terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O limite da fraqueza

Por Adeildo Nascimento Filho

“Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos.” 1 Co 9:22. Lendo este texto fico me perguntando se Paulo pensou em algum limite para esta fraqueza quando o escreveu. Também me pergunto se atualmente a suposta fraqueza de alguns efetivamente tem o objetivo santo de ganhar os fracos.

Até que ponto a pregação do evangelho tem que se sujeitar a modismos e ondas pós-modernas de dominação do mundo e principalmente do consciente e inconsciente coletivo? Será que a cruz precisa de estratégias agressivas de marketing como os produtos tecnológicos ou as cadeias de varejo? Será que a TV e os programas de auditório, antes tão atacados pelos cristãos tradicionalistas, agora são a mais indicada forma de se pregar o evangelho de Cristo? Boas perguntas.

Não consigo acreditar que Paulo toparia lançar oferendas para Iemanjá a fim de alcançar os seus devotos. Também não consigo imaginar que Paulo toparia subir num palco e cantar “ai se eu te pego” a fim de abrir caminho para o coração do pessoal da “tribo” do sertanejo universitário. Não acredito em discipulado feito virtualmente, não foi assim que Jesus fez. Também não creio que o evangelho precise de subterfúgios de entretenimento coletivo para “vender” sua mensagem. Até porque ele não precisa ser vendido, é gratuito.

Talvez o limite da fraqueza citada por Paulo seja o da pessoalidade. Se fazer de fraco não significa ser fraco, ou seja, não é necessário ser viciado em nada para ter o mínimo de empatia com aqueles que são. Do contrário, seguindo esta lógica, seríamos forçados a pecar para demonstrar amor aos que pecam. Jesus não pecou e ninguém amou mais o pecador que ele.

Outro ponto é o motivo explicitado por Paulo para este tipo de atitude, ganhar os fracos. Se fazer de fraco só tinha este objetivo. Como sempre a resposta está no motivo e não na ação em si. Não tenho dúvidas quanto aos objetivos de Paulo, sua vida traduziu na íntegra tudo o que ele pregou. E hoje? O motivo ainda é o mesmo? Estamos fazendo papel de tolos e fracos buscando as mesmas glórias de Paulo? Tenho lá minhas dúvidas. E quando digo isso não penso em ninguém mais além de mim. Meu coração é enganoso e falho. Vivo a várias centenas de anos distante de Paulo e do primeiro derramar do Espírito Santo. Tenho receio de, no mínimo, me perder na fraqueza enquanto tento ganhar os fracos. Acho melhor mostrar a fortaleza da rocha na qual procuro me firmar a cada novo dia.

Na maior parte das vezes acho que estamos abrindo mão da nossa responsabilidade na expansão do reino. A maior propaganda do evangelho deveria ser nossas vidas. Pregações ambulantes. Corpos cravejados de cicatrizes que provam a eficácia do evangelho. Vidas redimidas e limpas através do sangue de um cordeiro inocente. Mas ao invés disso, na maior parte do tempo, temos terceirizado nosso chamado para ícones do mundo gospel na esperança que eles preguem, discipulem e conduzam vidas até a cruz.

É difícil não ser pessimista quanto a eficácia dessa estratégia para o reino de Cristo. Continuo acreditando não haver comunhão entre luz e trevas.

O limite da fraqueza citada por Paulo é Jesus. Enquanto Ele for o ÚNICO caminho apontado por você ok, mas caso Ele se torne UM DOS, então você deixou de se fazer de fraco e passou a ser um deles.

Fonte: NAPEC - Apologética Cristã

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A igreja deve ser formal ou informal?


Por Maurício Zágari

Recentemente, na entrevista coletiva que deu para justificar a troca de Fátima Bernardes por Patricia Poeta na apresentação do Jornal Nacional, o jornalista William Bonner afirmou: "A informalidade é uma obsessão minha”. Todos sabem que esse telejornal é o mais influente do país. Certamente influencia as mentes de milhões de brasileiros que acreditam piamente naquilo que é transmitido por esse programa. Não sou um deles. Eu, como jornalista que trabalhei 11 anos nas Organizações Globo (2 no jornal e 9 na TV) sei o quanto de ficção existe na telinha. Como me disse um redator do Jornal do Brasil em 1994, "se o leitor soubesse como fazemos o jornal, ele não leria". Vivenciei situações nas redações que se você soubesse faria como eu, que há cerca de 7 anos parei de assistir a telejornais, ler revistas como a Veja e similares, simplesmente porque sei com absoluta certeza que grande parte do que vejo ali é balela. Sei como é feito. Vá por mim: ler um bom livro me acrescenta muito mais. Mas isso é assunto para outro post. O que quero tratar aqui é do que o Bonner disse: "A informalidade é uma obsessão minha”.

Como um dos principais formadores de opinião do país, Bonner tem conseguido contaminar o país com sua obsessão. Não que ele seja o único responsável, certamente sua postura é apenas um reflexo dos tempos em que vivemos. Vivemos na era da informalidade e ele tenta mimetizar isso. Aparentemente o abandono do formal pode não soar como algo ruim, mas é preciso botarmos as coisas em perspectiva. Há muita coisa boa na informalidade, mas também há muito a se aprender com a formalidade. Temo por uma sociedade em que se abandona o equilíbrio.

Ao pé da letra, pelo dicionário, "formalidade" significa "1. Condição necessária para certos atos ou documentos se poderem executar ou serem válidos. 2. Praxe; cerimônia; etiqueta. 3. Seriedade. 4. Substancialidade". Não me parecem ser coisas ruins. Para tudo na vida existem condições para validar atos. A praxe, ou seja, o hábito, também importa em nossas vidas - sem eles ficamos perdidos no caos. Cerimônias falam de reuniões humanas que seguem determinadas regras fundamentais para o bom funcionamento das coisas. Etiqueta, então, é o que determina a boa convivência, é a educação, o bom trato, formas de se relacionar bem com o próximo. E, por fim, seriedade e substancialidade são aquilo que valida e dá solidez a algo. É algo feito com integridade, sem banalidades ou puerilidades e que carrega em si substância, isto é, sentido, propósito.

Logo, "formalidade" fala de validade, equilíbrio, harmonia, paz, educação, polidez, integridade, objetividade, conteúdo. O que, a meu ver, são todos valores bíblicos e cristãos. No entanto, a sociedade pós-moderna do século 21 tem considerado esse conceito, "formalidade", como um mal. Coisa ultrapassada. Desnecessária. Velha. Antiquada. Castradora. O legal é ser informal, é a linguagem "Casseta & Planeta", é fazer o que "Pânico na TV" e "CQC" fazem: tratam todos em suas entrevistas e quadros como se fossem bobos da corte.

Na sociedade informal, perdemos o respeito. Abandonamos a delicadeza. Esquecemos dos padrões. Achamos o máximo um repórter-humorista esculhambar uma autoridade como o Presidente da República. Na era pós-cara-pintada (e eu sou daquela geração), o garotão de 18 anos se põe no mesmo patamar do senhor de 70 anos. Fala com ele sem respeito. Trata como um qualquer. No twitter ou no facebook, molecotes cheios de espinhas que não sabem nem mesmo o nome dos doze apóstolos entram em debates e às vezes até ofendem sacerdotes e teólogos que têm décadas de vivência com Deus, com a igreja, com a Bíblia, com as coisas do Alto. Entram em debates como se estivessem no mesmo nível, afinal, informalidade pressupõe isso. É aqui que está o erro principal: as pessoas, queira-se ou não, têm patamares diferentes te sabedoria, conhecimento, maturidade. Mas a era da informalidade quer pôr todos em pé de igualdade. Errado.

Estudei japonês por dois anos. Tornei-me um profundo admirador da cultura japonesa. Lá a formalidade, o respeito pelo próximo, é tão grande que existem palavras diferentes para designar a mesma coisa. Por exemplo: a minha mãe chamo de "Haha". A sua mãe eu chamaria de "Okaasan" por respeito. Há equilíbrio. Cada um entende o seu papel e, principalmente, suas limitações. No Japão, um jovem sabe que viveu muito menos do que um ancião e que por isso lhe deve respeito. No mínimo porque o ancião que viveu muito mais do que ele obviamente sabe mais, tem mais sabedoria, mais vivência, já cometeu os erros que ele ainda cometerá e por isso seus conselhos são bem mais válidos que os de um colega de escola. E esse respeito é acompanhado de formalidade: equilíbrio, harmonia, paz, educação, polidez, integridade, objetividade, conteúdo.

Aí chegamos à igreja. Pronto. Vai começar a chiadeira. Pois as novas gerações (e muitos das antigas) não querem saber de formalidade. Acham, sabe-se lá por quê, que a formalidade no Cristianismo impede uma intimidade real com o Criador, uma vida plena de comunhão com os irmãos. Aí o que acontece? O Pastor deixa de ser uma pessoa com autoridade espiritual para ser "o cara". Na minha igreja, muitos jovens chamam um Pastor de "Vandinho". Não vejo isso com bons olhos. Põe um líder, alguém que é detentor de mais conhecimento, mais vivência e que terá de exortar e disciplinar muitos num patamar de igualdade hierárquica que desvaloriza seu papel. Quem vai querer ouvir de um igual que está fazendo a coisa errada? "Sai pra lá, cara, não se mete na minha vida". Já a uma autoridade formal nós damos ouvidos. Acredite: hierarquia importa. Respeito importa. Formalidade importa.

Na época em que minha mãe frequentava a escola (lá pelos anos 1940), os alunos ficavam de pé quando o professor entrava em sala. Sinal de respeito e admiração pelo detentor de conhecimento que fará com que cresçam na vida. Os bons Pastores - aqueles que de fato são homens de Deus, tementes ao Senhor e que choram por suas ovelhas - são dignos de dupla honra. Mas em nossos dias o respeito e a formalidade necessários no trato com aqueles que detém o conhecimento bíblico e espiritual e foram postos em nossa vida para nos guiar espiritualmente são vistos como algo desnecessário e ultrapassado. E, assim, a igreja vai afundando no mundanismo.

Nos cultos, a formalidade também virou sinônimo de chatice. A palavra "liturgia" é ouvida com caretas. Hoje você vai numa formatura de alguma universidade e parece uma festa de criancinhas alcoolizadas, com gritos de "uhu", cartazes, músicas bobas, os jovens gritam, os professores são ovacionados. E essa galera acha que os cultos devem ser assim também: muita música animada, muito pula-pula, uma rave gospel, com todo mundo cheio de endorfinas, suados e salgados. Os jovens querem cultos o mais informais possível, com pastores pregando de jeans, usando gírias (e uns palavrões também nao seriam nada mal), muito suor, quase um carnval. A pregação tem que ser sobre coisas maneiras: exortação, falar sobre pecado e arrependimento são coisas formais demais, a galera quer saber é que Deus é dez, que o cara lá de cima é superbacana, que o Paizão vai ajudar a passar no vestibular, que... que... que... uhuuuuuuuuuuuuuu!!! Oração? Leitura da Bíblia? Jejum? Discipulado? Evangelismo? Cantar hinos solenemente e com reverência ao Rei dos Reis? Fala sério... O NEGÓCIO É TIRAR O PÉ DO CHÃO!!!!!

Desculpem, mas não é por aí. Mesmo tendo Jesus mudado aos olhos da humanidade o conceito da primeira pessoa da Trindade de "o Altíssimo Senhor dos Exércitos" para "Pai", no Reino dos Céus há muita formalidade. Não é o Reino do CQC. Marcelo Tas não é arcanjo e o repórter Vesgo não ladeia o trono de Deus. Faço questão de reproduzir aqui o que o apóstolo João diz ter visto em sua visão de Apocalipse acerca de como as coisas funcionam no Céu, descrito em Ap 5.6-14. Mesmo que certos aspectos sejam metafóricos, o que importa é o clima existente na presença do Soberano Deus. Leia com atenção:

"Depois vi um Cordeiro, que parecia ter estado morto, em pé, no centro do trono, cercado pelos quatro seres viventes e pelos anciãos. (...) Ele se aproximou e recebeu o livro da mão direita daquele que estava assentado no trono. Ao recebê-lo, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro. Cada um deles tinha uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos; e eles cantavam um cântico novo: 'Tu és digno de receber o livro e de abrir os seus selos, pois foste morto, e com teu sangue compraste para Deus gente de toda tribo, língua, povo e nação. Tu os constituíste reino e sacerdotes para o nosso Deus, e eles reinarão sobre a terra'. Então olhei e ouvi a voz de muitos anjos, milhares de milhares e milhões de milhões. Eles rodeavam o trono, bem como os seres viventes e os anciãos, e cantavam em alta voz: 'Digno é o Cordeiro que foi morto de receber poder, riqueza, sabedoria, força, honra, glória e louvor!' Depois ouvi todas as criaturas existentes no céu, na terra, debaixo da terra e no mar, e tudo o que neles há, que diziam: 'Àquele que está assentado no trono e ao Cordeiro sejam o louvor, a honra, a glória e o poder, para todo o sempre!' Os quatro seres viventes disseram: 'Amém', e os anciãos prostraram-se e o adoraram".

Isso lhe parece formal ou informal? Litúrgico ou uhu? Hierárquico ou todo mundo no mesmo nível?

Então, numa era em que a informalidade reina absoluta na no mundo, a formalidade - ou seja, a validade, o equilíbrio, a harmonia, a paz, a educação, a polidez, a integridade, a objetividade e o conteúdo que existem nas esferas celestiais - perde seu espaço, quando em certos ambientes - como a igreja - deveriam se manter. "A informalidade é uma obsessão minha”, disse William Bonner. Em contrapartida, o apóstolo João diz em Ap 7.11,12: "Todos os anjos estavam em pé ao redor do trono, dos anciãos e dos quatro seres viventes. Eles se prostraram com o rosto em terra diante do trono e adoraram a Deus, dizendo: 'Amém! Louvor e glória, sabedoria, ação de graças, honra, poder e força sejam ao nosso Deus para todo o sempre. Amém!".

Isso lhe parece formal ou informal?

Oro a Deus que a obsessão de William Bonner e da nossa era não contamine ainda mais nossas igrejas e nossos irmãos. Em outras palavras: que o espírito mundano dos nossos dias permaneça fora das paredes dos lugares sagrados. Que saibamos que existe hora e lugar para tudo. E que, em nossas igrejas, nos comportemos com toda a formalidade que os anjos demonstram ter diante do trono de Deus.

Afinal, céus e terra passarão. William Bonner passará. Esta vida passará. Mas é bom estarmos acostumados à formalidade, pois ao chegarmos à presença de Deus teremos que demonstrá-la em toda a sua magnitude. Então, sugiro que você comece a treinar. Em vez de "Qualé, Paizão do Céu, tu é um cara maneiro pacas. Bora louvar aí, Jesus, canta um corinho animado!", comece a dizer "Louvor e glória, sabedoria, ação de graças, honra, poder e força sejam ao nosso Deus para todo o sempre. Amém!"

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Fonte: Apenas

domingo, 29 de janeiro de 2012

As bem-aventuranças dos "pastores idiotas".


Por Geremias do Couto

Bem-aventurados
sois vós, "pastores idiotas", quando fordes xingados com este epíteto simplesmente por acreditardes no que disse Jesus: "Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem consomem, e onde os ladrões minam e roubam" (Mateus 6.9). Tal ato insano, ao invés de vos maldizer, mostra que ainda estais firmes na verdade.

Bem-aventurados sois vós, "pastores idiotas", que não sucumbistes aos "encantos" da teologia da prosperidade por compreender que "os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína" (1 Timóteo 6.9). Não vos entristeçais, nem penseis que estais sozinhos. Há muitos outros "idiotas" convosco, inclusive o apóstolo Paulo.

Bem-aventurados sois vós, "pastores idiotas", por não vos curvardes aos arautos que vos maltratam em virtude de crerdes que aos ricos deste mundo a Palavra de Deus ordena: "Não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas" (1 Timóteo 6.7). Tal maldição é, na verdade, um reconhecimento de que pondes a vossa confiança não nas riquezas desta vida, mas na abundância que vos é dada para a glória de Deus.

Bem-aventurados sois vós, "pastores idiotas", que resistis aos apelos dos que vos querem enredar com o brilho do ouro que perece, porque vós bem sabeis que é vosso dever continuardes a ensinar às suas ovelhas "que façam o bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente, e sejam comunicáveis" (1 Timóteo 6.18). Saibais que outros "pastores idiotas" iguais a vós foram já recebidos na glória e aguardam o precioso galardão.

Bem-aventurados sois vós, "pastores idiotas", porque não perdestes a visão da semeadura e, por isso mesmo, sabeis que não se ganham almas com o glamour das riquezas humanas, mas com a sementeira do evangelho. Sem esquecerdes da advertência da parábola do semeador, que diz: "Os cuidados deste mundo, e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera" (Mateus 13.22).

Bem-aventurados sois vós, "pastores idiotas", por não perfilardes o triunfalismo da pregação humanista, centrada no homem, que enriquece a quem prega e defrauda a quem ouve. Ainda que vos pareça estardes "fora do modelo contemporâneo", alegrai-vos porque continuais apegados ao modelo bíblico, que diz: "Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo" (Gálatas 6.14).

Bem-aventurados sois vós, "pastores idiotas", que embora injuriados pela vossa pregação "arcaica", ainda carregais no bolso do vosso coração a credencial de servo do Altíssimo, enquanto alguns já a trocaram pelas credenciais de semideus, arrogante e soberbo e usam-na ao sabor das circunstâncias para se locupletarem em cima da lã de suas ovelhas.

Bem-aventurados sóis vós, "pastores idiotas", que, enquanto alguns voam os céus do mundo em modernos jatinhos, trafegam as grandes avenidas em luzentes automóveis e se deleitam nos mármores de grandes mansões, o vosso prazer é estar junto das ovelhas, alegrardes com elas e, se preciso for, dar por elas a vossa própria vida. Não vos esqueçais que outros "idiotas" iguais a vós se encontram já no Reino do Pai.

Bem-aventurados sois vós, "pastores idiotas", que preferis o "prejuízo" da coerência, da fidelidade a toda prova aos princípios imutáveis da Palavra de Deus, do que sucumbirdes - ainda que tentados - às lentilhas que se vos oferecem para amenizar eventuais necessidades imediatas. Mais vale o pão dormido da consciência tranquila do que os banquetes da consciência aprisionada.

Bem-aventurado sois vós, "pastores idiotas", pelo modo como sois tratados por amor do nome do Senhor e por não vos enredardes pelo brilho passageiro da glória humana. Não sois melhores por isso, mas também não sois piores. Todavia, enchei o vosso coração de alegria porque o vosso nome faz parte da galeria dos heróis da fé que professam somente a Cristo e têm Deus como o bem maior da vida. Tende como lema o que Paulo ensinou: "Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos" (Filipenses 4.4).

Assina um "idiota" como todos vós.

Fonte:
Geremias do Couto

NÃO SOMOS DIFERENTES DA IGREJA PRIMITIVA


Por Silas Figueira

Em seu livro A Mensagem de Atos, John Stott falando a respeito da Igreja Primitiva nos chama a atenção à forma como temos olhado para aquela Igreja. Ele diz que “existe o perigo de romantizarmos a igreja primitiva, falando dela em tom solene, como se não tivesse falhas. Isso significa fechar os olhos diante das rivalidades, hipocrisias, imoralidades e heresias que atormentavam a igreja, como acontece ainda agora”.1 Quantos de nós temos visto a Igreja Primitiva como o maior exemplo a ser seguido. A impressão que temos é que não havia problemas entre eles, principalmente quando lemos Atos 2.42-47, mas estudando mais a fundo o livro de Atos, as cartas Paulinas tanto quanto as cartas universais, encontramos uma igreja lutando contra o pecado (Cl 3.5-11), contra falsos mestres (Gl 3.1-3; Tt 1.10,11), heresias das mais diversas (1Tm 6.3-5), lutas internas (1Co 1.11-13), apostasia (1Tm 4.1). Cerca de sessenta anos após a Igreja ter sido inaugurada em Jerusalém no dia de Pentecostes, encontramos o apóstolo João na Ilha de Patmos tendo a revelação do Apocalipse e recebendo uma ordem direta de Jesus para escrever às sete igrejas da Ásia mostrando o quanto a igreja havia se afastado da sã doutrina (Ap 1.9-11). E o que o apóstolo João escreveu naquela época serve de alerta para todos nós nos dias de hoje, pois a igreja não mudou.

É bom lembrar que antes de Jesus manifestar Seu juízo ao mundo, Ele irá manifestar à Sua igreja, como nos fala Pedro em sua primeira carta: “Porque a ocasião de começar o juízo pela casa de Deus é chegada; ora, se primeiro vem por nós, qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de Deus?” (1Pe 4.17). Cristo não está no meio da Igreja, mas Ele está andando em ação investigatória no meio da Igreja. Ele sonda a Igreja, pois seus olhos são como chama de fogo como vemos no livro do Apocalipse.

Será que alguma coisa mudou de lá para cá? Creio que não. Assim como a igreja do primeiro século enfrentou os seus hereges, hoje nos estamos enfrentando os nossos. Hoje nós temos os nossos Hereges Tupiniquins, com suas meias ungidas, seu apego a Mamom, suas superstições típicas de povos primitivos sem conhecimento profundo do assunto e recorrendo a explicações concretas e simplicistas de verdades espirituais profundas e reveladas pelo Espírito Santo, de suas brigas santas entre si, como místicos na disputa de mostrar-se mais santo e mais poderoso, fora os que estão surgindo e os que em breve substituirão os atuais. Engana-se quem pensa que isso irá acabar que eles serão extintos. Enquanto Jesus não vier buscar a Sua Igreja essas hidras continuarão seduzindo e empedrando os seus ouvintes. Como disse Paulo a Timóteo em sua segunda carta ao seu filho na fé: “Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas” (2Tm 4.3,4).

A igreja não é perfeita porque ela está cheia de homens imperfeitos. Não quero dizer com isso que não devemos lutar contra o mal que se instala ou tenta se instalar dentro dela, pelo contrário, devemos abrir a nossa boca e alertar contra os falsos erros e falsos mestres que tem se levantado dentro dela. O apóstolo Paulo deixa isso bem claro em sua carta a Tito: “É preciso fazê-los calar, porque andam pervertendo casas inteiras, ensinando o que não devem, por torpe ganância” (Tt 1.11). Devemos agir também como Judas que em sua carta alertou a igreja dos falsos pastores. Judas em sua epístola diz que queria escrever a cerca da comum salvação, mas foi forçado pelas circunstâncias escrever uma carta de alerta. Diz ele a respeito dos falsos mestres que estavam se levantando dentro da igreja em sua época: “Estes, porém, quanto a tudo o que não entendem, difamam; e, quanto a tudo o que compreendem por instinto natural, como brutos sem razão, até nessas coisas se corrompem. Ai deles! Porque prosseguiram pelo caminho de Caim, e, movidos de ganância, se precipitaram no erro de Balaão, e pereceram na revolta de Corá. Estes homens são como rochas submersas, em vossas festas de fraternidade, banqueteando-se juntos sem qualquer recato, pastores que a si mesmos se apascentam; nuvens sem água impelidas pelos ventos; árvores em plena estação dos frutos, destes desprovidas, duplamente mortas, desarraigadas ondas bravias do mar, que espumam as suas próprias sujidades; estrelas errantes, para as quais tem sido guardada a negridão das trevas, para sempre”. (Jd 10-13). Quer mais atualidade que isso?

Devido a essas e outras heresias desses falsos mestres, muitas pessoas estão deixando a igreja. Algumas estão passando a servir a Cristo em casa ou se reunindo em lares como se o problema estivesse na instituição e não nas pessoas. Aí surgem os desigrejados, os destemplados... Cada um com um termo diferente, mas que no fim é a mesma coisa. Eugene H. Peterson nos diz que vivemos uma época em que se respira muito desse anti-institucionalismo. “Amo Jesus, mas odeio a igreja” é um tema que fica reaparecendo com variações em muitos contextos. Jesus dizia “siga-me”, e depois dirigia seus seguidores a duas estruturas religiosas e institucionais primordiais de seu tempo: a sinagoga e o templo. Nenhuma dessas instituições era desprovida de deficiências, faltas e fracassos.2

Creio que o problema maior que enfrentamos na igreja brasileira seja o fato de sermos uma mistura de várias etnias e religiões. Somos uma mistura de índios, portugueses e negros. Fora outros povos que vieram para cá. Cada um com a sua religião, com seus hábitos. E nesse caldeirão deu um povo místico, voltado para o espiritual sensorial e a igreja evangélica não ficou de fora disso. Como disse Augustus Nicodemos Lopes: “somos evangélicos moldados por uma argamassa meio católica, meio espírita e pouco ou nada reformada”.3 Essa é a razão porque aflora tanto misticismo e tanto sincretismo religioso em nosso meio. Por isso temos o sal grosso, a rosa ungida, água consagrada... As igrejas que não se vendem a esse sincretismo, geralmente, são igrejas pequenas, mas voltadas para a sã doutrina, para um evangelho puro e simples. Dificilmente você encontra um “desigrejado” ou “destemplado” de igrejas sérias, a maioria das pessoas que se revoltaram contra as instituições são pessoas decepcionadas com esse sincretismo que tem levado muitas delas, e porque não dizer a maioria, ao fracasso espiritual, pois se decepcionam com seus líderes, quando não saem decepcionadas com Deus. Daí essas pessoas botarem todas as instituições no mesmo saco e dizerem que são todas iguais. Não creio que vamos achar muito apoio em Jesus para a preferência de nossos dias pela praça de alimentação dos shoppings como lugar de culto em detrimento da Primeira Igreja Batista da cidade, disse Eugene H. Peterson
4, questionando essa ideia que tem aflorado o coração dos decepcionados.

Eu sei que não tem sido nada fácil para aqueles que pregam a sã doutrina ouvirem tantas aberrações em nome de Cristo. Principalmente por vermos tantas pessoas sendo enganadas e sendo levadas para o matadouro desses espertalhões da fé. Mas quem disse que seria fácil? Quem disse que não teríamos e viveríamos tempos trabalhosos? O apóstolo Paulo já havia alertado a Timóteo, “Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios” (1Tm 4.1). Não é porque muitos têm abandonado o barco que nós também o abandonaremos. Eu amo a Igreja e vou continuar lutando por ela, as instituições não são perfeitas, mas também não é fora dela que encontraremos a perfeição. Essa perfeição nós só encontraremos quando chegarmos à Glória preparada para os eleitos antes da fundação do mundo.

Tanto a Igreja Primitiva quanto a Igreja de Hoje são iguais em seus erros quanto nos acertos, e se chegamos até aqui é porque até aqui nos ajudou o Senhor, pois sem Ele há muito tempo a Igreja já teria afundado no lamaçal do pecado. No entanto é o Senhor quem sustenta a Sua Igreja e nós fazemos parte dela, com seus erros e com seus acertos.

Eu quero concluir com uma palavra de Eugene H. Peterson: “Quando Jesus diz “Segue-me” e seguimos, as pessoas vão continuar a nos ver entrando em nossas igrejas e trabalhando para nossas organizações missionárias. Mas elas não enxergam, e nós não enxergamos as imensas invisibilidades em que estamos afundando nossas raízes, a infindável atmosfera acima de nós, também invisível, da qual recebemos a luz da vida, nossa vida estendendo-se, estendendo-se, estendendo-se até as profundidades, estendendo-se através do horizonte, estendendo-se até as alturas” 5.

Que a graça do Senhor continue sustentando a Sua Igreja, fazendo-a criar raízes profundas e que os decepcionados com ela possam se reencontrar em um lugar onde a sã doutrina seja pregada com amor e dedicação. Esta é a minha oração. Este é o meu desejo.

Notas
1 – Stott, John R. W. A Mensagem de Atos. ABU Editora. São Paulo, 2º-reimpressão 2010: p. 10.

2 – Peterson, Eugene H. O caminho de Jesus e os atalhos da Igreja. Mundo Cristão, São Paulo, 2009: p. 262.

3 – Lopes, Augustos Nicodemos. O que estão fazendo com a Igreja. Mundo Cristão, São Paulo, 5º- reimpressão 2010: p. 21.

4 – Peterson, Eugene H. O caminho de Jesus e os atalhos da Igreja. Mundo Cristão, São Paulo, 2009: p. 262,263.

5 - Peterson, Eugene H. O caminho de Jesus e os atalhos da Igreja. Mundo Cristão, São Paulo, 2009: p. 264.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Seus amigos são mesmo seus amigos?


Por Maurício Zágari

O que é um verdadeiro amigo? Vivemos em dias em que qualquer pessoa recebe fácil o status de “amigo”. Lembro-me de quando surgiu a febre do Orkut e algumas pessoas ganhavam do dia para a noite milhares de… “amigos”, virou até uma certa competição ver quem tinha mais… “amigos”. Mas o que é um amigo real? Como você pode saber que determinada pessoa de fato é sua amiga? Recordo-me da época em que eu era um jovem jornalista do jornal O Globo, montes de colegas queriam me abraçar e dizer que eram meus amigos. Até que saí do jornal por motivos de doença e daquela multidão de amigos… 2 ligaram para saber como eu estava. Dos dois, 1 ligou uma vez só.

Desde aquela época, o conceito de “amigo” ganhou cores especiais para mim. Tornou-se título nobre. Não é qualquer um que o recebe. Até o momento em que resolvi que, como em tudo na vida, precisamos recorrer à Biblia para tentar esclarecer exatamente o que algo significa.

De todas as passagens das Escrituras que versam sobre o tema uma fala de Jesus sobre o assunto sempre me chamou a atenção. Em João 15 o Senhor diz aos seus apóstolos: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos. Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer“. Nós podemos extrair basicamente três lições dessa afirmação, uma de cada frase.

Jesus começa a tocar no tema da amizade com uma bordoada na cara: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos“. Ou seja: amigo é aquele que seria capaz de abrir mão das coisas mais importantes para ele em favor de você. Forte isso. Mas as palavras não dão margem a interpretação: amigo é o que dá a vida por quem lhe é caro. E nossa vida é nosso bem mais precioso. Então abrir mão de nosso tempo, de nosso dinheiro, de nosso descanso, de nossas facilidades e prioridades, de nossos planos em função daquele que chamamos de amigo não é nada. Ou pelo menos não deveria ser. Aí eu te pergunto: por quantas pessoas você faria isso? A resposta a essa pergunta vai te mostrar de quantas pessoas você é realmente amigo.

Mas Jesus não para aí, a coisa fica ainda pior: “Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando”. Claro que aqui temos de pôr em perspectiva. Não vamos sair por aí satisfazendo como escravos os desejos de nossos amigos. Numa aplicação humana, podemos transpor a obediência que Jesus pediu ao entendimento de que amizade pressupõe cumplicidade. Pois enquanto Jesus tinha mandamentos, nós temos anseios e desejos e atender os anseios dos que nos são caros é um grande gesto de amizade. Tomar iniciativas para deixá-los felizes, fazer por onde alegrá-los e mesmo sem que peçam nos pôr à disposição. Grandes provas de amizade.

O terceiro ponto está em “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer“. Aqui temos de levar em conta que o próprio Deus encarnado, a quem todo joelho se dobrará e que tem toda majestade e soberania sobre o universo volta-se para aqueles que Ele criou unicamente para sua glória e faz um upgrade de status extraordinário: de servos para amigos. E por quê?

Porque, em suas palavras, Ele revelou aos serviçais coisas que estavam claras e eram conhecidas apenas entre Ele e o Pai. “Tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer“, ou seja: deu a quem não tinha algo chamado intimidade. Essa é a palavra-chave: in-ti-mi-da-de. Ou seja: conhecimento do íntimo. Conhecimento daquilo que ninguém mais conhece. Só o Filho tinha ouvido do Pai, mas Ele resolve transmitir aos seus servos. Fabuloso. Jesus aqui revela o maior indicador de amizade de todos: dar-se a conhecer. Sem o conhecimento do oculto, não há real amizade. O amigo real, nas palavras do Messias, é aquele que vai na profundidade do outro, que não se contenta com a superfície.

Não é fácil ter amigos. Teremos poucos ao longo da vida. Pessoas que nos seguem no Twitter ou no Facebook teremos às centenas; conhecidos idem; montes de colegas de escola, faculdade, trabalho e igreja; gente interessada no que podemos oferecer e bajuladores serão vários. Mas Jesus nos dá a receita para desenvolver amizades reais, aquelas poucas que valem ouro: o amigo verdadeiro é o que abre mão das coisas mais importantes para ele em seu favor, que toma iniciativas para deixar você feliz mesmo que você não peça e, acima de tudo, que tem intimidade, que conheça você no íntimo, além das superficialidades.

Se você conhecer alguém que reúna essas características, esse é o tal amigo que a Bíblia diz que é mais apegado que um irmão. (Pv 18.24). E Pv 17.17 fecha com chave de ouro: “O amigo ama em todos os momentos; é um irmão na adversidade”. E aqui algo essencial. O amigo verdadeiro não é aquele de quem gostamos com amizade, é aquele de quem gostamos com amor. Biblicamente, se você não pode virar para seu amigo e dizer “eu te amo”… saiba que ele não passa de um bom companheiro.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Fonte: Apenas

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Os “Dez Mandamentos” do discernimento

Por Joaquim de Andrade

Examinaremos os pontos mais práticos do discernimento doutrinário. Como devemos pôr esse discernimento em prática? Como podemos nos tornar mais amadurecidos e competentes no discernimento? Os “dez mandamentos” a seguir não são tudo que se pode dizer sobre o assunto, mas são de especial importância.

(1) Aprenda a exercer o discernimento à medida que cresce como cristão na fé, amor e santidade. Ainda que seja óbvio, isso deve ser enfatizado e colocado em primeiro lugar na nossa lista. A vida cristã não é um jogo intelectual no qual o objetivo é provar que estamos certos e derrubar os que estão errados. Discernir o ortodoxo do herético é apenas um aspecto da vida cristã, ainda que seja importante. Além disso, o discernimento doutrinário tem de envolver a oração, comunhão com outros cristãos, serviço aos cristãos e aos perdidos, e estudo da doutrina. Devo ressaltar que estou pregando aqui mais para mim mesmo do que para qualquer outro!

Ainda que o crescimento seja vital, não há um padrão mínimo de conquista espiritual que deva ser alcançado antes que se possa exercer o discernimento. Pelo contrário, o exercício do discernimento é uma função na qual todos devem crescer no decorrer de suas vidas como cristãos.

(2) Desenvolva seu conhecimento das Escrituras. Em condições normais, quanto mais uma pessoa conhece as Escrituras, mais ela terá a capacidade de discernir a verdade do erro. Nem todo cristão pode ser um perito, mas todos os cristãos devem estudar a Bíblia em profundidade e desenvolver um excelente conhecimento de seus ensinamentos.

Há várias maneiras de se estudar a Bíblia e todas elas são importantes. Leia a Bíblia diretamente: leia livros inteiros da Bíblia e leia a Bíblia por inteiro. Memorize passagens bíblicas. Estude a bíblica topicamente, procurando o que as Escrituras ensinam sobre determinados assuntos (At. 17:11). Use comentários, dicionários e atlas bíblicos, obras teológicas, etc. – mas não se esqueça que a escolha desse material também vai requerer discernimento. Estude a Bíblia individualmente e em grupos. Procure mestres competentes e aprenda deles o quanto possível. Utilize todos os recursos possíveis para aumentar seu conhecimento bíblico.

(3) Aprenda a pensar de uma maneira lógica e racional. Pensar logicamente significa pensar de tal maneira que não se tira conclusões falsas a partir de premissas verdadeiras. O propósito do estudo da lógica é aprender a pensar claramente e corretamente. Do contrário, ainda que se tenha conhecimento dos fatos, é possível tirar conclusões falsas, se esse fatos forem interpretados de maneira errônea.

Infelizmente, às vezes o pensamento lógico pode ser aplicado sem sensibilidade. Não me refiro ao comportamento rude (o que também pode acontecer), mas ao uso do processo lógico de uma forma que, ainda que se chegue a conclusões aparentemente lógicas, isso é feito sem um reconhecimento das complexidades e nuances de uma determinada situação. O resultado é que muitas vezes os erros de uma determinada pessoa ou grupo religioso são exagerados ou até mesmo erroneamente identificados. O raciocínio sem sensibilidade, no fim, acaba sendo ilógico, porque as conclusões são tiradas sem que antes se considerem todos os fatores – o que é uma falácia lógica de generalização indutiva apressada. Ou, talvez, se chegue a conclusões sobre as crenças de um determinado indivíduo sem que se leve em conta a maneira peculiar na qual essa pessoa emprega sua terminologia. Esse tipo de falácia lógica, onde conclusões são derivadas de premissas que usam a mesma palavra, mas em sentidos diferentes, é chamada de equivocação.

Hoje em dia, o raciocínio impreciso é um grande problema no campo do discernimento doutrinário. Todos nós devemos refinar e aprimorar nossa capacidade de raciocínio o máximo possível, para que possamos exercer discernimento em assuntos doutrinários.

(4) Ao estudar a doutrina, procure entender as diferentes perspectivas das diversas tradições que existem dentro da ortodoxia cristã. À medida que nos familiarizamos com os aspectos básicos da fé, devemos nos familiarizar mais com as diferentes tradições cristãs. Procure aprender as diversas perspectivas dentro do cristianismo ortodoxo sobre questões como o batismo, o milênio, dons espirituais, predestinação, etc. O entendimento dos pontos de vista diferentes dos cristãos sobre tais assuntos doutrinários não só proporcionará uma maior compreensão sobre a diferença entre os aspectos essenciais e não essenciais da fé, como também possibilitará que se tome uma posição mais bíblica e madura com respeito aos mesmos.

(5) Aprenda tanto quanto for possível toda e qualquer informação relevante sobre um grupo religioso ou ensinamento questionável antes de pronunciar qualquer julgamento sobre eles. As Escrituras dizem: “Responder antes de ouvir é estultícia e vergonha” (Pv. 18:13). Pronunciar julgamentos de heresia sobre crenças alheias, com base em informações insuficientes, é pecado.

Há uma variedade de estratégias que podem ser empregadas para se adquirir informações sobre um grupo. Podem-se averiguar as afiliações religiosas do grupo – a denominação ou religião à qual pertence – apesar de que em alguns casos as organizações podem negar a afiliação de seus grupos controvertidos. Pode-se investigar a história do grupo e seus líderes. Podem-se consultar referências, dicionários ou enciclopédias que listam grupos religiosos e organizações, com as respectivas descrições de suas crenças. Na maioria dos casos (exceto quando se trata de grupos muito novos ou muito pequenos), esses procedimentos facilitarão a obtenção de informações adequadas.

(6) Baseie seu entendimento de uma determinada doutrina questionável naquilo que aqueles que a defendem dizem sobre ela, mas não presuma que o uso de termos ortodoxos garante a ortodoxia das crenças. Da mesma maneira que não gostaríamos que alguém nos rotulasse como hereges e dissessem todo mal contra nós (Mt. 5:11) com base no que outros dizem de nós, também não devemos criticar os pontos de vista de outras pessoas sem nos certificarmos de que os ouvimos deles mesmos (Mt. 7:12). Isso não significa que todo cristão deve pessoalmente estudar a literatura produzida por um determinado grupo herético antes que possa determinar que ele é realmente herético. Significa que uma crítica de um grupo supostamente herético não deve ser considerada adequada a não ser que seja baseada em citações corretas dos líderes do grupo.

Nos casos em que ainda não há uma análise ou avaliação cristã adequada das doutrinas de um determinado grupo, é ainda mais importante se obter informações a partir de fontes primárias. Muitas vezes pode-se simplesmente solicitar uma declaração doutrinária. Entretanto, deve-se ter em mente duas observações: primeiro, há grupos que são ortodoxos e ainda assim não tem uma declaração doutrinária oficial. Segundo, os grupos heréticos normalmente procuram fazer com que suas declarações doutrinárias tenham ao máximo a aparência de ortodoxas, para que possam driblar críticas. Outras publicações, nestes casos, podem ser mais úteis para que se conhecer as verdadeiras crenças de um grupo.

Na verdade, é uma característica de grupos não ortodoxos e aberrantes não serem transparentes e honestos com relação à verdadeira natureza de suas crenças.

Freqüentemente, eles usarão linguagem bíblica e até soarão como sendo evangélicos, procurando evitar críticas. O Novo Testamento nos avisa sobre isso (e.g., 2 Co. 11:4). Nesse caso, procure obter o máximo possível de informações sobre suas crenças e compare o que dizem ao público com o que dizem entre eles. Isso pode eventualmente requerer que se compareça a suas reuniões, que se faça perguntas que não sejam vistas como críticas (cf. Mt. 10:16), ou que se obtenha literatura que somente é distribuída a seus membros. Geralmente, esse tipo de investigação deve ser feita somente por aqueles que já têm experiência e treinamento no discernimento doutrinário, especialmente os que ministram nesse campo. Em alguns casos, ex-membros desses grupos serão as melhores fontes de informação e de materiais.

(7) Trate as informações fornecidas por ex-membros com respeito e cautela. Todo grupo herético eventualmente começa a gerar ex-membros, e essas pessoas podem ser fontes valiosas. Muitas vezes sua maior contribuição é seu acesso a publicações e gravações que não estão disponíveis ao público em geral. Seus testemunhos pessoais podem também ser úteis e informativos.

Uma das características de grupos heréticos e aberrantes é que eles consideram seus ex-membros como sendo revoltados e invejosos, pessoas imorais que buscam vingança. Isso, é claro, pode até ser verdade am alguns casos. Porém, se um grupo perde um grande número de adeptos e se o testemunho desses ex-membros é consistente, tal testemunho merece crédito. O testemunho de um ex-membro é bastante reforçado se puder ser sustentado por documentação ou pela corroboração dos testemunhos de outros ex-membros.

Ocasionalmente, alguns indivíduos se apresentarão como ex-membros de um grupo e contarão histórias extraordinárias sobre seu envolvimento. Nesses casos, deve se proceder com bastante cautela, sendo que muitas vezes tais indivíduos nunca foram realmente membros do grupo ou, se foram, seu envolvimento nele nunca foi tão grande quanto alegam. Nem sempre se pode determinar se esses indivíduos fraudulentos estão em busca de dinheiro, atenção da mídia, antagonismo pessoal contra o grupo ou outra razão mais sutil. De qualquer maneira, é importante que acusações sensacionalistas contra um grupo não sejam aceitas meramente com base no testemunho de uma ou duas pessoas, sem o apoio de maior evidência.

(8) Em casos ambíguos ou incertos, dê o benefício da dúvida à pessoa ou grupo em questão. O princípio “inocente até prova em contrário” deve ser aplicado nesses casos. Alguns cristãos envolvidos em ministérios de discernimento “apitam”, ou “levantam a bandeirinha” cada vez que há a menor aparência de possível heresia. Essa prática traz reprovação a ministérios de discernimento, além de dividir os cristãos.

(9) Comece pelas questões básicas. No processo de pesquisa sobre a ortodoxia de um determinado grupo, pode-se economizar muito tempo e energia, além de se prevenir muitos erros, se primeiro forem estudadas as questões mais básicas, que dizem respeito à posição do grupo em relação à Bíblia e à autoridade religiosa. Consideram eles a Bíblia como sendo a Palavra de Deus infalível e inerrante? Consideram eles a Bíblia como sendo a autoridade final em assuntos religiosos ou consideram qualquer outra fonte (seus líderes, um profeta moderno, outro livro, etc.) como sendo autoridade indispensável para a interpretação da Bíblia? Se considerarem a Bíblia como sendo infalível, inerrante, e a autoridade final em assuntos religiosos, na maioria dos casos eles serão ortodoxos. Se não, eles normalmente serão heréticos. Note, porém, que essas são apenas diretrizes gerais, já que há grupos heréticos que professam confiança completa na Bíblia e não aparentam ter nenhuma outra autoridade doutrinária.

(10) Aconselhe-se com ministérios de discernimento de boa reputação que honrem princípios bíblicos de discernimento. Nenhum ser humano ou organização (incluindo os ministérios de discernimento) é infalível. Entretanto, se você concorda que os princípios apresentados nesse livro são bíblicos, deve então buscar a opinião e o conselho de ministérios que baseiam seu trabalho nesses princípios. Lembre-se do que foi dito no capítulo anterior sobre ministérios para-eclesiásticos.

O desafio do Discernimento

Em conclusão, gostaria de lançar aqui um desafio àqueles que concordam que o discernimento doutrinário, como apresentado nesse livro, é realmente necessário. Contribua com seus esforços para a obra contínua do discernimento. Encoraje seus pastores e líderes a pregar e ensinar sobre o discernimento doutrinário. Contribua para o sustento financeiro de um ou mais ministérios bíblicos de discernimento, especialmente aqueles que atuam na sua área. Se tiver filhos, ensine-lhes a sã doutrina. Ore pelos pregadores e mestres ortodoxos do cristianismo e para que heresias e doutrinas aberrantes percam seu poder de atração. Todo cristão pode e deve estar contribuindo de alguma forma para o discernimento da sã doutrina pela Igreja.

Fonte: NAPEC - Apologética Cristã

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Eu Quero uma Esposa Calvinista!



I wanna woman who can love me for life!
I wanna woman who can be a good wife!
I wanna woman who can sing in a choir!
I wanna woman who can change a tire!
I wanna woman - she's gotta be cute -
She's gotta know her Calvin's Institutes!

I wanna woman livin' out in the skids!
I wanna woman wants to have twelve kids!
I wanna woman ain't got no rheumatism!
I wanna woman who knows her catechism!
I wanna woman who can give me what I want-a
I wanna woman who can serve me fried iguana!

I want a Calvin girl! I want a Calvin girl!
I want a Calvin girl! I want a Calvin girl!
Been around the world - I want a Calvin girl!

I wanna woman with her head on straight!
I wanna woman I can take on a date!
I wanna woman who knows right and wrong -
I wanna woman who can mow my lawn!
I wanna woman who can sing in a chorus!
I wanna woman who can serve me brontosaurus!

I want a Calvin girl! I want a Calvin girl!
I want a Calvin girl! I want a Calvin girl!
Been around the world - I want a Calvin girl!

Yeah, yeah,
She's gotta be straight, she's gotta be a sport,
I don't want any women from Dordt.
She's gotta be straight, I don't want no dope -
So don't gimme any women from Hope! Ah no, no, 1, 2, 3,

I wanna woman gimme mental stimulation!
She must approach a thing with serious dedication!
She's gotta know it's more than just infatuation!
She's gotta know some Biblical interpretation!
If this sounds good to you, it's my recommendation
to come on, baby, and fill out an application!

I want a Calvin girl! I want a Calvin girl!
I want a Calvin girl! I want a Calvin girl!
Been around the world - I want a Calvin girl!

I want everybody here
To lend an ear!
'Cause I've been preachin' this word
For twenty-five years!
If you're lookin' for love all around the world,
If you want a good wife, get a Calvin girl!

I got a Calvin girl! I got a Calvin girl!
I got a Calvin girl! I got a Calvin girl!
Been around the world - I want a Calvin girl! Yeah, yeah!
I want a Calvin girl! I want a Calvin girl!
Been around the world - I want a - I want a - I want a Calvin girl!

I want a Calvin girl...I want a Calvin girl,
I want a Calvin girl. I want a Calvin...girl!

Análise Bíblica Sobre A Psicopatia


Por Wilma Rejane

Acabo de ler o livro da Dra. Ana Beatriz B. Silva, intitulado “Mentes Perigosas. Julguei o tema tão instigante, que em apenas dois dias “devorei” as mais de duzentas páginas do Best Seller Brasileiro. Realmente o Recorde de vendas faz jus. A linguagem é simples e aprofundada, proporcionando ao leitor uma fácil compreensão do drama da psicopatia. Ao folhear as páginas da obra da Dra. Beatriz, fiquei na expectativa de que algum tratamento inovador apontasse para a solução. Mas não. A medicina julga o caso incurável e a médica, encerra o livro dizendo que “é mais sensato falarmos de ajuda para as vitimas dos psicopatas do que para eles mesmos” (cap. 11)

Separei alguns trechos do livro para firmar o debate do caso:

“Psicopatas em geral são indivíduos frios, calculistas, inescrupulosos, dissimulados, mentirosos, sedutores e que visam apenas o próprio beneficio. Eles são incapazes de estabelecer vínculos afetivos ou de se colocar no lugar do outro. São desprovidos de culpa ou remorso e, muitas vezes, revelam-se agressivos e violentos. Em maior ou menor nível de gravidade e com formas diferentes de manifestarem os seu atos transgressores, os psicopatas são verdadeiros “predadores sociais” em cujas veias e artérias corre um sangue gélido” Pg. 37.

“As terapias biológicas (medicamentos) e as psicoterapias em geral se mostram, até o presente momento, ineficazes para o psicopata. Por mais bizarro que possa parecer,


os psicopatas parecem estar inteiramente satisfeitos consigo mesmo e não apresentam constrangimentos morais ou sofrimentos emocionais como depressão, ansiedade, culpa, baixa auto-estima, etc. Não é possível tratar um sofrimento inexistente” Pg. 169.

"Uma característica chave na identificação de um psicopata é que ele é desprovido de consciência. O que é consciência? É a capacidade de amar. Psicopatas não amam” Capítulo 2: Psicopatas Frios e Sem Consciência.

A Bíblia e o Psicopata:

Como cristã, não pude deixar de buscar em minha mente e nas folhas do Livro Sagrado alguma referência ao tema. Não encontrei nada explícito. Se alguém souber, fará um favor coletivo em declarar. Meu primeiro ímpeto foi estudar as atitudes de Saul (não sei se isto é engraçado, patético ou revelador), mas ele é um sujeito um tanto frio que não firma laços afetivos com ninguém e põe em risco a vida dos filhos para alcançar seus objetivos. Se arrepende apenas da boca para fora, mente e apesar de todas as repreensões, morre no erro e negando a fé I Sm 28 (se é que ele tinha). Saul era um incurável? Incorrigível? Sem consciência?

Outro forte candidato a ser diagnosticado com o mal, seria Judas Iscariotes. Como pôde ser tão próximo de Jesus e fazer o que fez? Ser tão amado e desconhecer o amor? A Bíblia diz que ele se arrependeu de ter delatado Jesus aos inimigos, mas seu arrependimento foi bem parecido ao de Saul: Não conduziu ao novo nascimento. Apóstolo Paulo fala de dois tipos de arrependimento: Um para a morte e outro para a Vida (II Cor. 7:10)

Não estou dizendo que Saul e Judas eram psicopatas, por favor! No entanto, seus comportamentos eram semelhantes ao de um. A história do Rei Saul está descrita no Livro de I Samuel e a de Judas nos Evangelhos.

Ser Cristão e Psicopata?

Se psicopata não tem consciência e é incapaz de amar, logo, é impossível ser cristão e psicopata? “Aproximou-se dele um dos escribas que os tinha ouvido disputar, e sabendo que lhes tinha respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos? E Jesus respondeu-lhe: O Primeiro de todos os mandamentos é: Ouve ó Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças. E o segundo semelhante a este é amaras o teu próximo como a ti mesmo” Mc 12: 28-30. Amar é a essência do cristianismo, o maior dos mandamentos. Ser cristão e não amar é como céu sem estrela, mar sem água (dá pra imaginar?)

Segundo a medicina, um psicopata pode fingir muito bem, enganando até os mais experientes, no entanto devido à superficialidade, em algum momento será descoberto. Ou seja, para a medicina é impossível ser cristão e psicopata. Eles podem casar, constituir família... porém devido à ausência de afetividade usará estes fatos para proveito próprio. Pessoas são como objetos para os psicopatas.

Doença ou Possessão Demoníaca?

A causa da Psicopatia é explicada da seguinte forma: “Esses indivíduos apresentam uma “desconexão” dos circuitos cerebrais relacionados à emoção. A parte do corpo responsável por este desequilíbrio é a região do lobo pré-frontal (região da testa) Psicopatas teem razão demais e total ausência de emoção” Cap. 10: De Onde Vem Tudo Isso? Essa tese é apoiada no caso de Phineas Gage que trabalhava em uma estrada de ferro no século XIX. Após sofrer um grave acidente onde uma barra de ferro atingiu sua região pré-frontal, ele nunca mais fora o mesmo. Após isso passou o resto da vida em bebedeira e aplicação de golpes.

O estudo do caso que revolucionou o diagnóstico da psicopatia, contudo, é controverso se considerarmos a batalha travada no campo da espiritualidade. A frieza emocional dos psicopatas que os conduz a matar, mentir e aplicar toda sorte de delitos, também pode ter origem no mundo das trevas: “Vós tendes por pai o diabo, e quereis satisfazer os desejos do vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, pai da mentira” João 8: 44. Eis a origem da mentira: o diabo. Não é desordem biológica, mas espiritual. Jesus também faz referência a Caim, assassino de seu irmão Abel. Seria ele julgado psicopata pela medicina atual? Estaria em algum presídio, fazendo companhia a milhares de outros psicopatas?

A Medicina Não Cura, Jesus Cura?

È bem verdade que Caim, Judas, Saul e outros personagens bíblicos morreram sem demonstrarem arrependimento, porém: Saulo, o perseguidor da Igreja, assassino de cristãos, foi transformado em Paulo, grande Apóstolo! Servo de Deus, transformado pelo amor de Jesus, pela graça Redentora! O que dizer daquele ladrão crucificado ao lado de Jesus? Seria ele considerado psicopata, sem consciência? Foi salvo. Da condenação dos homens, direto para o Paraíso.

Minha intenção não é de forma alguma desmentir a medicina e desmerecer o trabalho de especialistas, quem sou para tamanha afronta? Mas, da mesma forma que a ciência biológica tenta explicar e encontrar soluções para as pessoas nestas condições, não seria demais acreditar que esse “defeito de fábrica” pode ser solucionado por Jesus. Será que uma vez psicopata, psicopata para sempre?!

A novelista e escritora Glória Perez, faz o prefácio do livro “Mentes Perigosas” e em uma clara alusão ao terrível fato envolvendo sua filha Daniella Perez, assassinada brutalmente por Guilherme de Pádua, relata: “psicopata não tem semelhante, ele nem sabe o que é isso”. Se psicopatas não teem cura, são incapazes de amar e manter laços afetivos, o que dizer do Guilherme de Pádua, que há mais de cinco anos professa a fé cristã? Conversão ou fingimento?

Ele Tomou Nossas Enfermidades

“Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido, Mas ele foi ferido por nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele e pelas suas pisaduras fomos sarados” Is 53:4, 5.

Interessante, que o versículo não diz: Jesus sarou todas as enfermidades, menos a psicopatia. Ora, se Ele ressuscitou Lázaro após dias na sepultura, curou o endemoninhado de Gadara, a quem todos tinham como louco, e fez tantos outros milagres considerados impossíveis a medicina, não curaria um psicopata?

Milagre é a realização de Algo Considerado Impossível Aos olhos Humanos.

Se você convive com um psicopata, de forma direta e indireta, ore por ele. Está escrito: “Porque para Deus nada é impossível” Lc 1:37. As cadeias estão lotadas de homens e mulheres que cometeram crimes bárbaros e continuam de corações endurecidos para Deus. Bem perto de nós, do lado de fora das celas, convivemos percebida ou despercebidamente com pessoas doentes e perigosas em baixa ou alta escala. Não são necessariamente homicidas, mas aniquilam a vida humana de outras formas: despedaçando corações, e provocando perdas profundas. Contudo, escolho acreditar na Palavra de Deus, sempre, acima de todas as circunstâncias.


Sobre o Livro Mentes Perigosas

Recomendo a leitura desse livro, não é pelo fato de acreditar em milagres que ignoro o perigo que nos ronda. As dicas da Dra. Ana Beatriz são muito úteis e podem evitar que pessoas de bom coração sejam vitímas de psicopatas. Aliás, eles escolhem justamente aqueles que demonstram boa vontade para com o próximo. -Às vezes, nos perdemos nessa sede de amar os inimigos. - Se amar é preciso, viver em paz também o é. Os alarmes costumam tocar para avisar dos perigos de furacões e outras catástrofes, quem der ouvidos se salvará. Quando há algo errado em um relacionamento, o alarme também toca, ficar parado, é o mesmo que aceitar o erro para mais tarde (ou quem sabe instantâneamente) ser devorado por ele.

Fontes:
Livro Mentes Perigosas (link no artigo)
Bíblia Sagrada

Fonte: A TENDA NA ROCHA

Sem diálogo não existe fé nem amor

Por Maurício Zágari

Vivi recentemente diferentes situações com princípios bem parecidos que me levaram a refletir sobre um mal que assola os nossos dias: a falta de diálogo. Não foi uma, não foram duas vezes, não foram três. Foram muitas situações similares num espaço de tão poucos dias que isso me fez ver que, mais do que uma postura pessoal, há um fenômeno social em andamento. Pessoas tomam decisões unilaterais e apenas comunicam as outras partes envolvidas, pressupondo que o interlocutor sabe todas as suas razões e motivações. Seria apenas mais um entre tantos fenômenos sociais se isso não fosse um tremendo erro do ponto de vista antropológico, que contraria séculos de padrões estabelecidos e que tem adentrado as igrejas e estragado relacionamentos - e, consequentemente, a comunhão sem a qual não existe Igreja.

Na Grécia antiga, a retórica era uma das artes mais apreciadas. Havia aulas sobre como dialogar bem - e convencer. A capacidade de empreender debates e, pela força dos argumentos, mostrar-se certo em determinado ponto era vista como admirável. O filósofo Sócrates foi mestre nisso, com sua "maiêutica socrática" - método de extrair a verdade do interlocutor mediante argumentos bem postos dentro de um diálogo. Mas o que percebo é que nessa era de trevas em que vivemos no século 21, a falta de diálogo está se tornando a tônica. Não se espante de eu usar essa expressão. Mas fato é que o século 21 está se tornando uma era de trevas: todos querem falar, ninguém quer ouvir. Resultado: caos.

No Cristianismo, sem diálogo não existe a fé: eu falo pela oração, Deus responde pela Bíblia. Isso é diálogo. Remova oração ou leitura da Palavra e você tem uma religião capenga, o religare com Deus não acontece. Deus não quer só falar ou só ouvir: Deus quer relacionamento. Pois só o verdadeiro relacionamento gera intimidade entre Criador e criatura. Evita mal-entendidos. Evita heresias. Evita que compreendamos mal o nosso Deus. O cristão não é um cristão se não sabe dialogar, pois ser filho de Deus pressupõe saber pôr em prática essa disciplina espiritual chamada "diálogo". E Deus tem tanto conhecimento da importância do diálogo que revelou seus pensamentos naquilo que hoje chamamos de Bíblia.

Vivemos uma era individualista. Egocêntrica. Pós-relativista. "Se eu tenho a minha verdade, por que vou perder tempo dialogando, se a sua verdade é diferente?", diria o pensamento desta época. E esse individualismo gera o mal do egoísmo: eu faço da minha forma e os outros que entendam e se enquadrem no que eu pressuponho. "Eu uso poucas palavras e que se virem para compreender o que se passa na minha cabeça". Só que, nisso, decisões importantes, que podem mudar rumos de vidas inteiras, são lançadas ralo abaixo. Relacionamentos que tinham tudo para gerar muitos e muitos frutos são assassinados.

E quando falo de diálogo não me refiro a conversas. Há uma sutil diferença. Você pode conversar com alguém apenas falando e esperando a vez de falar de novo enquanto a outra pessoa diz algo. Não se escuta. Não se presta atenção nos argumentos. "Eu entro na conversa, desde que não tenha que mudar de opinião", vê-se muito por aí. É velado, mas é o que acontece. Só queremos convencer. E a igreja tem vivido isso. Relacionamentos acabam porque casais não dialogam, só querem falar ou fazer as coisas ao seu modo mas não querem ouvir ou ceder. Relacionamentos são estragados porque o parente não entende o que o outro está falando. Casamentos vão por água abaixo porque tem que ser do jeito que um quer e acabou. Amizades são abaladas porque um diz "banana" e o outro compreende "maçã". Cristãos se desviam da igreja porque o pastor não apresentou as razões de determinada doutrina existir. E aí o que deveria ser uma calma troca de posicionamentos e ideias construtivas vira bate-boca, discussão, não raro com troca de ofensas e argumentos inacreditáveis entre pessoas que se gostam.

Uma das causas dessa falta de diálogo que identifiquei em muitas dessas situações é a pressuposição da "onisciência" alheia. "Eu esperava que você entendesse x quando eu disse y", dizem. Como? Telepatia? Não é assim que se dialoga. Se você quer tomar decisões que envolvam outros, nunca pressuponha que ele vai conseguir ler todas as suas entrelinhas. É desumano fazer isso. Principalmente se você diz coisas como "estou tomando essa atitude mas você nunca compreenderia". Como você pode saber? Num dos casos que vivi, quando a pessoa me explicou eu entendi tudo. Então como não entenderia antes? Pior: todos os argumentos dela faziam todo sentido do mundo e eu teria concordado com tudo caso fosse inicialmente exposto em forma de... diálogo. Teríamos trocado ideias e estabelecido bases como dois adultos que se respeitam e se gostam, com alegria e um sorriso no rosto. Pronto, resolvido, todos sairiam felizes e realizados. Mas não. Chegou em forma de imposição de ideias e todas as coisas maravilhosas que poderiam ter surgido desse diálogo foram atiradas no lixo por esse equívoco banal. Que lástima.

Outro fenômeno comum é tomar decisões sem ponderar com o outro ou com outros antes. "Na multidão de conselhos reside a sabedoria", diz a Biblia. No entanto, nesta era individualista, queremos tomar nossas próprias decisões e apenas comunicar. Não chamamos o outro, não pedimos opinião, falamos o que queremos mas sem disposição de ouvir o que não queremos. Não estamos preparados para isso. É a época da comida a quilo: não quero ninguém me dizendo o que pôr no meu prato. O resultado? Confusão, desentendimento, atritos, ofensas... tudo fruto da falta de diálogo causada por decisões unilaterais.

Irmão, irmã, vivemos em comunidade. Vivemos em familia. Vivemos em relacionamentos amorosos a dois. Vivemos em ambientes de trabalho onde equipes trabalham juntas. Vivemos em igreja. Vivemos com amigos. E a experiência mostra que em ambientes ditatoriais, onde não há conselheiros, onde não se expõe uma ideia para ser debatida e discutida pelas partes envolvidas, geralmente os erros são homéricos. O Presidente não toma decisões sozinho. Ele tem uma equipe com quem se aconselha, pondera, ouve, fala... dialoga. Porque há muito em jogo e ele sabe disso.

Quer que seu namoro dê certo? Não tome decisões e depois "comunique". Antes, dialogue, exponha sua visão, pondere, ouça o outro. Leve em conta a visão dos envolvidos como tão importante como a sua (e às vezes até mais). Quer que seu casamento dê certo? Antes de definir como serão certas coisas, dialogue com o cônjuge e, dependendo da extensão da questão, com os filhos. Quer que sua amizade dê certo? Não se imponha com suas visões e opiniões, mas ouça o que o outro tem a dizer. Mas não é o que vem acontecendo. No calor da tomada de decisões o indivídulo pós-relativista toma sua decisão e "informa" os demais envolvidos. Não há espaço para ponderação. Não há espaço para humanidade. Há uma bomba jogada no colo. E que se vire quem a recebeu.

Meu irmão, minha irmã, seres humanos não são oniscientes. Você quer que eles entendam o que você pensa? DIALOGUE com eles. Não pressuponha que eles vão te compreender por serem pessoas "sensíveis" ou o que for. Ninguém vai saber o que você pensa, quais são suas razões e motivações, quais são os seus projetos e planos... se você não fala. Veja você que coisa simples. Basta falar. Expôr. Apresentar ideias. Ouvir as ponderações. O filósofo Hegel nos ensinou isso com sua dialética: apresenta-se uma tese, OUVE-SE uma antítese e assim se chega a uma síntese. Mas, pelo visto, a dialética hegeliana está ficando fora de moda e estamos voltando à idade dos césares, em que um decide e os outros abaixam a cabeça - não importa que motivos, razões, raciocínios, caminhos ou ideias foram levados em conta para se tomar a decisão.

"Eu decidi Z e tome Z na sua cabeça!". "Mas... peraí... e como você chegou até Z e me impõe Z se eu não conversei sobre o A, sobre o B, sobre o C... você já chega com o Z e quer que eu entenda como você chegou até aí? Isso é no mínimo injusto, pois não me foi dada a oportunidade de dialogar de A até Y". Eu, por exemplo, escrevo livros. Mas nunca os entrego à editora sem ter pedido que pelo menos 4 ou 5 pessoas o leiam e me passem opiniões - e a experiência mostra que isso afeta muito positivamente o resultado final. Detalhe: faço isso ANTES do livro ser lançado. Depois... o que adiantaria?

Estou mal com esse fenômeno. Tenho visto isso ocorrer com muita frequência. As pessoas estão desaprendendo a dialogar. Como disse Chaplin, estamos nos tornando cada vez mais desumanizados e individualistas. Nos tornamos como máquinas, que apenas emitem tickets e o cliente que o recolha. E não queremos ouvir os outros. Queremos que eles nos entendam sem que lhes digamos nada. E, e-vi-den-te-men-te, o outro entenderá do jeito que quiser, pois para cada imposição há milhões de interpretações. A respeito de motivações, de raciocínios, de planos. É uma tremenda injustiça esperar a onisciência alheia. Ninguém tem a obrigação de saber nada se não dialogamos antes. E se impomos algo, a responsabilidade é nossa e não de quem não nos compreendeu.

Nas igrejas, esse fenômeno provoca êxodos. Gera desviados. Espera-se de você algo que nunca te foi dito. Que nunca te foi explicado. Que nunca foi ponderado. Que você nunca teve a chance de perguntar por que é desse modo. E o que acontece? O óbvio: a pessoa pula fora, por uma única razão: não entendeu. Não houve diálogo. A liderança não explicou. Os membros mais antigos não explicaram. Ninguém quis saber de explicar. Apenas se impõem ideias e conclusões. E isso não é cristão.

Veja as bem-aventuranças. Sempre existe um "pois" em cada uma delas. Ou seja, uma explicação, uma justificativa. "Bem aventurados os que choram". Que coisa bizarra! Como assim? "Bem-aventurado" significa "feliz", como podem ser felizes os que choram, que contrassenso!? Mas aí vem a explicação, o diálogo: "POIS... serão consolados". "Aaaaaahhhh!!! Agora eu entendi! Existe uma explicação, existe um 'pois'. E agora que ficou claro podemos dialogar e chegar juntos a essa conclusão".

O diálogo torna tudo mais humano, mais honesto, mais cristão. Sem diálogo não há amor. Quem impõe sem dialogar antes exerce a tirania. E a tirania tira de quem a promove o direito de julgar a reação de quem apenas recebeu a informação final e foi excluído dos diálogos - daí as sublevações históricas e as revoluções contra governos tirânicos. Lição que aprendi em meu primeiro dia na faculdade de Jornalismo: "Comunicação não é o que se fala, é o que se entende". No entanto, estamos entendendo tudo errado. E por quê? Porque se fala mal. Não se explica. Não se dialoga.

Meu irmão, minha irmã, se você percebe que está se relacionando com o próximo sem o diálogo correto, conserte isso. Nunca é tarde demais. Você pode evitar assim que, no futuro, Deus tenha de te ensinar a dialogar. E sabe como Ele fará isso? Mostrando a você o que sofre aquele que é alvo da sua falta de diálogo ao simplesmente impor decisões a você. E se Ele resolver te disciplinar dessa forma, você se juntará aos milhares que vemos pelas igrejas se lamuriando pelos cantos e chorando: "Por quê, Senhor, por quê???". E o Onisciente permanece em silêncio, sem responder a esse clamor. Pois o que Ele está fazendo com os tais é basicamente lhes ensinar como sofre quem recebeu imposições sem resposta. Está ensinando a importância de expôr as razões e as motivações que levam alguém a tomar esta ou aquela decisão dialogando com o próximo. Pois, quando você impõe uma decisão que foi tomada sem diálogo, o pobre e pasmo interlocutor fica se perguntando em meio a sofrimentos: "Por quê? Por quê?". E interessa a Deus que Seus filhos aprendam a não fazer isso - pois machuca e é uma maldade.

Razões são importantes em relacionamentos. Motivações são importantes em relacionamentos. Objetivos são importantes em relacionamentos. Métodos são importantes em relacionamentos. Diálogos... ah, esses são imprescindíveis. E são uma gigantesca prova de amor daqueles que se importam com você.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Fonte: Apenas

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Pregando a Cristo


Por R. C. Sproul

A igreja do século XXI enfrenta muitas crises. Uma das mais sérias é a crise de pregação. Filosofias de pregação amplamente diversas competem por aceitação no clero contemporâneo. Alguns veem o sermão como um discurso informal; outros, como um estímulo para saúde psicológica; outros, como um comentário sobre política contemporânea. Mas alguns ainda veem a exposição da Escritura Sagrada como um ingrediente necessário ao ofício de pregar.

À luz desses pontos de vista, sempre é proveitoso ir ao Novo Testamento para procurar ou determinar o método e a mensagem da pregação apostólica apresentados no relato bíblico.

Em primeira instância, temos de distinguir entre dois tipos de pregação. A primeira tem sido chamada kerygma; a segunda, didache. Esta distinção se refere à diferença entre proclamação (kerygma) e ensino ou instrução (didache).

Parece que a estratégia da igreja apostólica era ganhar convertidos por meio da proclamação do evangelho. Uma vez que as pessoas respondiam ao evangelho, eram batizadas e recebidas na igreja visível. Elas se colocavam sob uma exposição regular e sistemática do ensino do apóstolos, por meio de pregação regular (homilias) e em grupos específicos de instrução catequética.

Na evangelização inicial da comunidade gentílica, os apóstolos não entraram em grandes detalhes sobre a história redentora no Antigo Testamento. Tal conhecimento era pressuposto entre os ouvintes judeus, mas não era argumentado entre os gentios. No entanto, mesmo para os ouvintes judeus, a ênfase central da pregação evangelística estava no anúncio de que o Messias já viera e inaugurara o reino de Deus.

Se tomássemos tempo para examinar os sermões dos apóstolos registrados no livro de Atos dos Apóstolos, veríamos neles uma estrutura comum e familiar. Nesta análise, podemos discernir a kerygma apostólica, a proclamação básica do evangelho. Nesta kerygma, o foco da pregação era a pessoa e a obra de Jesus. O próprio evangelho era chamado o evangelho de Jesus Cristo. O evangelho é sobre Jesus. Envolve a proclamação e a declaração do que Cristo realizou em sua vida, em sua morte e em sua ressurreição. Depois de serem pregados os detalhes da morte, da ressurreição e da ascensão de Jesus para a direita do Pai, os apóstolos chamavam as pessoas a se convertem a Cristo – a se arrependerem de seus pecados e receberem a Cristo, pela fé.

Quando procuramos inferir destes exemplos como a igreja apostólica realizou a evangelização, temos de perguntar: o que é apropriado para transferirmos os princípios da pregação apostólica para a igreja contemporânea? Algumas igrejas acreditam que é imprescindível o pastor pregar o evangelho ou comunicar a kerygma em todo sermão que ele pregar. Essa opinião vê a ênfase da pregação no domingo de manhã como uma ênfase de evangelização, de proclamação do evangelho. Hoje, muitos pregadores dizem que estão pregando o evangelho com regularidade, quando em alguns casos nunca pregaram o evangelho, de modo algum. O que eles chamam de evangelho não é a mensagem a respeito da pessoa e da obra de Cristo e de como sua obra consumada e seus benefícios podem ser apropriados pela pessoa, por meio da fé. Em vez disso, o evangelho de Cristo é substituído por promessas terapêuticas de uma vida de propósitos ou de ter realização pessoal por vir a Cristo. Em mensagens como essas, o foco está em nós, e não em Jesus.

Por outro lado, examinando o padrão de adoração da igreja primitiva, vemos que a assembleia semanal dos santos envolvia reunirem-se para adoração, comunhão, oração, celebração da Ceia do Senhor e dedicação ao ensino dos apóstolos. Se estivéssemos lá, veríamos que a pregação apostólica abrangia toda a história redentora e os principais assuntos da revelação divina, não se restringindo apenas à kerygma evangelística.

Portanto, a kerygma é a proclamação essencial da vida, morte, ressurreição, ascensão e governo de Jesus Cristo, bem como uma chamada à conversão e ao arrependimento. É esta kerygma que o Novo Testamento indica ser o poder de Deus para a salvação (Rm 1.16). Não pode haver nenhum substituto aceitável para ela. Quando a igreja perde sua kerygma, ela perde sua identidade.

Fonte: Editora Fiel