneração às imagens de escultura.
b. A imagem de escultura que é o mesmo que ídolo é condenado expressamente por Deus, Ex.20:4; Dt.7:25-26; Hc.2:18-19; Os.4:12; Mt. 4:10.

VI – O batismo é uma confirmação de fé e não um meio de Salvação.

a. A igreja católica ensina que o batismo infantil deve ser realizado como meio de salvação. Acredita-se que se a criança morrer sem se batizar, irá para o limbo e ficará numa sombra eterna sendo considerada pagã.
b. Segundo a bíblia o batismo trata de um ato de obediência que expressa fé do batizando em Cristo. Uma criança não tem entendimento suficiente para obedecer e expressar sua fé em cristo. Aliás, o próprio salvador foi batizado aos 30 anos de idade, Lc.3:21-23; Mc.16:15,16.

VII – A palavra de Deus me ensina que só Jesus não cometeu pecado algum.

a.Hb.9:28.1. O ensino católico diz que Maria a mãe de Jesus foi uma mulher que não cometeu pecado algum.
b. Em Lc. 6:46-47 A própria Maria declarou-se pecadora como qualquer outra pessoa. Em Lc.2:22-24, ela mesma se incluiu no sacrifício de um par de rolas pelo seu pecado.

VIII – Jesus é o único intercessor entre Deus e os homens.

a.I Tm.2:51. A igreja católica coloca Maria e muitos outros como intercessores entre Deus e os homens.2. O próprio Jesus nos ensinou que Devemos pedir ao Pai em Seu Nome, Jo. 15:16; 16:23, 34.
IX – Cristo é o único e grande fundamento da igreja.

a. A história revela que o papado foi instituído com fins políticos. O primeiro papa foi Leão I (440-461d.C.) e não Pedro. O título de papa não existe na bíblia, Ef. 4:11.2. Usa-se Mt. 16:16-19 para afirmar-se que Pedro foi o primeiro papa. O termo usado por Jesus para Pedro é pedra. Contudo a palavra no grego é “petrós”. Jesus empregou-a com o sentido de “pedrinha”. Já para a palavra pedra, da frase “sobre esta pedra edificarei a minha igreja”. Jesus usou o termo grego “petras” para designar rocha (grande pedra). A bíblia ensina que Pedro não passa de uma pequena parte da edificação. Ele mesmo escreveu que Jesus é a pedra de esquina, I Pe.2:4-10.
X – Salvação Eterna só em Cristo Jesus.

a. Para o catolicismo, as boas obras ajudam na salvação.
b. Tal crença despreza o grande amor de Deus. Somos salvos pela graça e não por méritos pessoais. A bíblia nos dá grandes respostas sobre a doutrina da salvação:

b.1. A salvação só vem de Deus, Is.12:2; 25:19; I Tm.4:10; b.2. Salvação só por meio de Cristo. Jo.10:9; At.4:12; Rm.5:1,9; I Ts.5:9; b.3. A salvação é um dom imerecido de Deus, Jo.3:16; Ef.2:8, 9.

“Porque nada podemos contra a verdade, senão pela verdade”. II Cor. 13:8

Mar, terra, e o equilíbrio dos atributos


Por Allen Porto

"Nem tanto ao mar, nem tanto à terra" - diz o ditado. No que diz respeito aos atributos de Deus, a máxima se torna um guia interessante. Digo isto porque, em tempos de crise e tragédias como a do Haiti, há exageros em dois extremos: alguns que vêem Deus só como amor, e outros que O observam apenas como justiça.

O desequilíbrio na maneira como percebemos o Senhor pode atrapalhar consideravelmente a maneira como nos relacionamos com ele, e como observamos a realidade em geral.

Essa ênfase errônea em apenas um atributo revela a desconsideração da Escritura em sua totalidade. Não digo que há uma intenção malévola de perverter o ensinamento escriturístico, mas, se não há maldade, pelo menos há ingenuidade, ou ignorância - e os resultados práticos disto podem ser tão ruins quanto o da maldade deliberada.

Tomemos, por exemplo, o atributo da cognoscibilidade de Deus. Basicamente, ensina que Deus pode ser conhecido. A idéia de conhecimento relacionado ao ser de Deus é desprezível para alguns em nosso tempo: por um lado, há os que negam a Divindade, e, por isso, consideram que algo inexistente não pode ser conhecido. Mas há cristãos caminhando nesse mesmo sentido. Eles não negam a existência de Deus, mas rejeitam tudo relacionado ao uso do intelecto na religião, e assim preferem dizer que Deus é "experimentado", mais do que conhecido.

Para muitos desses, o termo "conhecimento" em si já traz uma carga não-cristã, uma importação da filosofia grega, ou expressa a ocidentalização da fé. A fim de justificar seu pensamento, porém, recorrem muito mais à filosofia existencialista ou alguma corrente de pensadores ocidentais, do que ao texto bíblico. E assim refutam a sua própria perspectiva.

A Escritura, por outro lado, trabalha num equilíbrio recheado de beleza. Deus é "experimentado" no sentido de se viver uma relação pessoal com Ele, mas esse relacionamento se perfaz nos termos da Escritura, que exige o intelecto humano em sua expressão religiosa. A cognoscibilidade de Deus se mostra, em parte, na apresentação bíblica dos Seus atributos.

Deus pode ser conhecido? Deixemos que Ele responda:

...mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o SENHOR e faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o SENHOR. [Jr.9.24]

A busca de uma visão completa, porém, não permite ficarmos presos exclusivamente à cognoscibilidade de Deus. Enfatizarmos apenas este atributo, pode gerar o erro de estendermos o seu limite além do permitido. Não é porque Deus pode ser conhecido, que Ele pode ser exaustivamente conhecido e compreendido.

Por isso, a cognoscibilidade precisa ser pensada em paralelo com a incompreensibilidade de Deus. A fim de não nos orgulharmos e pensarmos que podemos "dominar" a matéria divina, somos lembrados constantemente que Deus está bastante além da nossa finita capacidade de compreendê-lo. Ele tem grandeza e pensamentos insondáveis [Sl.145.3; Rm.11.33-36]. Para usar o linguajar do Francis Schaeffer, podemos ter conhecimento verdadeiro sobre Deus, mas não conhecimento exaustivo.

Este equilíbrio, na prática, gera segurança e humildade. Torna-nos seres humildes, diante da grandeza do Senhor, O incompreensível. Mostra a nossa limitação e fraqueza. Livra-nos de considerarmos nosso intelecto além do que ele merece. Ao mesmo tempo, dá-nos segurança, por nos fazer confiar que, mesmo com nossa limitação, Deus ainda Se revela, e pode ser conhecido por nós. Novamente, como diria o Schaeffer: "Ele está lá, e não está em silêncio"*.

*Este é o título de um dos livros do autor: "He is there and He is no silent", traduzido no Brasil como "O Deus que Se revela".

Allen Porto é blogueiro do A Bíblia, o Jornal e a Caneta, e escreve às quintas-feiras no 5C.

Você Sabe o que é Teologia Reformada?

Por James Montgomery Boice

A Teologia Reformada recebe seu nome da Reforma Protestante do século XVI, com suas ênfases teológicas distintas, mas é teologia solidamente baseada na própria Bíblia. Os crentes na tradição reformada têm alta consideração as contribuições específicas como as de Marinho Lutero , John Knox e, particularmente, de João Calvino, mas eles também encontram suas fortes distinções nos gigantes da fé que os antecederam, tais como Anselmo e Agostinho e principalmente nas cardas de Paulo e nos ensinamentos de Jesus Cristo.

Os Cristãos Reformados sustentam as doutrinas características de todos os cristãos, incluindo a Trindade, a verdadeira divindade e humanidade de Jesus Cristo, a necessidade do sacrifício de Jesus pelo pecado, a Igreja como instituição divinamente estabelecida, a inspiração da Bíblia, a exigência para que os cristãos tenham uma vida reta, e a ressurreição do corpo. Eles sustentam outras doutrinas em comum com cristãos evangélicos, tais como justificação somente pela fé, a necessidade do novo nascimento, o retorno pessoal e visível de Jesus Cristo e a Grande Comissão.

Vejamos algumas das doutrinas da Teologia Reformada:

1. A Doutrina das Escrituras

O compromisso da reforma para com a Escritura enfatiza a inspiração, autoridade e suficiência da Bíblia. Uma vez que a Bíblia é a Palavra de Deus e, portanto, tem a autoridade do próprio Deus, os reformadores afirmam que essa autoridade é superior àquela de todos os governos e de todas as hierarquias da Igreja. Essa convicção deu aos crentes reformados a coragem para enfrentar a tirania e fez da teologia reformada uma força revolucionária na sociedade. A suficiência das Escrituras significa que ela não necessita ser suplementada por uma revelação nova ou especial. A Bíblia é o guia completamente suficiente para aquilo que nós devemos crer e para como nós devemos viver como cristãos.

Os Reformadores, em particular, João Calvino, enfatizaram o modo como a Palavra escrita, objetiva e o ministério interior, sobrenatural do Espírito Santo trabalham juntos, e o Espírito Santo iluminando a Palavra para o povo de Deus. A Palavra sem a iluminação do Espírito Santo mantém-se como um livro fechado. A suposta condução do Espírito sem a Palavra leva a erros excessos. Os Reformadores também insistiam sobre o direito de os crentes estudarem as Escrituras por si mesmos. Ainda que não negando o valor de mestres capacitados, eles compreenderam que a clareza das Escrituras em assuntos essenciais para a salvação torna a Bíblia propriedade de todo crente. Com esse direito de acesso, sempre vem a responsabilidade sobre a interpretação cuidadosa e precisa.

2. A Soberania de Deus

Para a maioria dos reformadores, o principal e o mais distinto artigo do credo é a soberania de Deus. Soberania significa governo, e a soberania de Deus significa que Deus governa sua criação com absoluto poder e autoridade. Ele determina o que vai acontecer, e acontece. Deus não fica alarmado, frustrado ou derrotado pelas circunstâncias, pelo pecado ou pela rebeldia de suas criaturas.

3.As Doutrinas da Graça

A Teologia Reformada enfatiza as doutrinas da graça.

Depravação Total: Isso não quer dizer que todas as pessoas são tão más quanto elas poderiam ser. Significa, antes, que todos os seres humanos são afetados pelo pecado em todo campo do pensamento e da conduta, de forma que nada do que vem de alguém, separado da graça regeneradora de Deus, pode agradá-lo. À medida que nosso relacionamento com Deus é afetado, nós somos tão destruídos pelo pecado, que ninguém consegue entender adequadamente Deus ou os caminhos de Deus. Tampouco somos nós que buscamos Deus, e, sim, é ele quem primeiramente age dentro de nós para levar-nos a agir assim.

Eleição Incondicional: Uma ênfase na eleição incomoda muitas pessoas, mas o problema que as preocupa não é realmente a eleição; diz respeito à depravação. Se os pecadores são tão desamparados em sua depravação, como a Bíblia diz que são, incapazes de conhecer a Deus e relutantes em buscá-lO, então, o único meio pelo qual eles podem ser salvos é quando Deus toma a iniciativa de mudá-los e salvá-los. É isso que significa eleição. É Deus escolhendo salvar aqueles que, sem sua soberana escolha e subseqüente ação, certamente pereceriam.

Expiação Limitada: O nome é, potencialmente, enganoso, pois ele parece sugerir que os reformadores desejam de alguma forma limitar o valor da morte de Cristo. Não é o caso. O valor da morte de Cristo é infinito. A questão é saber qual é o propósito da morte de Cristo e o que ele realizou com ela. Cristo pretendia fazer da salvação algo não mais que possível? Ou ele realmente salvou aqueles por quem morreu? A Teologia Reformada acentua que Jesus realmente fez a propiciação pelos pecados daqueles a quem o Pai escolhera. Ele realmente aplacou a ira de Deus para com seu povo, assumindo a culpa sobre si mesmo, redimindo-os verdadeiramente e reconciliando verdadeiramente aquelas pessoas específicas com Deus. Um nome melhor para expiação “limitada” seria redenção “particular” ou “específica”.

Graça Irresistível: Abandonados em nós mesmos, nós resistimos à graça de Deus. Mas, quando Deus age em nosso coração, regenerando-nos e criando uma vontade renovada, então, o que antes era indesejável torna-se altamente desejável, e voltamo-nos para Jesus da mesma forma como antes fugíamos dele. Pecadores arruinados resistem à graça de Deus, mas a sua graça regeneradora é efetiva. Ela supera o pecado e realiza os desígnios de Deus.

Perseverança dos Santos: Um nome melhor seria “perseverança de Deus para com os santos”, mas ambas as idéias estão realmente juntas. Deus persevera conosco, protegendo-nos de deixar a fé, que certamente aconteceria se ele não estivesse conosco. Mas, porque ele persevera, nós também perseveramos. Na realidade, perseverança é a prova definitiva de eleição.

4.Mandato Cultural

A Teologia Reformada também enfatiza o mandato cultural ou a obrigação de os cristãos viverem ativamente em sociedade e de trabalharem para a transformação do mundo e suas culturas. Os reformadores tiveram várias perspectivas nessa área, dependendo da extensão como acreditam que a transformação seja possível. Mas, no geral, concordam com duas coisas. Primeira, nós somos chamados para estar no mundo e não para nos afastarmos dele. Isso separa os reformadores crentes do monasticismo. Segunda, nós devemos alimentar os famintos, vestir os despidos e visitar os prisioneiros. Mas as principais necessidades das pessoas são espirituais, e a obra social não é substituto adequado para a evangelização. Na verdade, o empenho em ajudar as pessoas só será verdadeiramente eficiente se seu coração e mente forem transformados pelo Evangelho. Isso separa os crentes reformados do simples humanitarismo.

Tem-se alegado que, para a Teologia Reformada, qualquer pessoa que crê e faça parte da linha reformada perderá toda a motivação para a evangelização. “Se Deus vai agir, por que devo me preocupar?” Mas não é assim que funciona. É porque Deus executa a obra que nós podemos Ter coragem de nos unirmos a ele, da forma como ele nos ordena a agir. Nós agimos assim alegremente, sabendo que nossos esforços jamais serão em vão.

Fonte: : www.monergismo.com, Autor: James Montgomery Boice. Adaptação para o blog: Rev. Ronaldo P. Mendes. Título Original: Tologia Reformada

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A respeito da [segunda] vinda de Jesus


Por: Ed René Kivitz

Contam que, certa vez, perguntaram a Karl Barth se ele acreditava na segunda vinda de Jesus Cristo. Sua resposta foi no mínimo intrigante. Barth teria dito que acreditava em todas as vindas de Jesus, e não apenas na segunda. Na verdade, disse o célebre teólogo alemão, Jesus Cristo veio pela primeira vez na encarnação e, depois, pela segunda vez na ressurreição, e veio outra vez no Pentecoste, uma quarta vez na Igreja, que é o seu corpo, e, além dessas, Jesus Cristo vem toda vez que um pecador se arrepende e se reconcilia pessoalmente com Ele. Ao final, Barth teria dito que acreditava, sim, que Jesus Cristo viria consumar o reino de Deus no "fim da história", mas essa seria a quinta ou sexta vinda de Jesus.

De fato, dá o que pensar, pois estamos acostumados às afirmações simplistas do tipo "Jesus veio quando nasceu (primeira vinda), foi embora após a sua ressurreição, e virá em triunfo no fim dos tempos (segunda vinda)". Mas há algumas pontas soltas na construção das doutrinas escatológicas (relativas às últimas coisas) e nas interpretações das afirmações do Novo Testamento a respeito da parousia (vinda) de Jesus Cristo. Por exemplo, como explicar a afirmação "Eis que estou convosco até a consumação dos séculos" (Mateus 28.20)? Cristo está conosco ou devemos esperar por ele no futuro escatológico? Ou ainda, o que Jesus quis dizer quando prometeu àquele que obedece sua palavra: "Eu e meu Pai viremos a ele e faremos nele morada" (João 14.23)? Como podemos conciliar a afirmação de Jesus quanto ao fato de que o fim ocorrerá apenas quando o evangelho do reino de Deus tiver sido anunciado em todas as nações (Mateus 24.14), com sua promessa de que o Filho do Homem viria antes de os discípulos percorrerem todas as cidades de Israel (Mateus 10.23)? Mais ainda, como entender a declaração de Lucas ao afirmar que o livro de Atos registra as coisas que Jesus continuou a fazer após sua ressurreição e ascensão? Também há necessidade de esclarecer porque o livro do Apocalipse não descreve em detalhes a "segunda vinda de Jesus" e, aliás, em vez de dizer que vamos para o céu, diz que o céu vem a nós (Apocalipse 21.1-4).

Estas poucas questões indicam que não podemos nos ater ao literalismo das passagens bíblicas, isoladas umas das outras, mas devemos buscar compreender o sentido amplo de suas narrativas, que possibilitam enxergar os mesmos fatos e fenômenos em múltiplas dimensões e implicações. Em termos da "doutrina das últimas coisas", a melhor interpretação sugere a "escatologia inaugurada", que estabelece a tensão entre o "já" e o "ainda não" da salvação: ao mesmo tempo em que o dia da salvação é agora – já (2 Coríntios 6.2), também "em esperança somos salvos" – ainda não (Romanos 8.24).

Não é incorreto, portanto, afirmar que assim como o reino de Deus já veio e ainda está por vir: o reino de Deus chegou (Lucas 11.20) e "venha o teu reino" (Mateus 6.10), também Jesus Cristo já veio e ainda está por vir, pois se o esperamos no fim escatológico – a parousia, também é certo que Ele está conosco até a consumação dos séculos, pois ao afirmarmos a igreja como corpo de Cristo, declaramos que Jesus age na história por meio de homens e mulheres que invocam o seu nome. Como afirma Ariovaldo Ramos, "quando falamos da segunda vinda, dizemos de sua vinda, novamente, visível, mas é razoável a perspectiva de várias vindas e de uma derradeira, definitiva e visível, como o foi na sua ascensão, pois se esta derradeira vinda não for plausível, teremos de rever o rapto da igreja, a transformação dos que estiverem vivos e a ressurreição dos mortos".

Aguardar a vinda de Jesus no fim dos tempos pode se tornar uma distração que nos impede a relação com Ele aqui e agora; negligenciar a vinda de Jesus no fim da história equivale a esvaziar a fé cristã de sua utopia do reino eterno de Deus e negar a promessa futura do novo céu e nova terra. Ambos os equívocos são perigosos e perniciosos à militância e esperança cristãs.

Marcas de uma Igreja Saudável - 5 Comunhão (Koinonia)


Por Rubens Muzio

O filósofo ateu Nietzsche foi um dos que mais influenciou o pensamento de Adolpho Hitler. Ele costuma repreender os cristãos dizendo: “Vocês me dão enjôo!” Por que, lhe perguntavam. “Porque vocês, redimidos, não parecem que são redimidos”. Esta crítica tem acompanhado a história da igreja por séculos: os relacionamentos cristãos exalam mau cheiro e seus conflitos fedem. Há crentes que não olham para outros crentes, famílias que não se dão com outras. As pessoas ficam ressentidas e magoadas quando seus pastores e líderes não aparecem na festa de aniversário ou no quarto do hospital; não perdoam umas as outras pelas palavras ásperas ou ríspidas e não se reconciliam por estarem repletas de orgulho. E todas freqüentam a mesma igreja!

Jesus não disse que seus discípulos seriam conhecidos pelo amor (João 14)? Jesus ordena que amemos uns aos outros como Ele nos amou. Reconciliados com Deus e uns com os outros em Cristo, a igreja recebe o ministério da reconciliação (2 Co 5). Qual seria o nível no seu amorômetro se pudéssemos medi-lo?

No Novo Testamento, a palavra grega para comunidade é koinonia, uma comunidade de homens e mulheres que crêem em Jesus Cristo como Salvador e Senhor de suas vidas. Esta comunidade cristã é a nova humanidade. Em união com o Cristo ressurreto, ela compartilha de Sua vida e sua energia interior flui para dentro dela. Na união com Ele, concretizada pelo arrependimento e fé, os pecadores salvos pela graça de Deus são indissoluvelmente incorporados nesta comunidade, unidos ao corpo de Cristo.

O seu futuro está unido ao Dele simplesmente porque a igreja é o Seu corpo, do qual Ele é “o cabeça” (Ef 1:22). Este corpo é único já que Cristo “destruiu a barreira, o muro de inimizade” (Ef 2:14) – não há mais judeus ou gentios, homens ou mulheres, escravos ou libertos. Todos em Cristo se tornaram um com Ele e com os outros. Os membros da igreja são espiritualmente um (Ef 4:1-6). De uma maneira bem simples, a igreja como corpo tem crentes em Cristo como seus membros. Isso é autenticado pela presença do Espírito Santo não apenas individualmente, mas na comunidade. A igreja dá prioridade a sua formação pelo Espírito como uma comunidade de discipulado mútuo e discernimento comunitário. Charles Van Engen escreve a respeito:

A nova presença de Jesus Cristo na comunhão de amor (koinonia) dos discípulos constitui a Igreja. Sem essa presença de Cristo, não há nenhuma Igreja. Como podemos esquecer com tanta facilidade que é somente no âmbito do amor do discípulo pelo Senhor e de um discípulo pelo outro que a Igreja tem alguma vida? O que Paulo afirmou em I Coríntios 13 vem a propósito: se a Igreja é una, santa, católica (universal) e apostólica, mas não tem amor, nada é. Servindo de base a tudo o mais, repousa o marco supremo do povo de Deus - o amor. Se a Igreja não for, em primeiro lugar, à comunidade de amor, a Palavra e o Sacramento são um esforço vão. Nessa “era entre as eras”, a Igreja deve mais uma vez ouvir a voz de seu Senhor (van Engen, ano, p.).

Esta idéia de koinonia é fundamental para a nossa compreensão da igreja. Este ministério, para que seja efetivo, requer uma demonstração da unidade antes que possa sequer falar de reconciliação ou participar de qualquer mediação significativa em conflitos. Como falar em resolução de conflitos se não sabemos lidar com nossas diferenças? O fracasso de muitas igrejas de alcançar igualdade entre seus membros e integração entre as classes sociais silencia a mensagem de paz social. Cada vez mais, as igrejas falam “da boca para fora” de sua unidade, mas se mostram como grupos etnocêntricos e ensimesmados, na realidade. Ajith Fernando, um respeitado líder e estudioso asiático, em sua exposição sobre Efésios 2:13-16 a respeito de como a cruz quebra as barreiras das diferenças e divisões, escreveu:

O preconceito tem sido um problema porque todos estamos embebidos dos preconceitos de nosso meio, onde se afirma ser um grupo superior a outro. Vindo de uma nação na qual a tensão étnica tem causado muito caos, posso dizer que, mesmo com respeito aos cristãos, os nossos preconceitos estão entre as últimas coisas que o processo de santificação toca. Os preconceitos podem dizer respeito à raça, classe, casta ou a outro destes fatores terrenos que não são significativos na visão de Deus. Aqueles que afirmam que não são preconceituosos são normalmente os mais preconceituosos. E algumas vezes, os que afirmam ser cristãos crentes na Bíblia são os mais anti-bíblicos com respeito a este assunto (Fernando, 1995, p. 198-199).

Como os crentes podem estar em unidade quando há uma série de razões para a diversidade? As igrejas, normalmente, estão divididas por causa de personalidade, cultura, denominacionalismo, doutrinas, etc. A imagem que Paulo tem da igreja reflete o mistério da “multiforme sabedoria de Deus”, e significa brilhante como as cores do arco-íris e variada como as múltiplas cores de um campo de flores (Ef 3:10). Ou seja, a unidade cristã deve ser baseada na diversidade. De outra maneira, se fosse sem diversidade, ela se tornaria uniformidade. A igreja tem muitas partes como um corpo, mas é um só corpo (1 Co 12). A unidade essencial dos crentes deve ser experimentada nos relacionamentos multi-classiais, multiculturais e interdenominacionais, como testemunho da Nova Criação em Cristo.

O lema de Agostinho foi adotado pela Assembléia da Aliança Evangélica Internacional em Nova Iorque, em 1783: In Necessariis Unitas; In Dubiis Libertas; In Omnibus Caritas. Isso pode ser traduzido como: nas questões essenciais, unidade; nas não-essenciais, liberdade; em todas as outras, caridade. Unidade nas experiências e cooperação funcional estão baseadas em um núcleo irredutível mínimo de crenças. Quais seriam essas doutrinas? Leith Anderson resumiu este núcleo: “a Bíblia como a Palavra de Deus, a Trindade, a deidade de Jesus Cristo, a reconciliação, salvação e vida eterna” (Fuller, 1998, p. 76). Nossa intenção deve ser experimentar esta comunhão na igreja local e praticá-la com todas as nossas forças nos relacionamentos pessoais.

Fonte: Sepal

Maldito evangelho da prosperidade

Por Daniel Clós

"Não, não estou fazendo apologia à pobreza, "simplicidade" no sentido pejorativo do termo ou ignorância. Mas à decência e humildade. É demagogia dizer que se vive na busca da pobreza e da mediocridade, todos queremos prosperar. É isso que Deus tem para nós."

Por si só o texto supracitado é demagógico e combina bem com a boca dos inimigos da cruz que não pregam o Evangelho da Salvação, mas sim um evangelho antropocentrista onde deus (o deus desse evangelho), vive para o agrado de seus seguidores... CORREÇÃO: seguir e agradar seus mestres... a saber: os crentes.

O irônico é que milhares desses crentes concordam com o que escrevi acima, no entanto, se eu também digitasse o nome de seus líderes; a turma que prega, divulga e usa a Bíblia como manual de mágia e bruxaria gospel, eu passaria de "profeta blogueiro" para "fariseu" no tempo de uma troca gasosa dos pulmões... ou até menos que isso... nesses crentes, o nome de seus "ungidos" dispara um alarme... e nada importa senão as palavras de seu líder... mais sábios que Deus, mais importantes que Cristo... mais influentes que o Espírito Santo.

Não por medo dessa turma, nem por respeito (não sei se devo isso a quem cospe na obra da cruz e crucifica a Cristo dia a após dia, expondo Cristo a vergonha novamente - pois é isso que significa a palavra vitupério em Hebreus 6.6) é que deixarei de citar nomes... é simplesmente porque é inútil.

Se vemos por um lado mais ridículo da "cristandade" decaída do século vigente pessoas suplicando a seu deus, por meio de novenas, campanhas e ingresso em nações religiosas um carro importado... de outro vemos "falsos" piedosos que não dizem se ajoelhar e pedir o mesmo BMW, mas se apresentam como filhos do rei e como tais querem o "melhor dessa terra"...

Tolos, estúpidos... não ouviram quando o Filho disse: "O meu reino não é deste mundo!" (Jo 18.36)... Não entenderam ainda que os nascidos em Cristo são apenas peregrinos e não pertencem a esta terra?... Não conseguem acreditar que o mundo é vosso inimigo e deseja vossa morte?

"Adúlteros, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus." (Tg 4.4)

O problema é que esses mesmos, com a mente já cauterizada pela doutrina humana distorcida, que não se apresenta como lei mas como liberdade, mas no entanto deturpa a graça de Deus tornando-a em libertinagem, homens perversos (Jd 1.4), desgraçam a Graça de nosso Senhor e Salvador para obter vantagens pessoais e saciar suas almas egoístas e promover sua prostituição "gospel". Esses mesmos, não conseguem se encaixar nessa Palavra, olham para ela e a direcionam para o viciado, para o bêbado, para a prostituta... ignorantes... não foi para estes que os apóstolos escreveram... era para aqueles que vivem sob o teto das igrejas mas não sob as asas da Graça de nosso Deus a quem Cristo, Paulo, Judas, Pedro... direcionam seus textos de arrependimento. foi para os "crentes" da época que Cristo pregou, gente doente que acreditava ser sã.... foi para as igrejas constituídas pelo verdadeiro ministério apostólico que Paulo e outros apóstolos escreveram... não para os "nitidamente" perdidos... não para os que proclamam nas ruas não crerem em Deus... nestes - sem arrependimento - a perdição é notória.

Passei grande parte da minha vida acreditando que minha mediocridade de pulos, danças, profecias e busca por prosperidade me aproximavam de Deus e constituíam um sinal de salvação... o que percebi quando verdadeiramente conheci o Evangelho que é Cristo? "Um camelo não passa pelo buraco de uma agulha"... e esqueça a história do túnel das cidades judéias... Jesus falava de uma agulha mesmo... néscios até quando acreditarão que a ira de Deus não cairá sobre vós?

Uma vez alguém fez comigo uma "oração de confissão"... um erro infantil, estúpido e que apenas alimentou meu ego... tempos depois percebi o grande assassinato que eu havia cometido... havia enganado um homem dizendo que ele estava salvo após uma oração tola e sem sentido... nunca mais vi esse rapaz em nossa igreja, e até onde sei não frequenta lugar algum. O que sei dele? Sua empresa fechou um grande negócio naquela semana... soube também que ele ficou muito "agradecido". Fez semelhante aos nove leprosos que não retornaram para adorar a Deus... era-lhes suficiente a cura de seu corpo mortal... pouco importava-lhes a alma eterna...

Tenho pedido a Deus outra oportunidade, para mim ou para ele... pois fui eu quem o condenou encaminhado-o a um caminho de engano, e desejo ser livre desse sangue inocente que eu propositadamente derramei (tenho para mim que o pecado é um ato pensado, planejado e executado pelo homem, conforme compreendo ao ler - Tg 1.15)... e digo isso não porque tenha feito àquela oração condenatória ao inferno pensando nisso. O problema foi não ter ouvido a voz de Deus mas apenas o meu enganoso coração que dizia: "É agora Daniel, coloque mais um na sua lista, mais uma pedrinha na sua coroa."

Peço a Deus a oportunidade (a mim ou a alguém mais capaz e fiel ao Senhor do que eu tenho sido) de dizer a este rapaz: "Amigo, se você não se arrepender, não mudar sua vida, não buscar intensamente este Evangelho você irá para o inferno".

Não como que buscando justificar meu erro, mas como quem alerta, sei que qualquer um pode errar... mas é necessário reconhecer o erro... o Evangelho é um contínuo caminho de arrependimento e piedade (ou devoção).

No entanto a cruz pregada pelos apóstolos da prosperidade e pelos sacerdotes da nojenta idolatria gospel desobrigam os "crentes" de seus deveres de cristão... forjam um contrato com Deus e ensinam-lhes a serem fiéis apenas a seus próprios desejos e a praticarem um punhado de doutrinas sem valor espiritual algum, senão monetário e mundano.

Deus tenha misericórdia nesses últimos dias e guarde os poucos que ainda não se dobraram perante satanás e seu horrendo exército... e preserve a vida daqueles que após deitarem-se com a prostituta chamada Teologia da Prosperidade arrependeram-se e tornaram ao Caminho Santo.

Fonte: Batalha pelo Evangelho Via: Bereianos

Quem é Deus?


Por Roberto Vargas Jr.

Quem é Deus? E o que é a realidade, o que é tudo que existe?

Alguém já disse, e eu concordo, que, se não existe Deus, este assunto é insignificante. Mas se Deus há, então tudo que se refere a Ele é da maior importância. E a verdade é que a resposta à segunda pergunta depende muito do que se responde à primeira.

Pois bem, nós, reformados, afirmamos que há um Deus e queremos saber quem Ele é. O curioso é que temos sido acusados recentemente de criarmos um Deus à nossa imagem. Não atino como isto se possa dar, pela maneira como O pensamos, mas isso é uma reciclagem da velha acusação de interpretar a Bíblia pelo calvinismo e não o contrário. Não vale muito a pena ficar a rebater tal acusação. O melhor mesmo é irmos às Escrituras e buscarmos responder à questão sobre quem é Deus com base nelas. Pois, sim, ainda cremos e creremos sempre que as Escrituras são a Revelação que Deus faz de Si mesmo!

As Escrituras, pela graça de Deus, são pródigas em revelar Seus atributos. E o estudo destes é algo que deveria ser feito por todo aquele que se chama cristão. Impossível não se maravilhar com o caráter de nosso Deus! Impossível não louvá-lO por Suas qualidades. Impossível não se prostrar perante Ele e impossível não Lhe dar glórias!

Sim, muito haveria que se dizer sobre quem Deus é. Uma resposta exaustiva não é possível, pois Ele é o Insondável. E mesmo Sua Revelação nos fala apenas daquilo que precisamos saber. E, também, queremos uma resposta mais breve. Uma que seja apenas suficiente para nos indicar o caminho da resposta à segunda pergunta. Assim sendo, creio não haver caminho melhor que aquele que passa pelo nome que Deus dá a Si mesmo e que passa também pelo nome em que Ele é o próprio revelar-Se!

O nome que Deus dá a Si mesmo

Disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós outros (Ex 3.14).

Talvez a associação mais imediata que fazemos ao lermos Deus dizer EU SOU é em relação a Sua eternidade e outros atributos diretamente relacionados a ela. “Deus é” significa, em certo sentido, que Ele foi, é e será. Ou talvez seja melhor dito que Ele sempre foi, é e sempre será! Uma aproximação em termos de tempo, sem dúvida, pois a eternidade é atemporal. Transcende o tempo. Deus é eterno!

E este “sempre ser” também sugere imediatamente imutabilidade. Se é, eternamente, é sempre o mesmo. Pois mudar significa deixar de ser. Deus não muda, é imutável! Daí inferimos imediatamente Sua fidelidade. Pois se é e não muda, eternamente, as promessas feitas desde a eternidade serão cumpridas sem sombra de dúvida! Deus é fiel!

Assim, em um curto e rápido olhar, percebemos a riqueza desta revelação. Três atributos apreendemos e mais outros tantos podem ser inferidos. Mas há um sentido em especial, o sentido ontológico, que nos cumpre olhar com um pouco mais vagar: Deus, e só Deus, é! Apenas em Deus o ser é propriamente. Ou, dizendo de um outro modo, apenas Deus propriamente é. Sei bem que esta linguagem metafísica é estranha a muitos, dado o espírito positivo (empírico) de nosso tempo. Mas esforcemo-nos em apreender o sentido destas palavras. E, talvez, o melhor meio para isso é pelo contraste com o que somos. E o que somos? O que é homem?

“O homem é como um sopro; os seus dias, como a sombra que passa” (Sl 144.4). Ontem nós fomos e hoje somos. Mas amanhã passaremos. Sim, somos limitados. No tempo (contra a eternidade) e no espaço (contra a onipresença). Mas para além disso, o homem só pode ser, ele apenas é, enquanto Deus o sustem. Ele não pode suster-se por si. Não importa quão grande ele se sinta ou quão seguro esteja de seu poder e força. Ele não pode ir além de sua contingência. Agora ele é, mas, no momento seguinte, como saber?

Deus, ao contrário, é ilimitado em tudo que é. Não apenas eterno e onipresente, mas também onisciente e onipotente. Mas, acima de tudo isso, Ele é porque é. Ele não pode não ser, pois o não ser é o nada. Mas Deus, o Deus EU SOU, Ele é, necessariamente!

Tudo que é, é. Porém apenas em Deus o ser encontra seu perfeito significado. Deus é o Ser, e todo ser dEle depende, dEle recebe o seu próprio ser. Apenas Deus propriamente é. Apenas Deus é, absolutamente! Tudo o mais é relativo a Ele. Eis aí um significado do EU SOU fundamental para todo pensamento humano: Deus é Absoluto!

Deus é o Absoluto!

O nome em que Deus é o próprio revelar-Se

No princípio era o LOGOS, e o LOGOS estava com Deus, e o LOGOS era Deus (Jo 1.1).

Alegra-me o fato de Deus ter-se revelado como o EU SOU numa era pré-filosófica. Pois o fato precede a metafísica e toda a profundidade do pensamento racional sobre o ser. Que os homens, mesmo sem conhecer o Deus Vivo dos hebreus, tenham apreendido esta profundidade e os cristãos mais tarde a tenham identificado não me sugerem qualquer acaso!

Mas quanto ao Logos, ao contrário, não em relação ao acaso, mas ao uso racional do termo, não me parece qualquer despropósito que João o tivesse incorporado conscientemente ao vocabulário cristão devido justamente a este uso. Isto é, no primeiro caso o significado do nome independe de qualquer filosofia. Mas, no segundo, a filosofia está mesmo a enriquecer o termo pelo qual Deus inspira o apóstolo a dizer ser Seu nome.

Nossas Bíblias traduzem o termo Logos por Palavra ou Verbo, havendo a identificação com Cristo. Estão a enfatizar o princípio racional Criador pela própria ação de criar: “Disse Deus: Haja luz; e houve luz” (Gn 1.3). Jesus é o Verbo, a Palavra criadora de Deus. Na verdade, aqui já se encontra todo o significado que o termo encerra: o Deus Criador! Porém, aquele que crê faz bem saber da ligação filosófica entre os termos “logos” e “arché”.

De forma bem resumida, os primeiros filósofos procuravam a arché, um princípio pelo qual tudo vem a ser, sendo, além da própria constituição do que é, tanto origem quanto aquilo que mantém todo ser. Este princípio é também racional, um logos, um princípio de ordem e de beleza. A associação deste conteúdo filosófico com o Deus Criador não é óbvia? E não é mesmo enriquecedora do termo?

Assim é que o LOGOS é o princípio que a tudo sustem por Sua Palavra, dando ordem e beleza a tudo que é, sendo mesmo a origem a partir do que tudo deve seu próprio ser. E note que, sendo o princípio pelo qual Sua voz a tudo dá significado, é também por este mesmo princípio, Sua Palavra, que Ele se dá a conhecer, que Ele Se revela! Seu nome é o próprio revelar-Se!

Enfim, o EU SOU, o Ser, o Absoluto, é o próprio LOGOS, o Deus Criador: a Origem!

Deus é a Origem!

A realidade

Temos respondida a primeira pergunta. Mas, e a realidade? O que é ela?

Não, é claro que não tenho a pretensão, neste pequeno espaço, de dar qualquer resposta, breve ou longa, simplista ou exaustiva. Não é sobre a resposta em si que pretendo falar, mas do caminho para ela. Pois o homem passou um longo tempo iludido por sua razão e acreditando que dela poderia inferir todas as respostas que deseja. Muitos ainda a mantém uma rainha, sem perceber quão irracionais são em sua racionalidade. Mas outros tantos já perceberam sua loucura. E se desesperam de poder obter qualquer resposta. Saem afirmando aos quatro ventos a impossibilidade de se afirmar. Não possuem absolutos, nem mesmo a razão. Desesperaram da verdade, desesperaram de conhecer! Neste contexto, vemos não só a relevância, mas também a atualidade do cristianismo e da Revelação.

A razão sozinha, feita ela própria um absoluto, não pode encontrar um fundamento sobre o qual conhecer, pois ela não é este absoluto. Ela é apenas uma faculdade do homem. E este é contingente. É limitado no tempo e no espaço e incapaz de se colocar como a medida de todas as coisas. Como a razão deste homem poderá se colocar como absoluta? Como poderá medir tudo o mais por ela mesma? Apenas a ingenuidade pode manter a razão em seu trono.

Então está certo o homem em se desesperar! Está? Eis aí Deus a Se revelar! Ele se mostra o Absoluto sobre o qual construir, um fundamento, o único, do pensar. Ele se apresenta como a Origem de todas as coisas, sendo possível por Ele e nEle encontrar o significado de tudo que há! Basta ouvir o que Ele diz e saberemos não apenas quem Ele é, mas o que somos e o que toda realidade é. Apenas a rebeldia pode insistir no desespero!

Conclusão

Oh, nações, oh, povos! Atentem para o que estão fazendo, dizendo e pensando! Oh, pecadores! Oh, cada um de nós! Busquemos o Senhor enquanto se pode encontrá-lO (Is 55.6)! Ele Se revela e Se dá a conhecer para que vivamos com Ele eternamente. Sim, Ele assim o faz! Ouçamos o que Ele diz!

E louvemos a Deus como Ele é: “o Absoluto, o Criador, a Origem, o Logos, o Eterno, o Imutável, o Ser, a Razão de ser de tudo o que há, que houve ou há de ser, Aquele que não apenas pode, mas que efetivamente dá a tudo sua significação e Aquele em quem, enfim, a razão é, efetivamente, possível!”[1].

SOLI DEO GLORIA!