terça-feira, 31 de julho de 2012

A Maldição do Homem Moderno


 

Por  A.W. Tozer


Existe uma maldição antiga que permanece conosco até hoje — a disposição da sociedade humana de ser completamente absorvida por um mundo sem Deus.


Embora Jesus Cristo tenha vindo a este mundo, este é o pecado supremo dos incrédulos, o qual levou o homem a não sentir — nem sentirá — a presença dEle que permeia todas as coisas. O homem não pode ver a verdadeira Luz, tampouco pode ouvir a voz do Deus de amor e verdade.

Temos nos tornado uma sociedade “profana” — completamente envolvida em nada mais do que os aspectos físico e material desta vida terrena. Homens e mulheres se gloriam do fato de que são capazes de viver em casas luxuosas, vestir roupas de estilistas famosos e dirigir os melhores carros que o dinheiro pode comprar — coisas que as gerações anteriores nunca puderam ter.

Esta é a maldição que jaz sobre o homem moderno — ele é insensível, cego e surdo em sua prontidão de esquecer que existe um Deus. Aceitou a grande mentira e crença estranha de que o materialismo constitui a boa vida. Mas, querido amigo, você sabe que o seu grande pecado é este: a presença eterna de Deus, que alcança todas as coisas, está aqui, e você não pode senti-Lo de maneira alguma, nem O reconhece no menor grau? Você não está ciente de que existe uma grande e verdadeira Luz que resplandece intensamente e que você não pode vê-la? Você não tem ouvido, em sua consciência e mente, uma Voz amável sussurrando a respeito do valor e importância eterna de sua alma, mas, apesar disso, tem dito: “Não ouço nada?”

Muitos homens imprudentes e inclinados ao secularismo respondem: “Bem, estou disposto a agarrar minhas chances”. Que conversa tola de uma criatura frágil e mortal! Isto é tolice porque os homens não podem se dar ao luxo de agarrar as suas chances — quer sejam salvos e perdoados, quer sejam perdidos. Com certeza, esta é a grande maldição que jaz sobre a humanidade de nossos dias — os homens estão envolvidos de tal modo em seu mundo sem Deus, que recusam a Luz que agora brilha, a Voz que fala e a Presença que permeia e muda os corações.

Eu mesmo fui ignorante até aos 17 anos, quando ouvi, pela primeira vez, a pregação na rua e entrei numa igreja onde ouvi um homem citando uma passagem das Escrituras: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim... e achareis descanso para a vossa alma” (Mt 11. 28,29).

Por isso, os homens buscam dinheiro, fama, lucro, fortuna, entretenimento permanente ou apego aos prazeres. Buscam qualquer coisa que lhes removam a seriedade do viver e que os impeça de sentir que há uma Presença, que é o caminho, a verdade e a vida.

Eu era realmente pouco melhor do que um pagão, mas, de repente, fiquei muito perturbado, pois comecei a sentir e reconhecer a graciosa presença de Deus. Ouvi a voz dEle em meu coração falando indistintamente. Discerni que havia uma Luz resplandecendo em minhas trevas.

Novamente, andando pela rua, parei para ouvir um homem que pregava, em um cantinho, e dizia aos ouvintes: “Se vocês não sabem orar, vão para casa, ajoelhem-se e digam: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador”. Isso foi exatamente o que eu fiz. E Deus prometeu perdoar e satisfazer qualquer pessoa que estiver com bastante fome espiritual e muito interessado, a ponto de clamar: “Senhor, salva-me!”

Bem, Ele está aqui agora. A Palavra, o Senhor Jesus Cristo, se tornou carne e habitou entre nós; e ainda está entre nós, disposto e capaz de salvar. A única coisa que alguém precisa fazer é clamar com um coração humilde e necessitado: “ó Cordeiro de Deus, eu venho a Ti; eu venho a Ti!”

Fonte: Editora Fiel

segunda-feira, 30 de julho de 2012

O que é um Levita? Bp. Walter McAlister

Discernindo o mundanismo


Por Douglas Wilson

Qual é a diferença entre essas duas afirmações?
  1. Não cometa adultério.
  2. Não seja mundano.
A primeira afirmação é objetiva e pode ser definida de forma objetiva. A segunda não pode. Porém, as duas são requerimentos das Escrituras para nós. Como seremos submissos à vontade de Deus quando temos problemas para discernir Seus vários requerimentos? Devemos pensar cuidadosamente sobre o que Ele nos falou para fazermos.

Quando alguém cobiça internamente outra pessoa que não seja seu cônjuge, ela comete adultério. Dadas algumas circunstâncias, essa cobiça se manifestará no adultério em si. A Palavra de Deus é muito clara quanto à proibição do adultério, tanto interno, quanto externo.

Consequentemente, saber se o adultério ocorreu não requer discernimento. Requer apenas os fatos. A Palavra de Deus proíbe dormir com a mulher de outro homem. Se um indivíduo dormir com a mulher do outro, então ocorreu adultério. Quando a concupiscência chega a adultério, se torna nítido que a vontade de Deus foi violada.

Mas quando alguém tem um coração mundano, que tipo de comportamento resultará disso? A resposta é: qualquer forma de comportamento imaginável. Consequentemente, mundanismo não pode ser definido, mas deve ser discernido. Essa é uma estrada com valas dos dois lados, e os cristãos erraram em ambas direções.

Alguns cristãos perceberam que o mundanismo não pode ser definido. Mas a reação deles quanto a essa verdade é assumir que nada pode ser feito em relação ao mundanismo e que qualquer tentativa de fazer algo é “legalismo”. Isso é negligência com o que Deus disse explicitamente para fazermos: “Não amar o mundo…”

Outros cristãos, zelosos pelo bem, tentaram fazer algo acerca do mundanismo, definindo-o e depois banindo qualquer manifestação dele, colocando-o sob proibição. As definições, entretanto, são necessariamente inadequadas, e logo o mundanismo aparece novamente e todas as regras bem intencionadas levam cativos consigo.

O primeiro grupo de cristãos é levado por qualquer moda que o mundo inventa. O lema desse grupo parece ser um desafio lançado para o mundo: “Tudo o que vocês fazem, nós podemos fazer pior”. Pense em qualquer coisa e os cristãos a fazem colocando um versículo bíblico aonde for possível. Quer uma lista? Rock, atividade aeróbica, dieta, estilos de corte de cabelo, maquiagem, psicologia de autoajuda, e assim por diante, ad nauseam. Essas são áreas nas quais o mundanismo pode ser discernido; eles não são representantes de nenhuma tentativa da minha parte de formular uma nova lista. Você pode fazer dieta sem ser mundano, e eu estou ouvindo rock enquanto escrevo isso aqui. Mas não se pode negar que tais atividades (e muitas outras) estão saturadas de mundanismo.

Os cristãos que estão na outra vala veem o problema e criam novas leis. Mas essas leis são, na melhor das hipóteses, ineficazes e, na pior, legalistas. É mundano ir ao cinema? Sim. Então ir ao cinema vai para a lista, e falam para os membros da igreja que eles não podem ir. O resultado? Eles assistem filmes no videocassete. O legalismo ocorre quando as pessoas pensam que a santificação delas consiste em não fazer algumas coisas. Um legalista pode tentar ser consistente em seu comportamento exterior (usando um vídeo cassete), mas ele continua sem saber qual é a essência da piedade.

Qual é a solução para esse dilema? O mundanismo não pode ser permitido na igreja, e não pode ser tratado eficazmente por meio de regras. O mundanismo só pode ser erradicado por meio do discernimento de homens e mulheres de Deus. Quando eles enxergarem o mundanismo, eles devem falar. Mas, certamente, essa sinceridade os colocará em uma posição estranha.

Que tipo de pessoa é confiável para lidar com mundanismo? O autor de Hebreus menciona características de maturidade durante uma discussão sobre diferentes níveis de discipulado. Ele diz: “Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal” (Hb 5.14).

Note que o adulto tem o discernimento entre bem e mal que somente pode ser adquirido “pela prática”. Em outras palavras, um novo cristão seria incapaz de fazer esse julgamento. Mas esse não é o caso em relação ao comportamento que é claramente proibido nas Escrituras. A Bíblia proíbe assassinato, adultério, roubo, etc. Todos os cristãos entendem que essas coisas são erradas, e esse entendimento não requer discernimento.

Porém, existem áreas que, claramente, os cristãos imaturos precisam do discernimento de seus irmãos e irmãs mais maduros. Os problemas surgem, no entanto, quando os cristãos foram ensinados a olhar para qualquer aplicação extrabíblica de princípios bíblicos como legalismo. “O que você quer dizer com ‘eu não deveria estar vestindo isso’?”, “Aonde está isso na Bíblia?”. Esse equívoco é ainda mais provável porque realmente existe muito legalismo.

Esse problema pode ser resolvido se algumas coisas cruciais forem lembradas. Primeira, maturidade não é a mesma coisa que idade. Existem muitos santos mais velhos que estão não somente encalhados na lama, mas essa lama endureceu há anos. Essas pessoas não estão pedindo para você ser livre da sua cultura porque eles foram da deles. Eles querem que você seja livre da sua porque eles estão presos à cultura deles. Eles querem que você troque sua calça jeans por um terno de três peças, e rock por swing. Uma troca como esta não tem sentido.

Em segundo lugar, declarar possuir discernimento não é a mesma coisa que possuí-lo. Ninguém vai identificar suas próprias ações como legalismo. Todos afirmam ter discernimento, tendo-o ou não.
Quando você é confrontado por alguém sobre o seu comportamento em qualquer área cinzenta, verifique se essa pessoa atende aos seguintes critérios:
  1. Essa pessoa vive de acordo com a vontade revelada de Deus? Ela vive dentro dos limites da moralidade bíblica? Se ela tem problema com o preto e o branco, não há motivo para confiar nela em relação às áreas cinzentas. Se ela não consegue enxergar aquela grande letra “E” do exame de vista, não tem sentido pedir para ler as letras miúdas.
  2. Essa pessoa é independente da cultura dela, ou é simplesmente independente da tua? Essa oposição que ela tem ao mundanismo surtiu algum efeito em relação à maneira como ela vive?
  3. Essa pessoa é livre? O Espírito do Senhor traz liberdade, e essa liberdade deve ser aparente na vida de qualquer pessoa que é confiável para a tarefa de detectar o mundanismo.
Se esses critérios forem encontrados, podemos confiar nesse indivíduo quando ele fizer uma afirmação sobre algo em particular. À medida que os novos cristãos se submetem a esse padrão de instrução, eles também irão aprender e crescer em maturidade. O resultado será verdadeira libertação do mundo.

Fonte: Ipródigo

Moldando nos Fariseus o seu mundanismo!

 
Por Josemar Bessa

Muitas vezes o homem vai até as Escrituras não para ser transformado por ele, mas para tentar encontrar uma justificação para o seu estilo de vida, estilo de vida que não flui da prioridade de ver Deus glorificado na sua vida, mas centrado em si e em seus deleites.

Esse tipo de motivação fecha os olhos do entendimento das Escrituras. Muitos justificam seu estilo de vida (muitas vezes até dizem estarem sendo apenas missionais) baseado num texto de Mateus 11.19 que diz: “...e dizem: Eis aí um homem comilão e beberrão, amigo dos publicanos e pecadores” - Mateus 11:19

É assim que Cristo se descreveu? É assim que Mateus descreveu Jesus? É assim que o Pai descreveu o Filho. Jesus foi referido por seus inimigos como “glutão e beberrão, amigo de publicanos e pecadores” – Esses mesmos inimigos disseram: Mas alguns deles diziam: Ele expulsa os demônios por Belzebu, príncipe dos demônios” Lucas 11:15 – Esses mesmos homens disseram que João Batista tinha demônio: “Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e dizem: Tem demônio” -   Mateus 11:18

Jesus não era nenhuma das coisas que a expressão quer mostrar, nem ele procurou tal reputação. Essa era a maneira de os Fariseus... difamarem o Filho de Deus, João Batista...

Ele era um “amigo de publicanos e pecadores”, apenas no sentido de que os levantou e salvou ( como Zaqueu, por exemplo, ou o próprio Mateus ) – os tirou para fora do lamaçal e colocou seus pés sobre a rocha. Tentar usar a difamação dos Fariseus como desculpa para o mundanismo, mostra a mesma hostilidade, por fim, a quem Cristo de fato era – O Deus santo, o santo Filho de Deus: “Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus” -  Hebreus 7:26 – Separado dos pecadores. Essa não é uma definição que flui dos fariseus – mas de Deus.

Ele era um “amigo de publicanos e pecadores”, apenas no sentido de que os levantou e salvou, mas não em adotar ou incentiva a sua vida e seu estilo de vida de amor ao pecado, usando seu linguajar chulo, obsceno... por abraçar seus valores moldados pelo pecado, por abraçar o pecado como entretenimento... abraçando essas coisas a fim de ganhar sua admiração ou ganhar a adesão deles como discípulos... Isso é simplesmente cometer a mesma blasfêmia dos fariseus – Ele era “santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores...” – Ele confrontou a maldade e repreendeu seus pecados tão corajosamente como ele pregou contra os erros dos fariseus: “Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem! Portanto, se a tua mão ou o teu pé te escandalizar, corta-o, e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida coxo, ou aleijado, do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno”. - Mateus 18:7-8

Cristo também comeu e bebeu com fariseus - “E rogou-lhe um dos fariseus que comesse com ele; e, entrando em casa do fariseu, assentou-se à mesa” - Lucas 7:36 – tão facilmente como Ele comeu com publicamos. Nenhum dos dois – publicanos ou fariseus – moldaram a vida dEle. A vida dos dois grupos era uma vida que desonrava a Deus, digna de Seu desprazer e juízo – e os dois grupos de homens foram chamados ao arrependimento e a mudança radical operada pelo Espírito Santo que leva o homem a viver como Paulo descreveu: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus -. Romanos 12:1-2

A diferença significativa entre o cobrador de imposto típico, não é que sua vida não mudou e ele continuou com o mesma visão e estilo de vida mas achou Jesus legal. A diferença é exatamente que eles estiveram mais dispostos a confessar seu pecado, seu estilo de vida ofensivo a Deus e confessar sua própria necessidade desesperada de perdão e transformação de sua vida que os fariseus. A diferença foi exatamente não continuarem sendo os mesmos. É o que aconteceu com Mateus. Ele foi chamado ao arrependimento e foi completamente transformado: “E Jesus, passando adiante dali, viu assentado na recebedoria um homem, chamado Mateus, e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu”. Mateus 9:9 – Ou seja, ninguém pode usar o cobrador, publicano Mateus, para justificar sua falta de transformação que afeta toda a sua vida, valores... do mundo para Deus, do pecado para a santidade...

A Bíblia não faz a menor sugestão que Jesus assumiu a aparência e  o estilo de vida de um publicano, seus prazeres pecaminosos... tenha se tornado um glutão... (par dizer pouco)... a fim de ganhar a aceitação de uma subcultura sem Deus. Ele não o fez. Ele mesmo era e é o Deus santo, “separado dos pecadores!”.

Enaltecer símbolos de indulgência carnal, como se fossem válidos como emblemas da identidade espiritual, não passa de desculpa de um coração mundano. Nenhuma indulgência carnal pode promover a glória e a causa do reino de Deus.
 
Quando disfarçamos o estilo de vida do homem sem Deus e em seus pecados como estratégias... isto não altera a sua verdadeira natureza. O homem que faz isso na verdade se assemelha a Ló, que armou sua tenda na direção de Sodoma, e não com Cristo, que é “santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores...”

A descrição e visão que os fariseus tinham de Filho de Deus: “...e dizem: Eis aí um homem comilão e beberrão, amigo dos publicanos e pecadores” - Mateus 11:19 - “Mas alguns deles diziam: Ele expulsa os demônios por Belzebu, príncipe dos demônios” Lucas 11:15.

A descrição de Deus: “Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus...” - Hebreus 7:26

Que descrição encontra a alegria do teu coração e molda sua vida?

Fonte: Josemar Bessa

domingo, 29 de julho de 2012

Objeção aos “versículos” arminianos.

calvino 3 
 Por Denis Monteiro

Apresentarei neste artigo uma objeção à interpretação remonstrante sobre passagens que supostamente apoiam a doutrina da expiação ilimitada (que Cristo morreu por toda a humanidade), e sobre a doutrina de que o cristão pode perder a salvação, doutrinas que são apoiadas pelos arminianos. As passagens são: João 3.16; Rm 14.15; 1Co 8.11; 2Co 5.18,19; Cl 1.19,20; 1Tm 2.5,6; 1Jo 2.2.
João 3. 16 Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
Segundo a interpretação arminiana desta passagem (João 3.16), dizem eles, que está se referindo a morte de Cristo por toda a humanidade, “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3:16.

Mas será que o texto está dizendo que a morte de Cristo foi para toda a humanidade? Para esta afirmação, necessita-se de provas. Mas segundo o texto grego diz que “deu para o que nele crê não pereça.”. Deus não deu para o mundo, e sim, para cada um que crê, ou seja, é limitado. Porque muitos não creram e nem crerão.

Como eu posso afirmar isso? Deste modo, olhando para a doutrina da justificação. Na doutrina da justificação vemos que somos absolvidos na morte de Cristo e se Cristo morreu por toda a humanidade logo, todos estão absolvidos. Mas o texto bíblico não diz isso. Em Isaías 53 diz que “ele justificará a muitos” . Paulo aos Romanos diz que “somos justificados pela fé” são justificados justamente aqueles que Deus “de antemão conheceu…predestinou…chamou…justificou…” (Rm 8.29,30). Fé/crê (gr. pisteuo/pistis) está justamente atrelado com a morte de Cristo “ deu seu filho Unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça” (Jo 3.16) e com a justificação “o homem é justificado pela fé” (Rm 3.28) “para sermos justificados pela fé em Cristo” (Gl 2.16).

Então concluísse em Jo 3.16 que a entrega de Cristo, como descrito em Isaías 53 foi pelas “as nossas dores” e que foi “ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades”. Cristo foi “moído” segundo o agrado do Senhor Deus e que “o trabalho da sua alma ele [Jesus] verá e ficará satisfeito” e Cristo “justificará a muitos”. João 3.16 nos mostra a certeza de salvação, “todo aquele que nele crê não pereça”, e a expiação limitada, limitada aos que crê (creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna. Atos 13:48).
Romanos 14.15 Mas, se por causa da comida se contrista teu irmão, já não andas conforme o amor. Não destruas por causa da tua comida aquele por quem Cristo morreu.
1 Coríntios 8.11 E pela tua ciência perecerá o irmão fraco, pelo qual Cristo morreu.
Olhando estas duas passagens, sem analisar o contexto, dar-se a entender que o crente pode perder para sempre a salvação. Mas será que esta interpretação está correta em relação com a Escritura Sagrada? Nestas duas igrejas os crentes “fortes” estava pecando por terem feito os crentes “fracos” pecarem. E a relação entre as duas igrejas são a mesma, por causa de alimento.

Analisando Romanos 14 em seu contexto, a afirmativa arminiana sobre a perda de salvação é errônea. Em Romanos 14.4 Paulo diz “Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai. Mas estará firme, porque poderoso é Deus para o firmar.”. William Hendriksen diz:
É preciso ter em mente que “o que come’ ou “o forte” é a pessoa que está, pela soberana graça [de] Deus e pelo poder iluminador do Espírito Santo, de posse da percepção do significado da morte de Cristo para o viver diário. Em melhor condição que a pessoa “fraca” ou “abstinente”, ela apreendeu a verdade tão maravilhosamente expressa em Colossenses 2.14, a saber: que Cristo “cancelou o escrito de divida, que consistia em ordenanças, o qual se nos opunha. Ele o removeu, pregando-o na cruz”.

A pergunta, pois, é esta: “Quando uma pessoa, pela graça de Deus, guarda esta lição no coração, ela renunciará a esta joia preciosa?”  Por certo ela não pode permanecer de pé por seu próprio poder. Ela, porém, possui um Salvador que disse: “Minhas ovelhas ouvem minha voz; eu as conheço,e elas me seguem, e eu lhes dou a vida eterna, certamente jamais perecerão, e ninguém as arrebatará de minhas mãos” (Jo 10.27-28). Ou, como Paulo expressa a mesma verdade aqui em Romanos 14.4: “E ele ficará de pé, porque o Senhor é poderoso para mante-lo de pé”

Esta explicação de Hendriksen é plausível, porque o comentarista não nega o seu contexto. Porque se no verso 15, segundo a interpretação arminiana, o cristão pode se perder para sempre. O versículo 4 mostra claramente que o cristão pode até cair, mas não se perder eternamente porque é Deus quem o sustenta. D.A. Carson explica:

A palavra perecer (apollymi) é bem forte, normalmente com o significado de condenação eterna (2.12; 1Co 1.18; 2Co 2.15; 2Ts 2.10). Esse pode ser o sentido aqui, embora, se for, pode ser que Paulo não pense nisso literalmente. Ou pode ser que “perecer” esteja sendo usado aqui com um sentido bem mais fraco: o de “causar dano espiritual”.

Logo, segundo o auxilio de D.A. Carson e a tradução da Bíblia viva, o termo “perecer” 1Co 8.11 é “de causar um grave dano espiritual”. Então concluísse que o termo “perecer” em Romanos tem o mesmo sentido de 1Co 8.11 pelo o fato de estarem tratando, praticamente, do mesmo assunto. Porque se não anularemos a obra de Cristo, o qual diz o profeta Isaías: “Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniquidades deles levará sobre si.” E o termo “perecer” em 1Co 8.11 não pode significar perdição eterna, porque se for assim, logo, Paulo caiu em contradição.Veja a declaração dele em 1Co 8.1: “O qual [Deus] vos confirmará também até ao fim, para serdes irrepreensíveis no dia de nosso Senhor Jesus Cristo.”.
2Corintios 5.18,19 E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação;Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.
Para os arminianos, o versículo 19 está dizendo que Cristo reconciliou “consigo o mundo” e que este mundo, segundo a interpretação deles, é literalmente o universo e tudo quanto nele há. Mas será que mais uma vez eles estão correto segundo as Escrituras Sagradas? Veremos.

Paulo no versículo 14 e 15 diz: “Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos morreram.
 
E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.”, ou seja, Paulo está dizendo que Cristo morreu por todos e por estes que Cristo morreu não viverá mais para si mesmo, mas para Cristo. E continuando, o apóstolo diz no vs.17: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.”. Seguindo a ordem da descrição do apóstolo, no vs.15 Paulo diz que a morte de Cristo por “todos” fez que estes “todos” não “vivam mais para si” mas vivam para Cristo, o qual morreu e ressuscitou por eles. E estes que por quem Cristo morreu, eles estão agora em Cristo, porque Cristo morreu por eles, e assim, vivem para Cristo e estes são uma “nova criatura”. Agora quem são estes que por quem Cristo morreu, por que se Cristo morreu por toda a humanidade, como explicam os arminianos, logo toda a humanidade não vive mais para si mesmo mas vivem para Cristo e são também uma nova criatura?

Então, se os arminianos dizem ser este “mundo” descrito em 2Co 5.19 a humanidade inteira, então toda a humanidade não vive mais para si mesmo e sim vive para Cristo e nisto os adeptos da doutrina do universalismo estão certos, que todos no fim serão salvos. Mas o interessante é que o vs.18 faz referencia a uma pequena palavra “vos” que significa na gramática pronome pessoal da 2.ª pessoa do plural, que se emprega quando nos dirigimos a muitas pessoas. E no verso seguinte Paulo faz referencia a um pronome demonstrativo “isto,é” demonstrando que este mundo somos nós, igreja. Veja a comparação: “que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo” / “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo”. Então, concluísse que este “mundo” descrito em 2Co 5.19 somos nós, os quais Cristo reconciliou desde a fundação do mundo, os quais não irão adorar a besta e nem o falso profeta como descrito em Apocalipse: “Todos os habitantes da terra a adorarão, aqueles cujos nomes desde o princípio do mundo não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto.” Apocalipse 13.8, porque os que irão adorar e se perder eternamente são aqueles que por quem Cristo não morreu e nem estavam escrito no livro da vida desde a fundação do mundo. Porque é na morte de Cristo que somos reconciliados, logo os que adorarão a besta são justamente aqueles que por quem Cristo não morreu; “A besta que viste era, e já não é, e ela há de subir do abismo e vai-se para a perdição. Os habitantes da terra, cujos nomes não estão escritos no livro da vida desde o princípio do mundo, se admirarão, vendo a besta que era e que já não é e que virá.” Apocalipse 17:8.

Mais uma vez, a interpretação arminiana não se enquadra com a Escritura Sagrada.
Colossenses 1.19,20 Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse. E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus.
Para os arminianos, este versículo está tratando da reconciliação universal em Cristo. Que tudo o que há na terra e no céu, tanto homens, mulheres e anjos foram reconciliados com Deus. Calvino em sua exposição na Carta aos Colossenses pergunta: “Pois, que ocasião há para reconciliação, onde não há discórdia nem ódio?”, Calvino faz esta pergunta, sobre a suposta reconciliação dos anjos que estão nos céus. D.A. Carson faz uma breve explicação desta passagem:

Céus e terra foram restaurados à ordem definida por Deus. O universo está sob o domínio do seu Senhor e a paz cósmica foi restaurada. Reconciliar e “fazer a paz” (que envolve a ideia de trazer a paz; ou seja. vencer o mal) são expressões usadas como sinônimos para descrever a obra poderosa que Cristo realizou na história por meio de sua morte na cruz.

Carson explica que até os principados e potestades foram “apaziguados”, e assim ele continua:
 
Continuam a existir e se opõem a homens e mulheres (cf. Rm 8.38,39), mas no fim das contas não podem prejudicar alguém que esteja em Cristo. Sua queda é certa (1Co 15.24-28). Além disso, não se pode deduzir a partir desse versículo que todos os homens e mulheres ímpios aceitaram livremente a paz alcançada pela a morte de Cristo. Mesmo que no final todo joelho se dobre diante de Jesus e o reconheça como Senhor (Fp 2.10,11), não devemos supor que todos ficarão felizes com isso. Sugerir que o v.20 aponta para uma reconciliação universal, na qual todas as pessoas acabarão por desfrutar as bênçãos da salvação, não tem nenhum fundamento.

Mas será que esta reconciliação com todas as coisa, tanto as que estão na terra, como as que estão no céu tem a ver com toda a humanidade perdida? Ou será que esta reconciliação com todas as coisas tem a ver com os versículos 13 e 14? O qual diz: O qual nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor; Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados. Esta reconciliação foi dada no ato da morte de Cristo, Ele nos tirou do lado inimigo, o qual é o inimigo de Deus, e nos fez sua propriedade. Mas se o arminiano pensa que esta reconciliação foi a toda humanidade, então todos são amigos de Deus, e isto irá contradizer o que o próprio apóstolo Paulo disse em Romanos 1.18 “Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens…”. Logo, entende-se que esta reconciliação foi feita aos eleitos, porque no cap. 2.13ss Paulo faz referencia ao cap. 1.19,20 mas explicando mais claramente para que não haja nenhuma má interpretação. Segue-se assim:

Colossenses 2.13 E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas, 

Paulo é claro em dizer que estávamos mortos, separados de Deus. E não tem como fazer uma reconciliação com alguém morto. Então, Paulo diz que Cristo nos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas. A mesma referência que Paulo faz em 1.13 “O qual nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor; Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados”

Colossenses 2.14,15 Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz. E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo.

Paulo está dizendo que Cristo riscou o escrito de divida que era contra nós cravando-a na cruz e segundo Calvino: “Paulo, contudo, diz que ficaram desarmados [os demônios], de modo que já não podem apresentar nada contra nós, sendo assim destruída a atestação de nossa culpa.”. A mesma referencia que Paulo faz em 1.21,22 “Vós, sendo outrora alienados e inimigos no vosso entendimento pelas vossas más obras, contudo agora vos reconciliou no corpo da sua carne pela sua morte, para vos apresentar santos e sem defeito e inculpáveis perante ele.” (Sociedade Bíblica Britânica).

Então temos que pensar um pouco. Se Cristo reconciliou todas as coisas, como dizem os arminianos, todos os seres humanos existentes na terra. Então as ofensas deles, todas as ofensas (2.13), estão perdoadas. Será, então, que a doutrina universalista está correta, todos serão salvos? Logo, não podemos fazer esta afirmativa porque o próprio apóstolo diz que nos “nos reconciliou no corpo da sua carne [na de Cristo] pela sua morte, para vos apresentar santos e sem defeito e inculpáveis perante ele.” (Colossenses 1.22). Paulo está dizendo que a reconciliação foi dada a nós e somos nós que seremos apresentados diante de Deus “santos e sem defeito e inculpáveis perante ele”.
1Timóteo 2.4-6 Que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade. Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem. O qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo.
Segundo a interpretação arminiana, esta passagem é uma pedra no sapato calvinista, ou o tendão de Aquiles do calvinista. Porque para eles a declaração do apóstolo Paulo é que Deus deseja que todos os homens, sem exceção, sejam salvos. E que Cristo também morreu por todos os homens, sem exceção. Mas será que mais um vez a interpretação remonstrante está correta? Veremos.

Mas antes eu tenho que fazer uma pergunta: “Cristo morreu por todo ser humano individualmente, inclusive por Judas e o Anticristo, expiando realmente a culpa e pagando a dívida de todos e de cada um?”

Mas como de praxe, nós reformadores temos que explicar um pouco do contexto da passagem para que tenhamos uma melhor interpretação da mesma. Paulo admoesta aos irmãos da igreja que cada um deles devem fazer orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens;
 
Pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade; (1 Timóteo 2:1-2). Paulo vem alertando os irmão para que não hajam entre eles um exclusivismo. Ou seja, Paulo estava dizendo que era para fazer orações não só pelos irmãos mas por todos os tipos de pessoas. Não só por irmãos em Cristo, mas pelos reis e pelos que estão elevados em dignidade. E nisto segue-se a ordem e Paulo diz que “todos os homens se salvem” e que houve “redenção por todos”. Ou seja, oração por todos, a salvação de todos e que Cristo morreu por todos. Mas será que o termo “todos” tem a ver com toda a humanidade, em sua totalidade?

O pronome “todos” dito pelo o apóstolo não quer dizer “por todos os seres humanos”, mas sim “por todos os tipos de pessoas” de qualquer que seja a sua posição na vida. Porque, analisando o pronome grego, “todos” (gr. panton) significa “todos os tipos”, “todas as espécies” o mesmo pronome grego descrito em 6.10 “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males…”(Almeida Corrigida e Revisada Fiel). Então seguindo o texto grego, Deus em sua redenção e eleição foi para todos os tipos de homens (Mt 20.28; Mc 14.24). E isto é explicado em Apocalipse 5.9 “compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação”. Ou seja, “Cristo comprou para o Senhor Deus, homens de todos os tipos sem exceção. Existem homens redimidos e eleitos em todas as tribos, língua, povo e nação” (paráfrase minha).

Mais um vez, analisando as Escrituras Sagrada, a interpretação arminiana não condiz com a hermenêutica bíblica.
O ultimo texto a ser analisado é:
1 João 2.2 E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.
Segundo a interpretação arminiana/ católica, desta passagem, Cristo haveria morrido por toda a humanidade. Eles dizem que esta frase: “pelos de todo o mundo”; se refere a toda a humanidade. Mas será que esta interpretação está correta? Vamos analisar.
 
Primeiro, quero fazer uma comparação com uma passagem no Evangelho do mesmo escritor desta epistola. Se encontra em João 11.51-52 : Ora ele não disse isto de si mesmo, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus devia morrer pela nação. E não somente pela nação, mas também para reunir em um corpo os filhos de Deus que andavam dispersos.; (e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo. 1Jo 2.2). Veja a semelhança da narrativa de João em seu evangelho e na epistola. Mas você deve estar se perguntando: “Ela, a epistola, não foi escrita só para gentios?” João inicia a sua carta com os seguintes dizeres: O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida 
(Porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai, e nos foi manifestada);
 
O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo. 1 João 1:1-3. Parece que João está escrevendo a pessoas que estavam desde o inicio com ele, pessoas estas que tinham visto a Cristo, tocado nEle e ouvido palavras de dEle. Logo, João estava escrevendo primeiramente para Judeus , o qual era coluna da igreja “judia”: “Reconhecendo a graça que me fora concedida, Tiago, Pedro e João, tidos como colunas, estenderam a mão direita a mim e a Barnabé em sinal de comunhão. Eles concordaram em que devíamos nos dirigir aos gentios, e eles, aos circuncisos.” Gálatas 2:9.

Então, segue-se que a comparação da passagem da primeira epistola é clara com a passagem no Evangelho de João que Cristo não só morreu pelos os judeus convertidos, mas também pelos os outros que andam dispersos que não são deste aprisco, que serão agregadas (Jo 10.16).

A segunda analise que eu quero fazer é da palavra “mundo”. Vimos anteriormente que Cristo não morreu só pelos judeus convertidos mas pelos outros que serão reunidos em um corpo os filhos de Deus que andam dispersos. Agora veremos sobre esta colocação da palavra “mundo”. Louis Berkhof explica:

“A palavra mundo algumas vezes se usa para indicar que o particularismo do Antigo Testamento pertence ao passado, e que abriu caminho ao universalismo do Novo Testamento”
O reverendo Augustus Nicodemus faz uma declaração quanto a esta palavra, mundo:

“Entretanto, não podemos aceitar qualquer solução que minimize a eficácia do sacrifício de Jesus ou que exclua o aspecto de abrangência universal do que ele fez, ainda que não o compreendamos inteiramente – rejeitamos obviamente o universalismo, que declara a salvação de cada homem e mulher que já viveu. Assim, provavelmente deveríamos preferir a abordagem reformada tradicional, que remonta a Agostinho, e afira que Cristo morreu pelo mundo apenas potencialmente, enquanto que, eficazmente, somente pelo o seu povo, os eleitos. E ainda, dentro dessa mesma abordagem, devemos procurar entender as palavras que apontam para uma extensão universal da obra de Cristo dentro de seus respectivos contextos. Assim, aqui em 2.2, não é impossível que João quis dizer que Cristo morreu não somente por ele e pelo os crentes a quem escreveu essa carta, mas também por outras pessoas de todas as nações do mundo, ou pessoas de todas as classes sociais.”

Então não podemos dizer que Cristo morreu só pelo o mundo  daquela época, mas por pessoas de todos os tipos de todas as épocas, pessoas estas, que foram agregadas ao rebanho de Cristo. Mas será que esta palavra mundo, referindo-se a morte de Cristo, quer referir-se a expiação por toda a humanidade? A palavra mundo, nem sempre refere-se a toda a humanidade. Porque se for, então o evangelho já foi anunciado a toda a humanidade, segundo a narrativa de Paulo em Romanos 1.8 “Primeiramente dou graças ao meu Deus por Jesus Cristo, acerca de vós todos, porque em todo o mundo é anunciada a vossa fé.  e em Colossenses Paulo diz que a verdade do evangelho chegou a vós, como também está em todo o mundo;” Colossenses 1.5,6.

Para finalizar, quero fazer uma comparação com as ações de nossa vida. Quando estamos para sair para algum lugar com a nossa família, e a mesma demora para sair nós a chamamos, e quase sempre chamamos assim: “Todo mundo pode entrar no carro, para nós irmos embora?” É claramente que não estamos chamando toda a humanidade para entrar no carro e ir embora, mas que estamos chamando um certo grupo de pessoas para entrar no carro e partir. Na tradução da Bíblia Viva quando Jesus prega para a mulher samaritana lhe mostrando quem poderia e pode matar a sede de um miserável pecador, diz a Palavra de Deus que ela “deixou o seu cântaro ao lado do poço, voltou à aldeia e disse a todo mundo.” (João 4.28 – Bíblia Viva), e é claro que ela não anunciou sobre Jesus Cristo a toda a humanidade e sim “àqueles homens” (Jo 4.28 – Almeida Corrigida e Revisada Fiel). Logo, este texto de 1 João 2.2 não apoia a doutrina de que Cristo morreu por toda a humanidade, porque em outras passagens vemos declarações de que Cristo morreu por sua igreja, por suas ovelhas:

Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, Efésios 5:25

Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida. Romanos 5:8-10

Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas. João 10:11

Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai, e dou a minha vida pelas ovelhas. João 10:15

Pois, da mesma forma que o Pai ressuscita os mortos e lhes dá vida, o Filho também dá vida a quem ele quer dá-la. João 5:21 – NVI

Mas se Cristo morreu por toda a humanidade, por que Cristo orou por aqueles que o Pai Soberano deste a Cristo e não por toda a humanidade? “Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus.” João 17:9 

Nota: 

Comentário Bíblico Vida Nova, D.A Carson; R.T France; J.A. Motyer; G.J. Wenham. – São Paulo: Vida Nova, 2009
Bíblia de Genebra, Ed. Cultura Cristã.
Romanos -  João Calvino.  - 2º Edição – São Paulo: Parakletos, 2001.
Comentário do Novo Testamento Romanos. William Hendriksen, São Paulo: Cultura Cristã.
1 Coríntios – João Calvino. – 2º ed. – São Bernardo do Campo, SP: Edições Parakletos, 2003
Série Interpretando o Novo Testamento: Primeira Carta de João. – Augustus Nicodemus Lopes. – São Paulo: Cultura Cristã, 2004.

O Triunfo do Filho do Homem


Por  Warren W. Wiersbe

Nas palavras de John Stott: "O cristianismo é, em sua essência, a religião da ressurreição. O conceito de ressurreição constitui seu cerne. Remover esse conceito é destruir o cristianismo".

A ressurreição de Jesus Cristo declara que ele é, de fato, o Filho de Deus, conforme afirmou ser (Rm 1:4). Também prova que seu sacrifício pelo pecado foi aceito e que a obra da salvação foi completada (Rm 4:24, 25). Os que crêem no Salvador podem andar em "novidade de vida", pois ele está vivo e lhes dá poder (Rm 6:4; Gl 2:20). A ressurreição de Cristo também mostra que ele é o Juiz que, um dia, virá e julgará o mundo (At 17:30, 31).

Não é de surpreender, portanto, que Satanás tenha atacado a verdade da ressurreição. A primeira mentira de Satanás é a idéia de que os discípulos entraram no túmulo e roubaram o corpo de Cristo (Mt 28:11-15), algo extremamente improvável. O túmulo ficou sob forte vigilância (Mt 27:61-66); teria sido praticamente impossível aos apóstolos dominarem os soldados, abrirem o túmulo e pegarem o corpo. Mas o maior obstáculo era o fato de os próprios apóstolos não crerem que ele ressuscitaria! Tendo em vista sua incredulidade, por que roubariam o corpo e tentariam fraudar essa ressurreição?

A segunda mentira é a idéia de que, na verdade, Jesus não morreu na cruz, mas apenas desmaiou e recobrou a consciência ao ser colocado no túmulo, onde a temperatura era mais baixa. Mas Pilatos fez questão de confirmar a morte com o centurião (Mc 15:44), e os soldados romanos que quebraram as pernas dos dois ladrões sabiam que Jesus havia morrido (Jo 19:31-34). Além disso, de que maneira um "túmulo mais fresco" poderia transformar o corpo de Cristo de modo que fosse capaz de aparecer e de desaparecer bem como de atravessar portas fechadas?

A mensagem do evangelho baseia-se na morte de Cristo e em sua ressurreição (1Co 15:1-8). Os apóstolos foram enviados como testemunhas de sua ressurreição (At 1:22), e a ênfase do Livro de Atos é sobre a ressurreição de Jesus Cristo.

Isso explica por que Lucas escolhe como ponto culminante de seu Evangelho o relato de algumas das aparições de Jesus depois de haver ressuscitado. Sua primeira aparição foi a Maria Madalena (Jo 20:11-18); depois, apareceu às "outras mulheres" (Mt 28:9, 10) e, em seguida, aos dois homens no caminho de Emaús (Lc 24:13-22). Em algum momento, também apareceu a Pedro (Lc 24:34) e ao meio-irmão, Tiago (1 Co 15:7).

Naquela noite, apareceu aos apóstolos (Lc 24:36-43), quando Tomé não estava presente (Jo 20: 19-25). Uma semana depois, voltou a aparecer aos apóstolos, com o objetivo específico de ser visto por Tomé (Jo 20:26-31). Apareceu a sete dos apóstolos quando estavam pescando no mar da Galiléia (Jo 21). Antes da ascensão, também se encontrou várias vezes com os apóstolos, a fim de ensiná-los e de prepará-los para o ministério (At 1: 1-12).

Aos verdadeiros discípulos de Jesus, saber que o Senhor estava vivo fez toda a diferença.

Warren W. Wiersbe
Comentário Bíblico Expositivo

Fonte: Cinco Solas

sexta-feira, 27 de julho de 2012

O Nome da Rosa

 
Por Bispo Walter McAlister

Na famosa peça de William Shakespeare, Julieta diz o seguinte: “O que há num nome? Aquela que chamamos de rosa com qualquer outro nome teria igual perfume.” – ["Romeu e Julieta" (II, ii, 1-2)]. Quase 400 anos depois, o autor e filósofo italiano Umberto Eco escreveria a obra “O Nome da Rosa”, posteriormente transformada em longa-metragem. O título se refere a uma jovem que passa pela vida de um noviço, aspirante a frade franciscano, em meio a uma trama tensa e dramática. O nome dela o rapaz jamais viria a conhecer. A mensagem da peça e a do livro é a mesma: o nome não importa. Tanto o amor de Julieta quanto o amor do noviço pela moça não se estribaram no nome. Simplesmente existiam por si mesmos. Romeu vinha de um clã inimigo, mas Julieta não via o nome da sua família como obstáculo. A jovem do livro “O Nome da Rosa” marcou a vida do aspirante a frade, embora ele nunca tenha chegado a saber o seu nome.

Vivemos num mundo complexo. É um mundo enormemente marcado por inúmeros estímulos: propaganda, ideias, credos, opiniões, e, diferentemente dos nossos antepassados, com acesso a muito mais do que temos condições de processar. Convenhamos que, por causa das comunicações modernas, temos contato com notícias e conceitos que antigamente só estariam ao alcance de quem estivesse por perto. A famosa “boca miúda” (informação extraoficial, boato, fofoca) corria os vilarejos de tempos passados. O padeiro que matou um cachorro, o novo padre que chegou à localidade, o desentendimento entre o chefe de polícia e o dono da mercearia, o anarquista que se mudou para a vila e todos suspeitam ser alguém com um passado escuso. Essas eram as notícias de antigamente.

Ideias mudavam lentamente. As gerações se sucediam e havia uma continuidade de profissões e seus grêmios, que admitiam os filhos dos membros e os filhos dos filhos, perpetuavam-se tradições e, assim, a sociedade ganhava estabilidade. Claro que missionários evangélicos chegavam à cidade, colportores de bíblias que eram escorraçados a mando do padre e os protestantes eram rotulados de “bodes” (corruptela preconceituosa de “frei-bode”, por insinuar que seus hinos seriam balidos e não cânticos). Eram os traidores da “igreja mãe”. Mas todo mundo tinha um nome. Todos tinham endereço. Todos sabiam que José era filho de Matilde e Juvêncio e que seu tio estava num hospício porque fez algo inimaginável e acabou perdendo o juízo. Todos sabiam que Dona Creme fazia os pasteis mais saborosos do mundo. Todo mundo sabia que João e Maria se casariam e que tinham sido prometidos desde a mais tenra idade pelos seus pais. Sabiam que João roubou maçãs do vizinho quando tinha apenas 11 anos. Sabiam que Maria ganhou o concurso de poesia no terceiro ano do Primário (o que hoje seria o Ensino Fundamental). Todos sabiam. Todos tinham um nome e uma história e eram conhecidos.

Mas o mundo mudou. Mal sabemos o nome dos nossos vizinhos mais próximos. Pelos meios de comunicação vemos notícias, desastres, celebridades, eventos esportivos – a distâncias antes inimagináveis. Uma onda gigante destrói uma usina nuclear do outro lado do planeta. Sem sequer ter noção do que isso significa já somos cobrados. Sim, cobrados. Todos querem saber “como pode isso?”.  “O que Deus tem a ver com isso?”. Temos uma visão super-humana do mundo sem sermos super-humanos. Somos meros mortais, limitados a entender o que está mais próximo. Por isso, somos forçados a generalizar, a dar nomes a coisas que não compreendemos, a pensar em categorias e arquétipos. Isso faz com que criemos noções gerais e preconceituosas sobre os outros. “Ah, ele é carioca…”, como se isso explicasse tudo a seu respeito. “Fulano é presbiteriano, você sabe como é…”, como se todos fossem iguais. “Eles são pentecostais, cuidado com eles…”. Seguimos a cartilha de rotular, o que é uma maneira de nos mantermos distantes para que não tenhamos de nos dar ao trabalho. Também é uma maneira de simplificar para não enlouquecer.

Alguns de meus textos e vídeos recentes têm sido compartilhados por muitos, em contextos diversos. O que um internauta comentou me causou espécie (se bem que já tinha lido isso em outros lugares). Ele disse que se surpreendeu pelas minhas posturas, uma vez que “partiam de um neopentecostal”. Protesto. Continuo a protestar. Mas a verdade é que, embora nossa denominação, a Igreja Cristã Nova Vida, tenha uma origem pentecostal tradicional, muitos nos associam ao movimento neopentecostal. Cheguei a escrever um livro em que explico como testemunha ocular as verdadeiras origens do neopentecostalismo e sua relação conosco (“Neopentecostalismo: A História Não Contada”, da www.editoraannodomini.com.br). Mas há muitos que ainda não o leram, talvez jamais o lerão e por isso usam rótulos pré-concebidos.

Já estou no ministério há 31 anos. Minha família está no ministério há mais de 120. Meu pai foi missionário, evangelista, pastor e bispo. Meu avô foi pioneiro de igrejas e chegou a ser Superintendente Nacional das Assembleias de Deus do Canadá. Seu pai foi pastor metodista. Meu filho é pastor e tenho mais de 80 membros do clã, espalhados pelo mundo, ordenados ao ministério. Sempre fomos uma família reformadora. Meu pai repensou muitas coisas e, contrariando o meu avô, reformulou o que cria sobre escatologia, sacramentos e liturgia. Seguindo seus passos, continuei a indagar, a voltar às Escrituras. Pergunto sempre se o que pregamos e o que creio, pessoalmente, realmente é bíblico ou se é apenas algo que a tradição pentecostal recente criou. Voltei a estudar. Frequentei o Reformed Theological Seminary, na Flórida (EUA). Trabalhamos a nossa teologia como denominação. Hoje, sou defensor da tradição reformada. Continuo a defender, também, a continuidade dos dons espirituais. As duas coisas não são incongruentes. Vivem em perfeita harmonia, como já foi visto na vida de Charles Spurgeon e outros, em cujas biografias há referências ao exercício de dons espirituais.

Mas sejamos francos. Nós nos acostumamos a rotular uns aos outros. Uma vez que fazemos isso, é difícil mudar de ideia. Para muitos sou um neopentecostal. Mas protesto e vou continuar a protestar. O escândalo do neopentecostalismo é tão angustiante para mim como para qualquer outro que não o abrace – talvez até mais. Vejo nesse movimento um desvio grave das amarras bíblicas. Há uma corrupção do Evangelho em andamento, a título de dar ao povo o que o povo precisa, ou o que o povo quer. Então continuo a escrever e transmitir minhas ponderações. Há quem não saiba o que fazer comigo. Compreendo isso. Mesmo assim, proponho que avancemos.

Vamos nos conhecer um pouco. Pelas ideias e pelas posturas, peço novamente a gentileza de poder me explicar. Afinal, você não sabe que eu fui muito ruim de futebol quando criança e que ninguém me queria no seu time. Ninguém sabe que eu sempre quis ter cabelo grande, mas meu pai falou que “filho de pastor não pode dar mau exemplo”. Então ele insistia em mandar cortar meu cabelo curtinho, num estilo “nazista” (pelo menos eu achava). Ninguém sabe que até os meu 10 anos era conhecido como “Robbie”, nem que meu sonho de criança era ser arquiteto. Agora sabem. Só que sou uma pessoa e não uma salsicha que saiu da fábrica pentecostal. Sou um pensador e não um clone de uma escola de pensamento. Você também é. Tem história. Tem suas dúvidas. Tem os seus questionamentos. Para crescer precisamos nos abrir um pouco, ouvir um pouco mais. Talvez para isso tenhamos de desligar a televisão e baixar o barulho da vila global que tanto invade a nossa cabeça e dificulta a nossa capacidade de ver pessoas como são – indivíduos com trajetórias.

O nome pode confundir, pode nos predispor ao equívoco. Pode nos afastar sem que tenhamos sequer ouvido uns aos outros. Sem diálogo e sem nos despirmos do preconceito, não cresceremos em comunhão e na graça de Cristo. Mas vamos continuar a conversar, ouvir, ponderar e crescer. Como diz um amigo meu, “vamos que vamos”.

Na paz,
+W

Fonte: Walter McAlister

O Deus do céu, o Deus do Inferno!!


  Por Josemar Bessa
 
O inferno não é nem a AUSÊNCIA eterna de Deus, nem a SEPARAÇÃO eterna de Deus. De fato Deus é muito presente no inferno, mas presente na totalidade de sua IRA.

Ninguém ficará eternamente deixado aos seus próprios termos. Isso mostra o contrário da opinião tão difundida de que Satanás governa o inferno. Deus faz as regras tanto no céu como no inferno. Ele é o Deus do céu e do inferno, ele é o Deus da luz, mas também é o Deus das trevas, de fato, só Ele é Deus.

Davi disse confessou que não importava onde ele fosse, não poderia escapar da presença de Deus: “Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também. Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, Até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá. Se disser: Decerto que as trevas me encobrirão; então a noite será luz à roda de mim. Nem ainda as trevas me encobrem de ti; mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a luz são para ti a mesma coisa” - Salmos 139:7-12

Deus é inevitável para suas criaturas! Deus é soberano sobre todas as coisas - Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também. O inferno não é uma “festa” onde Satanás é o anfitrião. O inferno é o lugar onde Deus derrama Sua ira implacável sobre o homem não justificado em Cristo.

Jesus apaga a névoa que repousava sobre os autores do Antigo Testamento, nos dando uma visão clara sobre a eternidade: “E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo” - Mateus 10:28

Na cruz, Jesus não suportou a AUSÊNCIA do Pai. Ele suportou a PLENITUDE de Sua ira. Vemos isso na imagem do “cálice” que Jesus bebeu.  Falando com Tiago e João, Jesus diz: “Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu hei de beber...” - Mateus 20:22 - Já no Velho Testamento há a linguagem presente do cálice da ira de Deus (Is 51.15; Jr 25.15; Is 51.22...) – Eis a oração de Jesus momentos antes de enfrentar a Cruz: “E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres”. Mateus 26:39

A realidade do abandono do Pai a Jesus não era apenas que Jesus foi separado do Pai. Ele foi abandonado no sentido em que foi colocado sobe Jesus tudo o que o Pai despreza, odeia e amaldiçoa. Ele não foi abandonado no sentido em que foi deixado sozinho, mas que ele ficou desprovido de TODA MISERICÓRDIA e sujeito a TODA IRA. Ele bebeu o cálice da ira de Deus. A face do Pai que brilhou tão radiante no batismo do Filho, tornou-se uma carranca escura quando o Filho foi feito pecado por nós, seu povo.

O inferno é o lugar de tormento tanto para Satanás quanto para  os homens. É onde Deus serve a taça da ira ( Que Jesus bebeu na cruz por todos os redimidos ) por toda a eternidade. Satanás não comanda tormentos do inferno, ele próprio estará sofrendo o tormento  a partir da mão do próprio Deus. Satanás não está no comando do inferno, Deus está. O inferno é o inferno de Deus.

Separação eterna de Deus seria um alívio para o pecador diante de um Deus irado.. Mas não é esse o caso quando se fala do inferno. O inferno não é a separação eterna de Deus. Na verdade, é exatamente o oposto. É o sofrimento eterno vindo mão de Deus. É o abandono e separação de toda misericórdia de Deus e o eterno beber do cálice que Jesus tomou na cruz: “Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo” - Hebreus 10:31

O encerramento da  Confissão Belga (1619) diz:

Finalmente, cremos conforme a palavra de Deus que, quando chegar o momento determinado pelo Senhor [ Mt 24:36; Mt 25:13; 1Ts 5:1,2.] - o qual todas as criaturas desconhecem -, e o número dos eleitos estiver completo [Hb 11. 39,40; Ap 6:11.], nosso Senhor Jesus Cristo virá do céu, corporal e visívelmente [Ap 1:7.], assim como subiu ao céu (Atos 1:11), com grande glória e majestade [Mt 24:30; Mt 25: 31.]. Ele se manifestará Juiz sobre vivos e mortos [Mt 25:31-46; 2Tm 4:1; 1Pe 4:5.], enquanto porá em fogo e chamas este velho mundo para purificá-lo [2Pe 3:10-13.].

Naquele momento comparecerão perante este grande Juiz, pessoalmente, todas as pessoas que viveram neste mundo [Dt 7:9-11; Ap 20:12,13.]: homens, mulheres e crianças, citados pela voz do arcanjo e pelo som da trombeta divina (1Tessalonicenses 4:16). Porque todos os mortos ressuscitarão da terra [Dn 12: 2; Jo 5:28,29.] e as almas serão reunidas aos seus próprios corpos em que viveram. E a respeito daqueles que ainda estiverem vivos: eles não morrerão como os outros, mas serão transformados num só momento. De corruptíveis se tornarão incorruptíveis [1Co 15:51,52; Fp 3:20,21.].

Então, se abrirão os livros e os mortos serão julgados (Apocalipse 20:12), segundo o que tiverem feito neste mundo, seja o bem ou o mal [Hb 9:27; Ap 22:12.] (2Coríntios 5:10). Sim, "de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta" (Mateus 12:36), mesmo que o mundo a considere apenas brincadeira e passatempo. Assim será trazido à luz diante de todos o que os homens praticaram às escondidas, inclusive sua hipocrisia.

Portanto, pensar neste juízo e realmente horrível e pavoroso para os homens maus e ímpios [Mt 11:22; Mt 23: 33; Rm 2:5,6; Hb 10:27; 2Pe 2:9; Jd :15; Ap 14:7a], mas muito desejável e consolador para os justos e eleitos. A salvação destes será totalmente completada e eles receberão os frutos de seu penoso labor [Lc 14:14; 2Ts 1:3-10; 1Jo 4:17.]. Sua inocência será reconhecida por todos e eles presenciarão a vingança terrível de Deus contra os ímpios, que os tiranizaram, oprimiram e atormentaram neste mundo [Ap 15:4; Ap 18:20.]. Os ímpios serão levados a reconhecer sua culpa pelo testemunho da própria consciência. Eles se tornarão imortais, mas somente para serem atormentados no "fogo eterno [Mt 13:41,42; Mc 9:48; Lc 16:23-28; Ap 21:8.], preparado para o diabo e seus anjos " [Ap 20:10.] (Mateus 25:41).

Os crentes e eleitos, porém, serão coroados com glória e honra. O Filho de Deus confessará seus nomes diante de Deus, seu Pai (Mateus 10:32), e seus anjos eleitos [Ap 3:5.] e Deus "lhes enxugará dos olhos toda lagrima" [Is 25:8; Ap 7:17.] (Apocalipse 21:4). Assim ficará manifesto que a causa deles, que agora por muitos juízes e autoridades está sendo condenada como herética e ímpia, é a causa do Filho de Deus. E, como recompensa gratuita, o Senhor os fará possuir a glória que jamais poderia surgir no coração de um homem [Dn 12: 3; Mt 5:12; Mt 13:43; 1Co 2:9; Ap 21:9-22:5.].

Por isso, esperamos este grande dia com grande anseio para usufruirmos plenamente das promessas de Deus em Jesus Cristo, nosso Senhor.

Amem! Vem, Senhor Jesus!

Fonte: Josemar Bessa