segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Feliz Ano Novo


O Ministério Batista Beréia deseja a todos os irmãos e amigos um Feliz Ano Novo cheio de grandes realizações. Que a Glória do Senhor resplandeça em suas vidas e de seus familiares.

"A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós". (1Co 13.13)

Pr. Silas Figueira e família

domingo, 30 de dezembro de 2012

Esse cara sou eu?

 
Por Josemar Bessa
 
Fim de ano e muitas listas dos melhores do ano começam a pipocar na mídia. Mas isso não acontece apenas na grande mídia, mas nas coisas menores como – melhor blog, mais acessado, melhor canal do youtube, mais visualização, Twitter com mais seguidores, Facebook mais curtido, compartilhado...

As listas humanas tem como objetivo nosso orgulho. Queremos ser maiores. Queremos ser melhores. Queremos poder olhar para o lado e julgarmos segundo a nossa lista...

O nosso mundo é assim, cheio de listas. Já olhou o último jornal? Livro...? Listas por toda parte. A página de esportes está cheia delas. O melhor jogador de futebol, tênis,...

Todo ano olhamos a lista dos vencedores do Oscar. Ah! lista dos concursos de beleza. Prêmio Esso para a imprensa no Brasil, Pulitzer nos Estados Unidos...

O mundo editorial tem sua relação de livros em suas categorias - best-sellers. As listas do mundo da música com seus discos de platina, ouro, Grammy... várias premiações no Brasil e no mundo. As listas do mundo financeiro, sua lista de maiores empresas... A lista da Forbes - as pessoas mais ricas... As listas e prêmios do teatro..,

Pôxa! isso não te cansa?

O mundo religioso agora tem sua lista de superigrejas, as mais confortáveis, maiores centros de adoração, as que mais crescem, as que tem mais membros, as que tem mais artistas, as que tem mais deputados, as mais ricas...

As listas do "não olhes, não toques,..." - O objetivo de todas essas listas é o mesmos. A glória humana. Infelizmente na igreja e no mundo.

Depois de examinar cuidadosamente todas essas listas, me pergunto: Quem realmente se importa? Duvido que Deus alguma vez tenha se impressionado com o tamanho de qualquer coisa.

Seu Livro certamente coloca a qualidade acima da quantidade.

Seu Livro também subverte a idéia do que é grande: "Quem quiser tomar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva " - Estranho né? (ver Mt 20.20-28).

O contexto indica, nesse ensino de Cristo que nada há de errado no "desejo" de ser grande, desde que

(1) busquemos o tipo certo de grandeza;
(2) deixemos que Deus decida o que è grandeza;
(3) estejamos prontos a pagar o preço total que a grandeza segundo Deus exige, e (isso é fundamental!)
(4) nos contentemos em esperar pelo juízo de Deus para resolver toda a questão de quem é grande afinal.

Contudo, é vitalmente importante saber o que Cristo quis dizer quando empregou a palavra grande com relação aos homens, e o que Ele tinha em mente não se pode achar no léxico ou dicionário.

Só é bem compreendido quando visto em seu amplo cenário teológico. Ninguém cujo coração teve uma visão de Deus; por mais curta e imperfeita que essa visão possa ter sido, jamais se permitirá pensar de si ou de outrem como sendo grande. Ver Deus, quando Ele se manifesta em temível majestade aos espantados olhos da alma, fará o adorador cair de joelhos com temor e júbilo, e o encherá de tão dominante senso de grandeza divina, que só terá de clamar espontaneamente: "Só Deus é grande!"

Então vemos que obviamente há duas espécies de grandezas reconhecidas nas Escrituras - a grandeza incriada e absoluta pertencente só a Deus, e a grandeza finita e relativa conseguida ou recebida por certos amigos de Deus, que pela obediência e renúncia própria, procuraram tornar-se tão semelhante a Deus quanto possível. É essa última espécie de grandeza que devíamos estar buscando.

A essência do ensino de Cristo é que a verdadeira grandeza está no caráter, caráter esse que deve ser uma expressão da beleza infinita de Cristo,  não na capacidade ou posição. Em sua cegueira, os homens (no mundo e na "igreja ") - sempre pensaram que os talentos superiores tornam grande um homem, e é isto que a vasta maioria acredita hoje. Cristo ensinou, e por sua vida demonstrou, que a grandeza está em maiores profundidades.

Depois de Cristo ter servido (e Seu serviço incluiu a morte) "Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome". Cristo achou fácil servir porque não tinha pecado. Nada nEle se rebelava contra as mais modestas ministrações.

Todo ensino de Deus vai contra tudo que Adão é em nós. É necessário um genuíno amor a Deus para vencer essa realidade em nós. Cristo sabia onde estava a verdadeira grandeza, e nós não o sabemos.

Tentamos galgar alta posição quando Deus ordenou que fôssemos para baixo: "Quem quiser ser o primeiro entre vós, será vosso servo".
Parece, de fato, que Deus se alegra em nos fazer lembrar que coisas grandes não o impressionam. Que Sua maior glória está em alcançar a vitória apesar das dificuldades, como no caso de Davi com Golias, dos hebreus contra os egípcios no mar Vermelho, dos poucos de Gideão e do pequeno grupo de discípulos de Jesus. Mas quando estou pronto a sugerir que ignoremos as listas, encontro uma nas Escrituras; na verdade, uma porção delas!

Deus, por exemplo, não apenas faz a lista dos Dez Mandamentos, que descrevem seu caráter santo, como lista também das coisas que detesta encontrar em suas criaturas. Lembra algumas? "Olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que planeja projetos iníquos, pés que se apressam a correr para o mal, testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contendas entre ' irmãos" (Pv 6.16-19).

Paulo nos ajuda fazendo uma lista do "fruto do Espírito" (Gl 5 22,23) –
“Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei.”

Pedro relaciona as qualidades do cristão a caminho do amadurecimento (2Pe 1.5-8),

“E vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude a ciência, E à ciência a temperança, e à temperança a paciência, e à paciência a piedade, E à piedade o amor fraternal, e ao amor fraternal a caridade. Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.”

e João, um rol das igrejas do primeiro século que eram exemplos dignos de atenção (Ap 2:1-3.22). Há listas de qualificações para o presbítero e também para o diácono... Listas, listas e mais listas! Desde que sejam de autoria do Deus vivo, faríamos bem em ler e obedecer cada uma delas.

Apesar de Mahatma Gandhi não ter tido uma vida centrada em Cristo, nosso Senhor, sua lista, na forma de contrastes, sobre os "sete pecados capitais" merece atenção: “Riqueza sem trabalho, prazer sem consciência, conhecimento sem caráter, comércio sem moral ciência sem humanidade, adoração sem sacrificio, política sem princípios” Muito bom! Mas essa é uma lista apenas para ser lida! Se fixe nas listas do teu Deus!

Lembrei de uma essencial - Leia com atenção e devagar (Miquéias 6.8) - Notem o aprofundamento dos conceitos. Andar com Deus. Andar humildemente com Deus. Andar humildemente com teu Deus. Miquéias explicita os princípios absolutos ''exigidos" pelo Senhor. Sopre a poeira sobre a lista de Miquéias: "Praticar a justiça, amar a misericórdia, andar humildemente com teu Deus".
E aí, esse cara sou eu? Esse cara é você?
 
Fonte: Josemar Bessa

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Os 10 pastores que não respeito e não admiro

 
Por André Sanches

Maus líderes existem aos montes dentro das igrejas. O joio está espalhado dentro da igreja como ensinam as escrituras (Mt 13. 26). Isso não é novidade para ninguém. Apesar de designar aqui o termo “pastores” a essas pessoas que citarei abaixo, não tenho a intenção de diminuir aqueles que fazem jus a esse termo tão lindo mostrado nas escrituras, e que realmente pastoreiam de coração as ovelhas do Senhor. Usei esse termo somente para facilitar a identificação dessas pessoas.
 

OS DEZ PASTORES QUE NÃO RESPEITO E NÃO ADMIRO:
 

1- O que faz do púlpito um palco de shows = A exposição da Palavra é esquecida e substituída pelo talento hollywoodiano desse pastor, que explora as mais diversas técnicas para cativar os seus expectadores, fazendo do show o protagonista do culto. Ele é a estrela e não Cristo e Sua palavra. Seu púlpito é lugar de entretenimento, de show, e não de pregação, de transmissão da voz de Deus.

2- O que explora financeiramente as ovelhas = Esse pastor é muito ambicioso e tem planos de crescimento. Porém, para a realização dos seus planos, precisa de muito dinheiro. E esse dinheiro é retirado das ovelhas, através das mais diversas técnicas de extorsão (legais) – e algumas vezes ilegais e antiéticas. Ele não liga para o que a Bíblia ensina e inventa formas de arrecadação para realizar seus sonhos megalomaníacos. As ovelhas são iludidas, exploradas e sugadas até a última gota que podem dar.


3- O que insiste em querer fazer a agenda de Deus = Um pastor que quer determinar lugar, dia e hora para Deus agir não merece meu respeito. Segunda-feira: Deus age na família; terça-feira: nas finanças; quarta-feira: Deus dá o Espírito Santo; quinta-feira: Deus faz conversões e sexta-feira: Deus liberta as pessoas de demônios. Deus agora está preso em uma agenda criada pelo homem? Para esse pastor, Deus deve adequar-se à sua programação semanal.


4- O que ilude as pessoas com amuletos, objetos ungidos e unções que não vêm de Deus = Esse pastor escraviza pessoas em crendices e superstições que não são encontradas e ordenadas na Bíblia. Desvia a fé que deveria ser unicamente no Deus soberano para objetos e unções – falsas – e extravagantes. Trabalha com a ilusão, com a ambição, com a falta de conhecimento de muitas das ovelhas que lhe ouvem. É um ilusionista do púlpito!


5- O que “profetiza” o que Deus não mandou profetizar = Usa sua influência sobre as pessoas para “profetizar” e “revelar”. Porém, não usa a Bíblia, que é a revelação e é onde se encontram as profecias de Deus para a vida de seus servos. Lança profecias das mais variadas para as pessoas. Normalmente suas profecias são absurdas e vazias, porém, a cegueira e falta de conhecimento das pessoas sobre a Palavra de Deus, abre portas para que essas “profecias” sejam cridas como verdade.


6- O que faz com que seus fieis o adorem = Ele é visto como um semideus pelos seus fieis. Ele é o poderoso, ele faz milagres e sinais acontecerem, ele é o rei e o centro dos cultos. O pior de tudo é que não faz nada para mudar essa situação, pois adora ser paparicado, adora status, adora demonstrar seu grande “poder” e ser ovacionado pela multidão. Seu prazer é ver multidões afluindo em sua direção com desejo de glorificá-lo. Não prega para pouca gente, só aparece quando tem pessoas suficientes para massagear seu ego insuflado.


7- O que usa o dinheiro das ofertas para seu próprio enriquecimento = Esse pastor-empresário é formado e pós-graduado em enriquecimento usando a igreja. Tem fortuna e bens luxuosos, tudo adquirido com a ajuda das ofertas dos membros de sua igreja e de quem mais querer ajudá-lo a “evangelizar”. Segundo ele diz, todo o dinheiro das ofertas é usado para a obra de Deus, porém, seu patrimônio o acusa. Ele engana multidões – e babacões – que bancam sua vida de ostentação e riqueza, pois não podem questionar a palavra do todo poderoso líder.


8- O que prega a teologia da prosperidade = Um pastor que diz que pobreza é maldição, que o crente verdadeiro será reconhecido pela sua prosperidade material, e outras abobrinhas sem embasamento bíblico, não merece admiração. Se a teologia da prosperidade é um câncer como alguns dizem, esse pastor é um espalhador de doenças no meio do povo.


9- O que usa versículos isolados da Bíblia para fundamentar doutrinas destruidoras = Esse pastor adora inventar doutrinas usando versos bíblicos isolados, cuja interpretação isolada, sem considerar contextos e outras boas regras de interpretação, favoreçam seus pensamentos e desejos. É um manipulador ardiloso dos textos sagrados, visando unica e exclusivamente que a Bíblia se enquadre em seus pensamentos e planejamentos.


10- O que [acha] que determina a ação de Deus = É uma piada dizer que um homem determina algo ao Todo-Poderoso, mas essa ousadia acontece. Palavras ousadas saem da boca desse pastor, que ora determinando, ordenando, exigindo que Deus faça determinadas coisas que, segundo ele, Deus tem de fazer. Coitado, não tem nem noção da besteira que faz! E o pior: ensina as pessoas a agirem também assim!


NÃO POSSO ADMIRAR E RESPEITAR PASTORES COMO ESSES!

Fonte: Minha Vida em Cristo Sem Heresias

A Pessoa de Cristo: As Duas Naturezas (Doutrina Bíblica) [3/3]

A Pessoa de Cristo

A Distinção e a Unidade das Duas Naturezas de Cristo

Paralelamente à plena divindade e humanidade de Jesus, a terceira e a quarta afirmações necessárias da cristologia bíblica são que na encarnação, as naturezas divina e humana permanecem distintas, e as naturezas são completamente unidas em uma pessoa. A melhor evidência dessas duas realidades são as passagens da Escritura nas quais a glória divina e a humildade humana de Jesus são apresentadas conjuntamente:

“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9.6).
“é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lucas 2.11).
 “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (João 1.14).
“com respeito a seu Filho, o qual, segundo a carne, veio da descendência de Davi e foi designado Filho de Deus com poder, segundo o espírito de santidade pela ressurreição dos mortos, a saber, Jesus Cristo, nosso Senhor” (Romanos 1.3-4).
“sabedoria essa que nenhum dos poderosos deste século conheceu; porque, se a tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Senhor da glória” (1Coríntios 2.8).
“vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos” (Gálatas 4.4-5).

Esses versículos apresentam o profundo mistério do eterno e infinito Filho de Deus adentrando no tempo e no espaço e assumindo a natureza humana. Não existe pensamento mais grandioso no qual possamos ponderar do que esse.

 

Implicações das Duas Naturezas de Cristo


A crença de que Jesus é uma pessoa com duas naturezas, humana e divina, tem um grande significado para a possibilidade de pessoas caídas entrarem em um relacionamento com Deus. Cristo deve ser ao mesmo tempo Deus e homem para que possa ser o mediador entre Deus e o homem, fazer expiação pelo pecado, e ser um Sumo Sacerdote empático:

“porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus” (Colossenses 1.19-20).
 “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1Timóteo 2.5).
 “Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo” (Hebreus 2.17).

Em sua obra seminal Por Que Deus Se Tornou Homem, Anselmo da Cantuária (1033 – 1109 d.C.) sintetizou a importância das duas naturezas de Cristo para a sua obra expiatória ao dizer: “É necessário que a mesma e a própria Pessoa que há de realizar essa satisfação [pelos pecados da humanidade] seja perfeito Deus e perfeito homem, uma vez que Ele não pode fazê-lo a menos que seja de fato Deus, e a Ele não convém fazê-lo a menos que seja de fato homem” (Livro II, cap. 7).

 

Erros Históricos Acerca da Unidade das Naturezas de Cristo


Há seis heresias históricas relacionadas à pessoa de Cristo listadas na tabela abaixo. As primeiras quatro heresias estão descritas acima. O nestorianismo enfatizava a distinção entre as naturezas de Cristo de tal modo que fazia parecer que Cristo era duas pessoas em um corpo. O eutiquianismo enfatizava a unidade das naturezas ao ponto em que todas as distinções entre elas se perdiam, e Cristo era visto como alguma entidade nova, com uma única natureza, maior do que meramente homem, sendo plenamente Deus em uma novo modo.

Em 451 d.C., líderes da igreja se reuniram na Calcedônia (fora da antiga Constantinopla) e escreveram um credo afirmando tanto a plena humanidade como a plena divindade de Jesus, com as suas duas naturezas unidas em uma pessoa. Esse credo, formulado na Calcedônia, tornou-se a afirmação fundamental da igreja acerca de Cristo. O Credo Calcedônico é lido como segue:
“Nós, portanto, seguindo os santos pais, todos perfeitamente unânimes, ensinamos que se deve confessar um só e o mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, perfeito quanto à humanidade, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, possuindo alma racional e corpo; consubstancial com o Pai, segundo a divindade, e consubstancial conosco, segundo a humanidade; em todas as coisas semelhante a nós, excetuando o pecado; gerado antes de todos os séculos pelo Pai segundo a divindade, e, nestes últimos dias, por nós e por nossa salvação, nascido da Virgem Maria, Mãe de Deus, segundo a humanidade; um só e o mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar em duas naturezas, inconfundíveis, imutáveis, indivisíveis, inseparáveis e indivisíveis; a distinção da naturezas de modo algum é anulada pela união, mas, pelo contrário, as propriedades de cada natureza permanecem intactas, concorrendo para formar uma só Pessoa e Subsistência; não dividido ou separado em duas pessoas. Mas um só e mesmo Filho Unigênito, Deus o Verbo, Jesus Cristo o Senhor; conforme os profetas outrora a seu respeito testemunharam, e o mesmo Jesus Cristo nos ensinou e o credo dos padres nos transmitiu.”

Implicações da Cristologia Calcedônica


O Credo Calcedônico ensina a igreja como falar acerca das duas naturezas de Cristo sem cair em erro. Em particular, ele ensina a igreja a afirmar que:
1. Uma natureza de Cristo às vezes é vista fazendo coisas das quais a outra natureza não compartilha.
2. Qualquer coisa que uma das naturezas fizer, a pessoa de Cristo a faz. Ele, o Deus encarnado, é o agente ativo em todo o tempo.
3. A encarnação significa que Cristo adquire atributos humanos, não que ele abriu mão dos atributos divinos. Ele se despiu da glória da vida divina (2Coríntios 8.9; Filipenses 2.6), mas não a possessão dos poderes divinos.
4. Nós devemos olhar primeiro para os relatos do ministério de Jesus nos Evangelhos, a fim de vermos a encarnação em atividade, ao invés de seguirmos especulações moldadas por assunções humanas errôneas.
 5. A iniciativa para a encarnação veio de Deus, e não do homem.

Embora esse credo não resolva todas as questões acerca do mistério da encarnação, ele tem sido aceito por católicos romanos, ortodoxos e pelas igrejas protestantes ao longo da história, e nunca necessitou de qualquer alteração significativa porque ele eficazmente articula a tensão bíblica entre as duas naturezas de Cristo, completamente unidas em uma pessoa.

Fonte: thegospelcoalition.org. Original: Biblical Doctrine: The Person of Christ. © 2001–2012 Crossway. All rights reserved Via: Voltemos ao Evangelho

O que fazer quando tudo vai mal?

Sad1 
Por Mauricio Zágari

Quando alguém se casa, é comum que diga que seus votos valem "...na alegria e na tristeza, na saúde e na pobreza...".  Em outras palavras, os votos devem valer nas horas boas, alegres, quando tudo vai bem; ou na barra pesada, na tristeza, no desemprego, na doença, quando está tudo ruim. Interessante é que em nossa aliança com Deus isso parece que não vale. Para muitos de nós, quando tudo vai bem é festa na igreja, louvores de mãos erguidas, glória e aleluia. Mas quando as circunstâncias da vida desandam, passamos a culpar Deus e nos afastamos dele. Ou murmuramos. Ou agimos como quem não tem fé no Senhor. Qual é, afinal, a postura que o cristão deve ter quando tudo vai mal?

A resposta é: fazer tudo ao contrário do que dá vontade.

Como assim? A proposta do Evangelho é contracultural. É nadar contra a correnteza. É seguir na contramão. Portanto, quando dá vontade de reclamar, a proposta da Cruz é "em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco" (1 Ts 5.18). Devemos sempre ler a Bíblia com um olho no microscópio, ou seja, atentando para os menores detalhes. No caso, importa reparar na palavra "tudo". Se é para em "tudo" darmos graças, ou seja, em "tudo" agradecermos, o que Paulo nos ensina é que devemos ser gratos a Deus também quando tudo vai mal.

Sad2Estranho, não é? Mas... se pararmos para pensar, o Evangelho é estranho. Deus se fazendo homem? Deus querendo sofrer por quem não merece? Deus perdoando a escória da humanidade? Quem entende? Só que, quando compreendemos que "todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito" (Rm 8.28), entendemos que, mesmo quando tudo vai mal, esse mesmo tudo está cooperando para o nosso bem. E isso nos desperta gratidão a Deus.

As tribulações também proporcionam benefícios. "Também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança" (Rm 5.3,4). Isto é, quando tudo vai mal Deus está fazendo crescer em nós perseverança (fundamental para "perseverar até o fim e ser salvo" - Mt 24.13), experiência (úteis em muitas circunstâncias e para podermos ajudar o próximo) e esperança (essencial para nos manter de pé nas piores horas).

Mas quando tudo vai mal o que é preciso fazer? O segredo Paulo nos diz em sua epístola aos Romanos: "Regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes" (Rm 12.12). Ter paciência. E "paciência" é a "capacidade de tolerar contrariedades, dissabores, infelicidades; é o sossego com que se espera uma coisa desejada". Tolerância. Sossego. Persistência. Paz. Assim, o cristão que tem fé demonstra tolerância com os problemas, permanece sossegado na adversidade, espera com paciência Deus decretar o fim do período de duras provas, sabendo que depois tudo irá bem.

Sad3Fazer tudo ao contrário do que dá vontade. Logo, na pobreza devemos doar. Na tristeza, glorificar. No choro, agradecer. No sofrimento, esperar. Na decepção com o próximo, amar. E, em tudo isso, ter uma certeza: "Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação, não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas" (2 Co 4.15-18).

Se Deus permite que tudo vá mal hoje é para que tudo vá bem na eternidade. Por quê? Não faço ideia. O que meu desemprego e as dificuldades financeiras vão gerar de benefícios? Não sei. O que as dores que inundam meu corpo farão de bem por mim? Ignoro. O que ser vilipendiado por quem me chamava de "amigo" traz de vantagens? Só o Senhor sabe. O que amargar desamor de quem você menos esperava somará na sua vida? Difícil entender.

Sad4Fazemos festas surpresas para quem amamos, damos presentes fora de uma data especial para entes queridos, deixamos inesperados recados em batom no espelho do banheiro para nossos cônjuges. Eles não sabem que serão surpreendidos. Mas nós sabemos. Deus também gosta de nos fazer surpresas. E elas virão na eternidade. Hoje, tudo vai mal. Na vida eterna, a surpresa nos espera: "Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam" (1 Co 2.9).

Prepare-se para encarar momentos nada surpreendentes de angústia nesta vida. E prepare-se para ser surpreendido com maravilhas na eternidade.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício

Fonte: Apenas

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

A Incoerência do Livre-Arbítrio

 
Por Jorge Fernandes Isah
 
Primeiro, antes de iniciar as considerações, é necessário definir alguns termos:

a) Livre-arbítrio - crença de que a vontade humana tem um poder inerente de escolha com a mesma facilidade entre alternativas. Ou seja, o poder de escolha contrária ou a liberdade da indiferença. A vontade é livre de qualquer causação necessária.

b) Autonomia - qualidade da vontade ou do intelecto que o capacita a funcionar a favor ou contra qualquer curso particular de ação, por meio disso exibindo uma capacidade inata.

Definições postas, vamos ater-nos aos pontos chaves que levam à incoerência do livre-arbítrio [1]:

A idéia do livre-arbítrio é de que dele depende a responsabilidade humana. Porém, quando se questiona a origem dessa responsabilidade, tem-se como argumento que ela procede do livre-arbítrio. Está formado o argumento circular vicioso.

Para o arminiano, Deus não atropela o livre-arbítrio, logo a vontade humana não tem causação externa. Desta forma, estão asseguradas a integridade e a responsabilidade do homem. Porém, se isso não é tolice, é presunção, porque Deus sempre fará toda a Sua vontade, e nada nem ninguém pode-lhe frustrar a vontade [Is 46.10]; ao passo que o homem é sempre escravo, seja do pecado, seja da justiça [Rm 6.17-18].

A vontade se automove em resposta ao que a mente conhece, e pode causar tanto a ação em resposta às influências como resisti-las. O que me leva à pergunta: se o conhecimento intelectual [aqui incluidas a moral e a ética] será o ponto de partida, o príncipio avaliativo da vontade, como a vontade será livre? Esse conhecimento sempre virá de uma fonte externa e provavelmente virá como um argumento verdadeiro ou falacioso. Se o conhecimento for corrompido, manipulado ou integral, quais são as bases para que ele seja correto? Será possível eu ter esse conhecimento inato do que é certo e errado sem qualquer influência externa? E a vontade não poderá ser "induzida" pelo conhecimento adulterado? Ainda que esse conhecimento seja bíblico, no sentido das informações corretas, o intelecto pode não processá-las legitimamente, e induzir a vontade a uma escolha errada.

Para que o homem pudesse escolher "neutramente", seria necessário que não tivesse nenhum conhecimento, que sua mente fosse vazia, um ponto morto, mas aí entra a questão: como a vontade poderia se decidir sem nenhuma base? Na sorte, deixada a cargo do acaso, seria a opção. Visto a liberdade espontânea do livre-arbítrio somente nos remeter ao acaso. Mas, e como seríamos responsáveis, já que não exercemos nenhuma influência causal na decisão?

Portanto a teoria do livre-arbítrio destrói a responsabilidade em vez de apoiá-la. Como posso ser responsabilizado por ações surgidas de um livre-arbítrio que, pelo fato de ele ser livre, não está também sob o meu controle? [nem sob o controle divino também, ao ver do arminiano].

Se um argumento pode levar a vontade a se decidir, onde está a neutralidade moral? O argumento causou a escolha. A própria Bíblia deveria ser desconsiderada pelo "livrearbitrista", visto ser ela a fonte da Lei Moral, a qual estabelece o significado de bem e mal, e levá-nos a compreensão do que é a santidade e o pecado. Ela nos influenciará decididamente na escolha entre o que é santo e o que é pecaminoso. Logo, onde está a neutralidade? E ficam perguntas: Deus é neutro? As Escrituras são neutras? O mundo é neutro? Em qual aspecto da vida, seja eterna ou temporal, se percebe neutralidade moral? Ou se está sob a influência do bem, ou sob a influência do mal. Não existe nada que seja moralmente neutro, que pratique atos neutros [sem efeito algum]. Portanto é ilógico dizer que a vontade humana seja neutra, visto sê-la influenciada por Deus ou satanás. Senão, porque Davi, Isaías e Paulo diriam que todos pecaram [todos!] e destituídos estão da glória de Deus? [Sl 14.2-3; Is 59.2-11; Rm 3.23, 5.12]. Se todos pecaram, somos todos pecadores, a nossa vontade está corrompida, deteriorada, sob a influência do pecado e sem a menor possibilidade de ser neutra, e poder escolher o bem. Para que o arminiano não concorde com isso, ele terá de rejeitar a Bíblia como a palavra inspirada de Deus.

A questão não é se podemos escolher, mas como e de que forma escolhemos. E se somos pecadores, a nossa escolha será sempre na direção do pecado,"porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser" [Rm 8.7]. Desta forma, a Bíblia afirma que o homem natural é um pecador, o qual é desprovido da capacidade de obedecer a Deus, tornando-o moralmente responsável, tenha ou não capacidade moral. O homem será sempre condenável diante de Deus se não obedecê-lO, ou seja, a desobediência aos princípios morais estabelecidos pelo Criador é que o tornam responsável por seus delitos. A responsabilidade moral não está baseada na capacidade moral [que o homem natural não possui] ou no livre-arbítrio [que nenhuma criatura possui], mas na autoridade e soberania de Deus que determinou a não-obediência aos Seus mandamentos como a causa pela qual o homem será condenado e tornado indesculpável.

Por isso, pode-se afirmar seguramente que o livre-arbítrio é indefensável, ilógico e não-factível. A vontade humana é livre em qual sentido? Por exemplo, um hindu que nasceu no hinduísmo e cuja família se submete ao regime de castas, e crê na divindade de um inseto, qual seria a sua capacidade natural de não escolher adorar ao inseto? Para que isso acontecesse, ele teria de ser confrontado pela verdade, e reconhecer que tanto o sistema de castas como a adoração ao inseto é uma tolice, uma mentira que o quer manter escravizado na ignorância de Deus.

Se ele não for confrotado pela verdade [e a verdade é externa], ele jamais se livrará da mentira. Por que a mentira é o que ele tem por verdade, transmitida por sua família e clã [externamente] e o influenciará a sempre pensar nos seus pressupostos como verdadeiros, quando o que tem são falsas premissas a induzi-lo ao engano.

Onde está a neutralidade para que ele possa escolher livremente? Se o livre-arbítrio é o movimento da mente em certa direção, a neutralidade poderia levá-lo a essa direção? Ou as influências externas à mente, as quais está sujeito, determinarão a sua decisão? Então, está claro que esse movimento da mente não é livre, e de que ninguém toma decisões livres, mas todas elas estão sujeitas à influência, a fatores causais.

Muitos arminianos têm certeza de que possuem o livre-arbítrio, apenas porque presumiram tê-lo; e garantem que não sofrem nenhuma espécie de influência em suas decisões "livres". Porém, fica a pergunta: quem tem a certeza de que não está sujeito, ainda que minimamente, a influências que afetariam a sua vontade? Por exemplo, estar sob o efeito de medicamentos, bactérias e vírus, ou sob a ação de partículas subatômicas ou  cósmicas. Ou seja, para que essa neutralidade fosse "livre" teria que, no mínimo, ser onisciente e conhecer exautivamente tudo afim de se ter certeza de não haver alguma causa a operar sobre a vontade humana; muito antes de ser confrontado pela cosmovisão cristã. Como nenhum ser humano é onisciente e apenas Deus o é, o livre-arbítrio não pode levar jamais o homem a uma escolha neutra, sem influências ou antecedentes, sem que se detenha qualquer pressuposição.

Para que a escolha fosse neutra, era preciso que não houvesse o sentido de bem ou mal [a Lei Moral]. O hindu, sobre a influência do hinduísmo, entenderá o mal como o bem, e o bem como o mal, "fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo!" [Is 5.20]. Por si só ele jamais poderá compreender e entender [interiormente] o significado verdadeiro e real do que é bem e mal a fim de escolher entre um e outro.

O livre-arbítrio em si mesmo não detém nem o bem nem o mal, como algo neutro manteria o indivíduo numa posição de não-escolha, de não-vontade, onde ele permaneceria num ponto vago, numa posição sem solução, incapaz de se definir, porque nada lhe é indentificado; e assim, se está nesse ponto morto, como será levado a agir? Em que bases? Se é neutra, não é causada, logo, qualquer semelhança com o acaso não é mera coincidência. E se a mente é levada a agir pelo acaso, como poderá ser responsabilizada?

A afirmação, "se nós não temos o livre-arbítrio, não podemos ser responsáveis pelas nossas ações", é verdadeira? Em qual sentido? Quem a provou como verdade? E uma pergunta muito mais explícita ainda: à luz das Escrituras, qual a relação entre responsabilidade e liberdade? Onde elas aparecem, e onde estão especificadas a sua conexão?

São perguntas que o arminiano não se dispõe a responder. Para ele, basta estabelecer o axioma, e pronto. Provar, para quê?

Por essas e outras, o livre-arbítrio é incoerente, e incapaz de levar o homem a lugar algum. Como teoria autonomista não encontra respaldo bíblico, sustentando-se apenas e tão somente pelo seu apelo humanista, ou seja, antibiblicamente; porque nada mais é do que o desejo de se ter um poder para decidir independentemente, chegando à blasfêmia de se cogitar mesmo uma autonomia de Deus. O que não passa de uma estúpida pretensão ou delírio diabólico, cujo único objetivo é tornar o homem num "deus" independente e livre de Deus. O que felizmente é impossível.

Nota: 
[1] Boa parte destas conclusões se devem ao livro "A Soberania Banida" de R. K. McGregor Wright, publicado pela Cultura Cristã; e diversos livros e textos de Vincent Cheung publicados pela Editora Monergismo.
[2] Leia os meus comentários ao livro em O Que Estou Lendo... Ou Li 
 
Fonte: lamo

NÃO TOQUEIS NOS MEUS UNGIDOS


“Não toqueis em meus ungidos, não maltrateis meus profetas” (Salmo 105.15, King James).

Por Isaltino Gomes Coelho Filho

No meu grupo de estudos teológicos em Monte Dourado, no Vale do Rio Jari (imponente tributário do majestoso Amazonas), alguém levantou esta questão de não tocar nos ungidos do Senhor, exatamente quando estudávamos Tito, no tocante ao caráter do obreiro. Comentei que o Salmo 105.15 vem sendo usado equivocadamente, para defender a intocabilidade de obreiros que esgrimem o texto para se colocarem acima da crítica. Eles são ungidos do Senhor e nada se lhes pode fazer, mesmo quando estão em pecado.

A questão é que, embora os termos hebraicos sejam mesmo meshiahay e nabhyay (“meus ungidos” e “meus profetas”), a alusão não é a uma classe de homens, como os profetas quando da profecia já institucionalizada, e sim a família eleita, os patriarcas até Jacó. O contexto é bem claro: todo o salmo alude a Israel no Egito. A ordem para não tocar nos ungidos e profetas do Senhor, no texto, foi dirigida às nações pagãs, por onde a família eleita peregrinou, antes de chegar ao Egito. São os episódios envolvendo Abraão, Isaque e Jacó em seus conflitos com seus vizinhos. Esses vizinhos deviam saber que não podiam tocar na família ungida, os ungidos e profetas de Deus. O episódio de Gênesis 20.1-7 elucida isso bem. Não se podia tocar em Sara. Em Gênesis 20.7 aparece, pela primeira vez, o termo “profeta” (nabhi) e é aplicado a Abrão. Os ungidos e profetas intocáveis e não maltratáveis, no texto, são os patriarcas. Não o pastor do século 21. Tanto é assim que à frente dos meshiahay e nabhyay, os ungidos e profetas, foi enviado “um homem, José, vendido como escravo” (v. 17). Ele salvou os ungidos e profetas da fome, ao introduzi-los no Egito.

Minha preocupação não é ser do contra nem mostrar que todo mundo está errado. É, isso sim, alertar para que textos bíblicos não sejam usados fora do contexto para provar teses para as quais eles não foram destinados. O pastor deve ser respeitado e obedecido (Hb 13.17). Quando faz seu trabalho bem feito deve receber salário em dobro. O “dupla honra” (diplês timês), de 1Timóteo 5.17, significa “dobrados honorários”, como bem traduziu a King James.O pastor há que ser respeitado e bem pago. Mas não está acima da crítica e não é intocável. A igreja local tem autoridade sobre ele, bem como tem autoridade sobre todos os crentes. Aliás, é preciso resgatar a autoridade da igreja. Ela não está subordinada a pessoas, mas ao seu Senhor, e seus membros estão debaixo da autoridade dela. 

Mas o confortador é saber que Deus adverte ao mundo para não tocar nos que são seus, no seu povo. A igreja de Jesus se compõe de homens e mulheres que são os ungidos e os profetas de Deus neste mundo. Quando se encontrou com Saulo no caminho de Damasco, Jesus não lhe perguntou por que ele perseguia os membros da seita O Caminho. Perguntou-lhe: “Por que me persegues?” (At 9.5). A perseguição que Saulo fazia aos seguidores de Jesus era vista pelo Senhor como uma perseguição a ele, o Senhor. Ele toma as dores do seu povo. Se o pastor for perseguido por membros da igreja que se lembre que o Senhor Jesus vê e acerta as contas com aqueles membros da igreja. Eu, particularmente, sem ser o queridinho do Papai do céu, experimentei isso. Deixei com Deus para que cuidasse da situação. Ele cuidou. O tempo é o segundo melhor juiz dos eventos (o primeiro é Deus) e mostra quem é quem.

Pastores: lideremos nossos rebanhos, mas sejamos humildes para reconhecer nossos erros e evitemos colocar-nos acima da crítica. Ovelhas: respeitem, amem e honrem seus pastores. Dêem-lhes sustento digno. Pastores e ovelhas: o Senhor cuida de nós. Não briguemos. Entreguemos a Deus. Mundo: respeite o povo de Deus. 

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O Problema do Mal


Por Carlos Osvaldo Pinto

A existência do mal, em suas variadas formas, mas particularmente naquelas que são aparentemente injustificadas, levanta dificuldades lógicas e psicológicas quanto à existência e/ou ao caráter de Deus. Embora raramente isso seja levantado pelos que argumentam contra a existência de Deus por causa da presença do mal no universo, o problema não é uma questão de grau, mas de simples existência.

 “Mal” é um termo de difícil definição, em particular devido à natureza limitada de nosso conhecimento e à falta de um acordo quanto à perspectiva a partir da qual tentar uma definição.

Via de regra, mesmo teístas ardorosos acabam adotando uma definição antropocêntrica do mal, e isso lhes dificulta um tratamento exegético adequado da evidência bíblica.

Por outro lado, uma definição mais teocêntrica fecha a possibilidade de um diálogo significativo com os “ateólogos”.

Em geral, um evento é entendido como “mal” (ou, se quisermos adjetivar, “mau”) se:
  • Causar algum dano (de qualquer dimensão) ao bem estar físico e/ou emocional de uma criatura capaz de sensação;
  • Ocorrer algum tratamento desumano ou injusto de uma criatura capaz de sensação;
  • Causar perda de oportunidade ou desenvolvimento por causa de doença e/ou morte, particularmente “prematura”;
  • Impedir que um indivíduo leve uma vida significativa e/ou virtuosa;
  • Violar algum código moral ou roubar direitos essenciais a alguém;
  • Constituir a “privação” ou a deterioração de algum “bem”.

Taxonomia do Mal

Mal Moral. Esta categoria engloba males que resultam do mau uso da capacidade de escolha de algum agente moral. Inclui atos específicos de “maldade” (mentira, desonestidade, violência, destruição) em maior ou menor grau.

Mal Natural. Em contraste com o mal moral, o mal natural resulta da operação de processos naturais, nos quais nenhum agente moral pode ser responsabilizado pelo dano resultante. Exemplos clássicos são desastres naturais como furacões e tornados, terremotos e maremotos, deslizamentos de terra e enchentes, e também doenças devastadoras como a leucemia e o mal de Alzheimer.

Uma qualificação importante
Boa parte do que é considerado males naturais consiste, na verdade, de males morais precipitados por negligência, ganância ou pura e simples estupidez humana.
  • Câncer no pulmão pode ser causado por fumo inveterado.
  • Destruição em massa num terremoto pode ser causada pela ganância de empreendedores ou neligência de governantes (ou ambos).
  • Enchentes têm como causa frequente a irresponsabilidade de cidadãos e/ou  governantes.
Quando causados pelo exercício da vontade de agentes morais, tais males são melhor qualificados como morais, ou pelo menos híbridos, i.e., males naturais exacerbados por erros de natureza moral.

Uma maneira alternativa de dizer isso seria classifcar como  males naturais apenas aqueles cuja ocorrência não pode ser atribuída a agentes morais meramente humanos.

Uma categoria à parte é a do chamado mal hediondo, no qual agentes morais exacerbam a violência, a crueldade, a desumanidade em nome de preferências ou ojerizas pessoais.

Holocausto
  • Linchamentos tipo Ku-Klux-Klan (e garotões de Brasília)
  • Cárceres privados e incestos
  • É geralmente essa categoria de males que provoca o desafio dos ateólogos à existência de Deus.

Maneiras Excludentes de Lidar Com o Problema

Ilusionismo – Negar a realidade do mal

Monismos orientais e ocidentais advogam que há uma única realidade e que o mal é uma ilusão.
  • O hinduísmo tradicional diz que todo o mundo material é maya (ilusão).
  • Baruc Spinoza argumentou que nada pode ser taxado de mau pois faz parte da infinita bondade do quadro total.
  • Ciência Cristã afirma que “o mal . . . Não tem base real. É um erro do homem mortal.”
Respostas ao Ilusionismo
A impressão da existência do mal é uma persistência universal. Como explicar essa impressão?

Será que é prova de bom senso negar totalmente a percepção sensorial de todas as pessoas? Isso tornaria a própria percepção do panteísta altamente suspeita.

Se o mal é apenas ilusão, por que a dor que ele causa é real no nível mais íntimo do ser humano?

O Ateísmo – Afirmar a realidade do mal e negar a realidade de Deus

Um silogismo famoso (Epicuro, Hume, etc.)
  • Se Deus é Todo-Poderoso, Ele pode eliminar o mal.
  • Se Deus é Todo-Benevolente, Ele eliminará o mal.
  • Mas, o mal continua a existir.
  • Logo, Deus como entendido pelos teístas, não existe.
  • I.e., se existir, não será onipotente.
  • I.e., se existir, não será onibenevolente.
O Ateísmo – Negar a bondade de Deus ou negá-lO como a Realidade Última.

Um outro silogismo
  • Ou (1) nosso senso moral existe porque Deus quis assim ou (2) Deus quis assim porque o senso moral sempre existiu.
  • Se (1) é fato, Deus é arbitrário quanto ao que é certo, e não é essencialmente bom.
  • Se (2) é fato, Deus não é a Realidade Última, pois ao menos uma vez esteve sujeito a algum padrão externo.
  • Em qualquer um dos casos acima, ou em ambos, Deus não é o que os teístas reivindicam.
  • Logo, Deus como entendido pelos teístas, não existe.
O Ateísmo – Há outras abordagens usadas por ateólogos para propor a inexistência de Deus ou a improbabilidade de Sua existência.

Deus e o mal são logicamente incompatíveis.
Deus e o mal são praticamente incompatíveis.
Deus poderia ter criado um mundo sem a presença do mal.
  • Esta é a forma mais comum de crítica ao teísmo cristão em nossos dias.
  • Ela não precisa recorrer às pressuposições embutidas nos silogismos anteriores.
Respostas Cristãs ao Ateísmo

Jay Adams ilustra uma abordagem calcada na soberania de Deus, baseando-se em Rm 9.17 (no livro The Grand Demonstration: A Biblical Study of the So-Called Problem of Evil, 1991), e argumentando que o propósito do mal (e da misericórdia) é revelar a natureza de Deus.

Vários outros autores seguem em parte o argumento de Leibnitz (este é o melhor dos mundos possíveis), sugerindo que embora este não seja o melhor dos mundos, é o melhor (e necessário) caminho para o melhor dos mundos (onde sequer a possibilidade do mal venha a surgir eternamente).

Para que o mal inexistisse, Deus poderia
(a)    não ter criado mundo algum;
(b)   ter criado um mundo sem criaturas livres;
(c)    ter criado um mundo onde criaturas livres não pecassem;
(d)   ter criado um mundo onde criaturas livres pecassem.

A resposta teísta à alegação dos ateólogos que os cenários (a), (b) e (c) são melhores que o cenário (d) é que o cenário (d) é o caminho para que tais criaturas livres eventualmente fossem definitiva e eternamente livres da presença e da ameaça do pecado e do mal por uma redenção em que o próprio Deus experimentasse o maior dos males em favor de Suas criaturas.

Maneiras Abrangentes de Lidar Com o Problema

Aqui afirma-se a realidade de Deus e do Mal.
Dentre várias formas abrangentes, destacam-se:
O Dualismo
O Panenteísmo (ou teologia do processo)
O Finitismo em várias formas
  • Deus não é onipotente
  • Deus não é onisciente
  • Deus não era livre (ou soberano) para não criar
O Dualismo – O Bem e o Mal em eterna oposição
Primeiro argumento dualista
  • Bem e mal são antitéticos.
  • Nada pode originar o seu oposto.
  • Logo, Bem e Mal são eternos.
Resposta teísta
  • A segunda premissa só é verdade em termos essenciais, não em termos incidentais.
  • Além disso, a existência de opostos não garante a eternalidade de seus primeiros princípios.
Segundo argumento dualista
  • Deus é o criador de tudo que existe.
  • O mal é algo que existe.
  • Logo, Deus é o autor do mal.
Resposta teísta
  • A primeira premissa é verdade em termos essenciais, não em termos incidentais. Deus criou os elementos necessários à combustão, mas não os incêndios. Deus concedeu a liberdade, mas não é responsável pelo seu mau uso.
  • Além disso, o mal não é uma entidade criada independente, mas a deterioração ou privação de algum bem numa entidade no que tange à sua natureza. Isso não equivale a negar a realidade do mal, mas sua realidade independente.
O Panenteísmo – Deus é coextensivo com a Criação

No panenteísmo o mal é inerente à matéria, que é vista como eterna ou pré-existente
  • Deus não é o criador mas o modelador.
  • O mal é algo que existe continuamente e será derrotado incrementalmente pela ação conjunta de Deus e dos que O Seguem.
  • Deus quer, busca, tenciona, tenta e trabalha para eliminar o mal, mas ainda não tem poder agregado suficiente para fazê-lo.
Resposta teísta

O Neo-Teísmo – Há limitações autoimpostas por Deus ao criar seres moralmente livres.
  • O neo-teísmo alega interpretar as Escrituras mais corretamente ao reconhecer limitações em Deus.
  • Alega ainda atribuir uma atividade mais direta de Satanás nos chamados males naturais.
  • Alega que a liberdade humana seja absoluta (ou libertária) para que Deus seja isento do Mal.
  • Define mal (e bem) em termos essencialmente humanos (aquilo que nos causa medo, dor e tensão).
Respostas Teístas ao Neo-Teísmo
  • O neo-teísmo lê seletivamente e deixa de lado aspectos contextuais e literários que justificam supostas limitações divinas.
  • Concede a Satanás muito mais campo de ação do que as Escrituras sugerem, mesmo à luz de “ele foi homicida desde o princípio” (Jo 8.44).
  • Acaba por isentar Deus da responsabilidade pelo bem, já que a criatura é plenamente responsável e livre.
  • Desconsidera a glória de Deus como o propósito último e maior do universo (que inclui o desfrute de Deus pela criatura que a Ele responda em fé).

Algumas Sugestões

Precisamos abordar a questão do mal a partir de uma plataforma de fé, e não apenas de reação aos argumentos dos ateólogos. Mais precisa ser dito e escrito a partir das Escrituras.

Não basta apontar para os argumentos dos ateólogos como fruto apenas de uma reação emocional à existência do mal (embora esse fator me pareça preponderante).

Precisamos cuidar para não sermos insensíveis à dor genuína, enquanto tentamos não ser coniventes com a mera especulação diletante.

Precisamos lidar exegeticamente com as alegações do neo-teísmo e com a atitude laissez-faire que ele tende a produzir.