segunda-feira, 17 de março de 2014

O que é avivamento?

Campo2

Por Maurício Zágari

Um dos conceitos mais falados na igreja mas menos compreendidos é o de avivamento. Há muitas ideias erradas sobre o que isso significa exatamente – como, por exemplo, o pensamento de que uma igreja avivada é aquela com muito barulho ou muito movimento. E não é nada disso. Para compreendermos exatamente o que avivamento significa, precisamos analisar muito bem o que esse fenômeno envolve. Não vou listar aqui histórias de avivamentos ou coisa parecida. Não desejo falar de “Pecadores nas mãos de um Deus irado”, de John Wesley ou de George Whitefield. Tampouco quero discorrer acerca dos grandes despertamentos da era moderna, muito menos do que ocorreu na rua Azuza ou em Pensacola. Se você quiser se aprofundar no tema, recomendo que leia o excelente livro “O Verdadeiro Avivamento”, de John Armstrong (editora Vida) – a meu ver, o melhor já publicado no Brasil sobre o assunto. O meu objetivo neste texto é apenas fazer uma síntese de como enxergo o fenômeno do avivamento cristão e as principais consequências disso para a sua vida.

A primeira pista está no próprio nome. A maioria de nós entende “avivamento” como “o ato de tornar vivo”. Ou seja, pegar algo morto e avivar, dar vida. Só que essa não é a única definição. O dicionário explica que “avivar” também é “dar vivacidade a algo”, “tornar mais vivo”, “renovar”.

Então, “avivamento” não se refere somente a dar vida a algo morto. Se isso fosse verdade, avivamentos espirituais viriam apenas sobre o mundo – que está morto em seus delitos e pecados – e não sobre a Igreja. Só que avivamentos acontecem justamente no Corpo de Cristo. Portanto, o conceito essencial de avivamento cristão é “dar vivacidade à Igreja”, “tornar a Igreja mais viva”. Assim, uma igreja que precisa de avivamento é aquela que está viva por estar enxertada na Videira mas que se encontra sem vivacidade – isto é, sem fulgor, energia, vigor.

A morte do mundo é não ter Deus. A “morte” no seio dos cristãos é viver como se não tivesse Deus.

Todo cristão crê que Deus existe. Mas daí a viver como se ele existisse… a distância é enorme. Eu posso crer que Jesus é meu Senhor e Salvador mas isso não ter consequência alguma na minha vida. Seja franco e olhe ao redor: você não vê isso acontecer aos montes? Assim, creio em Cristo mas vivo pecando sem me arrepender; amo ao Senhor sem compartilhar esse amor com os perdidos; valorizo a oração mas não tenho uma vida de oração; carrego a Biblia para cima e para baixo mas jamais estudo o texto sagrado; sei da importância do próximo mas não faço nada por ele… enfim, a perda de vivacidade do cristão ocorre não no que tange à perda da salvação, mas sim a um relacionamento tão mirrado com Deus e o próximo que o indivíduo torna-se espiritualmente esquelético. Pele e osso.

A imagem que vem à minha mente quando penso no cristão que precisa de um avivamento é a dos sobreviventes dos campos de concentração nazistas na 2a Guerra Mundial. Olhe para as fotos daqueles homens e mulheres raquíticos e me responda, sinceramente: parecem pessoas plenamente vivas ou sem nenhuma vivacidade… mortas em vida? Quase zumbis?

Aqueles homens e mulheres estavam vivos, o ar entrava em seus pulmões e o sangue circulava por suas artérias, mas… encontravam-se sem vida. Apáticos. Acordavam de manhã sem propósitos. Sobreviviam, sem viço e sem vigor. Compreende o que quero dizer? Do que aqueles sobreviventes do holocausto precisavam assim que foram resgatados dos campos de concentração? De vida. Ser avivados.

Ou seja: avivamento.

Aqueles esqueletos ambulantes saíram do cativeiro famintos e sedentos, desesperados por comer e beber e, assim, nutrir seu corpo. De igual modo, cristãos espiritualmente esqueléticos que são tocados pelo Espírito Santo tornam-se famintos e sedentos de Deus, desesperados por ter mais e mais do Senhor.

Cristãos sem fulgor, energia e vigor são como pessoas anoréxicas: estão extremamente desnutridas mas não se dão conta disso. É quando chega o avivamento: Deus os toca sobrenaturalmente e desperta neles uma fome incontrolável, que antes não sentiam – e fome de Deus: avivamento leva cristãos a buscar desesperadamente nutrição espiritual. De forma prática, avivamento leva você ao joelho, numa busca ávida por relacionamento com o Senhor. Também faz com que mergulhe nas páginas das Escrituras, numa sede gigantesca por conhecer mais e mais do Criador. Desperta no seu coração um amor sem tamanho pelos perdidos, que conduz invariavelmente ao compartilhamento ousado de Cristo – evangelismo. Avivamento também acende em sua alma o fogo do amor ao próximo e o leva a atos de devoção, entrega e caridade.

Em outras palavras, o cristão avivado é o que deseja relacionar-se sempre e mais com Deus, e que transborda de amor pelo próximo.

Infelizmente, muitos de nós acreditam que avivamento é quando a congregação começa a fazer muito barulho, berrar em línguas estranhas, ficar gritando “glória a Deus” e coisas do gênero. Não é nada disso – e falo como pentecostal. Tente visualizar aqueles esqueléticos sobreviventes dos campos de concentração, sedentos e famintos por algo que lhes dê vida e, de repente, começam a rodopiar, saltar, pular e gritar. Isso os faria ter mais vida como? Acreditar que devolver a vivacidade a alguém é fazer com que ele fique gritando e pulando é não compreender o significado de “vida”. Precisamos compreender que o avivamento cristão é o surgimento sobrenatural de uma necessidade desesperada e incontrolável por se relacionar com Deus e se aproximar dele numa intimidade inédita até então. E o Senhor não é surdo: podemos fazer isso sem barulho. Pois relacionamento com barulho é relacionamento, mas barulho sem relacionamento é só barulho.

Eu disse no início do texto que “o conceito essencial de avivamento cristão é dar vivacidade à Igreja”. Ou seja, é uma manifestação interna, que brota no Corpo de Cristo. Mas há um detalhe: quando o avivamento ocorre, a vida passa a fluir com tanto vigor e força pelas veias dos cristãos avivados que torna-se impossível conter tanta presença divina dentro das paredes da igreja. Portanto, sempre que ocorre avivamento, a vida transborda para fora e acaba levando a muitas conversões. Sim, essa é outra marca de um avivamento cristão real: salvação em massa. Centenas, milhares de pessoas sendo alcançadas pela graça salvadora de Cristo. Se você ouve dizer que em certo lugar está havendo um avivamento mas não há conversões de pecadores, pode ter certeza de que não é avivamento. Olhe para as imagens dos sobreviventes dos campos de concentração. Você consegue imaginar esses seres humanos gerando novos seres humanos? Se eles mal têm disposição para manter a si mesmos em pé, quanto mais gerar novas vidas. Como uma mulher que é pele e 0sso conseguiria nutrir por nove meses um feto, se mal tem vida para si? E como amamentar um bebê, se não tem nutrientes? Mas, uma vez que essas pessoas forem nutridas, alimentadas, saciadas, aí sim terão energia e forças para gerar novas vidas. De igual modo, a igreja avivada gera muitos filhos. E, desse modo, cresce.

Haveria muito mais a dizer sobre avivamento. Mas esta é a essência: avivamento cristão é a busca desesperada por relacionamento com Jesus de Nazaré. É a injeção caudalosa de Deus nas veias de almas apáticas, improdutivas e espiritualmente esqueléticas. É a seiva da Videira fluindo com tal força que transborda e espirra para todos os lados, fazendo mais e mais galhos se ligarem ao seu tronco.

Historicamente, avivamentos ocorrem por iniciativa única e exclusiva do Senhor. É uma ação unilateral. Eu não posso “produzir” um avivamento. Mas, quando olhamos para os grandes avivamentos da história, vemos um aspecto em comum às igrejas, denominações, cidades e nações onde brotaram avivamentos: sempre havia nesses lugares um pequeno núcleo de cristãos que oravam incansavelmente, clamando a Deus que mandasse um avivamento. É só o que podemos fazer: pedir e esperar, exatamente como os sobreviventes dos campos de concentração: eles não tinham como produzir alimento ou vida a partir do nada. Mas podiam pedir. No dia em que o exército aliado libertou os sobreviventes do holocausto, a primeira coisa que aquelas pessoas lhes pediram foi comida e bebida. E receberam.

Você quer experimentar um avivamento? Ore. Peça. Clame. E, se aprouver a Deus promover um verdadeiro avivamento, prepare-se para sentir a maior fome e sede de Jesus que já sentiu em toda a sua vida.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício

Fonte: Apenas

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