terça-feira, 26 de março de 2013

Correto, ou politicamente correto?

 
Por Paulo Cezar

Correto é, segundo dicionarista, o que é isento de erros, exato, irrepreensível, íntegro, honesto, digno, mas também aquilo que foi emendado, corrigido. Assim, a correção pode ser original ou fruto de nova tomada de posição, de redirecionamento. Destaco, do mesmo dicionarista, a definição: certo, apropriado, adequado.

Politicamente correto é aquilo que difere do correto. Frontalmente ou tangencialmente. Reproduzo algumas ideias, de pessoas que não se identificaram, a respeito do que é politicamente correto:

1. Dizer aquilo que pessoas querem ouvir e não aquilo que realmente pensamos;

2. Não falar aquilo que deveria ter falado ou fazer o que deveria ser feito para não desagradar alguém ou um grupo, se tornando uma pessoa “non” grata se assim o fizesse. Resumindo: ser fingido;

3. Ser neutro, diplomático e fazer exatamente o que a sociedade espera que se faça, mesmo que às vezes seja hipocrisia.
 
O politicamente correto é atitude adotada pelo relativismo pós moderno, filosofia e tempos segundo os quais a verdade deixou de ser singular e passou a ser plural, deixou de ser considerada absoluta, mas relativa, cada um tendo a sua própria. 
As comunicações alcançam o tempo do agora, disseminando por todos os lugares, instantaneamente muitas vezes, posicionamentos individuais, em decorrência do livre pensar. Certo jornalista brasileiro repetia em suas colunas, anos atrás: pensar é livre pensar.
 
Não nos esqueçamos de que os pensamentos dão origem às ações. É muito bom que Deus nos tenha dado o privilégio da liberdade de pensamento e de adotar atitudes. Mas não é bom concorrer com Deus, legislando em paralelo ou sofismando. Suas leis são imutáveis, estão acima do tempo e fora deste. Não são adaptáveis ao gosto pessoal da criatura.
 
A verdade é aquilo que Deus decreta, no simples e irretorquível dizer de John MacArthur. Jesus disse: Eu
sou a verdade. 

O apóstolo Paulo, em sua aos efésios, capítulo 4, doutrina: Em vez disso, seguiremos com amor a verdade em todo tempo - falando com verdade, tratando com verdade, vivendo em verdade - e assim nos tornaremos, cada vez mais e de todas as maneiras, semelhantes a Cristo (verso 16). Não vivam mais como os não salvos, pois eles estão cegos e confundidos... Não se preocupam mais com o que está certo ou errado (versos 17 e 19). Falem a verdade, pois somos membros uns dos outros (verso 25).

O correto nos leva a dizer: sim, sim; não, não. O politicamente correto, a viver em cima do muro, tentando agradar a todos ao mesmo tempo, negando a nós mesmos e a Deus muitas vezes. 

A mensagem de Cristo não pode ser relativizada, de forma alguma. Não somos coautores. Apenas carteiros. Não podemos, muito menos devemos, abrir o envelope e alterar o que ali se contém. Humanamente, é crime. Espiritualmente, usurpação e pecado. O viver cristão, expresso nos relacionamentos
interpessoais, dentro e fora do curral das ovelhas, não pode ser relativizado e maquiado, a bem do bem viver.
 
Ser politicamente correto para obter aceitação social, viver comodamente no meiomambiente, ser bem acolhido na comunidade e poder usufruir de suas benesses, não é a característica do cristão. A estes a Palavra de Deus se refere: estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui (Atos 17.6). A Bíblia aberta é espada de dois gumes. Ela fere, penetra fundo, expõe o mais íntimo do íntimo, cria questionamentos, incita à reflexão, desafia atitudes, expõe encruzilhada, conduz a decisão, muda vidas. O cristão não é um diplomata, mas um transtornador, um revolucionário. 

Jesus não me concedeu o direito de ser politicamente correto! Porém, não ser politicamente correto não justifica grosseria, indelicadeza, petulância, desrespeito. Aqui se encaixam outras características do cristão: humildade e amor ao semelhante. Ser correto: firmeza, segurança, submissão à verdade. Ser politicamente correto: dubiedade, subserviência, acomodação indevida.
 
A Verdade que nos salvou há que ser vivida e transmitida em sua inteireza, sem qualquer ranhura ou complemento indevido. E vivenciada no relacionamento interpessoal. Não temos competência para relativizá-la, mascará-la, adaptá-la ao ambiente em que vivemos se este não condiz com ela. Não temos de carregar o fardo de suposto compromisso com o mundo sempre mutável em que somos estrangeiros, apenas itinerantes, forasteiros. E no ambiente do redil, sobretudo, há que haver transparência e franqueza de
posicionamentos.
 
A pequena Cingapura se transformou em Primeiro Mundo ao ponto de seus naturais dizerem, ironicamente, que comparada com eles, a América é Terceiro Mundo. Por que tanto sucesso? O líder Lee Kuan Yew explica: confiança... ser correto e não politicamente correto (Citado por Parag Khanna em O Segundo Mundo).
 
Voltando à definição léxica, ser correto não é ir-se amoldando como o líquido ao pote, mas sim, adequar-se dentro dos limites firmes, seguros e imutáveis da verdade absoluta que transpira em todo o texto da Palavra de Deus. E como aconselhado por Paulo, preocuparmo-nos com o que é certo, não flertando com o que é errado, pois somos membros uns dos outros no corpo cuja cabeça é Cristo. Não ser politicamente correto é jamais querer corrigir, adaptar, relativizar o que é correto em si mesmo. Sim, sim. Não, não. O que passar disso é de origem maligna (Mateus 5.37).

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