sábado, 30 de junho de 2012

Como identificar um falso profeta


Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios.
1 Timóteo 4:1
Infelizmente tem se tornado cada vez maior o número de pessoas que dizem seguir a Cristo esquecendo-se de fazê-lo de acordo com a Sagrada Escritura. Observamos que toda sorte de misticismo, emocionalismo e deturpação doutrinária tem penetrado no seio da igreja.

Os falsos profetas têm iludido milhares, ou talvez milhões, de pessoas através de suas práticas e costumes já revelados pela Bíblia Sagrada.

O que mais me chama a atenção é o fato dessas pessoas possuírem Bíblias e não atentarem para as Suas advertências. O texto Bíblico é claro acerca da necessidade de se atentar para o ensino Escriturístico, procurando não cair nas garras do erro.

“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.” (2 Timóteo 2:15)

“O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos.” (Oséias 4:6)

“Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus.” (Mateus 22:29)

John Ankerberg e John Weldon resumiram essa falha, ao afirmarem:
Muitos cristãos têm hoje a infeliz noção de que não necessitam estudar a Bíblia por si mesmos. Essa idéia é espiritualmente prejudicial, pois impede os cristãos de amadurecerem na fé e os torna suscetíveis a falsos ensinamentos e estilos de vida mundanos. Não obstante, a Bíblia está repleta de admoestações para os crentes estudarem as verdades da sua fé.
(ANKERBERG, John & WELDON, John. Os Fatos sobre o Movimento da Fé. Chamada da Meia-Noite, 1996. p. 21)
É preciso, todavia, entendermos que muitas pessoas o têm feito por inexperiência ou por uma orientação deturpada de seu líder. Esse é o caso dos neófitos, os novos convertidos. Hank Hanegraaff explica da seguinte maneira:
Tenho encontrado pessoalmente diversas pessoas queridas que se enquadram nessa categoria. Não questiono sua fé nem sua devoção a Cristo. Eles integram aquele segmento do Movimento da Fé que, por alguma razão, não compreenderam nem internalizaram os ensinamentos heréticos apresentados pela liderança de seus respectivos grupos. Em muitas instâncias, são novos convertidos ao cristianismo que ainda não se firmaram bem na fé. Mas nem sempre é esse o caso.
(HANEGRAAFF, Hank. Cristianismo em Crise. CPAD, 1996. p.43)
A Sagrada Escritura nos fala acerca das pessoas que apresentam falsos ensinos, denominando-as de ‘falsos profetas’. A definição apresentada pela Wikipédia é que:
“Falso profeta é a rotulação dada a uma pessoa que ilegitimamente se proclama detentora de dons do Espírito Santo. Tal rotulação pode tanto decorrer de um falso dom carismático, como do uso do mesmo para fins demagógicos ou demoníacos.”
(Fonte: Wikipédia)
Tais pessoas têm suas práticas em comum com outros em outras partes do globo e em outros períodos da história. Por isso, podemos ver falsos profetas com práticas semelhantes em locais e (ou) períodos de tempo distintos.

A Bíblia nos apresenta sete (7) maneiras pelas quais podemos identificar um falso profeta. O que veremos adiante. Ainda, é importante observar que para ser classificado como falso profeta não é preciso estar enquadrado nas sete características, mas em apenas uma delas.

1. O que eles falam pode se cumprir, porém, eles conduzem o povo a práticas não bíblicas

“Quando profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti, e te der um sinal ou prodígio, E suceder o tal sinal ou prodígio, de que te houver falado, dizendo: Vamos após OUTROS deuses, que não conheceste, e sirvamo-los; Não ouvirás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos; porquanto o SENHOR vosso Deus vos prova, para saber se amais o SENHOR vosso Deus com todo o vosso coração, e com toda a vossa alma.” (Deuteronômio 13:1-3)

a) Irá cumprir-se o que eles falarem, porém levarão as pessoas a práticas não bíblicas;
 
b) Quebrarão princípios bíblicos.

Esse é um dado importante, pois a primeira impressão que temos é a de que um falso profeta é alguém que traz uma predição, todavia esta não acontece. Isto não é verdade. O falso profeta pode trazer uma suposta ‘profecia’ e a mesma acontecer.

O que precisa ser observado acima de tudo é o conteúdo da mensagem, e não apenas o seu cumprimento. Daí, a necessidade de se conhecer bem a Escritura, para que se possa julgar retamente a mensagem que é trazida.

A Bíblia nos diz que devemos estar vigilantes e atentos para o conteúdo.

“Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.” (1João 4:1)

Muitas pessoas têm sido conduzidas ao erro pela simples ingenuidade de observar apenas o cumprimento da mensagem e não o seu conteúdo. Devemos ser como os crentes de Beréia, que estavam sempre atentos à Escritura para ver se os fatos apresentados ocorriam de acordo com Ela.

2. Acrescentarão ensinos à Palavra de Deus, trazendo novos ensinos, novas práticas

“Porém o profeta que tiver a presunção de falar alguma palavra em meu nome, que eu não lhe tenha mandado falar, ou o que falar em nome de outros deuses, esse profeta morrerá.” (Deuteronômio 18:20)

a) Falarão além do que foi revelado por Deus.

Uma prática bastante comum nos dias de hoje é a adulteração da Palavra de Deus. Essa adulteração pode ser verbal ou escrita.

A adulteração verbal ocorre, muito comumente, quando algumas pessoas têm a presunçosa ousadia de dizer que o SENHOR está falando através delas sem que isto esteja realmente acontecendo.

A adulteração escrita ocorre quando há a modificação do texto bíblico de maneira escrita, como o próprio título sugere. A exemplo dos Russelitas que modificaram a Sagrada Escritura, e outros grupos mais.

No Movimento da Fé, tão forte atualmente, existe uma série de pregadores que se encaixam perfeitamente na classificação de falsos profetas, a exemplo de: Kenneth Hagin, Valnice Milhomens, R. R. Soares, Edir Macedo e Companhia, Benny Hinn, René Terranova entre outros, como veremos na segunda parte desse estudo.

3. Não se cumprirão as suas profecias, ou ensinos

“Quando o profeta falar em nome do SENHOR, e essa palavra não se cumprir, nem suceder assim; esta é palavra que o SENHOR não falou; com soberba a falou aquele profeta; não tenhas temor dele.” (Deuteronômio 18:22)
a) Não se cumprirá o que eles falarem.

Essa característica, eu creio, é a mais conhecida. Entretanto, apesar desse ensino ser claro e bem conhecido, muitas pessoas escolhem não lhe dar atenção para continuarem envolvidos com o engano e a fraude.

Podemos citar como exemplo as falsas profecias de Benny Hinn, que afirmou no ano de 1990 que os Estado Unidos seriam assolados por terremotos e outros eventos destruidores, e que um colapso econômico destruiria a economia dos EUA. Apesar de nada disso ter ocorrido, seus seguidores continuam crescendo em número.

Podemos citar o exemplo de Valnice Milhomens, que profetizou a volta de Jesus Cristo para um dia de sábado no ano de 2007. (ROMEIRO, Paulo. Supercrentes. Mundo Cristão, página 24). Apesar disso, seus seguidores têm crescido em número.

Podemos citar o exemplo de Kenneth Hagin, que disse: “E você sabe o que vai acontecer agora? Vou contar-lhe um segredo. Alguém vai me dar US$ 50.000,00. Porque você pode ter aquilo que diz” (Fé que move montanhas, p. 21). Apesar do fato não ter ocorrido, o número de seus seguidores continua crescendo.

4. Possuirão uma aparência de ovelha

“Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores… Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.” (Mateus 7: 15,22-23)

a) Terão aparência de ovelha, mas suas práticas serão egoístas e visarão interesses pessoais.

Muitas pessoas estão enganadas porque têm olhado para as supostas profecias que são trazidas, mas esquecem de olhar se a ‘árvore’ está dando bons frutos segundo a Sagrada Palavra de Deus.

Mais uma vez voltamos para o conteúdo da mensagem.

O falso evangelho da prosperidade, que deveria ser denominado de evangelho da ganância, é fruto incontestável de tais práticas antibíblicas.

Vivemos uma onda de supostos milagres e maravilhas na atualidade, mas esquecemos que a verdadeira profecia Bíblica já nos dizia que isto iria acontecer, todavia, esta seria uma das ferramentas mais poderosas que o arquiinimigo usaria. Vejamos atentamente:

“Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.” (Mt 24:24)

“A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira” (2Ts 2:9)
Eu julgo importante o fato que devemos estar atentos a esses detalhes para não sermos enganados, porém, não podemos esquecer do texto citado, Mateus 7:22-23, que nos diz algo importantíssimo:

“…não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade”

Ora, o texto bíblico nos mostra que muitas pessoas se apresentarão diante do SENHOR tentando realizar uma auto-justificação. Usando para isso o fato delas terem profetizado, expulsado demônios e feito milagres.

Observe que apesar dessas pessoas terem feito tais coisas Cristo lhes disse: “Nunca vos conheci”. É importante destacar que Jesus Cristo não disse que conhecia aquelas pessoas e depois lhes esqueceu. Não! Cristo disse que NUNCA as havia conhecido. Isso nos mostra que tais pessoas nunca foram salvas.

É importante, ainda, observar que aquelas pessoas realmente fizeram aquilo que elas disseram, porque Cristo não lhes disse que estavam mentindo. E mais, elas tanto fizeram aqueles feitos como quiseram usá-los como uma justificativa diante do SENHOR.

Por fim, o fato é que tais fenômenos acontecem, mas isso não significa que seja Deus agindo e muito menos que as pessoas que realizam tais atos sejam salvas. Observe a maneira como Cristo descreve os fenômenos citados por tais pessoas: “iniqüidade”. Cristo disse que aquelas pessoas estavam praticando a iniqüidade.

Sabemos que Deus pode fazer milagres, se assim Ele o desejar, porém as ondas “milagreiras” que estão ocorrendo na atualidade, acompanhadas dos ensinos e das práticas que temos visto não se encaixam na Escritura como tendo uma origem Divina.

Esse fenômeno é algo tão forte que causa aquecidos debates, todavia, se houvesse uma pausa para estudar a Bíblia calmamente, atentando para seu ensino o resultado seria um verdadeiro avivamento. E diga-se de forma bastante clara que todo verdadeiro avivamento trouxe o povo genuinamente para a Bíblia, e não para longe Dela.

5. Procurarão fazer as mesmas coisas que Cristo, como se possuíssem a mesma condição e posição

“E Jesus, respondendo, disse-lhes: Acautelai-vos, que ninguém vos engane; Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos… Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.” (Mt 24:4,5,24)

a) Dirão ser o próprio Cristo, ou serem deuses. Pessoas com a mesma capacidade de Cristo.
Há algumas décadas atrás, se alguém dissesse que poderia fazer as mesmas coisas que Cristo seria chamado de herege, porém, nos dias de hoje quem proclama tal ensino é identificado como sendo um homem de Deus.

Benny Hinn disse que: “Cristãos são pequenos messias, são pequenos deuses” (Benny Hinn, Praise-a-thon (TBN), Novembro 1990).

Há algumas décadas atrás, se alguém dissesse que Jesus parecia com Satanás seria chamado de herege, porém, nos dias atuais quem proclama tal ensino é tido como um professor de Bíblia.

Benny Hinn disse que: “Jesus na sua morte se tornou um com satanás” (Benny Hinn, transmissão de Benny Hinn, 15/12/90).

Kenneth Hagin disse que: “A morte espiritual significa ter a natureza de Satanás” (O Nome de Jesus, p. 26), e depois falou que: “Jesus provou a morte – a morte espiritual – por todos os homens” (O Nome de Jesus, p. 27), concluindo que Jesus tem a mesma natureza que Satanás, e ainda foi o líder de um fraudulento e herético curso bíblico denominado Centro de Treinamento Bíblico Rhema, onde é identificado da seguinte maneira: “Kenneth E.Hagin é um baluarte divino para o amadurecimento da igreja moderna”. (Manassés Guerra – Professor do Rhema Brasil).

Há algumas décadas atrás, se alguém dissesse que poderia saber o que iria acontecer mais adiante seria chamado de adivinhador e herege, porém, nos dias atuais quem proclama tal ensino é consagrado apóstolo.
Renê Terranova falou que: “um dos problemas de ser profeta é porque nada nos apanha de surpresa” (Renê Terranova em sua consagração ao apostolado, na Igreja Batista da Lagoinha).

6. Usarão “sinais” que servirão de engodo para arrebanhar o povo

“Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição … A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira” (2 Ts 2:3,9)

a) Farão sinais e prodígios, porém impulsionarão à apostasia, que é a deserção da fé, mudar de convicção bíblica.

Os falsos profetas têm como característica o uso de sinais e maravilhas para dar autoridade ao seu suposto ministério, o que irá fazer com que muitos venham a acreditar em seus ensinos. Entretanto, os seus seguidores estarão sendo conduzidos a apostasia, mudando os ensinos bíblicos e adotando práticas místicas, que há muito foram reprovadas pelos próprios apóstolos.
O resultado final será uma miscigenação de mentira, misticismo e deserção da fé bíblica.

7. Não confessarão que Cristo veio em carne, isto é, fisicamente

“Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos, por onde conhecemos que é já a última hora. Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós … E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já está no mundo … Porque já muitos enganadores entraram no mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e o anticristo.” (1 Jo 2:18-19, 4:3; 2 Jo 7)

a) Sairão do nosso meio. Não confessarão a Jesus (com palavras e atitudes);

b) Negarão a vinda de Cristo em carne.

Em primeiro lugar é preciso entender que boa parte das seitas existentes e heresias apresentadas são dirigidas por pessoas que mantiveram algum contato com o Evangelho em algum período da vida. Contudo, o próprio texto bíblico esclarece que “saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco”.
Podemos realizar uma rápida busca para comprovar se isto é um fato ou não. Vejamos:  
  
GRUPO FUNDADOR INFLUÊNCIA
Ciência Cristã Mary Baker Igreja Congregacional [1]
Igreja apostólica “Vó Rosa”  Eurico Matos Coutinho Igreja Presbiteriana [2]
Adventismo Guilherme Miller
Hiram Edson
Joseph Bates
Ellen G. White
Igreja Batista
Igreja Metodista
Igreja Anglicana
Igreja Episcopal Metodista [3]
Meninos de Deus David Berg Christian and Missionary Alliance [4]
Testemunhas de Jeová Charles Taze Russel Igreja Presbiteriana [5]
Tabernáculo da Fé Willian Marrion Branham Igreja Batista [6]

Em segundo lugar, é preciso saber que o falso profeta, e seu ensinos, negarão a vinda de Cristo em carne, isto é, fisicamente.
Podemos efetuar outra busca rápida para identificarmos alguns desses falsos profetas e algumas doutrinas por eles defendidas:

NOVA ERA
A luz não poderia se unir às trevas. Ela apenas assumiu a aparência de um corpo humano e tomou o nome de Cristo no Messias, apenas para se acomodar à linguagem dos judeus. A Luz fez sua obra, tirando os judeus da adoração do Princípio Mau e os pagãos da adoração aos demônios. No entanto, o Chefe do Império das Trevas fez com que ele fosse crucificado pelos judeus. Todavia, ele sofreu apenas na aparência…
(PIKE, Albert. Morals and Dogma. pg 567)
Observe a mensagem da Nova Era que diz que “assumiu a APARÊNCIA de um corpo humano”. Na verdade, a Nova Era que tem como expoente Helena P. Blavatsky ensina que Cristo não veio com um corpo físico, mas espiritual que possuía a aparência humana.

GNOSTICISMO
Segundo algumas linhas gnósticas, Cristo não veio em carne e nunca assumiu um corpo físico (http://pt.wikipedia.org. Acessado em: 10/10/07)
J.I Packer apresenta o ensino bíblico correto em contraposição com o docetismo:
Jesus foi um homem que convenceu os que estavam próximo dele de que Ele era também Deus; portanto, sua condição humana não está em dúvida. A condenação de João daqueles que negavam que “Jesus Cristo veio em carne” (1 Jo 4.2,3; 2 Jo 7) visava aos docetas(*), que substituíram a Encarnação pela idéia de que Jesus foi um visitante sobrenatural (não Deus), que parcialmente humano, mas era realmente uma espécie de fantasma, um mestre que, na realidade, não morre pelos pecados. * Partidários do docetismo, doutrina gnóstica do segundo século desta era. (PACKER, J. I. Teologia Concisa,Cultura Cristã. pg. 102)

DOCETISMO
O docetismo foi o termo usado para designar uma seita que surgiu dentre o gnosticismo. O apóstolo João escreveu sua epístola advertindo a igreja contra aqueles que negavam que “Jesus Cristo” veio em carne (1Jo 4.2).
(MARTINEZ, João Flavio. www.cacp.org.br. Acessado em: 10/10/07)

APOLINARIANISMO
…o Apolinarianismo ia contra o ensino que Cristo possui a natureza humana, alegando que Cristo era apenas Deus, indo contra a doutrina da encarnação, onde o Verbo se fez carne e habitou entre nós, que está muito evidente no capítulo 1 do Evangelho de João. (WERONKA, João R. www.irmaos.com/almanaque/?id=1523. Acessado em 10/10/07)
Todos esses ensinos apresentados estão de alguma forma negando a Doutrina Bíblica. E mais chocante é o fato que tais heresias têm sido apresentadas por pessoas que um dia já estiveram no meio da igreja, como joio ou lobo em meio ao rebanho.

Mais uma vez se cumpre a Escritura, ao dizer que não há nada oculto que não venha a ser revelado (Lucas 12:2).

“E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.”
Apocalipse 13:8

NOTAS
[1] Fonte de Pesquisa: Ciência e Saúde Com a Chave das Escrituras. Mary Baker Eddy. The First Church of Christ, Scientist, in Boston, 1973. pág 351
[2] Fonte de Pesquisa: Série Apologética. ICP Editora. 2001. pág91
[3] Fontes de Pesquisa (respectivamente):    www.carm.org. Acessado em 10/10/07; en.wikipedia.org. Acessado em 10/10/07; en.wikipedia.org. Acessado em 10/10/07; www.ellengwhite.info/ellen_white_life_1a.htm. Acessado em 10/10/07
[4] Fonte de Pesquisa: en.wikipedia.org. Acessado em 10/10/07
[5] Fonte de Pesquisa: encyclopedia.thefreedictionary.com. Acessado em 10/10/07
[6] Fonte de Pesquisa: en.wikipedia.org. Acessado em 10/10/07

Fonte: Napec

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Mudam as palavras e não nos avisam



Por Pablo Massolar
 
As palavras estão em constante mudança de significado. Uma palavra que carrega um sentido hoje, não dirá a mesma coisa amanhã e eu posso dar algumas demonstrações simples do que estou dizendo.

A palavra "gato", por exemplo, há 100 anos se referia aos bichanos, felinos. Há 30 ou 40 anos já era usada para se referir a um homem bonito. Hoje se diz que "gato" é uma ligação clandestina numa rede elétrica e, amanhã ou depois, esta mesma palavra poderá ser utilizada para se referir a outra coisa que nem sabemos ainda. Isto é um ciclo interminável: as palavras sempre brincam de mudar de sinônimos. Se não percebermos o contexto no qual está sendo usada podemos incorrer em alguma confusão.

O mesmo acontece ao inverso, mantendo o significado mas com novas e diferentes palavras. Há algum tempo, nas comunidades de periferia do Rio, usava-se a palavra "sangue" (derivado de sangue bom) para se referir a alguém que era parceiro e em quem se podia confiar. Hoje a palavra substituta para parceiro/sangue é "braço" que faz referência à expressão "braço direito".

Uma palavra em um contexto pode ser entendida de forma completamente diferente em outro contexto. Nem sempre as pessoas conseguem se libertar das formas fechadas e entender que mais importante do que a palavra utilizada é o significado que ela carrega no momento, em contextos fora de sua realidade imediata.

 
Na religião este problema de significados é maior ainda. Parece que algumas instituições "santificam" determinadas palavras como se somente aquele determinado grupo de fonemas fosse o "correto", mas se esquecem que os significados se alteram com o tempo e, também, que algo pode ser dito ou explicado com outras palavras, mesmo que não façam parte daquele ambiente religioso.

Eu sou pastor em uma comunidade muito carente. Não é sempre que digo isso, mas eu sou pastor, sim. Na maioria das vezes, quando conheço novas pessoas, não falo imediatamente que sou pastor. Não é por vergonha do chamado espiritual. Muito pelo contrário. Mas porque esta palavrinha, atualmente, está muito distante e distorcida do que ela realmente significa. Só depois de alguma convivência e com mais tempo é que eu falo que sou pastor e o que REALMENTE um pastor faz ou deveria fazer.


Em primeiro lugar, um pastor não deveria ir para a televisão ou rádio pedir dinheiro e vender produtos, livros e CDs usando como apelo a fé das pessoas. Pastores não devem ser vistos como seres com poderes especiais e mais importantes para Deus do que qualquer outra pessoa, por menor e mais simples e até mesmo pecadora que seja. Pastores também erram, falham, são humanos, não estão acima do bem e do mal.


Pastores nem sempre são iletrados, ignorantes, presunçosos, arrogantes, superiores, donos da verdade, estrelas, distantes, egocêntricos, megalomaníacos e golpistas. Pastores nem sempre enganam os membros de suas comunidades e enriquecem com dinheiro dos dízimos e ofertas. Nem todos os pastores utilizam técnicas de autossugestão para fazer fiéis chorarem, se emocionarem, entrarem em transes de catarse coletiva e entregarem todo o dinheiro que têm. Mesmo que seja isso que apareça o tempo todo nas televisões.


Infelizmente, se alguém disser hoje que é pastor, será logo lembrado como aqueles homens de roupa branca, da televisão, expulsando demônios falsos e pedindo ofertas. Ou pior ainda: serão, invariavelmente, fora dos arraiais das igrejas, vistos como pessoas totalmente desconexas da realidade, quando não muito, tidos por neuróticos e até mesmo hipócritas por pregarem uma coisa na igreja e fazerem outra totalmente diferente fora dela.


Prefiro não ser chamado de pastor a ser associado a um destes modelos atuais de empresários da fé.

 
Outro dia um amigo me perguntou se na faculdade de teologia  já se saía com a "cabeça moldada e fechada contra outras religiões". Eu disse que sim e também que não. Depende de quem sai e como sai da faculdade. Uma coisa é demonizar indiscriminadamente tudo o que não seja chamado de "bíblico" ou "evangélico", como se tudo o que não carregasse essas palavrinhas e fonemas fosse do diabo. O problema é que muita gente, a maioria, entra e sai da faculdade fazendo e pensando assim. Outra coisa, muito diferente, é ter o olhar da Graça de Deus mesmo para as coisas que aparentemente são antagônicas à fé cristã. Lembro sempre do exemplo do centurião romano que era provavelmente pagão e Jesus viu nele uma fé que nem em Jerusalém, a "cidade santa", ele encontrou.

Não defendo denominações, não brigo para dizer que minha religião e suas regras de fé e práticas são melhores do que outra. Nem mesmo ao cristianismo imputo a infalibilidade, porque sei que nenhuma instituição religiosa ou filosófica tem em si mesma resposta para salvação de ninguém.

Olho para Jesus e vejo nele o Pai, um Deus pessoal, que se relaciona comigo como sou, mesmo que eu não mereça tal cuidado dele. Simples assim. Longe de eu ter alcançado o status de "perfeito" ou "sabedor de toda a verdade", aprendo com ele na Bíblia. Sim, na Bíblia. Um pouco a cada dia. Sou discípulo dele e não da leitura que a religião faz dele e me diz como é que tem que ser. Livre da carga institucional, eu o vejo e o percebo no meu dia a dia, nas coisas mais simples e também mais complexas e importantes. Do culto que dirijo em minha comunidade ao encontro romântico que tenho com minha esposa ou uma reunião de negócios que eu tenha a tratar com algum cliente. Em tudo Deus está presente na minha vida.

Não creio num Deus esotérico, que somente seja compreendido por um grupo restrito de "iluminados". Não creio em um Deus onde só se tenha acesso através de algum ritual ou palavras apropriadas. Creio num Deus que fala comigo, mas também fala com o PHD em neurociências, com uma pessoa muito humilde e até mesmo uma criança.

Vou além: creio em um Deus que não precisa nem mesmo ser chamado pelo nome que as religiões dão a ele para ouvir o pedido sincero de um coração aflito por respostas. Não é por acaso que Jesus disse que muitos viriam do oriente e do ocidente (Mateus 8.11), até mesmo prostitutas e pecadores, tomariam lugar à mesa no Grande Dia, a frente daqueles que se consideram "santos" ou "exclusivamente salvos". Outro aspecto incompreensível de Deus para as instituições religiosas é que ele entende o coração, os sentimentos das pessoas, e não somente o que elas conseguem externar em palavras. Logo, alguém que não saiba identificar Deus exatamente como um cristão consegue, poderá se surpreender um dia com a Graça infinita do Deus que não leva em consideração o tempo de ignorância, mas vê a sinceridade e a verdade do coração que o busca até sem saber dizer seu nome. A salvação e o relacionamento com Deus não são exclusividade de alguma religião ou grupo de sacerdotes. Pertence ao Deus que é essencialmente amor.

O Deus que nos entende até sem palavras te abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!

Fonte: Ovelha Magra

Chaves hermenêuticas do engano! (Jesus contra Jesus)

Por Josemar Bessa
 
Quando achamos que podemos escolher no que crer na Bíblia, já declaramos não crer nela. Numa época em que queremos um cristianismo cada vez mais em sintonia com a cultura atual, fabricamos "chaves hermenêuticas" para na verdade, reescrever a verdade de Deus segundo nossas opiniões.

Hoje, por não suportar a sã doutrina, ou não conseguir conciliar as doutrinas ofensivas do evangelho ao orgulho humano, ao liberalismo, ou para abraçar um cristianismo água com açúcar que transforma Cristo numa espécie de Gandhi... é comum ver pessoas colocando Cristo contra o apóstolo Paulo, Pedro... - mas na verdade o que temos é um ataque sutil e mortal contra a própria Palavra de Deus.

Sempre que alguém coloca Jesus contra o apóstolo Paulo, o alvo é atacar a Verdade de Deus!! Os cristãos não podem retalhar a Bíblia ou ensinar que algumas partes dela tem mais autoridade do que outras. Ou que alguma doutrina possa ser deixada de lado. Ou que algumas passagens são mais verdadeiras que outras.

Muitas vezes para um cristão desavisado pode parecer e soar muito piedoso a declaração de que as palavras de Jesus têm mais peso do que as do Apóstolo Paulo, por exemplo, mas o fato é que por trás disso se esconde alguém que está propositalmente e enganosamente atacando a Palavra de Deus, cortando e jogando fora a realidade e necessidade do conselho de TODA a Palavra de Deus.

A Bíblia não poderia ser mais clara: "Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra". 2 Timóteo 3:16-17

Toda Escritura é divinamente inspirada. Em nenhum lugar nas Escrituras lemos que algumas escrituras são mais inspiradas e que a luz delas outras partes possam ser ignoradas por ter menos "inspiração".

Colocar partes da Bíblia contra outras partes, colocar Jesus contra Paulo, Jesus contra Pedro... implica dizer que as cartas de Paulo, por exemplo, são menos inspiradas e autoritárias que as palavras de Jesus registradas nos evangelhos. Mas nada poderia estar mais longe da verdade.

Jesus é o único Deus verdadeiro, e se realmente acreditamos no que está registrado em 2 Timóteo 3.16-17, temos que crer que Jesus é quem "soprou", inspirou as palavras que o Apóstolo Paulo e os outros apóstolos escreveram em suas cartas. Colocar Jesus contra Paulo, Pedro, João... ou qualquer outra porção das Escrituras, é colocar Jesus contra Jesus. Paulo não registrou suas meras opiniões, ( quer alguém goste ou não ), sobre o evangelho e a sã doutrina, escreve Escrituras inspiradas e autoritária.
 
Veja o que Pedro diz: "Por isso, amados, aguardando estas coisas, procurai que dele sejais achados imaculados e irrepreensíveis em paz. E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada;  Falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição. Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que, pelo engano dos homens abomináveis, sejais juntamente arrebatados, e descaiais da vossa firmeza; Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade. Amém”. - 2 Pedro 3:14-18

Pedro fala das cartas de Paulo como Palavra de Deus e alertou contra mestres ignorantes, instáveis e falsos que estavam distorcendo essas verdade para sua própria destruição.

Junto com o entendimento de que o Antigo Testamento deve ser interpretado pelo Novo Testamento, aprendemos também que as narrativas do Evangelho devem ser interpretadas pelas Epístolas, e não o contrário.

Os Evangelhos registram os acontecimentos históricos de nossa redenção, a encarnação, vida, morte, ressurreição e ascensão de Jesus Cristo. Mas por si mesmos, eventos históricos não são suficientes, precisamos de uma palavra de autoridade que nos diga o verdadeiro significado desses eventos.

Se um homem pensa que pode olhar para um acontecimento histórico e de sua própria cabeça interpretar o que significa  o evento, ele se coloca no lugar de Deus.

Pegue o fato histórico da ressurreição, por exemplo. Não é para nós  presumirmos o que a ressurreição significa. As Epístolas soletram para nós o que isso significa, e aquele que vai além do que é interpretado nas Epístolas está fabricando uma doutrina de sua própria cabeça. Também não é prerrogativa da igreja  interpretar qualquer um dos eventos da história redentora. Deus enviou os apóstolos para esse fim e não devemos adicionar ou tirar nada de  suas palavras.

Precisamos ir para as Epístolas para interpretar corretamente os eventos registrados nos Evangelhos. A igreja muitas vezes não segue este princípio fundamental. Ela sempre tenta justificar alguma prática ou costume, chamando alguma lição "espiritual" da vida, morte ou ressurreição de Cristo, mas esta é uma interpretação particular e humana ao invés de ser uma interpretação divina do evangelho.

Ao colocar muitas vezes os evangelhos contra as epístolas, o que se está fazendo é rejeitar, por exemplo, a interpretação teológica da vida, morte e ressurreição de Cristo registrada por Paulo (ou Pedro... ) através da inspiração direta do Espírito Santo.

Ao tentar silenciar as Cartas dos Apóstolos, o propósito é fabricar um evangelho falso  e "benevolente" para uma sociedade inimiga do Deus da Verdade!

Jesus deu o evangelho que Paulo, Pedro, João... proclamaram.
 
Liberais modernistas e pós-modernista propositadamente suprimem a verdade ( Rm. 1:18 ) que Paulo recebeu o evangelho que ele pregou do próprio Jesus Cristo. Disse Paulo: "Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens. Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo". Gálatas 1:11-13

Em outras palavras, o evangelho de Paulo não era contraditório com o evangelho de Jesus. O evangelho de Paulo era o evangelho  que o próprio Jesus ordenou ao  Apóstolo Paulo  pregar e proclamar. Este é ainda corroborada pelo fato de que, Jesus apareceu para o apóstolo Paulo em Corinto e encorajou-o a manter a pregação do evangelho que Ele lhe deu.
 
E disse o Senhor em visão a Paulo: Não temas, mas fala, e não te cales; Porque eu sou contigo, e ninguém lançará mão de ti para te fazer mal, pois tenho muito povo nesta cidade. E ficou ali um ano e seis meses, ensinando entre eles a palavra de Deus”. Atos 18:9-11

As palavras de Paulo aos gálatas resume perfeitamente  o que vemos hoje:

Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho; O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema. - Gálatas 1:6-9

Fonte: Josemar Bessa

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Oportunidades imperdíveis para desistirmos de Deus!

 
Por  Wanderley Dantas
 
OPORTUNIDADE?! - Há muito tempo, estudando o livro aos Hebreus, deparei-me com esta palavrinha. Achei ela totalmente fora de contexto, porque, na minha mente, "oportunidade" sempre fora ligada a algo positivo: "Oportunidade de emprego"; "imperdível oportunidade de compra", "oportunidade de um show imperdível", etc. Fui ao meu bom Houaiss e confirmei: "que não se pode perder; cujo ganho se tem como certo". Logo percebi que estava diante de um "nó hermenêutico" e que precisava desfazê-lo. O que faço, então, em momentos como esse? Subo nos ombros de gigantes para olhar o que Deus disse a eles no correr da história. Em outras palavras, pesquiso.

E qual não foi minha surpresa ao descobrir que havia uma pregação de Charles Spurgeon, pregador batista, sobre a passagem de minha dúvida. Como a pregação estava em inglês, eu a traduzi e, desde então, tenho sido muito abençoado por essa mensagem. Fiz uma redução e adaptação para este espaço, para compartilhá-la aqui. Boa leitura e que Deus o abençoe. O título original do sermão de Spurgeon: "Go back? Never"! 
Título: Oportunidades imperdíveis para desistirmos de Deus! - (Um sermão de Spurgeon)

Não ficaram pensando em voltar para a terra de onde tinham saído.
Se quisessem, teriam a oportunidade de voltar (Hb 11:15).

Não desista jamais, mesmo diante das oportunidades para se voltar atrás!

Toda a passagem, desde o verso 8 do capítulo 11, está se referindo à família de Abraão. Sabemos, portanto, que eles tiveram inúmeras oportunidades de desistirem das promessas de Deus e regressarem de onde vieram: Abraão se separou do seu sobrinho a partir de uma contenda entre os empregados de um e de outro; Abraão teve que se enfiar numa guerra para resgatar esse sobrinho; houve fome na terra prometida; Abraão corria perigo de vida por causa da beleza de sua mulher; a família sempre correu o risco de ser dispersada em casamentos mistos e idólatras; enfim, brigas, conflitos, inimizades, guerras, destruição, etc - ao lermos as narrativas de Gênesis, percebemos que realmente as oportunidades foram muitas para que eles desistissem das promessas de Deus e retornassem de onde vieram!

Mas eles não desistiram! E esta é a mensagem para mim e para você: Desistir? Jamais!

E quais são as oportunidades que nos são apresentadas hoje para desistirmos? São muitas, mas quero deixar algumas para a sua atenção. São oportunidades que, se nos lembrássemos de onde viemos, estão aí oferecidas para que as aproveitemos e, então, venhamos a usá-las como desculpas ou rotas de fuga para longe da terra que Deus nos prometeu.

1ª) A minha natureza pecadora - este é o maior inimigo do cristão, porque, embora perdoados do pecado que nos separava de Deus, ainda habitam em nós os pecados que insistem em nos levar de volta à terra pagã e idólatra da qual viemos. Assim como Deus disse a Caim, Ele nos está alertando hoje: Eis que o teu pecado está à porta, mas cumpre a ti dominá-lo!

2ª) O mundo e seus enganos - são os espinhos da parábola do semeador: é o sucesso, os holofotes, o desejo de "ser". São oportunidades para negligenciarmos ou procrastinarmos a busca pelas promessas de Deus. O mundo com suas ilusões quer nos fazer ver o aqui e o agora, desviando o nosso olhar das promessas de Deus. É a supervalorização dos estudos, do emprego, do salário, da casa, que podem acabar se transformando em oportunidades que iremos aproveitar para nos esquecermos do que temos adiante e regressarmos para o lugar de onde viemos.

3ª) A vida anterior - enquanto caminhavam livres pelo deserto, por inúmeras vezes, o povo liberto reclamava a Moisés com saudades do Egito: sonhavam com as cebolas, os alhos do Egito. Como disse Paulo a Timóteo: "Todos quanto querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos" (II Tm 3:12), assim, a vida anterior sempre nos bate à porta quando nos vemos diante da perseguição, do sofrimento e das perdas que ocorrem por causa da vida cristã. É o que perdemos do mundo: o status, as amizades, o reconhecimento profissional ou acadêmico que tínhamos, as festas libertinas, a liberdade ilusória, enfim, o colorido palácio da Babilônia no qual um dia vivemos.

4ª) Os falsos crentes
 - são os falsos mestres, lobos vestidos de cordeiro, liderança que se enlama no pecado e gosta! Se Jesus escolheu doze e um o traiu, o que esperar da nossa peregrinação aqui na terra? Os traidores surgirão de dentro da Igreja e vão nos querer arrastar aos seus falsos ensinos, fazendo com que troquemos a liberdade em Cristo pela libertinagem do pecado. São homens mentirosos e que arrastarão muitos de volta ao lugar de onde viemos.

5ª) O diabo - este sábio inimigo, que nos estuda e conhece nossas fraquezas, está nos rondando e pronto a nos arrastar de volta ao seu império de trevas, caso nos desviemos de olhar fixamente o alvo proposto por Deus para nossas vidas: a pátria celeste! Lembro de Jesus no deserto, quarenta dias e quarenta noites em jejum e oração e foi naquele momento, em que muitos se julgariam fortes e íntimos de Deus, que o diabo lhe apareceu para tentá-lo: “Quanto mais próximos estamos de Deus mais próximo está o diabo", diz Spurgeon.

6ª) A morte - Os mártires da Fé não morreram por amor a Jesus, mas foram mortos como fanáticos, legalistas, fundamentalistas, acusados de serem canibais e imorais, inimigos do Estado! Não podemos ter a ilusão de que seremos declarados inimigos da sociedade sob a acusação de pregarmos o Evangelho. Não! Seremos lançados na cova dos leões e dirão coisas terríveis de nós, falarão mentiras, nos sentenciarão como ladrões, salteadores, tumultuadores da paz. E quando vermos nossos nomes na lama da calúnia e da difamação, diante de uma morte ridícula e nada honrosa, será que não aproveitaremos mais essa oportunidade para nos manter vivos e regressarmos sãos e salvos para o lugar de onde viemos?

Conclusão:
 
O livro aos Hebreus foi escrito para um público muito específico: os sacerdotes do Templo e outros religiosos que haviam se convertido. Mas esses homens, anteriormente tão respeitados na sociedade judaica, por causa do Evangelho, viram a perda do status, da segurança de suas famílias, dos seus bens, etc. E o que o autor de Hebreus nos revela é que, diante da perseguição e da morte, muitos deles estavam desistindo das promessas de Deus e retornando para o lugar de onde vieram. Assim a mensagem do autor da carta é um apelo, não somente aos que abraçaram a fé naquele tempo, mas a nós hoje: Desistir? Jamais! É uma carta de ânimo e de apelo para colocarmos os nossos olhos no Céu, que é o sábado de nosso descanso e a pátria dos Filhos de Deus! 

E ainda há uma maravilhosa promessa de Deus aos que perseverarem, aos que não aproveitarem as oportunidades para desistir, mas, ao contrário, fazerem de cada uma dessas oportunidades uma chance para amadurecermos a nossa fé no lapidar de nossa peregrinação aqui nesta terra:
Deus não se envergonha de ser chamado nosso Deus (v. 16)! 

Para mim, essa promessa tem me sustentado por todos estes anos da minha peregrinação em Cristo aqui na terra, a promessa de que Deus não terá vergonha de dizer, de proclamar a todos no grande Dia do Juízo Final de que Ele não se envergonha de mim! Aleluia!


Fonte: Novos Reformadores Cristãos

A Doutrina Bíblica da Predestinação

 

Por Prof. Isaías Lobão P. Júnior

O desafio que me foi proposto nesta semana teológica é o de apresentar o meu entendimento sobre a doutrina bíblica da predestinação. Quero deixar bem claro que não quero levantar polêmicas pessoais ou magoar quem quer que pense diferente da posição que defendo aqui neste paper.

Acima de tudo, sou um cristão que busca viver de maneira coerente com os ensinamentos da Palavra de Deus e que sabe que o termo predestinação suscita polêmica. Então, porque abordar um tema tão delicado? Não é melhor nos fixarmos naquilo que é essencial e não no que pode nos dividir? Penso que nós, como estudantes de teologia, não podemos nos furtar de analisar profundamente este tema. Temos que definir bem a nossa posição, mesmo que seja discordante daquela adotada por este trabalho.

As principais questões que nos são apresentadas: Deus, desde toda a eternidade, pré-ordenou todas as coisas que vieram e que virão a acontecer? Se sim, que evidência disto nós temos, e como pode o fato ser consistente com o livre arbítrio das criaturas racionais e com a Suas próprias perfeições? Se fomos predestinados, onde fica a nossa responsabilidade pessoal? Não seria Deus injusto ao decretar que algumas pessoas seriam salvas, enquanto que outras permaneceriam nos seus pecados e estariam perdidas para sempre?

O que vai ser discutido neste trabalho é a clássica oposição entre a Vontade Humana e a Determinação Divina. Durante a época da reforma, Martinho Lutero e Desidério Erasmo, o grande humanista católico, se enfrentaram num debate escrito sobre este tema. Após ser pressionado para apresentar uma resposta à teologia reformada, Erasmo escreveu um livro, Do Livre Arbítrio, que foi uma refutação a teologia monergística luterana, nesta obra ele defendeu a Livre Vontade do ser humano como força cooperadora para a salvação. Lutero, por sua vez, retrucou dizendo:
Eu o parabenizo Erasmo, porque você sozinho, ao contrário dos outros, atacou a coisa certa, isto é, o problema essencial. Você não me tem entediado com aquelas divagações sobre papado, purgatório, indulgências e coisas assim, tolices em vez de problemas. Você e só você tem visto o ponto para onde tudo converge, direcionando para um foco de vida. [1]
A resposta de Lutero para Erasmo reafirmou a posição bíblica da predestinação. 

Definindo os conceitos

O cristianismo moderno adaptou muitos conceitos pagãos e antibíblicos em sua constituição doutrinária e o tópico da predestinação não escapou. É necessário apresentar as definições bíblicas que eu aceito sobre cada um destes tópicos. Assim, entendo a Predestinação como sendo: O aspecto da pré-ordenação de Deus, através do qual a salvação do crente é considerada efetuada de acordo com a vontade de Deus, que o chamou e o elegeu em Cristo, para a vida eterna, sendo a sua aceitação voluntária, da pessoa e do sacrifício de Cristo, uma conseqüência desta eleição e do trabalho do Espírito Santo, que efetiva esta eleição, tocando em seu coração e abrindo-lhe os olhos para as coisas espirituais.

Segundo o pensamento popular, livre-arbítrio significa a capacidade dos ser humano de executar ações aleatórias, indeterminadas, sem nenhum enquadramento em um modelo de comportamento ou força exterior. A capacidade interna, do seres humanos, de escolher e determinar alternativas a partir de sua própria vontade.
Porém, entendo que a definição bíblica de livre-arbítrio é diferente do pensamento popular. Livre-Arbítrio deve ser compreendido como o poder de livremente escolher o que mais preferimos ou desejamos (de acordo com nossa natureza ou predisposição). Por isto o não regenerado ou homem natural, que é por natureza hostil a Deus, ama o pecado e, portanto, aparte da graça da regeneração, não buscará a Deus nos termos de Deus (1 Co 2:14, Rm 8:7). Ele ira invariavelmente usar seu "livre-arbítrio" para suprimir e escapar da verdade de Deus (Rm 1:18).

Ao regenerado (aquele que o Espírito vivificou), por outro lado, é dada uma disposição restaurada pela qual ele tem novos desejos e afeições por Deus. Dessa forma, nossa hostilidade natural para com Deus é removida e assim, nós livremente exercemos nossa vontade para confiar em Jesus, que agora é o alvo de nossa suprema afeição.

O gráfico abaixo é um modelo teológico do homem nos seus quatro estados: o homem no estado de inocência (pré-queda), o homem no estado de escravidão (pós-queda), o homem no estado de graça (homem regenerado) e o homem no estado de glória (na presença de Deus). Antes da Queda, o homem era capaz de pecar e de não pecar. Caído, o homem não regenerado não era capaz de não pecar. Caído, mas regenerado, o homem é capaz de pecar e de não pecar. Glorificado, o homem não é capaz de pecar. Tanto a fé como os desejos de obediência brotam da nossa nova natureza, não da vontade do homem natural (João 1:13, Romanos 9:16, 1 Coríntios 2:14, João 6:63-65). [3]


Estado do Homem na História
Moralmente Capaz de Fazer
Inclinado por Natureza para o
BEM
MAL
BEM
MAL
Criado
sim
sim
não
não
Caído
não
sim
não
sim
Redimido
sim
sim
sim
não
Glorificado
sim
não
sim 
não


Ao comentar as implicações do sentido popular do livre-arbítrio, o célebre pregador batista inglês, Charles Spurgeon, afirmou o seguinte: [4]
De acordo com este esquema, o Senhor tem boas intenções, mas precisa aguardar como um servo, a iniciativa de sua criatura, para saber qual é a intenção dela. Deus quer o bem e o faria, mas não pode, por causa de um homem indisposto, o qual não deseja que sejam realizadas as boas coisas de Deus. O que os senhores fazem, senão destronar o Eterno e colocar em seu lugar a criatura caída, o homem ? Pois, de acordo com essa teoria, o homem aprova, e o que ele aprova torna-se o seu destino. Tem de existir um destino em algum lugar; ou é Deus ou é o homem quem decide. Se for Deus Quem decide, então Jeová se assenta soberano em seu trono de glória, e todas as hostes Lhe obedecem, e o mundo está seguro. Em caso contrário, os senhores colocam o homem em posição de dizer: "Eu quero" ou "Eu não quero. Se eu quiser, entro no céu; se quiser, desprezarei a graça de Deus. Se quiser, conquistarei o Espírito Santo, pois sou mais forte do que Deus e mais forte que a onipotência. Se eu decidir, tornarei ineficaz o sangue de Cristo, pois sou mais poderoso que o sangue, o sangue do próprio Filho de Deus. Embora Deus estipule Seu propósito, me rirei desse propósito; será o meu propósito que fará o dEle realizar-se ou não". Senhores, se isto não é ateísmo, é idolatria; é colocar o homem onde Deus deveria estar. Eu me retraio, com solene temor e horror, dessa doutrina que faz a maior das obras de Deus - a salvação do homem - depender da vontade da criatura, para que se realize ou não. Posso e hei de me gloriar neste texto da Palavra, em seu mais amplo sentido: "Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia" (Romanos 9:16).

Admito que as palavras de Spurgeon são contudentes e levantam os ânimos dos que pensam de maneira diferente, porém, elas devem incentivar a nossa definição em relação a um tema tão profundo. Não adianta fugir da questão, mas devemos nos posicionar. Apresento a seguir temos um diagrama com as diferentes alternativas, posições e algumas referências bíblicas, mostrando como podemos organizar os dados das Escrituras e até onde levam alguns pensamentos e deduções: [5]


 
Afirmações Bíblicas sobre a Predestinação

A raça humana inteira está perdida no pecado e cada indivíduo está totalmente corrompido no intelecto, vontade e emoções pelo pecado. O ser humano é incapaz de responder à oferta divina de salvação porque está espiritualmente morto. Portanto, ninguém pode crer aparte da graça soberana e eficaz de Deus.
João 6:44; 8:47
Romanos 3:9-18; 8:7-8
1 Coríntios 2:14
Efésios 2:1-3
João 3:19-20

Deus pode trazer à fé quem quer que Ele deseje; a incredulidade não mantém Deus como refém nem destrona Sua soberana escolha de salvar uma pessoa. Sua graça salvadora é sempre eficaz quando Ele deseja que ela seja, todavia, ela não força alguém a vir para Cristo, mas faz com que ele venha voluntariamente.
Salmos 115:3
Isaías 55:11; 46:10
Romanos 8:30
Jó 42:2
João 5:21; 6:37-40, 44, 55, 64- 65; 18:37
Daniel 4:35

A salvação depende somente da vontade soberana de Deus, não do homem. Deus soberanamente escolhe quem salvar, aparte de qualquer condição encontrada no homem. Isto é chamado “eleição incondicional”. A eleição é uma expressão da vontade soberana de Deus e é a causa imediata da fé. A eleição é certamente eficaz para a salvação de todos os eleitos. Aqueles que Deus escolhe certamente chegarão à fé em Cristo. A eleição abrange toda a eternidade e é um decreto imutável.
Efésios 1:4-11 (observe especialmente os versos 5 e 11); 2:4; 10
Atos 13:48
João 1:13; 3:37; 8:47; 10:26; 15:16, 19; 17:2, 6, 9, 24
Romanos 8:28-30; 9:1-24
Romanos 9:15, 16; 11:4-8
Joel 2:32 (compare com Romanos 10:13)
1 Tessalonicenses 1:4
2 Tessalonicenses 2:13-14
2 Timóteo 1:9
Tito 1:1
Apocalipse 13:8; 17:8; 20:15
1 Coríntios 1:25-31
Tiago 2:5
Mateus 11:27-30

Deus é soberano em tudo o que faz e todas as coisas de acordo com sua vontade e prazer. Ele não tem de prestar contas ao ser humano, porque ele é o Criador e pode escolher a quem quer salvar.
João 6: 65
Tiago 1:18
1 Pedro 1:23
Atos 11:18; 16:14
Deuteronômio 30:6
Jeremias 32:39-40
Ezequiel 36:26-27
Romanos 9:20-21

Conclusão

A grande dificuldade que eu vejo com o entendimento da doutrina da predestinação está no intelecto humano. Não compreendemos a relação entre a justiça e a graça divina. De acordo com a Bíblia, a salvação não se fundamenta, de maneira alguma, no rígido princípio da justiça; pelo contrário, fundamenta- se no fato de ser ela o livramento da justiça. Se Deus tivesse resolvido exercer justiça para com os filhos caídos de Adão, nenhum deles pode- ria salvar-se. A justiça não é, em sentido algum, um fator determinante na salvação de nenhum homem. Se, portanto, Deus escolhe salvar alguns e não outros, conforme o provam os acontecimentos de cada dia, Ele ainda pode ser justo, como o seria, se não houvesse escolhido a ninguém da raça pecadora para a salvação.

O homem não é responsável por sua salvação, e sim pelos seus pecados. O pecado é uma violação do relacionamento entre o Criador e suas criaturas racionais, e este relacionamento constitui o princípio fundamental da responsabilidade do homem. Ele é um agente livre quanto à sua conduta como um ser racional e no final será julgado a respeito do bem ou do mal que praticou e não pela sua salvação.

Sua salvação talvez não será mencionada, quando ele se apresentar diante do tribunal de Deus; porém, os seus maus feitos ou o bem que praticou em nome do Senhor virão à luz. “Ao SENHOR pertence a salvação” e o homem, portanto, não pode ser responsável por aquilo que não lhe pertence. Mas todo homem deve responder diante do tribunal de Deus pela sua conduta individual.

Uma vez que admitamos a cooperação do homem na conversão e na sua justificação, não haverá paz de consciência. A questão sempre será: O quanto eu tenho que fazer? No entanto, o testemunho claro da Escritura, e é nisto que eu creio, que a salvação dos pecadores depende exclusivamente de Deus.
O evangelho bíblico está centralizado em Deus, honra a Deus e abençoa os pecadores com uma mensagem de esperança. 

NOTAS:
[1] - LUTERO, Martinho. Nascido Escravo. Editora Fiel, 1998.
[2] - PORTELA, Solano. Doutrina Bíblica da Predestinação. Revista Pensador Cristão.
[3] - O quadro pode ser encontrado no site: www.monergismo.com, de autoria de Felipe Sabino Neto.
[4] - SPURGEON. Livre-Arbítrio: Um Escravo. PES.
[5] - PORTELA, op. cit. O uso do gráfico foi gentilmente permitido pelo auto

Fonte: Monergismo