domingo, 19 de fevereiro de 2012

PODE UM NÃO CRISTÃO AVALIAR O CRISTIANISMO?


Por Antônio Costa

Mais uma vez termino a leitura de um livro procurando saber as razões pelas quais o autor tratou a fé cristã de modo tão impiedoso. Refiro-me ao excelente, A História da Busca da Felicidade, do historiador francês Georges Minois. Eu recomendei o livro. Pesquisa ampla e muito bem feita. Mas, ele é um desastre quando fala sobre o cristianismo. Entre outras coisas, afirma que Cristo ensinou a busca da felicidade não apesar do sofrimento, mas pela busca do sofrimento, acusando o cristianismo de abdicar de qualquer espécie de felicidade nesta presente vida. Ele debocha da esperança cristã em várias passagens, dizendo que o cristão é alguém que abre mão do mundo pela incerteza de uma vida vindoura a ser vivida no céu.

Há três motivos, pelo menos, que levam autores não cristãos a atacarem de modo impiedoso e amplamente refutável (às vezes o ataque chega a ser infantil) o cristianismo:

1. Preconceito. Eles menosprezam o evangelho sem ao menos terem parado para considerá-lo. A razão é a aversão que têm por -um falso conceito de uma visão caricaturizada do cristianismo-, às vezes, reconhecemos, com a ajuda da religião, com todas as asneiras que põe na boca de Deus. Mas, isso é o mesmo que falarmos, por exemplo, sobre o marxismo a partir tão somente da sua experiência na União Soviética de Stalin. Pode acontecer também, de essa mesma pessoa ter verdadeiro horror a um ponto ou outro da Bíblia, como o conceito de pecado e, como consequência, não se dispor a avaliar o todo.

2. Incompetência. Ocorre muitas vezes de esses autores falarem sobre o que não conhecem por pura falta de dedicação à matéria. Simplesmente essa gente não foi às fontes. Isso deixa a muitos aturdidos. Veja o meu caso. Sou ignorante sobre muita coisa. Mas conheço um pouco sobre o cristianismo, que tem sido objeto da minha reflexão há 30 anos. Quando vejo essa gente falar tanta inverdade sobre a fé cristã, sou levado a duvidar da sua competência nas demais áreas.

3. Insensibilidade. O cristianismo é algo sobre o qual só se pode falar de dentro. Você tem que conhecê-lo por meio de uma experiência de conversão, que concede ao homem o "poder de sentir a doçura do mel". O problema não é meramente intelectual. Acima de tudo, o que impede um não cristão de apreciar o evangelho e sobre ele falar com o máximo de isenção, é o estado do seu coração, visceralmente avesso a Deus. De certa forma, é impossível um não cristão falar sobre o cristianismo. É como uma pessoa sem senso artístico ser convidada a apreciar os quadros que estão nas paredes do museu do Louvre. Sabemos de gente que sente dor nos ouvidos ao escutar Bach.

Ao ouvir da próxima vez um não cristão falar sobre o cristianismo, procure sondar suas fontes, avaliar seus interesses (para quem ele está trabalhando, a que poder está servindo, à qual realidade socialmente construída está escravizado) e reconhecer que os equívocos são inevitáveis. Somente os limpos de coração verão a Deus.

Fonte: Palavra Plena

Nenhum comentário:

Postar um comentário