segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Como Pedro pôde dizer isso?



Por Josemar Bessa

No Senhor dos Anéis de R. R. Tolkein, um dos personagens, Smeagol ou Gollun, tem uma maneira própria de chamar o anel – “Meu Precioso!”. Depois de uma jornada enorme ele morre junto com a destruição do anel na Montanha da Perdição.

O que é precioso para você de tal maneira que as pessoas possam ver sua paixão dessa maneira?

Precioso, preciosidade... Pedro usa essas palavras muitas vezes, ele gosta dessas palavras. Em suas breves cartas ele a usa sete vezes: 1 Pe 1.7, 19; 2.4,6,7; 2Pe 1.1,4.

O primeiro uso que ele faz é completamente surpreendente. Mal acreditamos que alguém pudesse fazer usa dessa palavra nessa situação, para um teste, para uma prova, para o sofrimento. Mas Pedro faz, logo ele, que em um famoso momento de teste no passado tinha falhado completamente.

Ele fala sobre essa preciosidade com olhos brilhando: “Em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações, Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo” 1 Pedro 1:6-7. Há duas palavras que ele usa em conjunto, ambas significando “julgamento” – traduzida aqui por “tentações” e “prova”. No verso 6 – peirazo. O ataque de coisas más, como o diabo é chamado de peirazon. Ele tenta para o mal. Mas a próxima palavra é dokimion – que é teste, prova, com o objetivo de se aprofundar o que é bom, a edificação do caráter: “...a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo”

É evidente a verdade espiritual profunda que o apóstolo se refere. Por exemplo, em nossos relacionamentos. A dor e a tristeza que atinge a vida faz com que ele seja duplamente preciosa. Por exemplo, na história de Jacó, em Gênesis, quando ele estava próximo a Belém, Raquel, sua esposa amada, lutou para dar a luz a seu segundo filho, e ali ela morreu. Jacó chamou o menino de Benjamim – “filho da minha tristeza” – Nós podemos ver como Jacó tenta de todas as formas proteger Benjamim não querendo enviá-lo ao Egito na companhia de seus irmãos. Mas tendo ido, os irmãos fazem um apelo dramático a José, sem saber que ele era irmão deles ( e o único irmão de Benjamim por pai e mãe). Por que o apelo dramático em nome do seu velho pai, Jacó? Benjamim era precioso pois nasceu em meio as agonias de Raquel, que morreu ao dar a luz a ele. Isso é verdade nos relacionamentos humanos – o custo e a tristeza fazem daquilo algo mais caro e precioso para nós. Assim era Benjamim para Jacó.

Isso também é verdade em nossas relações espirituais. Jó era um homem que amava e vivia para a glória de Deus, mas ele perdeu tudo. Em Jó 29.11-25 ele fala sobre essa vida: “Ouvindo-me algum ouvido, me tinha por bem-aventurado; vendo-me algum olho, dava testemunho de mim; Porque eu livrava o miserável, que clamava, como também o órfão que não tinha quem o socorresse. A bênção do que ia perecendo vinha sobre mim, e eu fazia que rejubilasse o coração da viúva. Vestia-me da justiça, e ela me servia de vestimenta; como manto e diadema era a minha justiça. Eu me fazia de olhos para o cego, e de pés para o coxo...”

Deus tinha dito que não havia ninguém como Jó na terra. Mas depois da dor de perder sua família, casa, bem, saúde, filhos... ele se sentou num monte de cinzas e chorou sua miséria por todas as aflições que vieram sobre ele. Agora você pode ouvir Jó no último capítulo: “Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos. Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza”. Jó 42:5-6

É outro homem, não é? O sofrimento foi precioso em sua vida pois o pôs de joelhos como ele nunca tinha estado antes. Isso também é verdade em nossos relacionamentos celestiais.

Há razões mais profundas para a preciosidade do céu, mas por hora olhemos apenas esta – Uma das coisas que fazem o céu precioso para nós: “E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas”Apocalipse 21:4

Qual seria o peso disso se nós não tivéssemos várias vezes estado ao lado de uma sepultura aberta? Que impacto haveria sobre nós ouvir: “...e não haverá mais morte”? Os anjos não podem entender como nós podemos entender isso. O que significaria para você se nunca tivesse sofrido as palavras: “não haverá nem pranto, nem clamor, nem dor...”

Pedro diz que isso é precioso. As provas de nossas vidas, as tristezas que nos afligem a fazem curvar nossos joelhos. Deus tem uma recompensa para nós que é mais maravilhoso que todo ouro que é purificado no forno tantas vezes.

Depois ele fala sobre algo muito mais precioso, o sangue de Cristo: "Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver... Mas com o precioso sangue de Cristo...” 1 Pedro 1:18-19

Mas isso já é assunto para um segundo artigo.

Fonte: Josemar Bessa

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