quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A mulher santifica o marido descrente – O que isso significa?


Por Josemar Bessa

Este é um problema que surgiu na igreja em Corinto, e certamente surgiu em toda a igreja primitiva. Algumas pessoas tentam usar esse texto com o propósito de validar um servo de Deus escolher alguém ímpio para se casar. Esse é o problema de ir a Bíblia tentando achar justificativas para escolhas que Deus deixou claro que não devem ser feitas, e não ir a Bíblia para buscar a verdade de Deus sobre todas as coisas, inclusive relacionamentos, casamentos...

Paulo está falando sobre a conversão de um homem ou mulher casados, quando o outro cônjuge permanece ímpio, e não sobre o servo de Deus deliberadamente escolhendo esta situação. Essa era uma situação comum na igreja primitiva e hoje também: “Se algum irmão tem mulher descrente, e ela consente em habitar com ele, não a deixe. E se alguma mulher tem marido descrente, e ele consente em habitar com ela, não o deixe.” - 1 Coríntios 7:12-13

Imagine, por exemplo, uma mulher que pela pregação da Palavra foi regenerada e creu no Evangelho. Ela se tornou viva, se arrependeu, exerceu fé. Ela é uma nova criatura em Cristo mas está casada com um marido não-cristão (ou  um marido com uma esposa não-cristã).

A questão que surgiu naqueles dias, e que é pertinente hoje é: e agora, devo me divorciar? A luz está ligada as trevas...? Serei corrompido por este relacionamento? A pureza de Cristo vai ser corrompida por isso? Paulo está falando de alguém que sendo regenerado tem agora uma vida para o Senhor... e não de um cristão nominal, mundano... em que o estilo de vida nada mais é do que o do mundo, escolhendo deliberadamente estar em jugo desigual... Mas de alguém que se converte já estando casado ou casada. Então ele diz: “E se alguma mulher tem marido descrente, e ele consente em habitar com ela, não o deixe.” – Ou seja, se por causa do sua vida em Cristo o cônjuge descrente quiser deixá-lo, a relação com Cristo tem toda a prioridade, mas se o descrente consente em viver junto, essa não é uma razão para deixar o relacionamento (casamento). Paulo não está falando de alguém que é cristão escolhendo deliberadamente um cônjuge não cristão.

A questão em Corinto (e ainda hoje ) era – Estou sendo corrompido, minha pureza em Cristo está sendo corrompida? Devo deixar meu casamento? E outro pensamento que surgiu junto com esse era: E meus filhos? Se eu sou cristã e meu marido não é cristão, os meus filhos vão ser poluídos, impuros pela presença de um não cristão (ímpio) na família? Preciso sair dessa situação para proteger meus filhos das más influências do cônjuge não regenerado? Todas essas questões eram comuns quando alguém em um mundo pagão era regenerado e o cônjuge não. Muitas vezes, o marido não convertido abandonava a esposa – mas a questão era se isso podia partir do convertido. A resposta como vimos era: “E se alguma mulher (ou marido) tem marido descrente, e ele consente em habitar com ela, não o deixe.”(v.13) – O verso 15 diz que se o cônjuge incrédulo desejar se divorciar por causa de Cristo, da conversão do outro cônjuge, este que foi abandonado não está mais preso aquela pessoa: “Mas, se o descrente se apartar, aparte-se; porque neste caso o irmão, ou irmã, não esta sujeito à servidão; mas Deus chamou-nos para a paz. Porque, de onde sabes, ó mulher, se salvarás teu marido? ou, de onde sabes, ó marido, se salvarás tua mulher?” 1 Coríntios 7:15-16 – Se ele quer ir, deixai-o ir. Ou seja, se for a escolha do cônjuge não regenerado, por causa do evangelho, se divorciar, deixe-o ir. Mas você ( que foi regenerado ) não faça isso. Por quê. O verso 14 diz: “Porque o marido descrente é santificado pela mulher; e a mulher descrente é santificada pelo marido; de outra sorte os vossos filhos seriam imundos; mas agora são santos.” - 1 Coríntios 7:14
 
Paulo não está falando de salvação. Nem todos os cônjuges incrédulos se converterão, isso não é algo que se possa contar como certo. Ele diz: “Porque, de onde sabes, ó mulher, se salvarás teu marido? ou, de onde sabes, ó marido, se salvarás tua mulher?” – Ao falar então que “o marido descrente é santificado pela mulher; e a mulher descrente é santificada pelo marido” – o que Paulo está ensinando?



Paulo está simplesmente dizendo que é o inverso que acontece – se de fato o cônjuge convertido foi de fato regenerado e vive uma nova vida – deve entender que maior é aquele que agora habita, dirige e santifica ele do que aquele que está no mundo. O poder e a graça de Deus manifesta na vida do cônjuge convertido é tão grande, que ao invés de dele ser influenciado pelo mal na vida do não regenerado, o não regenerado será influenciado pela graça, que opera os frutos do Espírito, e o poder de Deus na vida do convertido. Esse é o ponto de Paulo, ao invés do marido descrente ter uma influência mundana ou não santificadora sobre a esposa, o oposto é verdadeiro, a luz resplandecerá sobre as trevas, e o outro sofrerá a influência da vida transformada do que foi regenerado e é uma nova criatura.

Agora, de que tipo de santificação estamos falando? A palavra está falando simplesmente que há um certo grau de pureza, um certo grau de separação do mal... Ou seja, o cônjuge cristão em um casamento, reduz a força total da impureza e do mal na vida do lar. Num casamento entre dois incrédulos, você tem um mal absoluto operando. Você tem o mundo, a carne, o diabo... e você não tem nada para mitigar este mal. Este mal não tem nada para diluí-lo, enfraquecê-lo. Mas quando um desses cônjuges de fato se converte, de fato é regenerado, esse mal que era absoluto é atenuado.

Então estamos falando aqui de “santificação conjugal”, santificação familiar e não de santificação espiritual produzida pela salvação de um homem. O ponto aqui é que você, que foi regenerado, vai exercer um efeito positivo na medida em que sua presença naquele ambiente íntimo, na casa, no casamento... é sustentado pela graça e o poder de Deus para uma nova vida, e a benção de Deus que flui através dessa nova vida, irá atenuar o mal, que num casamento entre incrédulos seria pleno. Ou seja, haverá um efeito santificante num sentido temporal, num sentido terreno sobre o seu cônjuge descrente. E esse efeito atingirá os filhos: “...de outra sorte os vossos filhos seriam imundos; mas agora são santos.” - 1 Coríntios 7:14



A palavra é usada aqui nestes mesmos termos. O que significa? Se o convertido está preocupado com seus filhos, seriam “imundos” crescendo num lar assim... O que Paulo está ensinando é – Se ambos os pais são não-cristãos, há um nível de mal absoluto que domina o lar, porque Deus não está lá em seu poder e graça. Mas sendo um dos cônjuges é de fato regenerado, os filhos  já não estão sob o impacto total da impureza de uma vida não regenerada, mas em certo grau, este mal é mitigado, restringido, há um certo grau de separação do mal pela presença de uma mãe ( ou pai ) cristão (Regenerado).

Ou seja, sua relação com Deus e a benção que flui de sua vida separada para Deus, terá um efeito positivo sobre o marido e os filhos, um efeito de restrição, em parte, do mal de uma vida não regenerada.  Então Paulo diz, não se separe por causa disso. Se isso partir do cônjuge não cristão por causa de Cristo, você não estará mais em servidão, mas não parta de você por esses motivos alegados. Fique lá, e a obra de Deus através da sua vida terá um impacto atenuante sobre o mal em seus filhos e seu lar. Mitigando o mal que seria pleno pela influência de sua vida limpa e santa que flui da regeneração e santificação de sua vida.

Não há garantias de salvação - “Porque, de onde sabes, ó mulher, se salvarás teu marido? ou, de onde sabes, ó marido, se salvarás tua mulher?” – Mas a presença de uma pessoa regenerada e vivendo para Deus, mitigará o mal, influenciando e não sendo influenciada.

Fonte: Josemar Bessa

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