terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O mormonismo e a busca frenética pelo passado

 

O mormonismo é o movimento iniciado em 1830, nos EUA, por Joseph Smith. Tudo começou quando, segundo o “profeta”, um anjo chamado Moroni apareceu a ele e revelou a existência de placas de ouro enterradas no monte Cumora, perto de Palmyra, Nova York, dando conta dos antigos habitantes da América, como também da plenitude do evangelho eterno. Após quatro anos de peregrinação ao monte (em 1827) Smith recebeu do anjo a autorização para retirar as placas e iniciar o trabalho de tradução. Finalmente, em 1830, era publicado o Livro de Mórmon.

No mesmo ano, com ajuda de cinco outras pessoas, Joseph Smith fundou a Igreja de Cristo, hoje denominada Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Sob a liderança de Smith, ela começou em Fayette, Nova York.

O primeiro Templo mórmon foi construído em Kirtland, e inaugurado em 27 de março de 1836. Durante o verão de 1839, sete membros do Conselho dos Doze Apóstolos partiram de Nauvoo para inaugurar a primeira missão fora dos Estados Unidos; o local escolhido foi à Inglaterra. Depois de alcançar a Europa, de maioria branca, o mormonismo espalhou-se por centenas de outros países do mundo. De acordo com o almanaque da Igreja, seus primeiros membros no Brasil foram os imigrantes alemães Augusta Kuhlmann Lippelt e seus quatro filhos, que chegaram ao Brasil em 1923. O marido, Roberto, foi batizado vários anos mais tarde. Os primeiros missionários foram os “élderes” William F. Heinz e Emil A.J. Schindler, acompanhados por Rheinold Stooof, presidente da Missão Sul Americana em Buenos Aires, Argentina. Em 25 de maio de 1935 foi criada uma missão sediada no Brasil. Walter Martin revela que por volta de 1959, o mormonismo já contava com 3.700 membros. Em 1966 foi organizada a Estaca de São Paulo, a primeira da nação, tendo Walter Spat como presidente. O templo em São Paulo, único no país, foi inaugurado em 30 de outubro de 1979.

As cerimônias secretas no Templo

Se no Oriente Médio as mesquitas funcionam como o eixo principal da fé islâmica, os templos mórmons possuem a mesma importância para seus adeptos. Thelma Granny Geer foi a primeira ex-mórmon a revelar de maneira realista e sem rodeios os rituais secretos que envolvem a fé mórmon. Ela é conhecida nos Estados Unidos e na América Latina por suas conferências sobre o mormonismo. Uma biografia sua pode ser encontrada no livro “Por que abandonei o Mormonismo” (Vida), onde Geer relata sua experiência no mormonismo e como ela encontrou o Senhor Jesus. Entre as páginas 189 e 205 a autora faz um importante apanhado sobre as cerimônias mórmons no templo que, a primeira vista, parece mais com uma iniciação maçônica do que uma simples reunião cristã.

a) Primeiro estado (pré-existente)

Os candidatos apresentam-se na Casa da Dotação, munidos de roupas limpas e de um lanche; eles são admitidos no escritório externo, e suas contas com a Igreja são verificadas por um escriturário. Seus nomes, idade e as datas de sua conversão e batismo são inscritos no registro; os recibos são inspecionados cuidadosamente, e, caso forem achados corretos, isso é registrado. Se surgirem quaisquer marido ou mulher que não tiverem sido selados para a eternidade, o fato é anotado a fim de que a cerimônia seja efetuada na iniciação. Então eles tiram seus sapatos e, guiados pelos atendentes, que calçam chinelos, entram com passos medidos e sem provocar ruído na ante-sala central, uma sala estreita separada por telas brancas de dois outros quartos à direita e a esquerda; o da direita para os homens e o da esquerda para as mulheres.

Prevalece profundo silêncio, enquanto os atendentes comunicam-se através de sinais misteriosos ou sussurros. Uma luz difusa atravessa o ambiente, abrandada por sombras pesadas; somente se ouve o fraco som de água sendo despejada atrás das telas, e o cenário como um todo é planejado com o propósito de imprimir solene temor nos candidatos ignorantes, que esperam numa expectativa reprimida, porém nervosa, por algum evento misterioso. Após alguns momentos de espera solene, os homens são conduzidos ao seu lavatório à direita, e as mulheres à esquerda. A candidata do sexo feminino é despida, colocada na banheira e lavada da cabeça aos pés por uma mulher escolhida para esse propósito. Cada membro do corpo é mencionado com uma benção especial (…) Uma lavagem similar é realizada no candidato do sexo masculino em seu próprio lavatório, e uma benção é pronunciada sobre seu corpo de modo semelhante.

Então, através de uma fenda na cortina, ele é conduzido adiante, ao próximo compartimento. Enquanto faz a passagem, um apóstolo sussurra em seu ouvido “um novo nome, pelo qual ele será conhecido no reino celestial de Deus”.

Chegando à segunda sala, o candidato é ungido com óleo contido em chifre ou em um recipiente de mogno semelhante ao chifre. O óleo é esfregado em seu cabelo e na barba, e sobre cada um de seus membros, que por sua vez são de novo abençoados. Ao mesmo tempo, as mulheres são ungidas em seu próprio lavatório. Então o candidato é ungido numa espécie de túnica ou veste bem justa, que cobre do pescoço aos calcanhares (…).

Neste momento, no quarto adjacente, começa o debate preparatório no grande concílio dos deuses, sobre se eles deverão ou não fazer o homem (…) Enquanto isso, os atendentes colocam os candidatos no chão e fecham os seus olhos. Os “deuses” entram e manipulam membro a membro, especificando a função de cada um deles, e fingem que estão criando e moldando. Então eles dão uma palmada neles com o fim de vivificá-los e representar o poder criativo, sopram em sua narinas o “fôlego da vida”, e levantam-nos sobre os pés. Então supõe-se que eles sejam como “Adão, recém feito, completamente maleável e móvel nas mãos do criador.

b) Segundo estado

Os homens entram em fila na próxima sala, com pinturas e cenário representando o jardim do Éden. Há magníficas cortinas e carpetes, árvores e arbustos em caixas, pinturas de montanhas, flores e fontes, tudo apresentado em luz suave e tons delicados, retratando no conjunto um cenário belo e impressionante. Enquanto eles se movem pelo jardim acompanhando uma música ritmada, surge outra discussão entre os deuses: Miguel propõe diversos animais, um por vez, para que sejam companheiros íntimos do homem, os quais são sucessivamente rejeitados por Jeová, Jesus e Eloim. Então os homens são deitados imóveis, com os olhos fechados; por representação é extraído de cada um deles uma costela, da qual, numa sala adjacente, suas esposas são formadas.

Em seguida ordena-se aos homens que despertem, e eles veem suas esposas pela primeira vez desde que foram separadas na entrada, vestidas quase como eles mesmos. Eles caminham pelo jardim aos pares, guiados pelos oficiantes Adão e Eva, quando Satanás entra na sala. Ele esta vestido com veste bem apertada de veludo preto, consistindo de jaqueta curta e calças até os joelhos, com meias e chinelos pretos, estes últimos com duas pontas. Também traja uma máscara horrenda e um elmo com ponta. Ele se dirige a Eva, que esta separada de Adão, e começa a louvar sua beleza, após o que profere a “tentação”.

c) Terceiro estado

Os homens são colocados um a um sobre o altar, estendidos ao máximo sobre as costas, e o sacerdote oficiante passa imensa faca ou navalha bem afiada ao longo de suas gargantas. Entende-se que, se qualquer um for falso de coração, o Espírito o revelará, e isto significaria sua morte instantânea. É claro que todos passam nesse teste. De novo dão-se as mãos, ajoelham-se e repetem vagarosamente, liderados por Jeová, outro juramento. A penalidade por sua violação é ter seus intestinos cortados e as entranhas dadas como alimento aos porcos com muitos detalhes horrorizantes e desagradáveis (…).

É ministrado outrojuramento de fidelidade e segredo, do qual a penalidade é ter o coração arrancado fora e dado como alimento às aves do céu. Agora os iniciados são declarados aceitáveis a Deus, e é lhes ensinada nova forma de oração, “numa língua desconhecida”, e o Terceiro Grau do Sacerdócio de Melquisedeque é conferido. Então eles são passados “para trás do véu”, uma cortina de linho, e entram na última sala. [1]

d) Quarto estado (o reino dos deuses)

Os homens entram primeiro, e o sacerdote oficiante corta certas marcas em suas vestes e lhes faz pequeno corte logo acima do joelho direito. Então, sob as ordens de Eloim, eles introduzem suas mulheres na sala, uma a uma. Então se realiza o “selo para a eternidade” para todos os que antes estivessem apenas “casados para o tempo”.

Então os iniciados se retiram, recolocam suas roupas comuns, recebem um lanche e voltam para ouvir longa mensagem, explicando toda a alegoria, e suas obrigações futuras como consequencia dos votos que fizeram. A cerimônia toda, coma mensagem, leva cerca de dez horas.

A importância das genealogias no Ritual de Dotação

De acordo com o testemunho de Geer, a obra “vicária” do mormonismo pelos mortos se inicia nos fundamentos do templo, nos templos mais antigos. Lá são celebrados milhões de batismos substitutivos. Jovens mórmons, em favor de seus parentes mortos, são totalmente imersos na grande pia batismal oval, que repousa nos ombros de doze bois de bronze. Esses jovens às vezes chegam a ser “batizados e confirmados pelos mortos” até cinquenta ou mais vezes em uma sessão de batismos no templo, conforme o número de seus parentes mortos.

Desde que foi estabelecido o batismo pelos mortos (ou batismo por procuração), os mórmons perceberam a necessidade de conhecer seu próprio passado como forma de “salvar” seus ancestrais. No livro “Ensinamentos dos presidentes da Igreja”, Heber J. Grant faz o seguinte comentário sobre o trabalho de compilação de genealogias.

“A partir da época da visita de Elias, o profeta, restaurando as chaves que ele possuía e voltando o coração dos filhos aos pais [ver D&C 110.13-15], tem-se observado, no coração das pessoas de todo o mundo, o surgimento de um desejo de aprender sobre seus antepassados.

Os homens e mulheres de todo o mundo têm organizado sociedades, procurado dados de seus antepassados e compilado registros genealógicos de seus familiares. Têm-se gasto milhões de dólares com essa finalidade. Já conversei diversas vezes com homens que despenderam grandes somas para coligir um registro de seus antepassados, e depois de terminarem, quando alguém lhes perguntava o motivo de tal empreitada, eles respondiam: “Não sei; fui impelido por um desejo incontrolável de compilar esse registro e de investir financeiramente nisso. Agora que terminei, não tenho nenhum uso especial para ele”. Os santos dos últimos dias dão a esse tipo de dados um valor inestimável.

Oro para que oSenhor nos inspire a todos para que tenhamos maior diligência ao realizarmos com todas as nossas forças os deveres e labores que nos cabem no tocante à obra vicária por nossos antepassados (…) Quando buscamos com sinceridade, ano após anos, conhecer sobre nossos familiares que morreram sem o conhecimento do evangelho, tenho certeza de que o Senhor nos abençoa para que tenhamos êxito”. Grant concluiu dizendo que “a salvação dos mortos é um dos propósitos da restauração do evangelho eterno e do restabelecimento da Igreja de Jesus Cristo nesta época”. [2]

A abóbada inexpugnável

Segundo Jimmy Swaggart, a igreja mórmon construiu uma abóbada dentro de uma montanha cerca de 32 quilômetros ao sudoeste de Salt Lake City, a um custo de 1.500.000 dólares, com o fim de prover segurança à prova de terremotos e bombas para seus microfilmes genealógicos e outros registros da igreja. Seis aberturas no lado desta montanha dão entrada a enormes túneis que servem como áreas de armazenamento. As paredes são pintadas com cores suaves e cada túnel é equipado com luzes fluorescentes e controles que mantêm temperatura e umidades constantes. A teologia mórmon ensina que os mortos não salvos podem ser batizados por procuração e que se pode realizar casamentos por eles, capacitando-os, assim, a irem para o céu, casarem-se lá, e continuar a progredir e ter filhos.

Os mórmons rejeitam a autoridade final da Bíblia. Hugh B. Brown da Primeira Presidência da igreja mórmon, sobre o assunto da revelação, afirma que: “A igreja é submissa a nenhum credo formal ou inflexível, mas seus membros são instruídos a crer nas revelações do passado e viver por elas e assim prepara-se para as revelações que ainda virão”. Em outras palavras, ela pode manufaturar doutrinas com o passar do tempo.[3]

Referências Bibliográficas
1. MARTIN, W. O caos das seitas, volume II, Belo Horizonte – MG: editora Betânia, primeira edição, 1992, págs. 89 – 90.
2. GEER, T.G. Porque abandonei o mormonismo, São Paulo – SP: editora Vida, 1991, págs. 189 -191, 193 -195, 204 – 205.
3. GRANT, H.J. Ensinamentos dos presidentes da igreja, Salt Lake City – Utah: Intellectual Reserve, Inc. 2003, págs. 55 – 56.
Fonte: Napec

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