segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Concepções Errôneas quanto à Natureza da Igreja



Por João Calvino (1509-1564)

- Com seu dilema, não tão prementemente nos arrocham que nos forcem a confessar, ou que a Igreja esteve por algum tempo semimorta, ou que agora estejamos nós em conflito com a Igreja. A Igreja de Cristo certamente tem estado viva, e viva continuará por quanto tempo Cristo reinar à destra do Pai, por cuja mão é ela sustentada, por cuja proteção é guardada, por cujo poder ela retém sua intangibilidade. Pois ele cumprirá, indubitavelmente, o que uma vez prometera, a saber, que haverá de estar com os seus até a consumação do mundo [Mt 28.20]. No momento não sustentamos contra ela nenhuma luta, uma vez que, em pleno consenso com todo o corpo dos fiéis, cultuamos e adoramos ao Deus único e a Cristo, o Senhor [1Co 8.6], nos moldes em que tem sido sempre adorado por todos os piedosos. Entretanto, eles não se desviam pouco da verdade, quando não reconhecem nenhuma Igreja senão aquela que descortinam pela visão natural e a tentam circunscrever aos limites a que, de modo algum, foi ela confinada.

A controvérsia gira nestes gonzos: primeiro, que eles contendem dizendo que a forma da Igreja é sempre concreta e visível; segundo, que identificam a própria forma com a sé da igreja romana e a ordem de seus prelados. Nós afirmamos, em contrário, não só que a Igreja pode subsistir sem nenhuma expressão visível, nem que ela contém a forma nesse esplendor externo que estultamente admiram, mas, em marca bem diferente, a saber, na pregação pura da Palavra de Deus e na legítima administração dos sacramentos.

Eles se exasperam quando nem sempre podem apontar a Igreja com o dedo. Quão freqüentemente, porém, aconteceu de ela deformar-se ante o povo judeu a tal ponto que não podia ser distinguida por nenhuma aparência? Que forma pensamos haver ela refulgido, quando Elias deplorava por ter ficado sozinho? [1Rs 19.14].

Quanto tempo, desde a vinda de Cristo, ela ficou obscura e sem forma? Quantas vezes, desde essa época, ela foi de tal modo oprimida por guerras, por revoltas, por heresias, que em parte alguma fosse contemplada com esplendor? Se porventura tivessem vivido nesse tempo, teriam crido existir então alguma Igreja? Elias, porém, ouviu que foram conservados sete mil homens que não tinham dobrado os joelhos diante de Baal [1Rs 19.18]. Tampouco nos deve pairar alguma dúvida de que Cristo sempre reinou na terra, desde que subiu ao céu. Com efeito, se então os piedosos houvessem requerido alguma forma perceptível aos olhos, porventura não teriam prontamente cedido ao desânimo?

Aliás, já em seu século, Hilário havia considerado ser um mal superlativo que, tomados de estulta admiração pela dignidade episcopal, não se apercebiam que se ocultava por debaixo dessa máscara mortífera e sinistra, porque assim fala contra Auxêncio: “De uma coisa vos advirto: Guardai-vos do Anticristo! Pois é mal que de vós se haja apoderado o amor às paredes, mal que venerais a Igreja de Deus em tetos e edifícios, mal que sob essas coisas introduzis o nome de paz. Porventura é passível de dúvida que nestes o Anticristo haverá de assentar-se? A mim mais seguros são as montanhas, as florestas, os lagos, os cárceres e as furnas. Pois nestes, profetiza o Profeta, ou habitam, ou são lançados.”

Entretanto, o que hoje o mundo venera em seus bispos cornudos, senão que presume serem santos prelados da religião aqueles a quem vê presidirem às cidades de maior renome? Fora, portanto, com tão estulta admiração! Antes, pelo contrário, uma vez que só ele sabe quem são os seus [2Tm 2.19], permitamos ao Senhor isto: às vezes ele até mesmo priva a visão dos homens da percepção exterior de sua Igreja. Confesso que isso é o que merece a impiedade dos homens; por que porfiamos nós em opor-nos à justa vingança de Deus? Em moldes como esses, o Senhor puniu em tempos idos a ingratidão dos homens. Ora, visto que não quiseram obedecer-lhe à verdade, e sua luz extinguiram, quis ele que, tornando-se cegos em seu entendimento, não só fossem enganados por falsidades absurdas, mas ainda imersos em trevas profundas, de tal sorte que não se evidenciasse nenhuma expressão exterior da verdadeira Igreja.

Contudo, em todo o tempo em que ela foi extinta, ele preservou os seus, ainda que não só dispersos, mas até mesmo submersos em meio aos erros e às trevas. Nem é de admirar, pois, que soube preservá-los tanto na própria confusão de Babilônia, quanto na chama da fornalha ardente.

Entretanto, o fato de quererem julgar a forma da Igreja em função de não sei que vã pompa, o quanto isso é perigoso, e para que a exposição não se prolongue desmedidamente, o indicarei em poucas palavras, em vez de tecer-lhe longa consideração. O pontífice, insistem, que ocupa a sé apostólica, e quantos foram por ele ungidos e consagrados sacerdotes, uma vez que sejam assinalados por suas mitras e báculos, representam a Igreja e devem ser tidos como a Igreja. Por isso eles não podem errar. Por quê? Porque são pastores da Igreja e consagrados ao Senhor.

E porventura Arão e os demais guias de Israel não eram pastores? Contudo Arão e seus filhos, já investidos sacerdotes, no entanto erraram quando forjaram o bezerro [Ex 32.4]. Segundo este raciocínio, por que não teriam representado a Igreja aqueles quatrocentos profetas que mentiam a Acabe? [1Rs 22.11, 12]. A Igreja, porém, estava do lado de Micaías, por certo um homem sozinho e desprezível, de cuja boca, entretanto, procedia a verdade.

Porventura os profetas não levavam diante de si não só o nome, como também a forma da Igreja, quando à uma se insurgiram contra Jeremias e, ameaçadores, se jactavam de que não era possível que a lei perecesse ao sacerdote, o conselho ao sábio, a palavra ao profeta? [Jr 18.18]. Jeremias é enviado sozinho contra toda essa horda de profetas, para que da parte do Senhor denunciasse que acontecerá que a lei perecerá ao sacerdote, o conselho ao sábio, a palavra ao profeta! [Jr 4.9].

Por acaso não refulgia tal esplendor naquela assembléia que os sacerdotes, os escribas e os fariseus reuniram a fim de captar pareceres acerca de como tirariam a vida a Cristo? [Mt 26.3, 4; Jo 11.47-53; 12.10]. Que se vão agora e se apeguem à máscara exterior, e assim se façam cismáticos a Cristo e a todos os profetas de Deus; por outro lado, que façam dos ministros de Satanás órgãos do Espírito Santo!

Ora, se estão falando a sério, respondam-me em boa fé: entre que agentes e lugares pensam que a Igreja residia depois que, por decreto do Concílio de Basiléia, Eugênio foi deposto e alijado do pontificado e Amadeu investido em seu lugar? Ainda que se arrebentem, não podem negar que, no que tange à exterioridade, esse Concílio foi legítimo, além de tudo convocado não apenas por um pontífice, mas por dois. Eugênio foi ali condenado de cisma, rebelião e contumácia, juntamente com todo o bando de cardeais e bispos que haviam com ele maquinado a dissolução do Concílio. Entretanto, mais tarde apoiado no favor dos príncipes, recuperou integralmente o pontificado. Em fumaça se desfez essa eleição de Amadeu, solenemente consumada que fora pela autoridade de um sínodo geral e sacrossanto, exceto que o supracitado Amadeu foi aplacado em virtude de um chapéu cardinalício, como um cão a ladrar se cala quando lhe é tirado naco de carne. Do grêmio desses hereges rebeldes e contumazes procedeu tudo quanto em seguida tem havido de papas, cardeais, bispos, abades, padres.

Neste ponto, impõe-se agarrá-los e imobiliza-los. Pois, a qual das duas facções conferirão o nome de Igreja? Porventura negarão que foi esse um Concílio Geral, de nada carecendo quanto à majestade exterior, já que, em verdade, foi solenemente convocado por duas bulas, consagrado mediante o legado da sé romana a presidi-lo, em todas as coisas devidamente conformado às normas regulamentares, a conservar-se sempre na mesma dignidade até o fim? Declararão Eugênio cismáticos com toda sua coorte, pela qual foram todos consagrados?
Portanto, ou definam a forma da Igreja em outros termos, ou, por mais numerosos que sejam, serão por nós tidos como cismáticos quantos, cônscia e deliberadamente, foram ordenados por hereges.

E se nunca antes se fizesse evidente que a Igreja não se prende a pompas externas, eles próprios podem dizer-nos que disso constitui prova abundante, visto que, sob esse pomposo nome de Igreja, por tanto tempo orgulhosamente se apregoaram ao mundo, quando, entretanto, não passavam de pestes mortíferas à Igreja. Não estou me referindo a seus costumes e àqueles atos hediondos de que empanturra o viver de todos, quando, como os fariseus, dizem que devem ser ouvidos, não imitados [Mt 23.3].

Se devotares um pouco de teu lazer a ler estas nossas ponderações, sem sombra de dúvida reconhecerás que a própria, sim, a própria doutrina, à base da qual argúem que devem ser tidos como sendo a Igreja, não passa de mortífero matadouro de almas, tocha incendiária, ruína e destruição da Igreja.

A Fé que Salva


Por Solano Portela

O movimento histórico conhecido como a Reforma do Século 16 ocorreu há quase 500 anos, iniciado quando Martinho Lutero, em 31 de outubro de 1517, pregou 95 teses, ou declarações, na porta da catedral de Wittenberg, que pastoreava. Lutero foi um homem que atravessou uma profunda experiência de conversão, pela qual teve os olhos abertos à simplicidade dos ensinamentos contidos na Bíblia. Comparando esses ensinamentos com o que era pregado e praticado na igreja dos seus dias, Lutero encontrou diferenças marcantes. Ele verificou como, ao longo do tempo, distorções haviam sido introduzidas, de tal forma que o povo era conservado em ignorância espiritual, privado das verdades reveladas na Palavra de Deus que podem levar à salvação. Os reformadores (Lutero e os que se seguiram a ele) procuraram resgatar a mensagem que salva e que pode levar os homens de volta ao seu destino original, reconciliando pecadores com o Deus santo que rege os céus e a terra.

Os historiadores têm, normalmente, identificado quatro pilares da Reforma do Século 16. Quatro temas principais que dominaram os escritos e ensinamentos dos reformadores, por serem essenciais à propagação da sã doutrina. Esses “pilares” são normalmente identificados por palavras latinas, não tão difíceis de compreender: Sola Scriptura, Sola Gratia, Sola Fide e Solus Christus. Vamos identificar esses significados e ver a relação deles, um para com os outros, bem como a razão da Reforma ter se concentrado nesses temas.

Sola Scriptura, significando que somente as Escrituras providenciam a fonte do nosso conhecimento religioso, das coisas espirituais cujo conhecimento é essencial à compreensão da vida. Essa era uma ênfase necessária, pois a igreja havia incorporado muitas doutrinas que não procediam da Bíblia, mas meramente de tradições humanas. Questões tais como culto às imagens, a existência do purgatório, etc., faziam parte das doutrinas ensinadas ao povo. Os reformadores, investigaram e deram um sonoro “não” a esse ensino e à consideração da “tradição” como fonte de autoridade igual ou superior à Palavra de Deus. Eles consideraram, corretamente, que isso era mortal para a saúde espiritual de qualquer um e da própria igreja.

Sola Gratia, significando que somente a Graça de Deus é a origem da nossa salvação. Na época da reforma, e mesmo nos nossos dias a tendência humana é a de exaltar a habilidade humana de salvar-se a si mesmo. Os reformadores apontaram que a Bíblia indica sem sombra de dúvidas que somente a graça de Deus, o favor não merecido da parte dele, origina um meio de salvação. Estamos todos mortos em delitos e pecados e, conseqüentemente, nada podemos fazer para nossa própria salvação. A iniciativa, de providenciar um plano de salvação, é de Deus e dele procedem todas as providências, nesse sentido.

Sola Fide, significando que somente a Fé é o meio pelo qual nos apropriamos da salvação efetivada por Cristo Jesus para o seu povo. Se a iniciativa da salvação é a graça de Deus, a Fé representa a resposta a essa iniciativa. Essa ênfase, extraída da Bíblia, era muito necessária, pois enfatizava-se as ações humanas como forma de se adquirir a salvação. Vendiam-se indulgências – pedaços de papel que, segundo os vendedores, representavam uma espécie de passaporte para o céu. Quanto mais se contribuía, mais certeza se obtinha, diziam eles, do perdão de pecados – do próprio comprador ou de parentes ou amigos que desejava beneficiar. Lutero e os demais reformadores, não encontraram qualquer base para esses ensinamentos nas Escrituras. Eles identificaram a Fé como sendo a resposta humana, provocada pelo toque regenerador do Espírito Santo de Deus, no processo de salvação.

Solus Christus, significando que somente Cristo é a base da nossa salvação. Somos salvos somente pelos méritos e pelo sacrifício de Cristo e não com base em qualquer outra situação ou ação humana. Cristo é o nosso único intermediário – assim a Bíblia especifica – e isso contrasta com tudo o que se ensinava, e ainda se ensina, relacionado com a intermediação de Maria e de outros “santos”.

Além dos “quatro pilares”, acima explicados, adiciona-se normalmente mais um: Soli Deo Gloria– Glória a Deus somente, significando o propósito da existência de nossas pessoas e de tudo o que temos ao nosso redor. Essa ênfase, igualmente bíblica, foi surgindo com o trabalho dos reformadores que se seguiram a Lutero, especialmente com o de João Calvino, que ensinou a doutrina da vocação – o chamado de Deus para que nos envolvamos em todos os aspectos da vida, sempre centralizando nossas ações na glória que é devida a Deus. Deus fez todas as coisas para sua própria glória e nos enquadramos em nossa finalidade e encontramos a felicidade quando abraçamos esse ensino em nossas vidas.

No meio desses pontos cardeais, dessas ênfases centrais nas doutrinas bíblicas, é interessante notarmos que Martinho Lutero considerava a questão da fé: Sola Fide – Somente a Fé, como sendo aquela ênfase crucial, que devia ser propagada e defendida a qualquer custo. Obviamente que, para ele, todas as demais eram importantes, mas com a questão da fé – como único e exclusivo meio pelo qual nos apropriamos da salvação – ele tinha um cuidado todo especial. Possivelmente isso ocorreu porque foi estudando a doutrina da fé que ele foi atingido pela contundência da mensagem divina de salvação. Lutero, atribulado porque estava acostumado a ouvir a pregação das indulgências, ou a validade de relíquias e amuletos, como meios de se tornar agradável a Deus, identificou-se como “um pecador perante Deus com a consciência atribulada”. Ele estudava a carta de Paulo aos Romanos, mais especificamente o capítulo 3, quando se deparou com a declaração: “o justo viverá pela fé”, no verso 28. Lutero escreveu o seguinte: “...então eu compreendi que a justiça de Deus é o fundamento de direito pelo qual, pela graça e pela misericórdia, ele nos justifica através da fé. Imediatamente eu me senti como se tivesse atravessado uma porta aberta e penetrado no paraíso”.

Assim, a justificação pela fé passou a ser uma das doutrinas centrais dos que abraçaram a fé reformada, que ficaram historicamente conhecidos como “protestantes”. Lutero escreveu, ainda: “esta doutrina é a principal e a angular. Somente ela gera, nutre, constrói, preserva e defende a igreja de Deus; sem ela a igreja de Deus não sobreviverá por uma hora”. O ensinamento bíblico, principalmente contido no terceiro capítulo de Romanos, sobre a justificação pela fé, não significa que nós somos considerados justos com base na fé. A base de nossa justificação é Cristo e o seu sacrifício na cruz, com a subseqüente vitória da morte, obtida em sua ressurreição. Somos salvos, portanto, pela Graça de Deus, por meio da fé, com base no trabalho de Cristo. Explicando o que é justificação, João Calvino nos ensina que ela “consiste no perdão dos pecados e na imputação da justiça de Cristo”. Uma das expressões que ele utiliza, é a de que os cristãos são “inseridos na justiça de Cristo”. Ou seja, não temos justiça própria, mas recebemos a justiça de Cristo sobre nós.

Na carta de Paulo aos Efésios (capítulo 2, versos 8 a 10), lemos: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas”. A fé, aqui mencionada, é essa fé que salva. Aprendemos, nestes versos, que somos salvos somente pela graça proveniente de um Deus soberano. A fé, é o meio – “mediante a fé”. Mas note que não temos qualquer razão ou motivo de nos orgulharmos de termos exercitados fé. Nem temos qualquer prerrogativa ou direitos perante Deus. Somente exercemos a fé, porque ela é dom de Deus. Ele é que nos concede esse meio de resposta ao seu toque salvador. Aprendemos, também, que a salvação não vem das obras – não podemos nos orgulhar, ou nos gloriar, das nossas ações, pois elas não levam à salvação. No entanto, somos instruídos sobre o verdadeiro relacionamento entre graça, fé e obras (ações). Não existe graça verdadeira, sem a respectiva fé que salva. Não existe fé salvadora, sem as evidências dessa salvação, dessa transformação de vida – as obras, as ações de mérito, representadas pelo cumprimento dos mandamentos e das diretrizes divinas contidas nas Escrituras e que existem “para que andemos nelas”.

Essa é a fé que salva. A fé que não é simplesmente uma manifestação mística em algumas coisas. Muitos têm fé sincera em objetos que não podem salvar – em ídolos, em ritos de umbanda, em espíritos desencarnados. Mesmo em sinceridade, essa fé leva à perdição. Somente a fé em Cristo Jesus é fé salvadora (Atos 4.12: “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos”). A fé que salva é conseqüência natural da graça. A fé que salva não é incompatível com as obras, mas as obras são uma conseqüência necessária a essa fé. Há quase 500 anos os reformadores entenderam isso e resgataram essa doutrina que não estava sendo ensinada e se encontrava velada debaixo do entulho de tradição humana que a havia soterrado. Você entende que essa fé é o único meio para a sua salvação?

domingo, 30 de janeiro de 2011

Calvinista? Esqueça o rótulo e diga no que você acredita!


Por John Piper

Nós somos cristãos. Seres radicais, de sangue puro, saturados de Bíblia, exaltadores de Cristo e centrados em Deus. Nós avançamos com missões, ganhamos almas, amamos a igreja, buscamos a santidade e saboreamos a soberania. Somos completamente embriagados pela graça, quebrantados de coração e felizes seguidores do Cristo onipotente crucificado. Pelo menos esse é o nosso compromisso imperfeito.

Em outras palavras, somos calvinistas, mas esse rótulo não é nem um pouco útil para dizer às pessoas no que você realmente acredita! Então esqueça o rótulo, se isso ajudar, e diga a elas claramente, sem evasivas e sem ambiguidade, o que você acredita a respeito da salvação.

Se eles disserem “Você é um calvinista?” diga “Você decide. É nisso aqui que eu creio…”

Eu creio que sou tão espiritualmente corrupto e orgulhoso e rebelde que eu nunca teria vindo à fé em Jesus sem a misericordiosa e soberana vitória de Deus sobre os últimos vestígios da minha rebelião. (1 Coríntios 2:14; Efésios 3:1-4; Romanos 8:7)

Eu creio que Deus me escolheu antes da fundação do mundo para ser seu filho, sem basear essa escolha em nada que pudesse haver em mim no presente ou no futuro. (Efésios 1:4-6; Atos 13:48; Romanos 8:29-30; Romanos 11:5-7)

Creio que Cristo morreu como um substituto dos pecadores para, de boa fé, oferecer salvação a todas as pessoas. Creio que ele teve um plano invencível em sua morte para obter sua noiva escolhida, a saber, a assembléia de todos os crentes, cujos nomes foram eternamente escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto. (João 3:16; João 10:15; Efésios 5:25; Apocalipse 13:8)

Quando eu estava morto em minhas transgressões, e cego para a beleza de Cristo, Deus me tornou vivo, abriu os olhos do meu coração, me deu a capacidade de crer e me uniu a Jesus, com todos os benefícios do perdão e da justificação e da vida eterna (Efésios 2:4-5; 2 Coríntios 4:6; Filipenses 2:29; Efésios 2:8-9; Atos 16:14; Efésios 1:7; Filipenses 3:9)

Estou eternamente seguro não por causa de qualquer coisa que eu tenha feito no passado, mas decisivamente porque Deus é fiel para completar a obra que ele começou – sustentar minha fé e me manter longe da apostasia, e me afastar do pecado que leva à morte (1 Coríntios 1:8-9; 1 Tessalonicenses 5:23-24; Filipenses 1:6; 1 Pedro 1:5; Judas 25; João 10:28-29; 1 João 5:16)

Chame do jeito que você quiser, isso é minha vida. Eu acredito nisso porque vejo isso na Bíblia. E porque experimentei isso. Louvor eterno à grandeza da glória da graça de Deus!

Fonte: iPródigo Via: Pedro Pamplona

sábado, 29 de janeiro de 2011

Erótico Versus Espiritual


Por A. W. Tozer

O período em que vivemos bem pode passar à história como a Era Erótica. O amor sexual foi elevado à posição de culto. Eros tem mais cultuadores entre os homens civilizados de hoje do que qualquer outro deus. Para milhões o erótico suplantou completamente o espiritual.

Não é difícil verificar como o mundo chegou a este estado. Entre os favores que contribuíram para isso estão o fonógrafo e o rádio, que podem difundir canções de amor de costa a costa sem problema de dias ou de ocasiões; o cinema e a televisão, que possi­bilitam a toda a população focalizar mulheres sensuais e jovens amorosos ferrados em apaixonado abraço (e isto nas salas de estar de lares "cristãos" e diante dos olhos de crianças inocentes!); jornada de trabalho mais curta e uma multiplicidade de artefatos mecânicos com o resultante aumento do lazer para toda gente. Acrescentem-se a isso tudo as dezenas de campanhas publicitárias astutamente idea­lizadas, que fazem do sexo a isca não muito secretamente escondida para atrair compradores de quase todos os produtos imagináveis; os corruptos colunistas que consagraram a vida à tarefa de publicar fofas e sorrateiras nulidades com rostos de anjos e com moral de gatas da rua; romancistas sem consciência, que conquistam fama duvidosa e se enriquecem graças ao trabalho inglório de dragar podridões lite­rárias das imundas fossas das suas almas para dar entretenimento às massas. Estas coisas nos dizem algo sobre a maneira pela qual Eros conseguiu seu triunfo sobre o mundo civilizado.

Pois bem, se esse deus nos deixasse a nós, cristãos, em paz, eu por mim deixaria em paz o seu culto. Toda a sua esponjosa e fétida sujeira afundará um dia sob o seu próprio peso e será excelente combustível para as chamas do inferno, justa recompensa recebida, e que nos enche de compaixão por aqueles que são arras­tados em sua ruinosa voragem. Lágrimas e silêncio talvez fossem melhores do que palavras, se as coisas fossem ligeiramente diversas do que são. Mas o culto de Eros está afetando gravemente a igreja. A religião pura de Cristo que flui como rio cristalino do coração de Deus está sendo poluída pelas águas impuras que escorrem de trás dos altares da abominação que aparecem sobre todo monte alto e sob toda árvore verde, de Nova Iorque a Los Angeles.

Sente-se a influência do espírito erótico em toda parte quase, nos arraiais evangélicos. Grande parte dos cânticos de certos tipos de reuniões têm em si maior porção de romance do que do Espírito Santo.. Tanto as palavras como a música se destinam a provocar o libidinoso. Cristo é cortejado com uma familiaridade que revela total ignorância de quem Ele é. Não é a reverente intimidade do santo em adoração, mas a impudente familiaridade do amante carnal.

A ficção religiosa também faz uso do sexo para dar interesse à leitura pública, a fina desculpa sendo que, se o romance e a religião forem entretecidos compondo uma história, a pessoa comum que não leria um livro puramente religioso lerá a história, e assim se defrontará com o Evangelho. Deixando de lado o fato de que, na maioria, os romancistas religiosos modernos são amadores de talento caseiro, sendo raros os capazes de escrever uma única linha de boa literatura, todo o conceito subjacente ao romance religioso é errôneo. Os impulsos libidinosos e os suaves e profundos movimentos do Espírito são dia­metralmente opostos uns aos outros. A noção de que Eros pode ser induzido a servir de assistente do Senhor da glória é ultrajante. A película "cristã" que procura atrair espectadores retratando cenas de amor carnal em sua propaganda é completamente infiel à religião de Cristo. Só quem for espiritualmente cego se deixará levar por isso.

A moda atual de usar beleza física e personalidades brilhantes na promoção religiosa é outra manifestação da influência do espírito romântico na igreja. O balanceio rítmico, o sorriso plástico, e a voz muito, mas muito alegre mesmo, denunciam a frivolidade religiosa mundana. O executante aprendeu a sua técnica da tela da TV, mas não a apreendeu suficientemente bem para ter sucesso no campo profissional. Daí, ele traz a sua produção inepta para o lugar santo e a mascateia, oferecendo-a aos cristãos doentios e inferiores que andam à procura de alguma coisa que os divirta enquanto ficarem dentro dos limites dos costumes sócio-religiosos vigentes.

Se meu linguajar parece severo, é bom lembrar que não o dirijo a nenhuma pessoa individualmente. Para com o mundo perdido dos homens, só tenho uma grande compaixão e o desejo de que todos venham a arrepender-se. Pelos cristãos cuja liderança vigorosa mas equivocada tem procurado atrair a igreja moderna do altar de |eová para os altares do erro, sinto genuíno amor e simpatia. Quero ser o último a ofendê-los e o primeiro a perdoá-los, lembrando-me dos meus pecados passados e da minha necessidade de misericórdia, bem como da minha fraqueza pessoal e da minha tendência natural para o pecado e o erro. A jumenta de Balaão foi usada por Deus para repreender um profeta. Daí parece que Deus não exige perfeição no instrumento que Ele emprega para advertir e exortar o Seu povo.

Quando as ovelhas de Deus estão em perigo, o pastor não deve contemplar as estrelas e meditar sobre temas "inspiradores". É obri­gado a agarrar sua arma e a correr em defesa delas. Quando as circunstâncias o exigirem, o amor poderá usar a espada, embora por sua natureza deva, em vez disso, ligar o coração quebrantado e atender os feridos. É tempo de o profeta e o vidente se fazerem ouvir e sentir outra vez. Nas últimas três décadas a timidez disfarçada de humildade tem ficado encolhida no seu canto enquanto a qualidade do cristianismo evangélico vem piorando ano após ano. Até quando. Senhor, até quando?

Fonte: Ortopraxia

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Pecado Original - Seus Efeitos


Por Thomas Watson ( 1620-1686)


Primeira aplicação: o pecado original está disseminado entre nós e nos é inerente enquanto vivermos, isso refuta a posição dos libertinos e dos quakers que dizem que não temos pecado. Eles sustentam a perfeição e exibem muito orgulho e ignorância, porém, vemos as sementes do pecado original, mesmo no melhor deles. "Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que não peque" (Ec 7.20). E Paulo reclamava de um "corpo desta morte'' (Rm 7.24). Embora a graça purifique a natureza, ela não a aperfeiçoa.

O apóstolo não diz aos crentes que seu "velho homem foi crucificado" (Rm 6.6), e que eles estavam "mortos para o pecado" (Rm 6.11)? E de fato eles estão mortos, veja:

1. Eles estão mortos espiritualmente para o pecado. Eles estão mortos tanto para a culpa como para o poder. O amor ao pecado é crucificado.

2. Eles estão legalmente mortos para o pecado. Como um homem sentenciado à morte está morto na lei, os crentes estão legalmente mortos para o pecado. Há uma sentença de morte declarada contra o pecado. Ele deve morrer e ir para o sepulcro. Porém, no presente, o pecado tem sua vida prorrogada. Nada além da morte do corpo pode nos libertar completamente do corpo dessa morte.

Segunda aplicação: levemos a sério o pecado original e nos humilhemos profundamente por causa dele. Ele se apega a nós como uma doença, é um princípio ativo em nós, levando-nos ao mal. O pecado origi¬nal é pior que o pecado de fato; a fonte é maior que o arroio. Alguns pensam que, enquanto são cidadãos, eles são bons o suficiente. Que pena, a natureza está envenenada. Um rio pode ter lindos ribeiros, mas, no fundo, ser cheio de parasitas. Tu tens sobre ti um inferno, nada podes fazer quanto à tua desonra; teu coração, como solo lamacento, contamina a mais pura água que verte sobre ele. Conquanto seja regenerado, ainda permanece muito do velho no novo homem. Quanto o pecado original nos humilha. Essa é uma razão pela qual Deus deixou o pecado original em nós, para que tivesse um espinho para nos admoestar. Como o bispo de Alexandria, depois que o povo tinha abraçado o cristianismo, destruiu todos os ídolos deles menos um, para que, à vista daquele ídolo, eles tivessem aversão a si mesmos pela idolatria anterior. Da mesma maneira, Deus deixou o pecado original para abaixar as plumas do orgulho. Sob as nossas asas prateadas de graça se encontram pés pecadores.

Terceira aplicação: deixemos essa percepção nos fazer buscar ajuda diariamente do céu. Peça que o sangue de Cristo lave a culpa do pecado, que o seu Espírito mortifique o poder do pecado, peça por outros níveis de graça: embora a graça não faça o pecado desaparecer, pelo menos ela o impede de reinar. Embora a graça não possa expulsar o pecado, pode repeli-lo. E, para nosso consolo, nas áreas em que a graça trava um combate contra o pecado, a morte nos proporcionará uma vitória.

Quarta aplicação: deixemos o pecado original nos fazer caminhar com corações vigilantes e cautelosos. O pecado de nossa natureza é como um leão adormecido cuja raiva é despertada pela mínima coisa. Ainda que o pecado de nossa natureza pareça quieto e repouse como o fogo escondido sob as brasas, basta revolver somente um pouquinho e sentir o pequeno sopro da tentação que ele se inflama rapidamente e se propaga em maldades escandalosas. E por isso que precisamos sempre caminhar com vigilância. "O que, porém, vos digo a todos: vigiai!" (Mc 13.37). Um coração peregrino precisa de um olhar vigilante.

Fonte:
Mayflower

O livre-arbítrio e Romano 8:8


Por Clóvis Gonçalves

Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. Rm 8:8

Introdução

A teoria do livre arbítrio pretende provar que o homem tem capacidade inerente para crer no evangelho e aceitar a Cristo. Pressupõe que o homem está numa situação de neutralidade ou equilíbrio moral e que diante da escolha proposta no evangelho o mesmo pode optar igualmente pela salvação ou condenação. Essa teoria tem ampla aceitação no meio evangélico, enquanto que a inabilidade inata do homem é vista como uma desculpa diante de Deus. Se o homem é incapaz de crer no evangelho por si mesmo, dizem, então ele não pode ser responsabilizado pela sua incredulidade. À parte e acima dessa aparente lógica, está o que a Bíblia declara a respeito da condição do homem. E o que ela declara é que é impossível que aqueles que estão na carne agradem a Deus.

1. Agradar a Deus

Agradar é fazer a vontade de alguém, acomodando-se aos desejos e interesesses de outros. Agradar a Deus é fazer aquilo que Lhe dá prazer, que lhe traz satisfação. Isso envolve disposição para abrir mão de agradar a si mesmo. Nesse sentido “Cristo não se agradou a si mesmo” (Rm 15:3), mas sempre fazia a vontade do Pai. Para os cristãos, como soldado de Cristo, “seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou” (2Tm 2:4). Além disso, agradar a Deus muitas vezes implica desagradar a outras pessoas. Paulo dizia “ou procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo” (Gl 1:10), uma vez que “fomos aprovados por Deus, a ponto de nos confiar Ele o evangelho, assim falamos, não para que agrademos a homens, e sim a Deus” (1Ts 2:4).

Merece especial consideração o fato de que “sem fé é impossível agradar a Deus” (11:6). Dessa forma, a primeira coisa que se exige dos que se aproximam de Deus é que creiam nele. Os que estão na incredulidade não podem agradar a Deus, não importa o quanto suas obras sejam louváveis diante dos homens, pois “tudo o que não provém de fé é pecado” (Rm 14:23). Para Deus, a primeira coisa que lhe é agradável é a fé depositada em seu Filho Jesus Cristo, mediante a pregação do evangelho. Mas, os que estão na carne não podem proporcionar-lhe este prazer, pois todos os ditames da sua natureza são no sentido de agradar a si mesmos.

2. Estar na carne

O que significa estar na carne? A expressão refere-se aos não regenerados apenas ou inclui também os chamados crentes nascidos de novo? A princípio, isso é indiferente para nossa análise, pois seja um crente ou um não nascido de novo, estando na carne não pode agradar a Deus. Mas, estar na carne é diferente de andar segundo a carne, como veremos.
A palavra carne na Bíblia tem uma ampla gama de significados, mas nas epístolas refere-se com frequência à natureza pecaminosa. Um cuidado que se deve ter é diferenciar as alusões ao corpo (σωμα) e carne (σαρξ), pois esta última é que frequentemente representa aquilo no homem que intenta agir à parte e ao contrário da vontade de Deus.

Paulo diz “eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum” (Rm 7:18), João se refere “à concupiscência da carne” (1Jo 2:16) e Pedro às “concupiscências carnais que combatem contra a alma” (1Pe 2:11). Essa natureza pecaminosa, ou “inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser” (Rm 8:7). Paulo, especialmente, usa a palavra carne como termo ético significando uma pessoa vivendo separada de Deus e sob domínio do pecado.

Há, contudo, uma diferença entre andar segundo a carne e estar na carne. Embora o crente possa “andar na carne”, não “está na carne”, pois mesmo “andando na carne, não militamos segundo a carne” (2Co 10:3). O crente não deve viver em conformidade com os instintos e pensamentos que surgem de sua natureza carnal, mas ser guiado pelo Espírito Deus. Embora possamos nos deixar levar por nossa natureza carnal, não devemos andar “segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito” (Rm 8:4-5). Aqueles “que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito” (Gl 5:24-25).

Mas no caso do não regenerado a situação é diferente, ele “está na carne”. Eles seguem a lei de sua própria natureza que “não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser” (Rm 8:7). Sua natureza é hostil a Deus e àquilo que Deus exige na sua Santa Palavra. Por isso, em seu estado natural, o homem caído não tem prazer em Deus e não faz aquilo que agrada a Deus.

3. Não podem

O espírito denota poder. No Antigo Testamento o Senhor já havia dito “não por força nem por violência, mas sim pelo meu Espírito” (Zc 4:6). Prometendo o Consolador, Jesus disse “ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder” (Lc 24:49) e “mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo” (At 1:8). Por outro lado, “a carne é fraca” (Mc 14:38), identificada com enfermidade incapacitante, haja vista que “o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne” (Rm 8:3) teve que ser feito por Deus. Porque “o espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita” (Jo 6:63), só podemos agradar ao Senhor quando “servimos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne” (Fp 3:3).

Portanto, quem está na carne, não pode agradar a Deus. Não podemos atenuar essa declaração, fazendo parecer que é difícil ao não convertido agradar a Deus. A escritura está falando de uma impossibilidade absoluta, pois “a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser” (Rm 8:7). O termo “dunamis” refere-se a “ser capaz, ter poder quer pela virtude da habilidade e recursos próprios de alguém, ou de um estado de mente, ou através de circunstâncias favoráveis, ou pela permissão de lei ou costume; ser apto para fazer alguma coisa” (Strong). Essa palavra é precedida pela partícula de negação absoluta “ou” e não pela partícula de negação qualificada “me”. Portanto, quem não nasceu de novo é absolutamente incapaz de agradar a Deus.

Somente pelo Espírito Santo alguém pode vir agradar a Deus. “Ninguém pode dizer: Senhor Jesus!, senão pelo Espírito Santo” (1Co 12:3). Mas, ao contrário do que pensam alguns, o Espírito não é dado indiscriminadamente, pois é “o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber” (Jo 3:27). O Senhor Espírito Santo age soberanamente no coração de Seus eleitos.

Conclusão

Aceitar a Jesus é, seguramente, algo que agrada a Deus. A teoria do livre-arbítrio declara que todo homem tem a capacidade, ante a oferta do evangelho, de igualmente aceitar ou rejeitar a Cristo. Porém, a declaração de Paulo em Rm 8:8 colide frontalmente com tal teoria, reduzindo-a a pó. Todo homem natural é absolutamente incapaz, de si e por si, de aceitar a Cristo, do que concluímos que o livre-arbítrio é uma quimera, algo puramente imaginário. Por outro lado, o Espírito Santo, operando pela Palavra de Deus, é o poder vivificante, que ressuscita o homem e o leva a viver uma nova vida em Cristo. E nisto o Senhor é glorificado.

Soli Deo Gloria

Fonte: Cinco Solas

"Disse-lhes Jesus: Vocês não sabem o que estão pedindo"


"Disse-lhes Jesus: Vocês não sabem o que estão pedindo"

Por Filipe Luiz C. Machado

No versículo 1 no referido capítulo, vemos que Jesus começa seu discurso comparando o reino do céus com "um proprietário que saiu de manhã cedo para contratar trabalhadores para a sua vinha". Ele havia combinado um preço com os trabalhadores contratados já pela manhã bem cedo e assim ficara acertada a quantia que receberiam (v.2). Dos versículos 3 à 7 temos ainda outros trabalhadores que foram acrescentados e também chamados para trabalhar, igualmente combinando com cada um deles a quantia que receberiam. Nos versículos 8 e 9 temos a narrativa de quando os últimos trabalhadores (lembre-se dos últimos serão os primeiros) receberam seu salário e nada reclamaram, pois haviam recebido aquilo que lhes havia sido prometido. Já nos versículos 10 à 12 temos a queixa dos primeiros trabalhadores, que não contentes com a aparente injustiça cometida pelo proprietário da vinha, vindicavam um aumento de salário. O dono da vinha então lhes responde: "Mas ele respondeu a um deles: ‘Amigo, não estou sendo injusto com você. Você não concordou em trabalhar por um denário? Receba o que é seu e vá. Eu quero dar ao que foi contratado por último o mesmo que lhe dei. Não tenho o direito de fazer o que quero com o meu dinheiro? Ou você está com inveja porque sou generoso?" (v.13 - 15) Jesus termina então sua parábola dizendo aos seus discípulos que: "Assim, os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos" (v.16)

Nos versículos 17 à 19 temos a narrativa de Jesus falando aos 12 sobre o que lhe sobreviria nos momentos seguintes, alertando-os de que sabia sobre o que lhe aconteceria; ele não seria pego desprevenido. Importante é percebermos o grande momento pelo qual Jesus passaria! Nos versículos 18 e 19 lemos: "o Filho do homem será entregue aos chefes dos sacerdotes e aos mestres da lei. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos gentios para que zombem dele, o açoitem e o crucifiquem. No terceiro dia ele ressuscitará!". Atentemos para o fato de que Jesus não faz pouco caso do que aconteceria, nem lhes diz que ao morrer tudo se findaria, mas deixa claro que o evento não será o fim de seu ministério, pois "no terceiro dia ressuscitará"!

Chegamos agora (ao que penso eu) ao clímas do texto. Vejamos a discrepância entre tal evento cruel e majestoso que aconteceria ao salvador do mundo, mestre dos discípulos e o pedido de uma mãe: "Então, aproximou-se de Jesus a mãe dos filhos de Zebedeu com seus filhos e, prostrando-se, fez-lhe um pedido. 'O que você quer?', perguntou ele. Ela respondeu: 'Declara que no teu Reino estes meus dois filhos se assentarão um à tua direita e o outro à tua esquerda'." (v.20, 21) Não posso deixar de pensar em como eu reagiria em tal situação. Imagino-me primeiramente informando meus melhores amigos de que haveria de sofrer, padecer por muitas enfermidades, me fazer pecado para salvar meus discípulos que me negariam e abandonariam num primeiro momento, salvar antigos blasfemadores e perseguidores do meu evangelho e tantas outras coisas mais e de repente me deparasse com uma pergunta dessas! Certo estou de que não reagiria tal qual nosso mestre Jesus.

Interessante também é que a mãe de Tiago e João (filhos de Zebedeu) não pergunta se Jesus necessitaria de alguma coisa para aquele momento (embora realmente ele não precisasse), nem lhe pede fé para acreditarem que ao terceiro dia iria ressuscitar, tampouco lhe mostra um espírito pronto para aceitar aquilo que lhe sobreviria, mas pede para que seus filhos tenham um lugar de honra no Reino! Comparemos tal declaração com a parábola anteriormente proferida por Jesus. Ele havia dito que não há diferença entre os que são escolhidos por primeiro ou por último, também que não haverá diferença entre o pagamento para ambos, afinal o salário não está a mando do servo, mas sim do mestre. Embora o texto não nos precise se a mãe de Tiago e João estava presente quando Jesus falou tal parábola (v.1 - 16), a narrativa nos leva a crer que sim.

Depois de talvez ter ficado estupefato com a declaração daquela mulher, "Disse-lhes Jesus: 'Vocês não sabem o que estão pedindo'." (v. 22a) É de suma importância notar que a mãe de Tiago e João não havia compreendido a seriedade do seu pedido. Em outras palavras, ela lhe estava pedindo que seus dois filhos tivessem os lugares mais importantes no reino dos céus! (creio que o "a direita e a esquerda" queiram fazer menção aos lugares adjacentes do trono de um rei; acredito também que Tiago e João concordaram com sua mãe, haja vista de não nos ser informado de qualquer fala que desmereça o pedido e também a posterior indignação dos restantes dos discípulos com Tiago e João) Veja a falta de compreensão! Pobres pescadores almejando os lugares de maior honra! (acrescento que a frase é "disse-lhes" e não "disse-lhe", dando a entender que havia respondido tanto para Tiago e João quanto para sua mãe)

Após haver lhes dito que tal pedido imerecia prosperar, falou: "Podem vocês beber o cálice que eu vou beber? " 'Podemos', responderam eles'. Jesus lhes disse: 'Certamente vocês beberão do meu cálice; mas o assentar-se à minha direita ou à minha esquerda não cabe a mim conceder. Esses lugares pertencem àqueles para quem foram preparados por meu Pai'." (v. 22b e 23) Aqui Jesus lhes mostra que eles poderão partilhar do cálice de Jesus, poderão participar de seu reino (anteriormente ilustrado por meio da parábola), mas que o pedido não cabia a Jesus conceder, mas unicamente "àqueles para quem foram preparados por meu Pai". Não estava a cargo de Jesus conceder lugares de honra no céu, tal encarregado é apenas o Pai.

Diante de tal quadro, não é de nos espantar que "Quando os outros dez ouviram isso, ficaram indignados com os dois irmãos." (v. 24) Ora, não que os outros presente não pudessem ter feito o mesmo pedido descabido, mas ouvir aquilo da boca de uma mãe, beirava a súplica! Era como se a mãe de Tiago e João dissesse a Jesus: "Embora estejas com teus 12 discípulos, estejas para sofrer por nós, ressuscitar e nos salvar, peço-te que dês atenção e honra especiais para meus filhos". A partir desse prisma, não nos é estranho a reação do restante dos discípulos.

Jesus finaliza dizendo: "Jesus os chamou e disse: 'Vocês sabem que os governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. Não será assim entre vocês. Pelo contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo, e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo; como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos'." (v. 25 - 28) Notemos que Jesus não dá crédito ao pedido da mãe, mas enfatiza para que não tenham o desejo ambicioso de ser maior ou melhor que os outros. Também salienta que nem sempre aquele que parece ser o maior, na verdade o é (vide o paralelo entre governantes das nações, pessoas importantes e o dever ser servo), mas sim que geralmente o maior está no lugar de menos honra à vista dos outros.

Que possamos aprender com esta passagem, para que não saiamos por aí pedindo coisas absurdas e sem real importância para Deus. Não que ele não nos ouça quanto fazemos tal coisa (oh! perdoa-nos!), mas porque devemos ter um coração centrado na servidão e nunca na exaltação.

Deus nos abençoe!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A VERDADEIRA SITUAÇÃO SERRANA POR MEMBRO DA CRUZ VERMELHA


Por Taisa Thompson Motta

Houve hoje uma reunião a portas fechadas já no final desta noite com um membro muito importante da Cruz Vermelha Brasileira (CVB) cujo nome não vou revelar. Ele já trabalha há mais de trinta e três anos em todos os tipos de catástrofes em todas as partes do mundo incluindo a guerra da Bósnia, o terremoto do Haiti, etc. É ele que coordena as atividades da CVB brasileira nestes locais e também da CVB internacional.

Para vocês terem uma idéia, ele havia voltado de uma extenuante viagem de 22 horas desde a Rodésia só para estar ali conosco e avaliar a situação na região serrana.

Ele disse que nós não tínhamos noção da catástrofe que havia ocorrido:

"Vocês nunca tiveram oportunidade de testemunhar catástrofes mundiais e por isso é natural que sejam incapazes de avaliar a extensão dos danos aqui ocorridos. Devido a décadas de experiência de campo e de levantamento de áreas de desastre, posso seguramente, afirmar que somente aqui no município de Teresópolis o número de mortos soterrados de longe ultrapassa a casa dos 6.000.

Na região serrana ao todo o número de mortos deve facilmente chegar a mais de 12.000 pessoas.

No Brasil, vocês nunca lidaram com catástrofes naturais de grandes dimensões, daí a falta de preparo e de noção do que realmente se passa. Pelo quadro vigente no Haiti, vocês podem contabilizar as milhares de pessoas que já morreram de febre tifóide.

Não importa se sejam os brancos loiros de olhos azuis da Bósnia-Herzegovina ou os negros suados do Haiti ou os habitantes de Teresópolis. Todos os corpos que necropsio fedem e estão imundos.

Morto não tem raça, ou status social. Todos os corpos apodrecem e se decompõem. São mais de 6.000 corpos nos leitos dos rios, nos mananciais e nas suas margens, enterrados a vários metros de profundidade.

Haverá inúmeras epidemias daqui há algumas semanas surgindo primeiramente de forma discreta e depois se alastrando pelas cidades supridas por essas águas.

A falta de experiência do Brasil e dos brasileiros em termos de dimensões de catástrofes levam a estas estimativas ingênuas do que realmente aconteceu. Em qualquer outro país civilizado, o procedimento correto seria o de declarar lei marcial e exigir intervenção federal nesta situação.

A própria viabilidade e existência destas cidades será posta à prova nos meses que virão na medida em que a população começar a adoecer.

Quanto ao prefeito da cidade, ele é um bandido, um crápula, que precisa ser acionado judicialmente, preso e condenado por crime contra a humanidade.

Há dezenas de equipes especiais de resgate aqui conosco como as de Santa Catarina, Santos e São Paulo e a prefeitura se recusa a usar os seus profissionais para as missões de resgate.

A CVB é um órgão de assistência emergencial e vocês já passaram da fase de emergência e estão exercendo um papel assistencial. Isto não é de competência da CVB. O prefeito de Teresópolis desacatou a CVB e por conta disso, ao desacatar a autoridade da CVB cometeu um ato infracional.

O seu prefeito deve ser preso por crime contra a humanidade. Muitas pessoas ainda irão morrer nos próximos meses devido as doenças que irão se disseminar.

Entendam que a CVB está sendo utilizada como manobra política e a isso não nos subteremos. Estou declarando que a partir de hoje se dão por encerradas as atividades da Cruz Vermelha em Teresópolis. Todos os mantimentos, água e remédios deverão ser doados à população carente desde que comprovem a baixa renda. Não tenham tanta certeza de que o acidente de helicóptero que acometeu o chefe da CVB de Teresópolis tenha sido um mero acidente. Não podemos ter garantia de nada.

Portanto declaro encerrado as atividades da CVB de Teresópolis a partir de agora. Sabemos do espírito altruísta de todos os senhores mas como dizemos no meio militar - "Excesso de vibração mata". Peço que interrompam as suas atividades a partir de hoje pois dezenas de órgãos governamentais por trás de vocês estão ganhando verbas assistencias de milhões de reais para não realizarem o trabalho que vocês estão fazendo voluntariamente de graça.

O prefeito desta cidade deve receber prisão ciivl por ato infracional e será apenas uma questão de poucos meses para que as cidades das regiões serranas se tornem regiões doentes caso não seja coordenado um esforço conjunto sério para a remoção destes milhares de cadáveres se decompondo nos rios que suprem estas cidades".

Fonte: Facebook

Deus Controla a História


"Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém."
Romanos 11:36
Por A. W. Pink

Até agora temos visto que Deus controla tudo, incluindo a salvação das pessoas que Ele tem escolhido. Deus o Pai escolheu certas pessoas para serem salvas; Deus o Filho morreu para salvá-las, e Deus o Espírito Santo lhes outorga a vida espiritual. Mas, está Deus controlando tudo conforme um plano determinado ou está continuamente mudando este plano? Neste capítulo veremos que Deus está controlando tudo de acordo a um plano fixo e predeterminado.


Muita gente ficaria de acordo com que Deus sabe de antemão o que acontecerá no futuro. Assim sendo, se Deus sabe o que sucederá, isto só pode significar que no passado Ele decidiu o que devia acontecer; já que se Deus não tivesse decidido o que sucederia, não poderia ter conhecido com plena certeza o que haveria de acontecer. A presciência (pré-conhecimento) de Deus não faz que as coisas aconteçam,; elas acontecem devido a que Ele já tinha decidido que sucedessem. Em Atos 15:18 diz que Deus conhecia o que ia acontecer desde antes que o mundo começasse: "Conhecidas são a Deus, desde o princípio do mundo, todas as suas obras". Isto significa que Deus tem um plano fixo e que não o muda.
(NOTA DO TRADUTOR: quando a Bíblia fala de que Deus se arrepende, por exemplo, em Gênesis 6:6, não devemos entender a palavra "arrependimento" como se tivesse acontecido uma mudança em Deus. Também não devemos concluir que isso signifique o surgimento de algo não previsto por Deus em seu pano eterno. Temos que interpretar o arrependimento de Deus à luz de outras escrituras e à luz da natureza e dos atributos do próprio Deus. Por exemplo, temos que levar em conta os seguintes versículos para poder entender o que significa o arrependimento de Deus: 1 Samuel 15:29 declara o seguinte: "E também aquele que é a Força de Israel não mente nem se arrepende; porquanto não é um homem para que se arrependa". Tiago 1:17 afirma que "Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação." ["variação" significa "mudança"]. O salmista disse: "Mas o nosso Deus está nos céus; fez tudo o que lhe agradou" (Salmo 115:3). Isaias proclamou: "Porque o SENHOR dos Exércitos o determinou; quem o invalidará? E a sua mão está estendida; quem, pois, a fará voltar atrás?" (Isaias 14:27). Nabucodonosor, ao voltar a si, afirmou: "E todos os moradores da terra são reputados em nada, e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que fazes?" (Daniel 4:35). Jeová diz por boca de Isaias: "Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade; que eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim. Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade" (Isaias 46:9-10). Outra vez o salmista escreve: "O conselho do SENHOR permanece para sempre; os intentos do seu coração de geração em geração" (Salmo 33:11). Por fim, o apóstolo Paulo no Novo Testamento: "Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém" (Romanos 11:36). Estes versículos nos conduzem a afirmar que a única interpretação correta do arrependimento de Deus é que se trata do uso de um antropomorfismo. Ou seja, que Deus digna-se falar-nos como se fosse um homem, utilizando uma linguajem humana, como se Deus experimentasse uma mudança. Mas em realidade a mudança está nos homens e na maneira como Ele trata com eles, e não na natureza de Deus.)

Vejamos qual foi o plano de Deus quando fez o mundo e todas as pessoas que o habitam. A Bíblia nos diz em Provérbios 16:4 que Deus fez todas as coisas para Si mesmo. Em Apocalipse 4:11 diz que Deus criou todas as coisas para Seu próprio prazer. Quando criou o mundo e especialmente quando criou o homem, tinha a intenção de manifestar sua própria glória. No obstante, Deus sabia perfeitamente, antes de criar o homem, que ele cairia. Portanto, antes que o mundo fosse feito, Deus decidiu salvar a muitas pessoas por meio do Senhor Jesus Cristo. Assim sendo, a salvação de muitos pecadores através de Cristo Jesus fez parte do plano de Deus antes que o mundo fosse feito. Deus planejou manifestar a sua bondade através da salvação de muitas pessoas pecadoras. E sendo que Deus sempre tem controlado o mundo desde a criação, Ele é perfeitamente capaz de executar seu plano de salvar a muitos pecadores dos seus pecados.


Num capítulo anterior vimos que Deus controla as coisas inanimadas e os animais. Também vimos que Deus tem usado tanto as coisas inanimadas como os animais para proteger, cuidar e ainda advertir o seu povo escolhido. Assim sendo, tanto as coisas inanimadas como os animais são utilizados por Deus em seu plano. Mas, como controla Deus os homens para efetuar seu plano de salvar seu povo de seus pecados? Primeiro consideraremos como Deus opera na vida dos seus, aqueles que têm sido escolhidos para serem salvos.


Em primeiro lugar, Deus vivifica espiritualmente seu povo escolhido.

Em si mesmas, estas pessoas não são diferentes das outras; ou seja, não desejam obedecer a Deus, assim como os outros também não o desejam. Porém Deus muda a natureza das pessoas que Ele tem escolhido a fim de que eles desejem realmente ser santos e obedecê-Lo. Esta mudança é tão grande que a Bíblia a define como "um novo nascimento". Ser vivificados espiritualmente não é meramente uma mudança temporal de opinião, senão um câmbio completo, o qual alcança a pessoa completa (sua mente, suas emoções e sua vontade). Esta mudança dura para sempre e é operada em conformidade com o plano de Deus.


Em segundo lugar,
Deus dá fortaleza e poder a seu povo. Mediante este poder os crentes são capacitados para realizar o que Ele lhes ordena. Eles são capacitados para mostrar em suas vidas os frutos do Espírito: o amor, o gozo, a paz, a paciência, a fé, a mansidão e a temperança.


Em terceiro lugar,
Deus guia as pessoas escolhidas a fim de que voluntariamente realizem as coisas que Lhe agradam.
Em quarto lugar, Deus cuida de seu povo para que nesta vida possam continuar amando-O e servindo-O, cumprindo assim o Seu plano.

Em todas estas formas Deus efetua seu propósito de salvar a muitas pessoas de seus pecados. Mas também Deus efetua seus propósitos controlando a muitas pessoas malvadas. Vejamos como é Seu controle sobre este tipo de pessoas.


Em primeiro lugar,
às vezes Deus evita que a gente má realize coisas malvadas. Em Números 23 a Bíblia nos fala de um homem chamado Balaão, quem tinha sido contratado para amaldiçoar o povo de Deus (os israelitas). Balaão mesmo queria amaldiçoá-los, porém Deus o deteve. Em vez de amaldiçoá-los, Deus fez com que ele os abençoasse. Assim, pois, Deus às vezes detém as pessoas malvadas de realizarem coisas perversas.


Em segundo lugar,
às vezes Deus muda o pensamento das pessoas más a fim de que façam a Sua vontade. Por exemplo, quando os israelitas, o povo de Deus, foi cativo dos persas, Deus fez que o rei da Pérsia (Ciro) emitisse um decreto para a reconstrução do templo em Jerusalém.


O rei Ciro era um homem muito malvado, mas a sua mente foi mudada de modo que ele fizesse a vontade de Deus.
Em terceiro lugar, às vezes Deus faz com que surja o bem das más ações das pessoas perversas. Isto se manifesta especialmente na crucifixão do Senhor Jesus Cristo. Apesar de que os homens maus simplesmente queriam matá-lo, foi por meio de Sua morte na cruz que Cristo salvou de seus pecados a todo seu povo escolhido.

Em quarto lugar,
às vezes Deus faz que as pessoas más se tornem piores. (Assim o diz Romanos 9:18: "…e endurece a quem quer"). Deus faz com que sejam incapazes de ver o bom e o verdadeiro. Assim aconteceu com Faraó, o rei dos egípcios, de tal maneira que ele chegou a ser cada vez mais cruel com os israelitas. Para nós é difícil compreender por que Deus realiza tais coisas, mas podemos estar seguros de que o Juiz Justo de toda a terra não pode cometer injustiça, e que Ele manifesta a Sua grandeza e Sua soberania quando age assim.
Então, Deus tem um propósito definido ao controlar o mundo e os seus habitantes. (Isto significa que Deus controla a história e seus acontecimentos). O plano de Deus é salvar a uma grande multidão de pessoas dos seus pecados. Ele dá ao seu povo eleito vida espiritual, poder, guia e proteção. Ele também impede, debilita, dirige ou incomoda o que a gente má faz. Assim sendo, todas as coisas são controladas por Deus e Ele efetua perfeitamente seu plano de salvar seu povo dos seus pecados. Que maravilhosa sabedoria e glória pertencem a Deus! não deve maravilhar-nos que os crentes O louvem pelo que Ele é e pelo que Ele tem feito.

TEXTOS BÍBLICOS:


Salmo 147:15-18: "O que envia o seu mandamento à terra; a sua palavra corre velozmente. O que dá a neve como lã; esparge a geada como cinza; o que lança o seu gelo em pedaços; quem pode resistir ao seu frio? Manda a sua palavra, e os faz derreter; faz soprar o vento, e correm as águas".


Isaias 14:27: "Porque o SENHOR dos Exércitos o determinou; quem o invalidará? E a sua mão está estendida; quem, pois, a fará voltar atrás?"


Isaias 46:9-10: "Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade; que eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim. Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade".


Provérbios 21:1: "Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do SENHOR, que o inclina a todo o seu querer".


Provérbios 19:21: "Muitos propósitos há no coração do homem, porém o conselho do SENHOR permanecerá".

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Meritocracia


Por Pr. Oswaldo Luiz Gomes Jacob

Não há mérito humano para a salvação da vida"

Esta palavra é usada na política para definir cargo publico a partir da qualificação para exercê-lo. O que ocorre hoje na politicagem e não politica é dar cargo a quem não tem a competência técnica para exercê-lo. Por isso, o serviço público se torna ineficiente e atende muito mal o cidadão que paga imposto. Os brasileiros não aguentam mais o loteamento da máquina pública por gente incompetente, que não tem qualificação profissional. Esta realidade causa um caos na prestação de serviço publico. Mas, do ponto de vista da realidade espiritual, não é pela meritocracia que podemos nos achegar a Deus, mas pelos merecimentos de Cristo, por Sua obra perfeita na cruz e na ressurreição. No Reino de Deus, o padrão para ser súdito – para pertencer a ele – não é meritório, mas cristocêntrico. Não é pelo esforço humano, pela competência e nem pelo desempenho, mas pelo feito de Cristo na Sua morte e na Sua ressurreição. É por esta razão que somos salvos somente pela graça (favor imerecido), Efésios 2.8-10.

Sabemos, na verdade, que a meritocracia é o governo ou império do mérito. Nós somos muito meritórios, isto é, buscamos desenfreadamente merecer alguma coisa. O mérito humano na salvação não tem relação com o mérito de Cristo. São excludentes. Não há dois meritórios. Se há uma pessoa que tem todo o mérito, esta pessoa é o Senhor Jesus. Na cruz, Ele nos garantiu acesso ao Pai e com toda a Sua competência de sofrer e morrer em nosso lugar para cumprir toda a justiça. Então, não há mérito humano para a salvação da vida, mas essencialmente o de Cristo. Quantas vezes somos tomados da arrogância religiosa e achamos que podemos receber alguma coisa boa pelo nosso desempenho. Na verdade, merecíamos o inferno, uma vida infeliz, cheia de legalismo insuportável. O Pai, contudo, olhando para a suficiência da obra do Filho nos considerou Seus filhos. E isto pela fé dada por Ele a nós como dom (Ef 2.8).

A meritocracia está fortemente presente na tradição religiosa e não na manifestação da graça. Na religião eu faço alguma coisa para merecer a salvação (assim era o jovem rico), mas na graça Jesus já fez tudo. Basta eu crer. Se o mérito é dEle, então descanso na Sua graça, no que Ele fêz. Não sou mais governado pela volúpia do mérito, mas pela operação da graça em minha vida (Tito 2.11-14). Paulo testemunhou aos irmãos em Corinto que ele era o que era somente pela graça de Deus (1 Co 15.10). A Revelação de Deus mostra quem somos e o que poderemos ser somente pela obra sacerdotal de Cristo. Estar em Cristo não depende das minhas qualificações religiosas, profissionais, éticas, mas, acima de tudo, pelo o que Ele fez no Calvário.

A busca pelo merecimento infla o meu ego, mas a busca pelo mérito de Cristo me humilha. No primeiro, eu me vejo capaz de ter alguma coisa de Deus; no segundo, sou totalmente incapaz de receber alguma coisa do Pai se Jesus não for o Mediador. Se, na verdade, sou o que sou e tenho o que tenho é por causa, unicamente, de Cristo. Não há suficiência, merecimento, poder em mim, mas nEle. Os escribas e fariseus foram diagnosticados por Jesus como ‘sepulcros caiados’ – bonitos por fora, mas podres por dentro porque estavam cheios de meritocracia religiosa. Estes religiosos sofriam desta síndrome que privilegia a aparência e não o coração.

As nossas igrejas estão cheias de pessoas que buscam ser notadas, ovacionadas, reconhecidas, bajuladas, a começar dos líderes... Elas amam estas coisas. Ficam tristes se não são elogiadas. As pessoas que formam a Igreja devem buscar a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor (Hb 12.14). Honrar e encorajar uma pessoa é uma coisa, mas elogiar, bajular é outra totalmente diferente. Jesus não fazia isso. Ele não inflava as pessoas, mas as levava a um compromisso com a humildade e a dependência do Pai. Jesus não ficava babando as pessoas para fazer média com elas como muitos líderes o fazem em nossas igrejas para conquistarem sua audiência e sua admiração. O cristão tem prazer em dar todo o valor a Cristo e, a partir dEle, aos outros. O cristão autêntico tem prazer em reconhecer que tudo o que é e tem é produto da graça do Pai pela obra do Filho.

Que o Senhor nos livre da meritocracia religiosa, mas nos encha de alegria em louvar a Cristo pelos Seus méritos na cruz e na ressurreição. Honrar ao Senhor por Sua obra completa. Submeter-me a Ele nas circunstancias mais difíceis da vida. Sejamos humildes em reconhecer como Deus, o Pai, é bom e age por meio do Filho com a chancela do Espírito Santo para nos abençoar com toda a sorte de bênção espiritual. Sejamos imitadores de Jesus que sempre reconheceu os méritos ao Pai. Sejamos como João Batista que sempre honrou a Jesus Cristo. O nosso prazer é vivermos a cada dia o que Cristo fez por nós. Não há recursos financeiros que pague. A obra foi consumada e o mérito é somente dEle para a glória de Deus Pai.

Fonte: Sepal

Satanás pode ouvir nossos pensamentos?


John MacArthur


Satanás pode ouvir o que nós dizemos e conhece os nossos pensamentos? Deveríamos evitar orar em voz alta porque Satanás poderia nos ouvir?

Não há nada na Bíblia que indique que Satanás é onisciente. Não há nenhum versículo que diga que ele sabe tudo ou que ele pode ler nossos pensamentos. Mas ele é perito em predizer o comportamento humano porque ele o viu em operação por tanto tempo. Ele pode antecipar o que você fará em uma determinada situação sem conhecer seus pensamentos por causa do conhecimento que ele tem da humanidade e porque ele tem uma mente sobrenatural.

Mas em termos de ser onisciente e poder ler seus pensamentos (como Deus pode fazer), a Bíblia não apóia essa idéia de forma alguma. Ela nunca nos diz que anjos são oniscientes. E se um anjo santo não é onisciente, um caído também não é. Portanto, Satanás não pode ler nossos pensamentos, mesmo que ele seja bom em predizer o comportamento humano porque ele já viu tanto dele.

"E se um anjo santo não é onisciente, um caído também não é."

Eu falei em uma conferência em Iowa sobre este problema. Pessoas estavam perguntando coisas como "Como você lida com demônios?" e "Precisamos de exorcismo para nos livrarmos de demônios?" Bem, há muitas pessoas hoje que dizem que sim. Eu li um livro sobre libertação, certa vez, no qual o autor descreveu um médico que foi supostamente libertado do demônio do gotejamento pós-nasal1. E nessa abordagem, sempre que você pensa que tem um demônio, há uma certa fórmula mágica que você diz ou você anda de uma lado para o outro ou "clama o sangue"2 - seja lá o que for que essa frase signifique, já que não vem da Bíblia. O sangue já foi clamado em seu favor na hora da sua salvação e isso resolve a questão.

Há pessoas que defendem pequenas fórmulas e práticas do tipo sessão-espírita com uma conotação cristã, reivindicando que podem expulsar demônios e assim por diante. Mas quando você vai para a Bíblia, percebe que lidar com o diabo é realmente tão simples quanto ir a Efésios 6 e vestir a armadura de Deus. Veja que, em Efésios 6, diz assim: " a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades", certo? Nós estamos lutando contra demônios e contra Satanás.

"O que ele diz é: "Vista a armadura de Deus" e aquilo de que aquela armadura realmente consiste é a justiça."

Mas o que fazemos com isso? O melhor lugar para descobrir é ler ali mesmo naquele capítulo, não é? Note que ele não diz: "Vá tratar de exorcizar seus demônios com um exorcismo cristão". Nem diz: "Vá arrumar alguém para expulsar seu demônio". O que ele diz é: "Vista a armadura de Deus" e aquilo de que aquela armadura realmente consiste é a justiça. O coração dela é "a couraça da justiça". A chave, então, é viver uma vida íntegra, cheia do Espírito e confiar no poder soberano de Deus.

Portanto, não há nada na Bíblia que diga que Satanás pode ler nossos pensamentos. Certamente demônios podem ouvir o que dizemos. Eles podem entender o que nós dizemos. E, como eu disse antes, eles são muito bons em predizer as respostas comuns do homem porque eles praticam isso há muito tempo.

Mas não se preocupe com isso! Uma senhora me disse uma vez: "Nós sussurramos", porque ela tinha medo de que demônios ouvissem as orações dela. Minha resposta foi: "Bem, isso é tolo!". Você pode ir confiantemente diante do trono da graça. No Antigo Testamento, não diz: "E Davi sussurrou ao Senhor"; o que diz é: "E Davi disse ao Senhor" - e ele pôs para fora o que tinha para dizer. Você nunca ouviu falar de qualquer momento no ensino do apóstolo Paulo sobre oração em que ele diz: "Não fale alto". Quando ele desejava orar, ele simplesmente orava e não se preocupava se Satanás o ouvia porque ele estava vivendo de tal modo que Satanás não podia fazer nada a respeito de qualquer forma. Essa é a questão.


1 N. do Trad.: Post-nasal Drip - é uma condição das vias respiratórias que pode ser a causa de tosse crônica e outros problemas, também crônicos.

2 N. do Editor: "Clamar o sangue de Jesus" é um recurso comum em meios carismaníacos (citando Mark Driscoll) quando se quer amarrar e expulsar demônios. Muito comum em alguns tipos de música dita evangélica como este exemplo e este demonstram.

Fonte: Extraído de Grace To You.

Tradução: Juliano Heyse