sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Informação ou conhecimento?

 
Por  Gabriele Greggersen
 
Fiquei bastante intrigada nesses dias com a notícia de que todos os produtos do supermercado devem conter a informação sobre os impostos devidos ao governo, embutidos no preço. Como bem observou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, essa nova resolução é impraticável, já que isso aumentará o custo dos produtos, o que reverterá sobre o preço.
 
Tirando esse aspecto bastante paradoxal, há outro detalhe que penso ser digno de nota: essa informação é útil? Não é só pelo aspecto de que sejam raros os consumidores que leem as informações contidas na embalagem dos produtos (quem sabe eu pudesse me limitar a dizer que sejam “raros os consumidores que leem”....), mas mesmo que eles leiam, que efeito essa informação terá na vida do consumidor? Pois, se essa pergunta não é feita, a informação valerá pela mera informação, e não como conhecimento útil.
 
Na prática, pouco ou nenhum efeito terá a informação sobre o fato de pagarmos impostos absurdos toda vez que vamos ao supermercado. Poderíamos comparar essa resolução com aquela do “ficha limpa”. Neste último caso, a informação, ao atingir o eleitor, terá efeitos visíveis e concretos.
 
Mas que efeito se poderá esperar da informação sobre o imposto do produto? Quem sabe ficaremos mais apreensivos e se tivermos os meios de influenciar a cobrança de impostos, quem sabe essa informação mude alguma coisa.
 
Você pode me dizer que sou cética, que a informação sempre é válida, que as pessoas, ao se conscientizarem de certas realidades, poderão alterá-la.
 
O que me incomoda nessa teoria é a crença de que só a informação possa alterar a realidade. Mas enquanto tal informação não for canalizada para se tornar conhecimento, de nada ela adiantará para alterar a realidade. Somos diariamente bombardeados por informações. Mas quantas delas alterarão nossa vidas na prática?
 
Quantas são as pessoas que na sociedade da informação reduzem o conhecimento ao dado? Cremos piamente que “a voz do povo é a voz de Deus”. E se o povo estiver errado? E se a crença na democracia for uma falsa impressão de justiça, que é um passo além da democracia? E quantos sabem o que a democracia significa na prática?
 
No mundo cristão, quantos são os cristãos que confundem conhecimento com informação? Quantos são os que vão à igreja à espera de informação, e não de conhecimento transformador? E quantos são os pastores que atendem a tal expectativa para manter o seu público interessado? E quantos são os pregadores, eles mesmos, que confundem conhecimento e informação?
 
Se a informação fosse conhecimento, a igreja seria logo substituída pela pregação virtual. E onde fica a comunhão? Não sou contrária à sociedade da informação, mas sou muito mais favorável à sociedade do conhecimento.
 
Enquanto a informação é como o dado colhido no laboratório pelo médico, o conhecimento é a prescrição completa que o médico formulará com ajuda dos dados. A diferença entre as duas coisas é significativa. Conhecimento tem a ver com intimidade, com convivência com diálogo e com transformação.
 
Fonte: Últimato

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Por Quem Jesus Provou a Morte?


Por John Piper

"Vemos, porém, aquele que foi feito um pouco menor que os anjos, Jesus, coroado de glória e honra, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos." (Hebreus 2:9)

Para aqueles a quem Ele veio salvar

Ontem marchei para Jesus, juntamente com milhares de pessoas nas cidades gêmeas (Minneapolis e Saint Paul) e com milhões ao redor do mundo. Quando fiz a curva do Nicollet Mall em direção à rua Sexta, estávamos cantando a segunda estrofe de "Oh, venham coroar Jesus o Salvador". Eu provavelmente era o único que já estava pensando na mensagem desta manhã. E o título desta mensagem é: "Por quem Jesus provou a morte?". A estrofe de "Oh, venham coroar Jesus o Salvador" é mais ou menos assim:

Coroe o Senhor da Vida
Que triunfou sobre o túmulo
E levantou-se vitorioso na contenda
Para aqueles a quem Ele veio salvar
Sua glória agora nós cantamos
Quem morreu e subiu às alturas
Quem morreu para trazer a vida eterna
E vive para morte exterminar

Ele triunfou sobre a morte e ressurgiu vitorioso da luta por aqueles a quem veio salvar. "Para aqueles a quem Ele veio salvar." Estas palavras parecem indicar que o escritor deste hino acredita que Jesus Cristo tinha um projeto para realmente salvar um determinado grupo de pessoas pela Sua morte. Ele triunfou sobre a morte para aqueles a quem Ele veio salvar. Parece haver alguns que ele veio salvar, e que para estes a morte foi derrotada e a vida eterna é dada.

Para Todos?

Minha questão nesta manhã é a seguinte: "Por quem Cristo provou a morte?". Pergunte a 100 pessoas cristãs evangélicas na América e 95 provavelmente dirão: "Todos". E há algo muito positivo nesta resposta – e algo negativo. O lado positivo é que não é faccioso ou elitista ou sectário. Olha-se para o mundo, querendo que outros desfrutem do perdão dos pecados que os crentes desfrutam. Não é restrito e limitado em suas afeições.

Ele tenta expressar a verdade bíblica de que Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho único para que todo aquele que crê não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3:16). É saudável e correto acreditar que todo aquele que tem fé - não importa a raça, ou o grau de instrução, ou a inteligência, ou a classe social, ou a religião – todo aquele que coloca a fé em Jesus Cristo é justificado e aceito por Deus, com base no sangue derramado de Jesus. É saudável e correto acreditar que ninguém pode dizer: "Eu realmente quero ser salvo por Jesus acreditando, mas eu não posso ser, porque Ele não morreu por mim." Ninguém pode dizer isso. Não há quem tenha verdadeira fé por quem Jesus não morreu.

Há muitas razões pelas quais esta resposta (que Jesus provou a morte por todos) é um sinal de boa saúde espiritual. Uma das razões mais óbvias está aqui, no nosso texto, Hebreus 2:9:

"Vemos, porém, aquele que foi feito um pouco menor que os anjos, Jesus, coroado de glória e honra, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos."
A resposta que 95% dos evangélicos dariam é um sinal da existência da vontade de dizer o que a Bíblia diz.

Mas dizer o que a Bíblia diz e dizer o que ela significa não são necessariamente a mesma coisa. É por isso que eu disse que há algo de negativo em responder à pergunta "Por quem Jesus provou a morte?" simplesmente dizendo "todo mundo". O que é negativo, não significa, em primeiro lugar, que seja errado. Pode não estar errado. Depende do que você quer dizer com isso. O que é negativo é que este argumento não se aprofunda no que Jesus realmente cumpriu quando morreu. Ele presume que todos sabemos o que Ele fez, e que realizou seu sacrifício por todos da mesma maneira. Isso não é saudável, porque não é verdade. Meu palpite é que a maioria desses 95% que dizem que Jesus morreu por todos teriam dificuldade em explicar exatamente o que é que a morte de Jesus realizou para todos - especialmente o que é que foi feito para aqueles que se recusam a acreditar e irão para o inferno.

Então por que nem todos são salvos?

Em outras palavras, não é saudável dizer que Jesus provou a morte por todos e não saber o que Jesus realmente cumpriu ao morrer. Suponha que você me diga: "Eu creio que Jesus morreu por todos," e eu respondo: "Então por que nem todos são salvos?" Sua resposta provavelmente seria: "Porque você tem que receber o dom da salvação, você tem que crer em Cristo para que a morte dEle possa valer para você." Eu concordo, mas então eu digo: "Então você acredita que Cristo morreu por pessoas que o rejeitam e vão para o inferno, da mesma forma que ele morreu por aqueles que o aceitam e vão para o céu?" Você diz: "Sim, a diferença é a fé daqueles que vão para o céu. A fé conecta você aos benefícios da morte de Jesus."

Há vários problemas nessa resposta. Vou mencionar apenas um. E eu me debruço sobre isso porque, se é nisso que você acredita, então você está perdendo as profundas riquezas da aliança de amor que Deus tem para você, em Cristo, por causa desse entendimento de que o amor dele é o mesmo tanto para os que creem quanto para os que O rejeitam. E você está seriamente "negligenciando a sua grande salvação", que vimos em Hebreus 2:3 que não devemos fazer. Se você acredita que aqueles que foram para o inferno foram amados e que a morte de Cristo vale tanto quanto vale para você, você nunca chegará a conhecer a total grandeza do amor do Calvário.

Seria como se uma esposa insistisse para que seu marido a amasse e se sacrificasse por ela, da mesma forma que ele ama e se sacrifica por todas as mulheres do mundo. Mas, na verdade, o apóstolo Paulo diz em Efésios:

"Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, a fim de a santificar, tendo-a purificado com a lavagem da água, pela palavra, para apresentá-la a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem qualquer coisa semelhante, mas santa e irrepreensível."

É isso que nós queremos dizer quando nos referimos que Ele morreu pela Igreja, Sua noiva. Em outras palavras, há uma preciosa e incomensurável aliança entre Cristo e Sua noiva, o que O levou a morrer por ela. A morte de Jesus é pela noiva de Cristo de maneira diferente que por aqueles que perecem.

Aqui temos um problema em dizer que Cristo morreu por todos da mesma forma que morreu pela Sua noiva. Se Cristo morreu pelos pecadores que ao final se perderão do mesmo modo que morreu pelos que serão salvos, então por qual motivo os perdidos serão punidos? Os pecados deles foram ou não cobertos pelo sangue de Jesus? Nós Cristãos dizemos: "Cristo morreu pelos nossos pecados" (I Coríntios 15:3). E nós queremos dizer que ele morreu para pagar a dívida que esses pecados geraram. A morte dEle removeu a ira de Deus de sobre mim. A morte dEle retirou a maldição da lei de sobre mim. A morte dEle comprou o céu para mim. Essas coisas realmente se cumpriram na morte dEle!

Mas o que significaria dizer que Cristo morreu pelos pecados de um incrédulo que irá para o inferno? Será que significaria que os pecados deste homem foram pagos? Se foram, então porque ele está pagando novamente no inferno? Significaria que a ira de Deus foi removida? Se sim, porque a ira de Deus foi derramada em punição pelos seus pecados? Significaria que a maldição da lei foi retirada? Se sim, porque ele está tendo que suportar a maldição no lago de fogo?

Uma possível resposta é essa: Alguém pode dizer que a única razão porque as pessoas vão para o inferno é o pecado de rejeitar a Jesus, e não por todos os pecados de suas vidas. Mas isso não é verdade. A Bíblia ensina que a ira de Deus virá sobre o mundo, não somente por rejeitarem a Jesus, mas por causa dos seus muitos pecados não perdoados. Por exemplo, em Colossenses 3:5-6, Paulo se refere à imoralidade, impureza, paixões do mundo, concupiscência e avareza, e diz que "por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência". Então as pessoas que rejeitam a Jesus realmente serão punidas por seus pecados específicos, e não somente por rejeitarem a Ele.

Em que sentido Jesus provou a morte por uma pessoa no inferno?

Então, voltamos ao problema: em que sentido Cristo provou a morte pelos pecados deles? Se eles ainda são culpados pelos seus pecados e ainda sofrem punição por causa de seus pecados, o que aconteceu na cruz pelos seus pecados? Talvez alguém use uma analogia. Você poderia dizer que Cristo comprou o ticket deles para o céu e ofereceu isso a eles gratuitamente, mas eles recusaram-se a receber, e por isso estão no inferno. E você estaria parcialmente correto: Cristo realmente oferece o perdão dEle livremente a todos, e qualquer que recebê-lo como o tesouro que é, será salvo por Sua morte. Mas o problema com a analogia é que a compra do ticket para o céu é, na verdade, o cancelamento de pecados. Mas o que nós vimos é que aqueles que recusam o ticket são punidos pelos seus pecados, não podem apenas recusar o ticket. Logo, que significado há em se dizer que os pecados deles foram cancelados? Esses pecados trarão destruição a eles e os manterão fora do paraíso; portanto seus pecados não foram realmente cancelados na cruz e, assim, o ticket não foi comprado.

O ticket para o céu que Jesus obteve para mim pelo seu sangue é limpeza de todos os meus pecados, cobrindo-os, suportando-os em seu próprio corpo para que eles nunca me levassem à ruína – nunca poderão ser colocados sobre mim novamente – nunca. Foi isso que aconteceu quando ele morreu por mim. Hebreus 10:14 diz: "Pois com uma só oferta tem aperfeiçoado para sempre os que estão sendo santificados". Aperfeiçoados perante Deus para sempre, pela oferta da vida dele! É isso que significa que ele morreu por mim. Hebreus 9:28 diz: "Cristo, oferecendo-se uma só vez para levar os pecados de muitos". Ele suportou meus pecados. Ele realmente os suportou (veja Isaías 53:4-6). Ele realmente sofreu por causa deles. Eles não podem e não recairão sobre minha cabeça no julgamento.

Se você me diz que, na cruz, Cristo apenas cumpriu por mim o que ele cumpriu por aqueles que sofrerão no inferno por causa dos pecados deles, então você esvazia a morte de Jesus em seus efetivos cumprimentos por mim, e me deixa com o quê? – uma aliança que perdeu seu precioso poder de assegurar que meus pecados foram realmente cobertos e que a maldição foi verdadeiramente retirada e a ira de Deus removida. Esse é um alto preço a se pagar por dizer que Cristo morreu por todas as pessoas no mesmo sentido.

Eu não creio que a Bíblia nos mande ou, de fato, nos permita dizer que Cristo morreu por todos da mesma maneira. O contexto de Hebreus 2:9 é um bom lugar para mostrar que a morte de Cristo teve um plano ou objetivo especial para os escolhidos de Deus, diferentemente do que para outros.

O Que "todos" significa?

No final do verso 9, o autor diz: "para que, pela graça de Deus, (Cristo) provasse a morte por todos". A questão aqui é se "todos" refere-se a todos os seres humanos sem distinção, ou se refere a todos dentro de um certo grupo. Quanto digo "Todos estão presentes?" eu não quero dizer todos os seres humanos do mundo. Eu quero dizer todos do grupo que tenho em mente. Qual é o grupo que o escritor tem em mente: toda a humanidade sem distinção ou algum outro grupo?

Vamos deixá-lo responder, ao averiguar o verso seguinte. O verso 10 é fundamento do 9: Cristo provou a morte por todos "porque convinha que aquele, para quem são todas as coisas, e por meio de quem tudo existe, em trazendo muitos filhos à glória, aperfeiçoasse pelos sofrimentos o autor da salvação deles". Em outras palavras, imediatamente após dizer que, pela graça de Deus, Cristo provou a morte por todos, o autor explica que o plano de Deus para o sofrimento de Cristo foi "trazer muitos filhos à glória". Então os versos 9 e 10 se juntam assim: Cristo provou a morte por todos, porque convinha a Deus que o caminho para levar seus filhos à glória fosse através do sofrimento e morte de Cristo.

Isso significa que "todos" do verso 9 provavelmente refere-se a todos os filhos levados à glória no verso 10. Em outros termos, o plano de Deus – o objetivo e propósito de Deus – ao enviar Cristo para morrer foi especialmente para levar seus filhos desde o pecado, morte e inferno, para a glória. Ele tinha um olhar especial aos seus próprios filhos eleitos. É exatamente o que o evangelho de João diz em 11:52 – que Jesus morreria para "congregar num só corpo os filhos de Deus que estão dispersos". Esses "filhos de Deus", por quem Cristo morreu, são os "filhos" que Deus está levando à glória através da morte de Cristo em Hebreus 2:10.

Você pode observar isso nos versos 11 e 12 também:

"Pois tanto o que santifica (Cristo) como os que são santificados (os filhos que ele leva à glória), vêm todos de um só; por esta causa ele não se envergonha de lhes chamar irmãos, dizendo (Salmo 22:22): ANUNCIAREI O TEU NOME A MEUS IRMÃOS, CANTAR-TE-EI LOUVORES NO MEIO DA CONGREGAÇÃO."

Os filhos que Deus leva à glória pela morte de Cristo são agora chamados de irmãos de Cristo. Foi por todos estes que Cristo provou a morte.

O versículo 13 chama-os agora não somente de irmãos, mas, em outro sentido, de filhos de Cristo:

"E outra vez: POREI NELE A MINHA CONFIANÇA (A própria confissão de fé de Cristo em seu Pai, junto com seus irmãos). E ainda: EIS-ME AQUI, E OS FILHOS QUE DEUS ME DEU."

Note que os filhos que estão sendo levados à glória pela morte de Cristo agora são chamados de filhos que Deus deu a Cristo. Eles não somente se tornaram filhos por escolherem a Cristo. Deus agiu em favor deles e os trouxe a Cristo – os deu a Cristo. E por todos estes, ele provou a morte e leva-os à glória. Esse é exatamente o modo que Jesus falou sobre seus discípulos na oração de João 17:6: "Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste. Eram teus, e tu mos deste". O cenário que temos é um povo escolhido que o Pai livremente e graciosamente deu ao Filho como seus filhos.

Agora note como os versos 14 e 15 ligam o objetivo da encarnação e da morte de Cristo com seu grupo escolhido de filhos:

"Portanto, visto como os filhos são participantes comuns de carne e sangue (visto que aqueles que o Pai deu ao Filho têm natureza humana), também ele semelhantemente participou das mesmas coisas (natureza humana), para que pela morte derrotasse aquele que tinha o poder da morte, isto é, o Diabo; e livrasse todos aqueles que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à escravidão (pelo nome, todos os filhos e irmãos que Deus deu ao Filho para levar à glória por sua morte)."

A razão aqui explicada para a encarnação e morte de Jesus (no verso 14) é que os "filhos" compartilham da carne e do sangue. É por isso que Cristo veio em carne e sangue. E os "filhos", conforme o verso 13, não são humanos comuns, mas filhos de Deus dados a Jesus. E, assim, todo o plano e objetivo da encarnação e morte de Jesus foi levar os filhos, os irmãos, dados por Deus a Jesus, à glória.

Sua fé foi comprada pela morte de Cristo

Vou parar por aqui no nosso texto, mesmo podendo expor pelo resto do capítulo que o objetivo de Deus em enviar Jesus para morrer foi cumprir algo definitivo pelos seus irmãos, seus filhos, dados por Deus a Ele, retirados do mundo. Mas encerrarei e farei uma aplicação para concluir.

Eu não estou nem um pouco interessado em privar o valor infinito da morte de Jesus de ninguém. Que seja conhecido e ouvido muito claramente: "Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê", eu digo novamente: "todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna". Cristo morreu para que todo aquele que (aqui nesta manhã) acredita não pereça, mas viva.

E quando você crê como deve crer, descobrirá que a sua fé, como todas as outras bênçãos espirituais, foi comprada pela morte de Cristo. O seu pecado da descrença foi coberto pelo sangue e, portanto, o poder da misericórdia de Deus foi derramado através da cruz para reprimir sua rebelião e trazê-lo para o Filho. Você não fez a cruz efetiva em sua vida pela fé. A cruz tornou-se eficaz em sua vida ao comprar a sua fé.

Quanta glória há nisso, irmãos! Glória que seus pecados foram realmente cobertos quando Jesus provou a morte por você. Glória que a culpa realmente foi removida quando Jesus provou a morte por você. Glória que a maldição da lei foi realmente retirada e que a ira de Deus foi realmente removida, e que a preciosa fé que une todos vocês a este tesouro, em Cristo, foi um presente comprado pelo sangue de Jesus.

Jesus provou a morte por todo aquele que tem fé. Porque a fé de todo o que crê foi comprada pela morte de Cristo.

Para maiores reflexões veja:
1 Timóteo 4:10
Efésios 5:25–27
Tito 2:14
João 10:15; 11:52; 17:6, 9, 19
Atos 20:28
Apocalipse 1:5; 3:9; 5:9
Romanos 8:28–32
1 João 2:2 (compare João 11:52)
2 Pedro 2:1

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O Inferno em que Rob Bell se Meteu


Por Augustus Nicodemus Lopes

Acabo de ler a entrevista que Rob Bell deu à revista VEJA desta semana (28/11/2012) com o título “Quem falou em céu e inferno?”. A entrevista provocou intensa polêmica nas redes sociais. Rob Bell se tornou uma figura polêmica quando passou a pregar a salvação de todos os seres humanos no final (universalismo) negando, assim, a realidade do inferno. Este ano ele deixou a igreja que fundou, a Mars Hill Bible Church – não confundir com a Mars Hill Church do Mark Driscoll, uma não tem nada a ver com a outra – para se dedicar ao ministério itinerante percorrendo, segundo a revista VEJA, “o mesmo circuito das bandas de rock”.
Inteligente, carismático, conectado e bom comunicador, Rob Bell tem atraído muitos jovens evangélicos no Brasil, especialmente após o lançamento de seu livro O Amor Vence no ano passado e seus vídeos muito bem produzidos no YouTube.
Achei a entrevista dele extremamente esclarecedora, mesmo considerando que estas entrevistas são editadas e por vezes amputadas pelos editores e raramente publicadas na íntegra. Se o que temos na VEJA é realmente o pensamento de Rob Bell, então declaro aqui que poucas vezes na minha vida vi uma figura religiosa de prestígio se contradizer tanto em um espaço tão curto. É por isto que esta entrevista é esclarecedora. Qualquer evangélico de bom senso, que tenha um mínimo de conhecimento bíblico e que saiba seguir um raciocínio de maneira lógica irá se perguntar o que Rob Bell tem que atrai tanta gente.
Vou começar reconhecendo o que não há de tão ruim na entrevista. Bell se posiciona contra o aborto e reconhece as limitações do darwinismo para explicar a totalidade da existência, embora aceite que Deus poderia ter usado o processo evolutivo como o método da vida.  
Bell também está certo quando diz que céu e inferno são “como dimensões da nossa existência aqui e agora”. Concordo com ele. Os ímpios já experimentam aqui e agora, alguns mais e outros menos, os sofrimentos iniciais do inferno que se avizinha. Da mesma forma, os salvos pela fé em Cristo, pela graça, já experimentam o céu aqui e agora, embora de forma limitada. Lembremos que Jesus disse que quem crê nele já tem a vida eterna. O Espírito em nós é o penhor da nossa herança e nos proporciona um gosto antecipado do que haverá de vir.
Surpreendente para mim foi ver que nesta entrevista Bell não nega o céu ou o inferno depois da morte, mas sim que possamos saber com certeza que eles existem depois da morte. Nas suas próprias palavras, “acredito que céu e inferno são realidades que se estendem para a dimensão para a qual vamos ao morrer, mas aí já entramos no campo da especulação”. A “bronca” dele é com a certeza e a convicção que as igrejas e os evangélicos têm de que após a morte existe céu e inferno. “Vamos pelo menos ser honestos. Ninguém sabe o que acontece quando morremos. Não tem fotografia, não tem vídeo”. É claro que, por este critério, também não podemos ter certeza se Deus existe ou que Jesus existiu, pois não temos nem foto nem vídeo deles – que eu saiba...
Nesta mesma linha, ao se referir ao fato de que acredita que Deus ao final vai conquistar todos, diz “não sei se isso vai acontecer, também não sei o que acontece quando morremos.”
Então, tá. Não sabemos o que acontece depois da morte. Mas é aí que começam as contradições de Rob Bell. Ao ser perguntado se Gandhi, que não era cristão, estaria no inferno, ele responde “acredito que está com o Deus que tanto amou”. Isso só pode ser o céu, certo? A resposta coerente e honesta com seu pressuposto seria “não sei”.
Da mesma forma, quando a revista pergunta sobre Hitler, se ele está no céu, Bell responde que Deus deu a Hitler o que Hitler buscou a vida toda, “infernos para si e para os outros”. E acrescenta “qualquer reconciliação ou perdão, nesse caso, está além da minha compreensão”. Se esta resposta não quer dizer que Hitler recebeu o inferno da parte de Deus depois da morte não sei o que mais poderia representar. A resposta coerente e honesta deveria ter sido esta: “não sei”, o que significa dizer que ele admite a possibilidade de Hitler ter ido para o céu.
À certa altura o jornalista perspicaz indaga acerca do livre arbítrio: “não existe escolha, então, ninguém pode dizer não ao paraíso?” E Bell retruca, “acho que você pode dizer não ao paraíso e neste caso talvez você fique em algum estado de rejeição ou resistência. Talvez seja esse o estado que as pessoas chamam de ‘inferno’”. Bom, parece por esta resposta que para Bell o inferno é na verdade o céu, só que os condenados no céu viverão em estado constante de rejeição e resistência a Deus. Mas, qual o céu disto e neste ponto, em que difere do inferno? Vá entender... e é claro, de onde ele tirou esta ideia? Se não temos na Bíblia informação suficiente para saber se o céu e o inferno existem, muito menos para uma teoria destas.
Não é difícil identificarmos as origens destas contradições tão óbvias no pensamento de Rob Bell.
A primeira e mais importante é que ele rejeita o ensino de Jesus Cristo nos Evangelhos sobre o inferno e o céu. Se Jesus era a personificação do Deus que é amor – e amor é, para Bell, o mais importante, senão o único, atributo de Deus – este é um fato que não pode ser desprezado. Eis alguns poucos exemplos:
·        Mat 5:22  Eu, porém, vos digo que todo aquele que sem motivo se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo.
·        Mat 5:29 Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo lançado no inferno.
·        Mat 5:30  E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não vá todo o teu corpo para o inferno.
·        Mat 10:28  Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo.
·        Mat 11:23  Tu, Cafarnaum, elevar-te-ás, porventura, até ao céu? Descerás até ao inferno; porque, se em Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se fizeram, teria ela permanecido até ao dia de hoje.
·        Mat 16:18  Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
·        Mat 18:9  Se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o e lança-o fora de ti; melhor é entrares na vida com um só dos teus olhos do que, tendo dois, seres lançado no inferno de fogo.
·        Mat 23:15  Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito; e, uma vez feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós!
·        Mat 23:33  Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno?
·        Marcos 9:43  E, se tua mão te faz tropeçar, corta-a; pois é melhor entrares maneta na vida do que, tendo as duas mãos, ires para o inferno, para o fogo inextinguível
·        Marcos 9:45  E, se teu pé te faz tropeçar, corta-o; é melhor entrares na vida aleijado do que, tendo os dois pés, seres lançado no inferno
·        Marcos 9:47  E, se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o; é melhor entrares no reino de Deus com um só dos teus olhos do que, tendo os dois seres lançado no inferno,
·        Lucas 10:15  Tu, Cafarnaum, elevar-te-ás, porventura, até ao céu? Descerás até ao inferno.
·        Lucas 12:5  Eu, porém, vos mostrarei a quem deveis temer: temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno. Sim, digo-vos, a esse deveis temer.
·        Lucas 16:23  No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio.
·       Mat 13:42 e os lançarão na fornalha acesa; ali haverá choro e ranger de dentes.
·       Mat 3:12 A sua pá, ele a tem na mão e limpará completamente a sua eira; recolherá o seu trigo no celeiro, mas queimará a palha em fogo inextinguível.
·       Mat 25:41 Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. E irão estes para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna.
·       João 15:6 Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam.
·       Mat 22:13 Então, ordenou o rei aos serventes: Amarrai-o de pés e mãos e lançai-o para fora, nas trevas; ali haverá choro e ranger de dentes.
As referências de Jesus ao inferno, como o castigo eterno dos ímpios, formam reconhecidamente um dos temas dominantes do ensino dele, como pode ser claramente visto acima. Contudo, Rob Bell afirma contra todas as evidências que Jesus falou muito mais do sofrimento real que as pessoas têm aqui neste mundo. É claro que o Senhor Jesus se preocupou com o sofrimento presente, mas consistentemente, como pode ser visto nas passagens acima, ele nos avisa que o sofrimento eterno é muito pior.
O que espanta é o uso seletivo que Rob Bell faz das palavras de Jesus. Ele ignora por completo todas as passagens cima em que Jesus fala do inferno mas se refere à fala dele sobre os sofrimentos físicos. Bell fala várias vezes na mensagem de amor pregada por Jesus. Mas, de onde ele tirou estas informações acerca da pregação de Jesus? Só pode ter sido do Novo Testamento, o único documento que a preservou. Mas, então, por que ele ignora uma das maiores ênfases da pregação de Jesus, que foi o castigo eterno preparado para os ímpios?
Se Rob Bell diz que não podemos ter certeza de que o céu e o inferno existem, como ele pode ter certeza, então, que Jesus pregou sobre o amor e o sofrimento das pessoas neste mundo? Estas coisas todas estão no Novo Testamento. É evidente a interpretação enviesada, preconceituosa e selecionada que ele faz, conservando as passagens que lhe interessam e rejeitando as que o contradizem.
Outra razão para as contradições de Rob Bell é a sua base epistemológica. Ele declara: “nunca fiquei preocupado com sistema doutrinário, nunca me empenhei em ter confirmação de meu dogma.” Tudo bem. Mas, então, o que ela pensa sobre céu e inferno é o que? Para mim, é sistema doutrinário e dogma. É teologia. Mas, onde ele baseia suas ideias, enfim? A resposta é surpreendente: “tive alguns encontros meus, profundos, com o amor de Deus que tiveram sobre mim, digamos, um impacto pré-cognitivo.” Parece que ele teve algumas experiências que serviram para orientar a sua teologia. Aqui o ensino das Escrituras passou longe, como única regra de fé e prática. Bell é mais um daqueles hereges que apela para suas experiências como fonte de autoridade. Nada novo aqui.
E deve ser por isto que o conceito dele sobre Deus é tão equivocado. Deus é amor, diz Bell. Por isto, a salvação universal deve ser o ponto de partida. Para ele, é “incompreensível um cristão que não considera a salvação universal como a melhor saída, a melhor história”. O erro deste raciocínio, evidentemente, é não levar em conta que Deus também é justo, verdadeiro, santo e reto. Não se pode separar os atributos de Deus e não podemos considerá-lo a partir de um destes atributos somente. O amor de Deus deve ser levado em conta juntamente com a sua santidade e sua justiça. Portanto, um cristão verdadeiro não considera o universalismo como a melhor saída ou o melhor fim da história. O melhor fim da história é aquele escrito por Paulo:
Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição, a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de antemão, os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios? (Rom 9:22-24).
A melhor saída é aquela onde Deus expressa a plenitude do seu ser, o seu amor e a sua ira, nos que se salvam e nos que se perdem, no céu e no inferno.
Por fim, Bell faz uma inferência historicamente equivocada em suporte de seu argumento. Afirma ele que “as pessoas mais interessadas em discutir o inferno depois da morte são as menos interessadas em discutir o inferno sobre a terra”. Não há dúvida de que entre os evangélicos que acreditam no céu e no inferno há muitos que não se importam com as questões sociais, mas a afirmação de Bell é uma generalização grosseira. Calvino, Lutero e os demais reformadores criam no inferno e pregavam abertamente sobre ele. Contudo, poucos fizeram tanto para diminuir o sofrimento da Europa de sua época, abrindo escolas, hospitais, orfanatos, brigando contra leis injustas, o monopólio de alimentos e a corrupção do Estado. Outros muitos exemplos poderiam ser dados para contradizer esta falácia de Rob Bell.
Obrigado, revista VEJA, por ter exposto o pensamento de Rob Bell ao Brasil, as suas incoerências, sofismas e as origens de suas ideias estranhas. Como sempre acontece com as seitas, muitos os seguirão. Mas, como nos disse o apóstolo João, 
Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos. (1Jo 2:19).

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Maria, cheia de graça. E os outros, como ficam?

 
Por Lucas Banzoli 
 
Há uma discussão muito grande no meio apologético, se Maria era “cheia de graça” ou “agraciada”. Sei que entrar na discussão sobre o original grego de Lucas 1:28 é pura perda de tempo. Ambos os lados estão armados até os dentes com argumentos que tem por base o original grego, mais especificamente com relação a uma palavrinha quase mágica, chamada “kecharitomene”. Bem, eu vou dizer aqui neste site anticatólico uma coisa que pode apavorar muitos crentes:

-Sim, eu creio que Maria é “cheia de graça”!

“Nossa, Lucas, agora você foi radical, pegou pesado, virou mariano!”, você poderia dizer. Calma. Antes que você discorde do que escrevi e me crucifique, é importante que você entenda exatamente o que estou querendo dizer:

-Eu creio que todos os cristãos (não apenas Maria) que alcançam o favor divino são cheios da graça de Deus!

Isso mesmo. Às vezes eu fico abismado em ver o bate-boca que se resume se Maria é o ou não “cheia de graça”, quando, na verdade, o ponto principal não tem nada a ver com isso, mas sim se os demais cristãos são desprovidos dessa plenitude da graça, que seria um atributo único e exclusivo de Maria.

Portanto, o que deveríamos tentar fazer é ver se, biblicamente, os demais cristãos são cheios de graça ou se tem uma “graça pela metade”, ao invés de discutirmos se Maria era ou não era cheia de graça, o que é uma discussão secundária, importante somente para os devotos marianos fanáticos.

A verdade bíblica é que todos aqueles que são preenchidos com a graça de Deus são “cheios de graça”. Não existe ninguém com uma “graça pela metade”. Deus não olha para um ser e diz:

“Puxa vida, eu não fui muito com a tua cara. Vou te dar uma ‘meia-graça’, e é bom que fique contente com isso”!

Aí ele olha pra outro e diz:

“Você é mais simpático, vou te dar 80% de graça. E se você for muito bonzinho, fizer boas obras, pagar penitência e subir as escadarias da catedral de joelhos, vai ganhar uma promoção e terá 90% de graça! Daqui a pouco você chega lá”!

Não, não, não...

Essa teologia de “muita graça” e “pouca graça” é totalmente falida, antibíblica e cheia de engano. Deus não dá uma graça “meia-boca” ou “pela metade”. Ele sempre a dá sem limitações:

Porque aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus; pois não lhe dá Deus o Espírito por medida (João 3:34)

A Nova Versão Internacional traduz este verso da seguinte maneira:

“Pois aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, porque ele dá o Espírito sem limitações (João 3:34)

Portanto, Deus não dá do Seu Espírito “por medida”. Ele não o dá “limitado” a alguém, que fica “somente com uma parte”. Não. Ele dá o Seu Espírito completamente. É por isso que a Bíblia sempre diz que somos cheios do Espírito Santo (At.4:8; 7:55; 13:9; 9:17; Lc.1:55; 1:67), e não incompletos do Espírito Santo, tendo apenas uma parte dEle em nós.

Acontece que com a graça divina é a mesma coisa que ocorre. Se Deus concede a nós o Seu Espírito de forma completa, de tal modo que ficamos “cheios” dele, então ele também não dá uma graça “incompleta”, pois o Espírito Santo é tão ou mais importante do que a própria graça de Deus. O Espírito Santo é uma pessoa, a graça não. O Espírito Santo é o próprio Deus, a graça é somente um favor de Deus. E, se a graça é um favor divino, o Espírito Santo é muito mais (Lc.11:13).

Sendo assim, ser “cheio do Espírito Santo” é algo tão ou mais forte e significativo do que ser “cheio de graça”. Negar isso é inferiorizar o valor e importância do Espírito Santo na vida do cristão. E o que nós vemos é que todos os cristãos são “cheios do Espírito Santo”, e não apenas Maria:

“Então Pedro, cheio do Espírito Santo, disse-lhes: Autoridades e líderes do povo...” (Atos 4:8)

“Seu pai, Zacarias, foi cheio do Espírito Santo e profetizou” (Lucas 1:67)

“Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, levantou os olhos para o céu e viu a glória de Deus, e Jesus de pé, à direita de Deus” (Atos 7:55)

“Então Saulo, também chamado Paulo, cheio do Espírito Santo, olhou firmemente para Elimas e disse” (Atos 13:9)

“Ele era um homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé; e muitas pessoas foram acrescentadas ao Senhor” (Atos 11:24)

“Ele nunca tomará vinho nem bebida fermentada, e será cheio do Espírito Santo desde antes do seu nascimento” (Lucas 1:55)

“Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que lhe apareceu no caminho por onde você vinha, enviou-me para que você volte a ver e seja cheio do Espírito Santo (Atos 9:17)

Em outras palavras, vemos que:

O Espírito Santo é um favor divino tão grande quanto a graça ou até maior.

Todos os verdadeiros cristãos são cheios do Espírito Santo, pois Deus não dá o Seu Espírito por medida, limitamente.

Sendo assim, a graça de Deus (que é outro favor divino) deve seguir este mesmo caminho: ela é dada liberalmente, e não por medida!

Ora, se ser cheio do Espírito Santo é algo tão ou mais profundo do que ser cheio de graça, então este último não implica em ser imaculado ou sem pecado, pois todos aqueles que foram cheios do Espírito Santo, inclusive desde antes do nascimento (como é o caso de João Batista – Lc.1:55), pecaram.

Vemos, portanto, que o argumento católico em favor da imaculada conceição de Maria tendo como única base bíblica o polêmico texto de Lucas 1:28 é no mínimo falaciosa. Se João Batista era cheio do Espírito Santo desde antes do seu nascimento e isso não o impediu de pecar, por que Maria deveria ser imaculada pelo simples fato de que (segundo os católicos) ela teria sido cheia de graça desde antes do nascimento? Não faz sentido, a não ser que o valor do Espírito Santo seja menor do que a graça.

O que vemos é que o argumento católico é totalmente falacioso e sem sentido. Ser cheio de graça não é ser livre de pecado, mas ser cheio de favor divino. Graça é isso: favor imerecido. Ser cheio de graça implica, não em não poder mais pecar para o resto da vida, mas sim que Deus está em seu favor, ajudando-o. Mesmo Deus sendo totalmente a favor de todos os grandes homens do povo de Deus no passado, todos eles pecaram ao mínimo uma vez na vida. Por que com Maria deveria ser diferente?

Além disso, biblicamente Maria não é a única pessoa a ser considerada “cheia de graça” por Deus. A Sagrada Escritura dá o seguinte testemunho acerca de Estêvão:

“Estêvão, homem cheio da graça e do poder de Deus, realizava grandes maravilhas e sinais entre o povo” (Atos 6:8)

Aqui vemos que Estêvão também era “cheio de graça”; portanto, tal coisa não era nem nunca foi “exclusividade” de Maria. A expressão usada aqui para Estêvão é no original grego χαριτος [charitos], que é exatamente a mesma de onde provém a palavra grega “kecharitomene”, que foi dirigida a Maria. Ambas são do verbo “charitoô”, e significam “favorecer” ou “encher de favores”. Portanto, Estêvão também era “cheio de graça” [charitos] tanto quando Maria era “cheia de graça” [charitos].

Alguns católicos argumentam que o tempo verbal para Maria em Lucas 1:28 é diferente do tempo verbal para Estêvão em Atos 6:8. Que grande descoberta! Que diferença faz? Os católicos argumentam que o tempo no particípio perfeito significa que Maria sempre foi cheia de graça, diferentemente de Estêvão, que teria recebido graça a partir daquele momento. Mas eu continuo repetindo: Eeee... daí? Isso não muda nada. Será que depois de Atos 6:8 Estêvão passou a ser “imaculado”? É claro que não.

Então, tal palavra não tem nada a ver com cometer ou não cometer pecados. Se ela foi aplicada a Estêvão e nem por isso Estêvão deixou de ser pecador nem por um instante, então mesmo se a interpretação católica estivesse correta e implicasse que Maria sempre foi cheia de graça, isso igualmente não implicaria que Maria não era pecadora.

Além disso, o verbo se encontra no particípio presente porque o anjo quis corroborar com as palavras de Isaías em Isaías 7:14, que profetizou, há muito tempo antes, que uma virgem conceberia.

Portanto, a razão do verbo no particípio presente não tem nada a ver com Maria nunca ter pecado (pois já vimos que charitos jamais implicou em não ter pecados), mas sim para indicar que a graça recebida por Maria já era algo esperado e anunciado desde há muito tempo (antes do nascimento da própria Maria), pois o próprio Deus já havia predito, muitos séculos antes, que uma virgem seria escolhida para dar a luz ao Salvador do mundo.

Prova disso é que logo em seguida, no verso 30, o mesmo verbo é aplicado no tempo presente (o mesmo que foi aplicado para Estêvão e para os demais), e não mais no particípio perfeito: “Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas, porque achaste graça [χαριν [charin] Acus. Sing] diante de Deus” (Lc.1:30).

Além disso, vemos, biblicamente, que todos os cristãos são cheios de graça (não apenas Maria e Estêvão), pois Paulo se referiu a todos os cristãos quando disse: “para o louvor da glória da sua graça, com a qual nos encheu de favores (ou “nos encheu de graça”, echaritôsen) no Amado” (Ef.1:6). Essa passagem de Efésios nos diz que Deus nos “encheu de graça”, e Paulo usa precisamente o mesmo verbo charitoô, apenas mudando o tempo verbal, o que obviamente não muda o significado do verbo.

Vemos também o apóstolo Paulo dizendo com respeito a todos os cristãos o seguinte:

E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra” (2ª Coríntios 9:8)

Paulo usa o termo grego “perisseuo”, que, de acordo com o léxico da Concordância de Strong, significa:

4052 περισσευω perisseuo
de 4053; TDNT - 6:58,828; v
1) exceder um número fixo previsto, ter a mais e acima de um certo número ou medida.
1a) ter em excesso, sobrar.
1b) existir ou estar à mão em abundância.
1b1) ter muito (em abundância).
1b2) algo que vem em abundância, ou que transborda, algo que cae no campo de alguém em grande medida.
1b3) contribuir para, despejar abundantemente para algo.
1c) abundar, transbordar.
1c1) ser abundantemente suprido com, ter em abundância, abundar em (algo), estar em afluência.
1c2) ser preeminente, exceder.
1c3) exceder mais que, superar.
2) fazer abundar.
2a) fornecer ricamente a alguém de modo que ele tenha em abundância.
2b) tornar abundante ou excelente.

Paulo diz que toda a graça “superabundaria” neles, que os cristãos teriam “em excesso, sobrando, em abundância” (significados de perisseuo), toda a graça, e não “uma parte dela”. Ora, se Paulo diz que todos os cristãos superabundam de toda a graça, então obviamente são cheios de graça. Não é possível alguém abundar ou exceder a totalidade de algo, sem ser cheio daquilo. “Perisseuo” não é apenas ser cheio, é ser transbordante. E Paulo diz que somos transbordantes de toda a graça! Aleluia!

Isso serve para calar todos aqueles que pensam que ser “cheio de graça” significa ser algo maior do que os outros ou ser imaculado. Todos nós somos abundantes de toda a graça de Deus, não apenas Maria. E isso não impede que nós pequemos e erremos, cometendo falhas e deslizes, pequenos e graves, como meros seres humanos mortais. Mas os católicos, é claro, preferem esconder toda a verdade de povo, para que todos idolatrem a deusa-mãe deles tendo como bode expiatório a única passagem de Lucas 1:28, como se justificasse todos os dogmas marianos!

Ora, Atos 4:33 nos diz que:

“E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça (Atos 4:33)

“Abundante graça” aqui é a tradução de “megas charis”. “Megas”, no grego, significa “numeroso, grande, abundante... coisas que excedem os limites de um ser criado” (Concordância de Strong, 3173). Portanto, uma numerosa, grande, abundante e transbordante graça envolvia cada um dos apóstolos, estando sobre todos eles abundante graça. Se isso significasse aquilo que os católicos pensam com base em sua interpretação defeituosa e tendenciosa de Lucas 1:28, então todos os apóstolos seriam “imaculados”.

Devemos crer, portanto, que todos os cristãos recebem a plenitude da graça de Deus, não só Maria.  O evangelista João nos escreveu sobre isso, dizendo:

E todos nós recebemos também da sua plenitude, e graça sobre graça (João 1:16)

Ele nos diz que nós recebemos graça da plenitude de Deus. Em outras palavras, os católicos que afirmam que Maria era “gratia plena” terão que acordar e perceber que todos os genuínos cristãos também tem graça plena, pois é uma graça que vem da plenitude de Deus, por isso João diz: “graça sobre graça”, representando uma graça transbordante, e não uma graça incompleta.

No original grego, João emprega a palavra “pleroma”, que significa: aquilo que enche ou com o qual algo é preenchido... plenitude, abundância”. E essa plenitude, que João diz, não é aplicada somente a Maria, mas a todos nós, como ele diz:

“E todos nós recebemos também da sua plenitude...”

E o que é que recebemos plenamente de Deus?

“...graça sobre graça”

Sendo assim, é inegável que todos os cristãos têm a plenitude da graça de Deus, e não Maria exclusivamente. Sendo assim, não se pode formular um argumento com base em Lucas 1:28 no fato de Maria ser “cheia de graça”, tendo em vista que todos os cristãos também recebem graça plenamente, e não uma graça incompleta.

Católicos, sejam sinceros: qual expressão tem mais significado e mais intensidade para vocês – “cheia de graça” ou “superabundante de graça”?

“Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça” (Romanos 5:20)

“E a graça de nosso Senhor superabundou com a fé e amor que há em Jesus Cristo”
(1ª Timóteo 1:14)

O termo “superabundou de graça”, etimologicamente falando, possui inegavelmente um significado muito mais forte do que “cheia de graça”. Se eu digo: “estou cheio de alegria por causa disso”, tal expressão será muito menos forte do que “estou superabundante de alegria”!

E, sendo que a superabundante graça de Jesus Cristo foi derramada não apenas sobre Maria, mas sobre todos os cristãos (1Tm.4:14; Rm.5:20; Jo.1:16; At.4:33; 2Co.9:8; Ef.1:6), fica claro e evidente que este termo não implica de modo algum em ser sem pecado, em ser superior a alguém ou em ser mais santo e mais pio que os demais.

Alguns católicos poderiam chegar ao final deste estudo e não ter palavras para refutar uma vírgula (como de fato não tem, nem nunca tiveram), mas vão apelar para a falsa alegação de que as Bíblias protestantes estão “mutiladas”, porque, mesmo sem favorecer em nada a doutrina católica, o texto de Lucas 1:28 deveria ser traduzido por “cheia de graça”, e não por “agraciada”. Nem vou perder meu tempo debatendo essa inutilidade, já disse que isso não faz a menor diferença.

Nem uma nem outra tradução servem de base para a mariolatria católica, nenhuma delas fornece uma base sólida para o dogma da imaculada conceição ou para qualquer outro que seja, de modo que debater sobre isso é uma questão significativa apenas para os sensacionalistas mariólogos que querem deturpar o significado do termo bíblico, fazendo pura mistificação papista em cima dele.

Porém, para que não me apareça ninguém aqui berrando e dizendo que “os protestantes adulteraram a Bíblia”, vou passar aqui uma lista de versões católicas da Bíblia que traduzem da mesma forma que as protestantes, para que os católicos me digam se elas também adulteraram o texto bíblico de forma criminosa e anticatólica:

-Bible de Jérusalem
"L`ange entra chez elle, et dit: Je te salue, toi à qui une grâce a été faite; le Seigneur est avec toi" Lucas 1:28

-The New American Bible
"And coming to her, he said, "Hail, favored one! The Lord is with you" Lucas 1:28

-Bíblia católica Latinoamericana
"Alégrate tú, la Amada y
Favorecida; el Señor está contigo" Lucas 1:28

-Bíblia de Mateos-Schökel

"Alégrate, favorecida, el Señor está contigo" Lucas 1:28

-New Jerusalem Bible

"He went in and said to her, 'Rejoice, you who enjoy God's favour!
The Lord is with you" Lucas 1:28

-Bíblia do Peregrino

"O anjo entrou onde ela estava e lhe disse: Alegra-te, favorecida, o Senhor está contigo" Lucas 1:28

-Revised Standard Version
"And he came to her and said, "Hail, O favored one, the Lord is with you!" Lucas 1:28

-Versão Nácar-Colunga (revisão de 1960)
"E entrando o anjo onde ela estava, disse: Salve agraciada; o Senhor é contigo" Lucas 1:28

Portanto, fica evidente que as diferenças nas versões em Lucas 1:28 é questão de tradução, e não de “adulteração protestante anticatólica”, visto que muitas versões católicas traduzem da mesma forma que as traduções evangélicas. Isso vem do fato de que elas identificaram que o verbo no particípio presente não é porque Maria foi sempre alvo da graça de Deus, mas diz respeito ao anúncio feito pelo anjo, como já explanamos anteriormente, fato este ressaltado pelo contexto imediato (v.30).

Outras pensam diferente disso. Mas repito: isso é questão de tradução, e não de adulteração proposital. Se alguém aqui está mais propenso a adulterar passagens bíblicas são os católicos. Pois, enquanto nós não temos as mãos e os pés amarrados a um catecismo ou uma reza “Ave Maria” que nos obrigue a traduzir de um jeito para não entrar em contradição com essas tradições humanas, eles estão tendenciados (e até certo ponto forçados) a traduziram por “cheia de graça”, ou senão a própria reza deles e o catecismo (que repetem a forma “cheia de graça”) ficariam sem sentido.

Sendo assim, os evangélicos estão livres para traduzirem de acordo com aquilo que for o mais coerente segundo o original grego (pois tanto faz se o texto diz que Maria era cheia de graça ou agraciada, pois todos nós recebemos uma graça completa e não incompleta), enquanto os católicos estão tendenciados a se viciarem na tradução por “cheia de graça”, em razão de seus próprios dogmas.

Portanto, apelar para distorções ou adulterações nas Bíblias protestantes é um duplo tiro no pé. Primeiro, porque várias traduções católicas vertem o texto por “agraciada” ou “muito favorecida”; e, segundo, porque quem realmente está mais fadado a fazer uma tradução tendenciosa do texto bíblico são os próprios católicos, que muitas vezes se veem forçados a tal, perante a crítica católica.

Por fim, vamos listar um pouco do que vimos aqui. Eis algumas das principais razões pelas quais o dogma da imaculada conceição de Maria não se justifica com base em Lucas 1:28:

Porque todos os cristãos são cheios do Espírito Santo (At.4:8; 7:55; 13:9; 9:17; Lc.1:55; 1:67), e isso não é uma exclusividade de Maria. E, se ser cheio do Espírito Santo não significa viver sem pecado, então ser cheio de graça também não significa ser sem pecado, a não ser que o Espírito Santo seja algo inferior à graça.

Porque Deus não nos dá do Seu Espírito ou da Sua Graça de maneira limitada (Jo.3:34). Todos nós recebemos da plenitude de Deus (Jo.1:16), não apenas Maria.

Porque Paulo disse aos efésios que Deus “os encheu de graça” (Ef.2:6), e nem por isso eles viraram imaculados.

Porque o mesmo verbo que aparece a Maria também aparece a Estêvão, na descrição bíblica de que este era “cheio de graça” (At.6:8). Mas isso não tornou Estêvão imaculado, nem antes e nem depois daquele acontecimento.

Porque Paulo diz que todos nós somos abundantes em toda a graça (2Co.9:8). Se nós temos abundantemente toda a graça, então nós também somos “cheios de graça”.

Porque entre os apóstolos também havia “abundante graça” (At.4:33), e, embora a palavra grega muitas vezes represente algo transbordante (acima de “cheio”), isso não implica que os apóstolos eram imaculados ou sem pecado.

Porque João nos diz que todos nós recebemos plenamente a graça de Deus (Jo.1:16). Portanto, todos nós somos gratia plena, e não Maria somente.

Porque Paulo diz que a graça de Deus superabundou sobre nós (1Tm.4:14; Rm.5:20), e tendo em vista que “superabundar” é algo etimologicamente tão ou mais forte quando estar “cheio”, fica claro que nós também somos cheios da graça divina.

Porque muitas traduções católicas seguem a maioria das versões evangélicas e também traduzem Lucas 1:28 por “agraciada” ou “muito favorecida” (incluindo a New Jerusalem Bible), e nem por isso os católicos dizem que essas traduções católicas da Bíblia são tendenciosas, criminosas ou anticatólicas.

10º Porque, mesmo na ilusão de que só Maria fosse cheia de graça e mais ninguém, isso não implicaria que ela fosse imaculada, visto que ser cheio de graça não implica em não ter pecado, assim como ser cheio do Espírito Santo não implica em não poder pecar mais. Ou será que o Espírito Santo é incapaz de realizar algo que a graça sozinha faz?


Conclusão

Tendo em vista todo este nosso estudo sobre Lucas 1:28 e o termo aplicado a Maria, chegamos a conclusão de que o termo grego não diz nada de especial sobre Maria. Todo ser humano é κεχαριτωμένος quando tocado pela graça de Deus. Ninguém pode dizer que a graça em Maria foi maior do que em qualquer outro ser humano. Deus não calcula a "quantidade" de graça, ele é sempre generoso e total em sua entrega amorosa.

Ele nos derramou “abundante graça” (At.4:33), “superabundante graça” (1Tm.4:14; Rm.5:20), “graça sobre graça” (Jo.1:16), “plenitude” (Jo.1:16), “toda a graça” (2Co.9:8), nos “encheu de toda a graça” (Ef.2:6) para sermos “cheios de graça” (At.6:8). Todas essas passagens não se aplicam somente a Maria, mas o texto bíblico aplica a todos os cristãos (2Co.9:8; Ef.2:6), aos apóstolos (At.4:33), a Estêvão (At.6:8), e também a Maria (Lc.1:28).

Os católicos costumam se apegar unicamente no texto que fala sobre Maria porque é o único que lhes interessa na formulação de suas falsas doutrinas e de seus dogmas heréticos. Mas que isso fique claro: até mesmo essa apegação única a Lucas 1:28 é uma interpretação tendenciosa, sem critério, desprovida de exegese e apelativa.

Seria mais fácil eles abandonarem seus “argumentos bíblicos” e admitirem que não os tem (como já fazem em outros assuntos), apelando somente para o seu bode expiatório chamado de “tradição oral”, do que passarem vergonha tentando deturpar a Bíblia com interpretações forçadas que vão além daquilo que o texto bíblico diz.

Então sim, Maria era cheia de graça.

E os demais cristãos?

Também.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli