domingo, 30 de setembro de 2012

O que é Pietismo?

 
Por: R. C. Sproul Jr. 
Pietismo é uma visão que olha para o mundo mais amplo como uma questão de extrema insignificância, pois se foca exclusivamente em tornar a alma individual melhor. Radicalmente individualista e profundamente gnóstico, o movimento evita o envolvimento político, denigre o exercício do domínio e algumas vezes faz adições à lei de Deus. Isso, sem dúvida, nunca deveria ser confundido com piedade, que é algo bom. Piedade é santidade no caráter, um zelo de crescer em graça e sabedoria, dar muito fruto do Espírito. Porque essas duas coisas são frequentemente confundidas, não é incomum aqueles mais relaxados na busca da santidade acusar os mais zelosos de pietismo. De forma semelhante, não é incomum alguns que são apaixonados em reafirmar os direitos régios do Rei Jesus, que anseiam em ver o Seu reino reconhecido, desdenhem a busca da piedade pessoal como uma distração.

Nosso chamado, sem dúvida, é trabalhar para manifestar o reinado de Cristo sobre todas as coisas, incluindo nossas almas. E devemos fazer isso em círculos concêntricos. Isto é, minha primeira obrigação é buscar a minha própria santidade. Em seguida devo trabalhar para ver que meus filhos cresçam na graça. Em seguida estão aqueles sob o meu cuidado pastoral, direta ou indiretamente. Finalmente devo trabalhar para ver todas as instituições sob o Seu domínio. Todos nós deveríamos reconhecer quão firmemente ligadas essas coisas são. O mundo, a igreja, minha família melhorarão à medida que eu melhorar. Não abandonei essas coisas para buscar uma piedade maior; estou buscando uma maior piedade servindo a Deus nessas áreas. Da mesma forma, purificar o mundo, a igreja e a minha família por sua vez redundam para minha própria santificação. Ninguém pode errar ao trabalhar para ver a glória e a beleza da autoridade de Cristo mais amplamente reconhecida.

Dito isso, eis aqui alguns exemplos onde a piedade termina e o pietismo começa. Não é incomum ouvir alguns cristãos bem intencionados argumentarem que não deveríamos tentar tornar o aborto ilegal, pois, somos informados, “Isso é uma questão do coração”. Em vez disso, somos informados que precisamos somente trabalhar para ganhar almas, e a questão do aborto cuidará de si mesma. O mesmo, sem dúvida, poderia ser dito sobre o assassinato. O assassinato é ilegal, e as pessoas ainda o praticam. Dessa forma, por que ver os assassinos processados? Ganhar almas não é muito mais importante? Bem, o Senhor a quem alegamos adorar estabeleceu o Estado como um instrumento de justiça. Ele deu a esse Estado a espada para punir os malfeitores. Isso significa que ele chama o Estado a proteger os não nascidos. É impiedade abandoná-los mediante o abandono do nosso chamado profético ao mundo. Sem dúvida deveríamos buscar ver almas alcançadas. Assim como deveríamos buscar ver a justiça sendo feita para com os não nascidos.

Isso nos leva ao nosso segundo exemplo. Há aqueles que argumentam que a única função da igreja é a Palavra e os Sacramentos. A Bíblia, nos é dito, não fala diretamente sobre questões políticas. A igreja não deveria estar falando contra comportamento homossexual. A igreja não deveria falar em favor dos não nascidos. Cultura é simplesmente cultura, uma realidade humana mais que uma realidade espiritual. Não há, portanto, tal coisa como trazer a carpintaria, poesia ou política sob o Senhorio de Cristo. Isso é pietismo. Ele pode estar disposto a afirmar o Senhorio de Cristo sobre todas as coisas, mas não de uma forma que você possa dizer que Jesus reina. A Palavra nos chama a fazer o Seu reinado conhecido, a destruir as obras do diabo e suas tropas diabólicas. E os sacramentos alistam (batismo) e alimentam (Ceia do Senhor) o Seu exército.

Pietismo é uma palavra feia, e podemos ser culpados de usá-la demasiadamente. Um problema, contudo, é que o pietismo é uma realidade feia. A piedade nos chama a sair e demonstrá-la lá fora, em nome do nosso Rei ressurreto e soberano.

Fonte: Highlands Ministries Via: Monergismo

sábado, 29 de setembro de 2012

O que a Teologia da Prosperidade, igreja virtual, culto show... tem em comum?

 
Por Josemar Bessa
 
Nossa geração deseja todas as coisas que os povos idólatras do passado desejavam, e quando a igreja deseja ser relevante para mentes assim, ela entra no mesmo jogo.
 
Pense na idolatria no passado. Ela tinha uma fórmula simples. Tudo que a maioria das pessoas buscam é uma maneira simples de resolver seus problemas, ser “feliz”... um atalho. A fórmula deles era crie um deus, esculpa um deus numa madeira, ou ouro, ou... e o deus irá entrar neste ícone que você criou. Assim você tem um deus no seu meio e um deus controlável. Você agora tem toda a atenção dele quando você quiser e para os seus próprios fins.

Agrade a esse deus, satisfaça as necessidades dele, e ele satisfará as suas. Você tem com ele um elemento de barganha. Eles precisam de comida e sacrifícios... você precisa de benções. Faça a sua obrigação e ele estará obrigado a fazer a dele. Esse era a ideia... não parece com a maior parte do “evangelho” pregado hoje?

Outra característica da idolatria é que ela é fácil. O deus não tinha interesses morais em você, era uma atividade religiosa vã. A questão era: faça o que quiser com a sua vida, contanto que você ofereça os sacrifícios exigidos. O resto é contigo. Como e bom ouvir um “evangelho” assim...

Por isso a idolatria sempre é conveniente. Deuses do mundo antigo eram fáceis de encontrar, um para cada necessidade, o acesso era em toda parte, você pode levar o amuleto para casa, enquanto se desloca...

A idolatria era normal. E como isso define para a maioria das pessoas o seu padrão – a maioria faz isso – quase todos prestam culto assim... Todo mundo faz isso. Cultuar assim não pode estar errado.

A idolatria é lógica para a mente natural. Nações são diferentes, pessoas são diferentes... suas necessidades e desejos são diferentes... Obviamente deve haver uma divindade diferente, ou que pelo menos se ajuste a todas essas diferenças. Dessa forma cada um pode encontrar algo que lhe seja confortável e satisfaça suas necessidades. Isso não é lógico? Quanto mais opções melhor, mais pessoas podem ser alcançadas.

A idolatria era e é agradável aos sentidos. Temos que ter algo que impressione vários sentidos das pessoas – audição, visão, tato... para ajudá-las ver o seu deus... objetos de contato, de fé... é muito difícil alguém ficar impressionado com algo que não pode ver, tocar, sentir...

A idolatria sempre é indulgente. Grande parte dos sacrifícios não exige de fato muito sacrifício do adorador, ele continua senhor de sua própria vida... e depois de tudo ele podia desfrutar do sacrifício... sobrava muito para o homem... bebida, comida... ou os benefícios que seriam recebidos... não havia perdas reais. Generosidade para com os deuses colocava você na festa deles...

A idolatria era sensual... Todo sistema era cheio de erotismo. Que assunto mais encanta essa geração? Como os sermões seriam, na mente de muitos, mais interessantes se estivessem cheios de erotismo... sensualidade... como podemos ter mais, como podemos ser mais plenos e realizados eroticamente... esse é o grande tema da nossa geração, dentro e fora da igreja. A idolatria naqueles dias era assim, sensual. Os rituais poderiam se transformar em orgias. Sexo na terra significava sexo no céu, e sexo no céu significava chuva na terra, colheitas e grandes rebanhos... ah! Os deuses da fertilidade...

Você pode perceber porque havia e há tanta atração na idolatria? Você pode ver porque Israel ao se misturar com os povos nunca esses povos se voltavam para Deus e sim Israel para a idolatria?

Você como esse tem sido o ponto nevrálgico da igreja no mundo? Você entende porque o mundo está na igreja e a “igreja” ao crescer o mundo não tem se tornado como a igreja mais o oposto tem acontecido? Você como a estratégia de ser cada vez mais parecido com o mundo em seus valores, temas... já é uma derrota disfarçada de estratégia?

Porque nossa geração, porque muitos que estão na igreja visível tem esse coração que diz: “Eu quero uma espiritualidade que me deixe senhor de mim mesmo, que me custe pouco, que seja fácil de ver, fácil de fazer, que tenha poucos limites éticos e doutrinários, que me garanta o sucesso, que me faça sentir bem, que não me ofenda, que não ofenda os que me rodeiam... pregue isso e eu ouvirei.”

A tragédia é que nós, nossa geração, grande parte das pessoas que enchem as igrejas... querem o mesmo que todos os povos idólatras mostrados na Bíblia queriam.

Podemos ir a todas essas coisas de uma maneira um pouco diferente, mas...

Queremos uma fé que nos leve as coisas desejadas e que garanta o sucesso em nossas vidas (Evangelho da prosperidade).

Queremos um discipulada que é sempre conveniente (Igreja virtual).

Queremos uma religião ritualística ( Cristianismo nominal ).

Queremos culto que satisfaça desejos não espirituais ( Culto ao entretenimento)...

Queremos seguir a Deus de uma maneira que faça sentido para o mundo, que nos faça sentir bem, e que seja fácil para qualquer homem natural entender.

Em toda a Bíblia, nos dois Testamentos, a idolatria sempre foi a maior tentação para o povo de Deus. Dê uma olhada honesta ao seu redor, para dentro do seu próprio coração – e diga a verdade, a idolatria ainda é a maior tentação para aqueles que se dizem povo de Deus. Ainda é, nunca minimize isso, pois esse foi um erro trágico no passado, e ainda é o erro trágico de nossos dias.

“Filhinhos, guardai-vos dos ídolos. Amém”.
1 João 5:21

Fonte: Josemar Bessa

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Deus: 100% complexo, 100% simples


Por Maurício Zágari

Nossos dias são vinhetas da MTV: alucinados, corridos, confusos, barulhentos, nonsense. TV, internet, games, apps… a lista não acaba. Impossível não querer que isso nos afete. Afeta. E, quando vemos, fomos sequestrados pelo turbilhão da vida pós-moderna. Fomos cooptados. Sugados. É quase uma lobotomia consciente. Mas, de repente, por meios que você jamais imaginaria, Deus põe o dedo sobre os lábios e diz: “Shhhhhhh, acalma-te e cala”.  Quando vem esse tranco, cessa o acelerar do coração, estanca-se  a produção de adrenalina e, motivados pelas mais diversas razões, paramos. Chega. Hora de respirar. Retroceder. Voltar para a retaguarda. Se esconder da humanidade. Correr para longe da multidão de vozes e buscar o isolamento, deixando Deus refazer tudo. E, em meio a todo o ruído ensurdecedor do silêncio que se apresentou a mim quando vivi isso descobri algo encantador: a simplicidade.

De início é pura dor. Dói e dói muito. Mas, acredite, com o tempo você descobre que é um privilégio. Mesmo que seja pelas razões mais dolorosas: se você consegue viver o século 18 em pleno século 21, desfrute. Quem passa por isso experimenta uma época única e inédita na vida. Um período de introspecção, reflexão, oração; época de repensar, refazer, mudar, reconstruir. De buscar o silêncio e fugir do barulho. Em certos momentos, farfalhar de páginas e a voz dos meus pensamentos muitas vezes é o máximo a que me permito ou me foi permitido. Simplicidade.

Em nossos dias, algo raro de se conseguir e muito desvalorizado. Uns são empurrados a viver a simplicidade pelas circunstâncias. Outros, por perdas. Outros, ainda, pela depressão. Ou a descoberta de uma doença terminal. Há os que busquem a vida monástica. Ou a reclusão urbana. Seja qual for a razão ou o meio, conseguir trancar-se ou ser trancado numa bolha em meio ao corre-corre da existência nos leva a um lugar psicológico e espiritual que é puro silêncio.

Simplicidade traz paz. É comida sem requinte, bate-papos triviais, vento nos cabelos, rir de piada sem graça, a incerteza dos planos do Alto para nós e a certeza de que a vida é muito mais do que nos fizeram crer. É viver com pouco dinheiro, descobrir que um punhado de amigos que se preocupam vale mais do que multidões de amigos da boca pra fora, que Dorothy estava certa ao bater seus calcanhares. E, quando a simplicidade te alcança, ali você descobre Deus como nunca antes.

Deus é o ser mais complexo do mundo. Impossível compreendê-lo, desista. Como explicar alguém que não teve começo nem terá fim, que é um e três, que é amor e fogo consumidor, que vira homem sem deixar de ser glória? Não dá. Eu não consigo. Os que tentam acabam criando ídolos. Não, não consigo.  Mas tentei, por muito tempo tentei. Busquei nos livros. Busquei nas conferências. Busquei até os neurônios fritarem. E, sem querer, foi na simplicidade involuntária que percebi que o ser mais complexo do mundo é também o mais simples.  100% complexidade, 100% simplicidade.

A simplicidade de Deus está em muitas coisas. Está, por exemplo, em podermos chamá-lo de Pai. Há coisa mais simples do que deitar no colo de um pai e simplesmente desfrutar do afago nos cabelos? Consequentemente, também está na simplicidade do amor paterno. Saímos do chiqueiro, voltamos cabisbaixos para casa e lhe dizemos com o coração sincero que só queremos ser servos, absolutamente certos de que carregaremos para sempre a lama grudada em nossa alma. E Ele balança a cabeça ante nossa puerilidade e diz com carinho que não entendemos nada: o anel será posto em nosso dedo e o banquete estará na mesa.  É tão só isso que você fica paralisado, sem entender ou se ver digno de um amor tão simples, só deixando os lábios tremerem em silêncio enquanto as lágrimas descem por seu rosto. E você, perdoado, aprende a perdoar. Hoje entendo por que minha filha me beija e agarra meu pescoço após sair de um merecido castigo. Pois o amor de Deus é simples como o amor de uma criança. Quem complica somos nós, adultos bobos.

A simplicidade de Deus torna-se visível quando Ele não se apresenta como uma quimera de vinte tentáculos, dez olhos e fúria titânica, mas como o mais singelo dos animais: o manso Cordeiro. De balido baixo. Calmo. Pacífico. Não, não encontro mais Deus nos berros e barulhos, nos shows e nos gritos de êxtase. Tenho me encontrado com Ele nos momentos de penumbra, nos entardeceres na beira da praia,  nas manhãs de chuva em que - achamos – que não temos o que fazer, que o dia está monótono. Mas monotonia é simplicidade pedindo para ser explorada, é o Rei chamando para conversar. Pois Ele está conosco todos os dias, até a consumação do século, sejam dias de céu azul ou cinzentos. E saber isso basta. É simples. Não é complicado. Ele é e Ele está. Feliz é quem descobre isso a tempo.

É no silêncio da oração sussurrada, na felicidade da lágrima de agonia, na alegria dos joelhos que doem contra o chão duro, na paz da vida destruída… que você olha Deus nos olhos. Jó olhou e viu. Pois nada mais ele tinha. Em meio a sua desgraça, só restou a Jó o monturo e o caco de telha. Sua vida, embora devastada, tornou-se simples. E, em meio à simplicidade, Jó vislumbrou a essência do Redentor e disse a Ele aquilo que todo cristão deveria dizer:

“Na verdade, falei do que não entendia; coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia. Escuta-me, pois, havias dito, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás. Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza.” (Jó 42.3-6)

Por muito tempo busquei Deus na complexidade e hoje vejo o quanto isso me afastou dele. Não desejo mais um Deus complexo, frio e distante. Agora que descobri a simplicidade do carpinteiro de Nazaré quero vivê-la em sua plenitude, pois foi nela que meus olhos o viram. Não quero perder nunca mais esse reflexo em minhas retinas. E que eu morra depois de viver uma vida da qual o meu Salvador possa se orgulhar -  amando a ele e ao próximo, sem devolver mal com mal, depositando meu tesouro no lugar certo e tratando das feridas de quem estiver caído à beira do caminho. É hora de viver essa simplicidade, para que a hora de morrer faça sentido. Simples assim.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício

Fonte: Apenas

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

As boas novas do evangelho num mundo de más notícias

 
Por Rev. Hernandes Dias Lopes

O mundo está empapuçado de más notícias. Tem um prazer mórbido de se alimentar com as informações dragadas do submundo do crime, da corrupção e da violência. Notícia boa não vende jornal nem desperta interesse. O homem corrompido refestela-se com os petiscos imundos do pecado. É nesse contexto de mazelas e decadência que Paulo escreve sua carta aos Romanos, para falar do evangelho. Destacamos, aqui, algumas lições:
 

Em primeiro lugar, qual é a natureza do evangelho. O evangelho trata das boas novas de salvação num mundo imerso na mais completa perdição. O homem morto em seus delitos e pecados é escravo da carne, do mundo e do diabo. É filho da ira e caminha para a perdição. Está no reino das trevas e sob a potestade de Satanás. Sem qualquer mérito existente nesse homem, Deus o amou. Mesmo sendo inimigo de Deus, o próprio Deus caminhou na sua direção para reconciliá-lo consigo mesmo por meio de Cristo Jesus. O Evangelho, portanto, é Deus buscando o perdido. É Deus abrindo para o pecador um novo e vivo caminho para o céu. O evangelho é a expressão da graça de Deus, manifestada em Cristo, aos pecadores perdidos.

Em segundo lugar, quais as atitudes que devemos ter em relação ao evangelho. O apóstolo Paulo assumiu três atitudes importantes em relação ao evangelho. "Eu sou devedor" (Rm 1.14). "Eu estou pronto a anunciá-lo" (Rm 1.15). "Eu não me envergonho" (Rm 1.16). Somos devedores porque Deus nos confiou esse tesouro e não podemos retê-lo apenas para nós. Precisamos ser mordomos fiéis na entrega fiel dessa mensagem salvadora. Devemos estar prontos a anunciar o evangelho em todo tempo, em todo lugar, a todas as pessoas, de todas as formas legítimas, usando todos os recursos disponíveis. Não podemos nos envergonhar dessa mais importante mensagem, a boa nova de que Deus nos amou e enviou seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna!


Em terceiro lugar, qual é a eficácia do evangelho. O evangelho é o poder de Deus para a salvação. Porque Deus é onipotente, o evangelho também o é. Não há outra alternativa para o homem ser salvo a não ser pelo evangelho. Não há pecador tão arruinado moralmente e tão perdido espiritualmente que o evangelho não possa alcançá-lo. O evangelho não é um poder destruidor. É o poder de Deus para a salvação. É o poder que levanta o caído, que encontra o perdido e dá vida ao que está morto em seus pecados. O evangelho revela-nos que a salvação está em Cristo e somente nele. Nenhuma religião pode salvar o homem. Nenhum credo religioso pode reconciliar o homem com Deus. Nenhum sacrifício ou obra humana pode aliviar a consciência do pecador nem mesmo conduzi-lo à salvação.


Em quarto lugar, qual é a exigência do evangelho. O evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo o que crê. O evangelho de Cristo oferece salvação a todos sem acepção, mas não a todos sem exceção. Há uma limitação imposta. O evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê e não para aqueles que permanecem incrédulos e impenitentes. A ideia de que no dia final todos serão salvos está absolutamente equivocada. A salvação universal, ou seja, para todos sem exceção é uma grande falácia. A ideia de que aqueles que rejeitaram o evangelho serão destruídos e deixarão de existir, também, não possui amparo nas Escrituras. A Palavra de Deus fala de bem-aventurança eterna e tormento eterno. O inferno não é a sepultura nem a cessação da existência. O inferno é um lugar um estado de penalidades eternas que está no final de toda vida sem Cristo.


Sabendo que o evangelho é a melhor notícia, vindo do céu, da parte do próprio Deus, acerca da salvação eterna em Cristo Jesus, oferecendo-nos redenção, remissão de pecados e vida eterna, precisamos tomar duas atitudes: Primeira, recebermos com gratidão, pela fé, essa gloriosa oferta. Segunda, comprometermo-nos a proclamar essa mensagem com senso de urgência, no poder do Espírito Santo.

A importância de um pastor


Por Maurício Zágari

De uns tempos para cá, muito tem se falado sobre como pastores são desnecessários. Que com o sacerdócio universal dos santos o ministério pastoral tornou-se um desvio, um anacronismo descartável. Pastor de tempo integral? Não precisa, dizem. Basta ter um “irmão mais experiente na fé” que nos ajude na caminhada e está tudo certo. Entendo as causas desse fenômeno, típico do século 21, mas sou obrigado a discordar dele. A verdade é que escândalos públicos envolvendo pastores fizeram essa “categoria” cair em descrédito. Quem antes era reverendo hoje é suspeito até que se prove o contrário. E, para muitos, é melhor matar o corpo todo do que amputar um dedo gangrenado. Então, na dúvida, cortem a cabeça do ministério pastoral institucional. Só que isso é pecar pela generalização e descartar o que Deus não descartou.

Tomo como parâmetro meus três pastores. São homens tementes a Deus, comedidos com dinheiro, que tratam as ovelhas de modo extremamente amoroso – seja disciplinando, seja restaurando. São pessoas verdadeiramente vocacionadas, homens de Deus visivelmente preparados para desempenhar suas funções eclesiásticas. Sacerdotes que, mais do que julgar o erro alheio e punir pecadores, como verdadeiros cristãos que são se preocupam com o que Jesus de fato se preocupou: não condenar pessoas,  mas conduzi-las ao Céu.
Recentemente, enfrentei um processo pessoal muito difícil. E meu pastor foi essencial para que eu me mantivesse de pé. Testemunhei da primeira fila a diferença que alguém que exerce o ministério por um real chamado divino é capaz de fazer na vida de uma pessoa. Devido a esse processo tinha perdido o ânimo de escrever no APENAS, como já relatei aqui. Abandonei o blog, por crer ter pouco a oferecer e muito a aprender. Mas foi meu pastor quem me incentivou a prosseguir. Sei que vou escrever menos, pois, hoje, minhas atenções estão bem mais distantes da Internet. Mas voltar a escrever aqui  é a cereja do bolo daquilo que devo a meu pastor.

Nesse período da minha vida, vi amor em quem poderia adotar aquela postura carrasca que vemos em muitos pastores com mais notoriedade. Sim, meus pastores são anônimos, você possivelmente nunca ouviu falar deles. Mas, de dentro de seu anonimato, fizeram mais pela minha alma do que todos os pastores famosos juntos. Vi compaixão e um interesse legítimo de cuidar das ovelhas. Vi meu pastor ligar de outro país para saber como eu estava. Vi esperança para o tão criticado ministério pastoral. E que ninguém fale mal de meus pastores ou de sua atividade tão claramente estabelecida por Deus quando eu estiver por perto, pois serei sempre um defensor ferrenho. Por pura gratidão e por reconhecimento daquilo que é feito por tão visível chamado divino.

Esse processo pelo qual passei me fez repensar muitas, muitas coisas. Entre elas, notei, para minha surpresa, que me sinto mais tolerante. Percebi que não me chateio mais com quem critica a figura do “pastor institucional”. Depois de tudo o que enfrentei e de ter visto a diferença que um pastor de verdade faz em nossa vida espiritual, o que sinto por quem abdica do privilégio de ser pastoreado é, confesso, um pouco de pena – e espero que ninguém se ofenda com isso. Possivelmente o crítico é alguém que teve experiências ruins com maus pastores, que foi magoado por sacerdotes mal preparados, foi ferido ou ignorado por ministros do Evangelho sem entendimento do amor de Deus. Se é o seu caso, meu irmão, minha irmã, minha oração é que encontre bons pastores. Aqueles que deixam as 99 ovelhas no aprisco em busca da única perdida. Que cumprem com modéstia seu chamado. Que amam a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.  Efésios 4.11 menciona que “Deus deu uns para pastores”, logo, existem os verdadeiramente chamados para isso. E menosprezá-los seria culpar quem Deus não culpa.  Meus pastores, afirmo, não são “irmãos mais experientes na fé”. São PASTORES, no sentido mais estrito e bíblico da palavra.

Vivi na pele a importância de ter um bom pastor. Que, mais do que um juiz ou um déspota, é um pai. E, como tal, disciplina quem ama, se for o caso. Oferece o abraço, se for o caso. Dá orientações bíblicas e aponta caminhos, se for o caso. E – em todos os casos – tem sempre uma única preocupação em mente: conduzir cada ovelha que lhe foi confiada por desígnio divino no caminho do Céu.

Saiba que seu pastor é seu aliado. Se ele não é perfeito… e daí? Você é? Pastores têm o direito de errar, dê um desconto. São humanos. E não super-humanos. Pastores pecam tanto quanto você e são perdoados por Deus tanto quanto você. O que não faz deles menos pastores. Portanto, não menospreze um bom sacerdote. Se o seu não é “bom” e você não reconhece nele autoridade, busque outra igreja e outro pastor, isso não é pecado. O importante é você ter um homem vocacionado por Deus para zelar por sua alma.

Hoje, mais do que nunca, sei o quanto um pastor é importante em nossa vida. Se deixarmos de lado a puerilidade ou o senso de rebeldia característico da era pós-moderna e reconhecermos nos homens verdadeiramente chamados pelo Senhor para o sacerdócio pessoas confiáveis, teremos à disposição instrumentos maravilhosos de Deus para nos auxiliar em nossa pedregosa caminhada nesta terra.

Sou grato a Cristo pelos pastores que tenho. Homens que me abençoaram e me abençoam enormemente. E oro a Deus todos os dias por eles, em gratidão. Pois só o Senhor sabe como foram importantes nas minhas crises passadas, na minha vida hoje e no futuro da minha jornada. Muitas vezes sem que eles nem ao menos soubessem: por uma palavra, uma orientação em gabinete, uma visita ao hospital (no meu caso, mais de uma), uma pregação, longas conversas, um abraço dado no momento certo.
Ame o seu pastor. Pois o fato de você ter um pastor é uma das provas de que Deus te ama.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício

Fonte: Apenas

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Não se contente com sua pregação medíocre

 
Por Paul Tripp

Quero examinar um lugar onde há demasiada mediocridade na igreja de Jesus Cristo: a pregação. Por cerca de 40 finais de semana por ano eu estou com alguma parte do corpo de Cristo em algum lugar do mundo. Muitas vezes, não sou capaz de sair no sábado e, por isso, vou assistir ao culto da congregação local (quando não estou programado para pregar). O que estou prestes a dizer provavelmente vai me encrencar, mas estou convencido de que precisa ser dito. Estou triste e angustiado por dizer isso, mas já estou cansado de ouvir palestras teológicas chatas e mal preparadas, dadas por pregadores não inspirados, lendo manuscritos, e tudo isso feito em nome da pregação bíblica.

Não estou surpreso que as mentes das pessoas divaguem. Eu não estou surpreso que as pessoas têm lutado para se manter atentas e despertas. Estou surpreso que mais não têm. Eles têm sido ensinados por alguém que não trouxe as armas apropriadas para o púlpito, a fim de lutar por eles e com eles. A pregação é mais do que regurgitar seu comentário exegético favorito, reformular os sermões de seus pregadores favoritos, ou remodelar as notas de uma de suas aulas favoritas do seminário. É trazer as verdades transformadoras do Evangelho de Jesus Cristo de uma passagem que foi devidamente compreendida, convincentemente e praticamente aplicada, e entregue com a ternura envolvente e a paixão de uma pessoa que foi quebrantada e restaurada pelas verdades que ela irá comunicar. Você simplesmente não pode fazer isso sem a devida preparação, meditação, confissão e adoração.

Simplesmente não dá para você começar a pensar em uma passagem pela primeira vez no sábado à tarde ou à noite e dar o tipo de atenção que ela precisa. Você não será capaz de compreender a passagem, de ser pessoalmente afetado e de estar preparado para dá-la aos outros de uma forma que contribua à contínua transformação deles. Como pastores, temos que lutar pela santidade da pregação, ou ninguém mais o fará. Temos que exigir que os afazeres do nosso trabalho permitam o tempo necessário para se preparar bem. Temos que arranjar tempo em nossas programações para fazer o que for necessário para cada um de nós, considerando nossos dons e nossa maturidade, estejamos preparados como porta-vozes para nosso Rei Salvador. Não podemos acomodar com padrões que denigram a pregação e degradem a nossa capacidade de representar um Deus glorioso de uma graça gloriosa. Não podemos nos permitir estarmos muito ocupados e distraídos. Não podemos estabelecer padrões baixos para nós mesmos e para aqueles a quem servimos. Não podemos nos desculpar e acomodar. Não podemos nos permitir espremer mil reais em preparação em poucos centavos de tempo. Não devemos perder de vista Aquele que é Excelente e a excelente graça que fomos chamados para representar. Não podemos, porque estamos despreparados, deixar Seu esplendor parecer chato e sua maravilhosa graça, ordinária.

A cultura e disciplina que envolve a nossa pregação sempre revelam o verdadeiro caráter de nossos corações. É exatamente aí que a confissão e o arrependimento precisam acontecer. Não podemos culpar as exigências de nosso trabalho ou nossa ocupação. Não podemos apontar o dedo para as coisas inesperadas que aparecem no calendário de cada pastor. Não podemos culpar as demandas da família. Temos que humildemente confessar que a nossa pregação é medíocre e que não está subindo ao patamar para o qual fomos chamados. Nós somos o problema. O problema é que perdemos a nossa admiração, e com essa perda nos acomodamos em apresentar a excelência de Deus de uma forma que não é nada excelente. Qualquer forma de mediocridade no ministério é sempre um problema do coração. Se isso o descreve, então corra ao seu Salvador em humilde confissão e abrace a graça que tem o poder de resgatá-lo de si mesmo, e, ao fazer isso, restaurar a sua admiração.

Que texto! Ainda estou atordoado. Rumine novamente nestes trechos:
A pregação é mais do que regurgitar seu comentário exegético favorito, reformular os sermões de seus pregadores favoritos, ou remodelar as notas de uma de suas aulas favoritas do seminário. É trazer as verdades transformadoras do Evangelho de Jesus Cristo de uma passagem que foi devidamente compreendida, convincentemente e praticamente aplicada, e entregue com a ternura envolvente e a paixão de uma pessoa que foi quebrantada e restaurada pelas verdades que ela irá comunicar. Você simplesmente não pode fazer isso sem a devida preparação, meditação, confissão e adoração.
[...]
O problema é que perdemos a nossa admiração, e com essa perda nos acomodamos em apresentar a excelência de Deus de uma forma que não é nada excelente. [...] Se isso o descreve, então corra ao seu Salvador em humilde confissão e abrace a graça que tem o poder de resgatá-lo de si mesmo, e, ao fazer isso, restaurar a sua admiração.
Fonte: Blog Fiel

domingo, 23 de setembro de 2012

Avivamentos Enviados do Céu

 
Por Dr. Harry L. Reeder 
 
Necessitamos de um avivamento espiritual saturado do evangelho. O último verdadeiro avivamento evangélico, do qual ainda recebemos benefícios, foi no século XVIII. Mas a realidade é esta: não haverá avivamento evangélico sem um autêntico avivamento na igreja. Por quê? Porque o instrumento que Deus usa para trazer um avivamento evangélico é a sua igreja.

Aí está o problema. A razão fundamental por que não há um avivamento evangélico é que a igreja contemporânea definha em letargia ministerial, falta de poder espiritual, ignorância bíblica e fascinações das últimas tendências. Um avivamento dado por Deus, enviado do céu, é desesperadamente necessário. Mas estamos anelantes pela graça soberana de Deus, que perscruta a alma e muda a vida, para avançarmos?

Uma avaliação honesta da igreja contemporânea revela que não estamos nem anelantes nem desejosos por um avivamento enviado do céu. Por várias razões, estamos satisfeitos com os substitutos enviados pelo homem que são inadequados e contraprodutivos e contribuem para a ineficácia da igreja contemporânea. Há um indicador infalível que demonstra se um avivamento é enviado do céu ou enviado do homem. Avivamentos enviados do homem (que não são avivamentos, e sim manipulações religiosas voltadas para o próprio homem) são caracterizados por uma preocupação com experiências pessoais momentâneas recebidas, de preferência, instantaneamente. Em contraste, um avivamento enviado do céu produz efeitos duradouros por meio de um compromisso prolongado com os meios que Deus designou para trazer avivamentos genuínos. As Escrituras e a história da igreja revelam que o que parece ser avivamento instantâneo é precedido por liderança fiel, que traz consistentemente a Palavra de Deus ao seu povo, enquanto buscam insistentemente o trono da graça em reuniões de adoração centradas em Deus.

Vemos frequentemente notáveis realizações atléticas no campo de competição, mas não vemos as horas de compromisso dedicado e disciplinado no campo prático precedendo o momento de glória. De modo semelhante, quando vemos avivamento na história e nas Escrituras, não vemos os dias, meses, anos e até décadas de liderança fiel, pregação evangélica, oração de intercessão e adoração centrada em Deus antes de irromper o glorioso avivamento. Mais profundamente, não vemos os corações desesperados do povo de Deus que compreenderam que não tinham nenhuma esperança, exceto em Cristo.

Avivamentos enviados do céu não são explosões de adoração momentâneas focalizadas em "estrelas de rock", nem são experiências efêmeras, manipuladas e sem sentido. Avivamentos enviados do céu vêm por meio de pessoas comuns que, compelidas pelo amor de Cristo, rendem tudo a Ele. O avivamento vem quando os crentes compreendem: "Sem ele, nada posso fazer", mas também: "Tudo posso naquele que me fortalece" (Fp 4.13).

Avivamentos autênticos são caracterizados por confissão de pecado compelida pelo evangelho, quando pecadores culpados concordam com Deus quanto ao disparate, à insanidade e à afronta de seu pecado. Crendo que "todos pecaram e carecem da glória de Deus" (Rm 3.23), eles também creem que a realidade não é simplesmente que "todos" pecaram, mas que "eu mesmo sou o pecador". Com profunda convicção e plena consciência, sua confissão reconhece suas tentativas de assassinar a glória de Deus. Por isso, confessam sua traição contra Deus e se regozijam em que, pela graça de Deus, eles podem confessar o pecado e render-se a Cristo como Senhor e Salvador.

O avivamento autêntico não somente traz confissão de pecado "não fingida", mas também arrependimento sincero que revela um desejo intenso de mortificar intencionalmente o pecado e seguir com zelo a santidade. Além disso, o avivamento traz a manifestação desinibida do quebrantamento e a exultação ousada da vitória em Cristo sobre o pecado, que conduz a uma nova vida de erradicar o pecado, para seguir a obediência focalizada em Cristo.
O avivamento nos leva para as alturas do monte Sinai, onde Deus revela graciosamente o nosso pecado e nos convence da necessidade de um Salvador. Contudo, a maior de todas as maravilhas é que a obra vivificadora da graça de Deus nos leva para as alturas do monte Calvário para que vejamos, pela fé, Cristo crucificado. Ali, no Calvário, vemos o Filho de Deus suspenso entre o céu e a terra para salvar-nos de nossos pecados. Ali, no Calvário, o amor de Deus em Cristo satisfez a santidade de Deus para salvar pecadores para a glória de Deus.

Portanto, eis me aqui, Senhor. "Nada em minhas mãos eu trago, somente à cruz eu me apego." Falsos avivamentos enviados do homem, fascinados com experiências pessoais momentâneas, produzidos por capricho e manipulação, perderam seu apelo. Avivamentos enviados do céu, com seus efeitos duradouros de expandir o domínio da graça de Cristo em minha vida, em meu coração e no mundo, se tornaram meu desejo. "Aviva a tua obra, ó Senhor, no decorrer dos anos" (Hc 3.2). Ó Senhor, aviva a tua obra.

Tradução: Francisco Wellington Ferreira

Fonte: Editora Fiel

É amargo porque atinge até o coração!


“É amargo porque atinge até o coração!” – Jeremias 4.18

Por Josemar Bessa

De todos os problemas de nosso mundo, o pecado é o assunto mais escuro que devia cativar nossas atenções, mas nos tornamos tão familiarizados com ele (nos ressentindo apenas dos seus efeitos quando desagradáveis), que o pecado em si mal nos afeta em nosso caminhar diário. Nós nos tornamos uma sociedade que baniu a ideia de pecado. Nós vivemos em um tempo em que a “igreja” tem banido o pecado de seus cultos...

Nem por isso o Senhor, que o chama de “coisa abominável  que Ele odeia” -  deixa de vê-lo instante a instante como ele de fato o é. Sim, Deus odeia o pecado e mais nada. E não alguns pecados, mas o pecado. E devemos lembrar que o pecado jamais pode ser separado do pecador, ele não é algo que existe fora da existência do pecador.

Deus nunca odiou um ser sem pecado – é impossível. Se o pecado é separado de uma criatura, essa criatura já não tem mais nada a temer! Se o pecado é separado de um mundo, esse mundo já não tem mais nada a temer! Eis a grande notícia da Graça revelada no evangelho.

O pecado não é apenas perigoso – é amargo, e você não pode tentar tratar do amargor do pecado na sociedade quando a sociedade humana ama o pecado. O pecado é amargo e é a fonte abundante de toda a amargura. Por isso o profeta Jeremias usa essa linguagem: “É amargo, porque atinge até o seu coração!” – Ele o chama de raiz da amargura, ele pode ter um sabor doce ao paladar do pecador e de uma sociedade depravada, mas seu amargor é inevitável.

1) O pecado é amargo em sua natureza...

Uma afastamento de Deus, fonte de toda alegria infinita e real.

É oposição a Deus, o doador de todo prazer não pode ser medido.

É rebelião contra Deus, governante justo e santo, que por isso se comprometeu julgá-lo e puni-lo.

É a degradação do homem, que foi feito a imagem do Deus santo e eternamente Feliz!

2) O pecado é amargo em seus efeitos:

Olhe para o mundo – todas as divisões, confusões, guerras, doenças, derramamento de sangue e crueldade... são suas marcas indeléveis.

Olhe para as famílias – Toda a raiva, ressentimento, ciúme, inimizade, falta de amor... são as marcas de suas garras.

Olhe para os indivíduos – todo sofrimento do corpo, todas as torturas da alma, todas as tristezas do tempo, todas as agonias da eternidade – são seus frutos maduros.

Olhe mesmo para os salvos – toda a sua peleja e bom combate, conflitos, dor profunda... são ainda por viverem em combate contra a carne, o mundo e satanás...

De fato cada suspiro em cada peito – mesmo quando Deus se tornou homem e andou no mundo, cada dor no Salvador – foi o pecado.

Todos os gemidos de todos os corações partidos, cama exclamação de angústia humana – tudo fruto do pecado.

O profeta diz que é amargo porque “atinge até o seu coração!” O pecado não é de forma alguma uma ferida na carne, mas uma doença do coração. Lá foi concebido, lá é alimentado, e dali flui.

A conclusão é terrível! Na verdade, o coração do homem é a coisa mais repugnante e poluída no universo de Deus! Sua poluição, a partir do coração, contaminou o universo inteiro. Não há nada tão mau ou abominável na terra ou no inferno – do que esse mau nascido no coração do homem.

Ao chegar ao coração humano o pecado o alienou completamente de Deus. O que fez esse coração não ter qualquer simpatia para com Deus e seu caráter santo. Nenhum desejo de agradá-lo. Nenhum medo de ofendê-lo. O homem tem medo da punição quando devia ter medo do pecado, mas ele o ama.

No coração do pecado não há nenhuma verdadeira paz estabelecida, nenhuma calma santa, nenhuma satisfação tranquila. A paixões turbulentas, consciência contaminada, vontade depravada, entendimento obscurecido. A memória se tornou um porão, um depósito do mal. Na verdade todos os poderes e faculdades da alma foram pervertidos e são erroneamente escravizados pelo pecado.

O pecado ao chegar ao coração, o condenou! Ele não vai ser, ele já está condenado. E se a Graça soberana não o impedir – a sentença de condenação será executada e então o coração se tornará para sempre a sede da agonia terrível, da dor mais torturante, do mais terrível desespero... para sempre!

Jeremias estava certo: “É amargo porque atinge até o coração!” – Essa é a descrição do pecado tão amado pelo homem. É tão amargo que nenhuma língua ou linguagem humana pode descrevê-lo com justiça. E esse amargor está na sede da vida, portanto, contamina toda a pessoa, desvia cada ato, expõe todo homem a ira e maldição de Deus para sempre.

Por causa dele o Salvador nasceu no mundo...

Agora, existe um outro assunto que devia estar em pauta constante na agenda da igreja? Existe um outro problema que devia estar sendo combatida?...

O pecado jamais será parte da agendo do mundo, e quando da igreja resolve segui-la, se torna inútil!

“É amargo porque atinge até o coração!” – Jeremias 4.18

Fonte: Josemar Bessa.com

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Obstáculos para Vir a Cristo

 
Por A.W. Pink 

“Ninguém pode vir a mim” (João 6:44).

O homem natural é incapaz de “vir a Cristo”. Citemos João 6:44, ” Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou não o trouxer.” A razão pela qual “duro é esse discurso”, até mesmo para milhares que professam ser cristãos, é que eles fracassam completamente em compreender o terrível estrago que a queda provocou; e, o que é pior, eles mesmos não se dão contam da “chaga” que existe nos seus próprios corações (1 Rs. 8:38). Certamente se o Espírito já os tivesse despertado do sono da morte espiritual, e lhes dado ver alguma coisa do pavoroso estado em que estão por natureza, e feito sentir que suas “mentes carnais” são “inimizade contra Deus” (Rm. 8:7), então eles não mais discordariam dessa solene palavra de Cristo. Mas aquele que está espiritualmente morto não pode ver nem sentir espiritualmente.

Onde reside a total incapacidade do homem natural? Ela não está na falta das faculdades necessárias. Isso tem de ser bastante enfatizado, do contrário o homem caído deixaria de ser uma criatura responsável. Mesmo que os efeitos da queda tenham sido terríveis, eles não privaram o homem de nenhuma das faculdades que Deus originalmente lhe concedeu. É verdade que o pecado tirou do homem a capacidade de utilizar essas faculdades corretamente, ou seja, empregá-las para a glória do Criador. Entretanto, o homem caído possui ainda a mesma natureza, corpo, alma e espírito, que tinha antes da Queda. Nenhuma parte do ser do homem foi aniquilada, ainda que cada uma tenha sido contaminada e corrompida pelo pecado. De fato, o homem morreu espiritualmente, mas a morte não é a extinção do ser (aniquilação) — morte espiritual é a alienação de Deus (Ef. 4:18). Aquele que é espiritualmente morto está bem vivo e ativo no serviço de Satanás.

A incapacidade do homem caído (não regenerado) de vir a Cristo não reside em nenhum defeito físico ou mental. Ele tem o mesmo pé para levá-lo tanto a um local onde o Evangelho é pregado, como para caminhar até um bar. Ele possui os mesmos olhos que podem lhe servir para ler tanto as Escrituras Sagradas como os jornais. Ele tem os mesmos lábios e voz para clamar a Deus os quais usa agora em conversas fiadas e em canções ridículas. Assim, também, possui as mesmas faculdades mentais para ponderar sobre as coisas de Deus e sobre a eternidade, as quais ele utiliza tão diligentemente nos seus negócios. É por causa disso que o homem é “indesculpável”. É o mau uso das faculdades que o Criador lhe concedeu que aumenta a sua culpa. Que cada servo de Deus veja que essas coisas pesam constantemente sobre os seus ouvintes não convertidos.

1) A incapacidade do homem está na sua natureza corrompida.

Nós temos de ir bem mais a fundo se quisermos encontrar a fonte da incapacidade do homem. Devido à queda de Adão, e por causa do nosso próprio pecado, a nossa natureza se tornou tão corrompida e depravada que é impossível para qualquer homem “vir a Cristo”, amá-lO e serví-lO, estimá-lO mais que tudo neste mundo e submeter-se a Ele, até que o Espírito de Deus o regenere e implante nele uma nova natureza. A fonte amarga não pode jorrar água doce, nem a árvore má produzir bons frutos. Deixe-me tentar explicar isso melhor através de uma ilustração. É da natureza de um abutre alimentar-se de carniça; no entanto, ele tem os mesmos órgãos e membros que lhe permitiriam comer grãos, como fazem as galinhas, mas ele não possui nem a disposição nem o apetite para tal alimento. É da natureza da porca o chafurdar na lama; e apesar dela possuir pernas como a ovelha para levá-la à campina, lhe falta entretanto o desejo por pastos verdejantes. Assim acontece com o homem não-regenerado. Ele tem as mesmas faculdades físicas e mentais que o homem regenerado possui para empregar no serviço e nas coisas de Deus, mas não tem amor por elas.

“Adão… gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem” (Gn. 5:3). Que terrível contraste há aqui com o que lemos dois versículos antes: “… Deus criou o homem, à semelhança de Deus o fez”. No intervalo entre esses dois versos, o homem caiu, e um pai caído pode gerar somente um filho caído, transmitindo-lhe a sua própria depravação. “Quem da imundícia poderá tirar coisa pura? (Jó 14:4). Por isso nós encontramos o salmista de Israel declarando, “Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe” (Sl. 51:5). No entanto, apesar de por natureza Davi ser um monte de iniquidade e pecado (como também somos nós), mas tarde a graça fez dele o homem segundo o coração de Deus. Desde que idade essa corrupção da natureza aparece nas crianças? “Até a criança se dá a conhecer pelas suas obras” (Pv. 20:11). A corrupção do seu coração logo se manifesta: orgulho, vontade própria, vaidade, mentira, aversão ao que é bom, são frutos amargos que cedo brotam no novo, mas corrupto, ramo.

2) A incapacidade do homem está na completa escuridão em que se encontra o seu intelecto.

Essa importante faculdade da alma foi destituída da sua glória original, e coberta de confusão. Tanto a mente como a consciência estão corrompidas: “Não há quem entenda”(Rm. 3:11). O apóstolo solenemente lembra os santos, “Pois outrora éreis trevas” (Ef. 5:8), não somente estavam “em trevas”, mas eram as própria “trevas”. O pecado fechou as janelas da alma e a escuridão se estende por todo o lugar: ela é a região das trevas e da sombra da morte, onde a luz é como a escuridão. Lá reina o príncipe das trevas, onde não se pratica nada além das obras das trevas. Nós nascemos espiritualmente cegos, e não podemos ter essa visão restaurada sem um milagre da graça. Esse é o seu caso quem quer que você seja, se ainda não nasceu de novo” (Thomas Boston, 1680). “São filhos sábios para o mal, e não sabem fazer o bem” (Jr. 4:22).

“O pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar”(Rm. 8:7). Existe no homem não regenerado uma oposição e aversão pelas coisas espirituais. Deus revelou a Sua vontade aos pecadores no tocante ao caminho da salvação, contudo eles não trilharão esse caminho. Eles sabem que somente Cristo é capaz de salvá-los, no entanto eles recusam se separar das coisas que obstruem o seu caminho até a Ele. Eles ouvem que é o pecado que mata a alma, no entanto o afagam em seu peito. Eles não dão ouvidos às ameaças de Deus. Os homens acreditam que o fogo há de consumir-lhes, e estão em grande tormento para evitá-lo; contudo, mostram com suas ações que consideram as chamas eternas como se fossem um mero espantalho. O mandamento divino é “santo, justo e bom”, mas o homem o odeia, e só o observa enquanto a sua respeitabilidade é promovida entre os homens.

3) A incapacidade do homem está na corrupção dos seus sentimentos.

“O homem, no estado em que se encontra, antes de receber a graça de Deus, ama tudo e qualquer coisa que não seja espiritual. Se você quiser uma prova disso, olhe ao seu redor. Não há necessidade de nenhum monumento à depravação dos sentimentos humanos. Olhe por toda parte. Não há uma rua, uma casa, e não somente isso, nenhum coração, que não possua uma triste evidência dessa terrível verdade. Por que no Dia do Senhor o homem não é encontrado congregando-se na casa de Deus? Por que não nos achamos mais freqüentemente lendo nossas Bíblias? O que acontece para a oração ser um dever quase que totalmente negligenciado? Por que Jesus Cristo é tão pouco amado? Por que até mesmo os seus seguidores professos são tão frios em seus sentimentos para com Ele? De onde procedem essas coisas? Seguramente, caros irmãos, nós não podemos creditá-las a outra fonte que não a corrupção e a perversão dos sentimentos. Nós amamos o que deveríamos odiar, e odiamos o que deveríamos amar. Não é outra coisa senão a natureza humana caída que nos faz amar esta vida mais do que a vida por vir. É um efeito da Queda o fato do homem amar o pecado mais que a justiça, e os caminhos do mundo mais que os caminhos de Deus”. (Sermão de C.H. Spurgeon em Jo. 6:44).

Os sentimentos do homem não regenerado são totalmente depravados e desordenados. “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto” (Jr. 17:9). O Senhor Jesus afirmou solenemente que os sentimentos do homem caído (não regenerado) são a fonte de toda abominação: “Porque de dentro do coração do homem, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, a malícia, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura” (Mc. 7:21,22). Os sentimentos do homem natural estão miseravelmente deformados, ele é um monstro espiritual. O seu coração se encontra onde deveriam estar os seus pés, seguro ao chão; seus calcanhares estão levantados contra os Céus, para onde deveria estar posto o seu coração (At. 9:5). Sua face está voltada para o inferno; por isso Deus o chama para converter-se. Ele se alegra com o que deveria entristecê-lo, e se entristece com o que deveria alegrá-lo; se gloria com a vergonha, e se envergonha da sua glória; abomina o que deveria desejar, e deseja o que deveria abominar (Pv. 2:13-15) (extraído do Boston’s Fourfold State).

4) Sua incapacidade está na total perversão da sua vontade.

“O homem pode ser salvo se ele quiser”, diz o arminiano. Nós lhe respondemos, “Meu caro senhor, nós todos cremos nisso; mas essa é que é a dificuldade — se ele quiser.” Nós afirmamos que nenhum homem deseja vir a Cristo por sua própria vontade; não, não somos nós que o dizemos, mas Cristo mesmo declara: “Contudo não quereis vir a mim para terdes vida” (Jo. 5:40); e enquanto esse “não quereis vir” estiver registrado nas Escrituras nós não podemos ser levados a crer em nenhuma doutrina do livre arbítrio. “É estranho como as pessoas, quando falam sobre livre arbítrio, falam de coisas das quais nada compreendem. Um diz “Ora, eu creio que o homem pode ser salvo ser ele quiser”. Mas essa não é toda a questão. O problema é: é o homem naturalmente disposto a se submeter aos termos do Evangelho de Cristo? Afirmamos, com autoridade bíblica, que a vontade humana é tão desesperadamente dada ao engano, tão depravada, e tão inclinada para tudo que é mau, e tão avessa a tudo aquilo que é bom, que sem a poderosa, sobrenatural e irresistível influência do Espírito Santo, nenhum homem nunca será constrangido a buscar a Cristo.” (C.H. Spurgeon).

“Há uma corda de três pontas contra o céu e a santidade, que não é fácil de ser rompida; um homem cego, uma vontade pervertida, e um sentimento desordenado. A mente, inchada pela vaidade, diz que o homem não deve se humilhar; a vontade, inimiga da vontade de Deus, diz: ele não quer; as emoções corrompidas levantando-se contra o Senhor, em defesa da vontade corrompida diz: ele não irá. Assim a pobre criatura permanece irredutível contra Deus, até o dia do Seu poder, quando é feito nova criatura” (Thomas Boston).

Pode ser que alguns leitores sejam inclinados a dizer: “ensinamentos como estes desencorajam pecadores e os levam ao desespero”. Nossa resposta é: Primeiro, eles estão de acordo com a Palavra de Deus! Segundo, esperamos que Ele se agrade em usar essas verdades para levar alguns a desesperarem-se de qualquer ajuda que possam encontrar neles mesmos. Terceiro, esse ensino manifesta a absoluta necessidade da obra do Espírito Santo nessas criaturas depravadas e espiritualmente impotentes, se algum dia vierem salvificamente a Cristo. Então, até que isso seja claramente entendido, o Seu auxílio nunca será realmente buscado.

Fonte:  Voltemos ao Evangelho

Gratidão em Tempos de Aflições!

 
Por Rev. Jaime Marcelino
 
"Sou grato ao meu Deus, por tudo que recordo de vós..." (Fp 1: 3-6)
 
Parece que uma excelente maneira de se aferir o crescimento na "graça e no conhecimento do Senhor Jesus Cristo" é pelo quanto somos gratos ao Senhor no dia a dia. Mas, sem dúvida alguma, tal crescimento se torna mais excelente e saudável, quando louvamos nosso Deus pelo que Ele fez ou está fazendo em favor de outros irmãos! Quanto a isso, pensemos um pouco e perguntemos: Qual era a situação do apóstolo Paulo quando disse: "Sou grato ao meu Deus, por tudo que recordo de vós"? Porventura, não estava ele numa prisão, sem poder sair e entrar livremente como nós provavelmente estamos agora? No entanto, sua atenção estava voltada não para si, mas para os seus irmãos filipenses, que naquela ocasião estavam entristecidos e preocupados por saberem da enfermidade do seu mensageiro, Epafrodito. Por isso, Paulo pôs-se a escrever esta carta, repleta da alegria no Senhor Jesus, a fim de fortalecer a fé deles! Aprendamos, pois, com este alegre prisioneiro do Senhor Jesus Cristo, o Senhor da glória, a ser gratos, mesmo estando sob o peso das aflições.

1. Paulo reconhecia o Senhor em todas as circunstâncias! Eis que ele afirmou, estando preso: "sou grato ao meu Deus". Destaco, nesse ponto, a fé do apóstolo no Deus Soberano, que domina sobre tudo e faz que todas as coisas contribuam para o cumprimento dos Seus propósitos e glória. E ao louvar a Deus estando encarcerado, Paulo demonstra estar contente com o seu então momento e confiante de que sua prisão faz parte da Providência. Talvez, a melhor ilustração dessa confiança no controle de Deus em todos os eventos da história humana está em Atos dos apóstolos, quando a igreja, sob o peso da perseguição, orou ao Senhor, dizendo, dentre outras coisas: "porque verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel, para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram" (At 4: 27, 28). Ora, tal confiança deve ser a de todo crente no Senhor Jesus, como está escrito no Livro de Provérbios: "Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas" (Pv 3: 6).

2. Paulo se alegrava no Senhor durante as situações difíceis por crer ser Deus o Seu Deus! A expressão de louvor "sou grato ao meu Deus" é de vital importância, pois é a resposta de quem crê ser Deus o Deus da aliança! Ou seja, Paulo sabia que o seu Deus era "o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó" – Ele prometeu dizendo-lhes: "Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência no decurso das suas gerações, aliança perpétua, para ser o teu Deus e da tua descendência". A implicação disso é dupla: Por um lado, a fidelidade de Deus o impele a cumprir todas as Suas promessas para com o Seu povo; por outro lado, Seu povo declara ter a Ele somente como Seu Deus, pelo que se submete confiantemente a Ele em todas as coisas. No entanto, o pensamento se aprofunda muito mais quando lembramos que nosso Senhor Jesus Cristo, no ápice da Sua obediência ao Pai Celeste, disse cheio de confiança: "Deus meu, Deus meu...". Dessa maneira, Paulo cria e nós cremos que, em relação ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, nós "somos seus adoradores e Ele é nosso Deus; nosso pelo pacto, pela promessa, pelo juramento e pelo sangue" (Spurgeon). Que alegria é lembrar que as lutas que enfrentamos devem ser para nós prova evidente de salvação, "porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo e não somente de crerdes nele"! (Fp 1: 28, 29); afinal, nós somos "bem-aventurados", pois cremos e dizemos: "Senhor meu e Deus meu" (Jo 20: 28).

3. E Paulo louvava o Senhor ao saber do progresso espiritual dos seus irmãos!  Disse Paulo: "Sou grato ao meu Deus, por tudo que recordo de vós...".  É bem provável que a chegada de Epafrodito tenha sido uma das razões para Paulo escrever tão afetuosa carta. Mas certamente é verdade que as notícias trazidas por Epafrodito acerca do estado da igreja encheram o coração de Paulo da alegria no Senhor! Quem sabe se o apóstolo não ouviu coisas como as seguintes: Oh! Paulo, os filipenses continuam perseverantes, ainda que as lutas sejam grandes e intensas! Oh! Paulo, eles não cessam de orar por sua vida e libertação! Oh! Estimado apóstolo, saiba que foi com muita alegria que eles me enviaram até aqui para lhe apoiar!

Por isso, ainda que houvesse deficiências no seio da igreja dos filipenses, uma coisa era certa: eles estavam perseverantemente engajados, associados e comprometidos com o evangelho no qual creram! E os sinais de tal progresso foram tão evidentes e fortes que Paulo disse cheio de júbilo: "Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completa-la até ao Dia de Cristo Jesus" (v. 6).

Agora, consideremos bem a questão dentro do seu contexto e ocasião: Aí está um homem preso! Aí está um homem passando por necessidades, por não poder trabalhar para ter o seu próprio sustento! Mas é exatamente tal homem que "esquece" seu estado negativo e consegue alegrar-se ao saber do bem- estar de outrem – saber que o Deus que lhe dava uma porção dolorosa naquele momento, derramava Sua graça ao fazer progredir, em todos os sentidos, (materiais e espirituais) os que estavam em liberdade.
Oh! Caríssimos irmãos em Cristo, humilhemo-nos e nos arrependamos caso não estejamos contentes com a porção que temos recebido do Senhor, e especialmente, se não temos nos alegrado com os que se alegram! Não sejamos como o filho mais velho da parábola do filho pródigo, que não conseguia se alegrar ao ver o regresso do seu irmão, pelo contrário criticou a alegria do seu pai!

Então, comecemos por reconhecer a cada dia que o Senhor cuida de nós; por isso, "nada nos faltará", nem mesmo as coisas negativas que nos fazem crescer! Também lembremos que Deus cuida dos nossos irmãos e, quando virmos o progresso deles, adoremos a Deus em Cristo Jesus por abençoá-los também!

Que o Senhor Jesus Cristo, o Senhor da glória, nos ensine a sermos gratos nEle até em tempos de aflições!

Fonte: Editora Fiel