quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Estranhas formas de amor!



Por Josemar Bessa

Nada pode nos separar do amor de Deus, diz Paulo. Paulo diz que somos “mais que vencedores” – em todas essas coisas – A maioria das pessoas têm a ideia de que a vitória ocorre quando estamos vivendo vidas que estão livres de problemas, aflições e angústias. Paulo diz que a realidade é muito diferente. Nó somos “super-vencedores”, apesar de tudo o que o mundo e o diabo possam lançar sobre nós.

O “essas coisas” a que Paulo se refere, pode ser encontrado nos versos 33-35 de Romanos 8: "Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?” – Grande parte dessas coisas são parte de uma vida comum de todos os homens regenerados.

Somos mais que vencedores “apesar do acusador” – Somos vitoriosos sobre tudo que desafia a nossa relação com Deus. Deus tendo nos Justificado, nada pode mudar isso, nada pode mudar sua mente. A justiça foi satisfeita em Cristo

Somos mais que vencedores apesar dos que nos condenam (v.34). Sobre os que dizem sermos indignos diante de Deus. Cristo morreu por nós na cruz e derramou seu sangue para nos salvar, e nada pode desfazer o que já foi feito na cruz!

Somos mais que vencedores em todos os ataques do mundo e satanás – Estes sempre foram inimigos dos filhos de Deus. Os ataques são frequentes e são graves. Apesar de tudo o que é lançado em nossa direção, nós ainda somos vitoriosos sobre todo o esforço para nos derrotar e nos destruir.

Olhe para a lista de ataques aos filhos de Deus nesta vida. (e ela é apenas uma amostra):

· Tribulação - Este é dos problemas mais comuns que as pessoas enfrentam, João 16:33; 14:01 – “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”. João 16:33 – “Não se turbe o vosso coração...” - João 14:1

· Angústia - Literalmente, " estar num lugar estreito ". Significa ser cercado por circunstâncias aflitivas, preso, sem saída...

· Perseguição - O sofrimento infligido por causa da nossa relação com Jesus.

· Fome - A falta de recursos necessários. Um subproduto natural da perseguição.

· Nudez - A falta de roupa adequada. Por estar em um estado de miséria. Este é também um subproduto da perseguição.

· Perigo - A ameaça de perigo iminente e terrível.

· Espada - A ameaça de assassinato. O frio instrumento de morte que enviou muitos crentes à eternidade.

"Somos mais que vencedores não evitando essas coisas, mas por estar triunfando sobre elas por meio de Jesus Cristo. Nossa dor em nosso sofrimento é muito real, mas isso é propósito de Deus. Devemos lembrar que Seu plano para nossas vidas e o nosso plano para nossas vidas raramente é o mesmo plano. Aqui está o que Ele está fazendo:

Ø Ele está Refinando Nossas Vidas - Assim como um ourives aquece o minério para remover as impurezas, Deus usa as provações e aflições da vida: “Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo” - 1 Pedro 1:7

Ø Ele está refazendo Nossas Vidas – Cada dia somos menos como éramos e mais como Cristo é. Quando Ele terminar seu trabalho em nós, seremos a imagem do Senhor Jesus Cristo - “Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” - Romanos 8:29; - “Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” - Efésios 4:13

Ø Ele está realinhando nossas vidas – Está nos fazendo ver que Sua glória é prioridade no Reino, e está nos levando a nos gloriarmos no que manifesta mais plenamente Sua glória, mesmo quando isso é a revelação e aceitação de nosso sofrimento: “Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim. E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte. Fui néscio em gloriar-me; vós me constrangestes. Eu devia ter sido louvado por vós, visto que em nada fui inferior aos mais excelentes apóstolos, ainda que nada sou” - 2 Coríntios 12:8-11

O processo é muito doloroso, mas é muito necessário se Ele deve em tudo ser glorificado em nós. Devemos lembrar que Deus vai ser mais glorificado em nossas vidas quando estamos sendo purificados do que se Ele nos permitisse viver uma vida de facilidades.

Quando você ora mais? Quando a Bíblia se mostra e ensina mais profundamente? Quando você está mais propensos a buscar o Senhor? A resposta a todas estas perguntas é simples, e é universal. Estamos mais propensos a fazer estas coisas quando o calor sobe e a pressão aumenta! Isso é apenas a realidade, e é por isso que o Senhor envia provações em nosso caminho. Assim como leva tempo de calor e pressão para transformar carvão em diamantes, Deus toma as mesmas circunstâncias para transformar pecadores em santos!

Paulo nos diz que a única razão porque nós somos vitoriosos nesta vida é " por meio dele que nos amou ". A nossa vitória não se encontra dentro de nós mesmos, a nossa vitória repousa somente nEle!

Considere por um momento o que merecemos, “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor”. - Romanos 6:23 – “Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá” - Ezequiel 18:4

Em seguida, pense por um momento sobre a natureza do Seu amor por nós -“Por isso, o SENHOR esperará, para ter misericórdia de vós; e por isso se levantará, para se compadecer de vós, porque o SENHOR é um Deus de equidade; bem-aventurados todos os que nele esperam”. - Isaías 30:18

Então, pare e pense sobre o que Ele fez para provar seu amor por nós: “Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” - Romanos 5:8

O amor de Deus para Seus filhos é tão grande e tão profundo que Deus quer que saibamos que nada pode jamais nos separar de Seu grande amor por nós.

Os versos 38-39 são um comentário sobre a profundidade, largura, altura e comprimento do amor de Deus para Seus filhos. Paulo nos diz que nenhuma das coisas mencionadas nestes versos pode " nos separar" do amor de Deus.

A palavra no versículo 38 significa "ter poder". Em outras palavras, nenhuma das coisas que as pessoas temem tanto tem qualquer poder para nos separar de Seu amor incrível.

Quando passamos por essas coisas, precisamos ter a certeza em nossos corações que até mesmo as dores, tristezas e aflições da vida são a prova do amor de Deus para nós.

Paulo conhecia muito bem os tormentos da vida: “...em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes. Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez” - 2 Coríntios 11:23-27

No entanto, ele nos diz no verso 38 de Romanos 8 que ele " está convencido ". Essa frase está no " tempo perfeito ". Isso significa que Paulo está convencido, e nada pode mudar sua mente sobre o assunto.

Sua mente está sobre a mesma rocha que a de Paulo?

Dores, tristezas e aflições são provas do amor de Deus por nós.

Fonte: Josemar Bessa

Cinco Solas da Reforma Protestante


Por Denis Monteiro

Os reformadores lutaram contra o sistema católico em vista à Sagrada Escritura. A igreja católica crê que a Escritura é a Palavra de Deus, mas ela também acredita que as decisões nos concílios e o papado falam oficialmente em matéria de fé e moral. Ou seja, a Escritura não é a voz definitiva para a igreja católica, mas a tradição e o Papa têm a mesma autoridade. 

Para os reformadores, somente a Escritura tem a voz definitiva no que concerne a moralidade e fé. E a forma que os reformadores creem na Escritura, foi expressa na Confissão de Fé de Westminster:

Sob o nome de Escritura Sagrada, ou Palavra de Deus escrita, incluem-se agora todos os livros do Velho e do Novo Testamento,… todos dados por inspiração de Deus para serem a regra de fé e de prática… A autoridade da Escritura Sagrada, razão pela qual deve ser crida e obedecida, não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja, mas depende somente de Deus (a mesma verdade) que é o seu autor; tem, portanto, de ser recebida, porque é a palavra de Deus… O Velho Testamento em Hebraico… e o Novo Testamento em Grego…, sendo inspirados imediatamente por Deus e pelo seu singular cuidado e providência conservados puros em todos os séculos, são por isso autênticos e assim em todas as controvérsias religiosas a Igreja deve apelar para eles como para um supremo tribunal… O Juiz Supremo, pelo qual todas as controvérsias religiosas têm de ser determinadas e por quem serão examinados todos os decretos de concílios, todas as opiniões dos antigos escritores, todas as doutrinas de homens e opiniões particulares, o Juiz Supremo em cuja sentença nos devemos firmar não pode ser outro senão o Espírito Santo falando na Escritura. (I, 2,4,8,10).

Aplicação

“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” II Timóteo 3:16, 17

Somente por meio das Escrituras – a revelação tanto da Pessoa quanto da vontade de Deus – o homem pode conhecê-Lo, ser salvo e habilitado para a boa obra do Senhor. Entretanto, cresce em nossos dias uma visão da irrelevância das Escrituras onde ela não é mais a autoridade final em questões espirituais entre o Homem e Deus, mas apenas uma dentre muitas fontes de autoridade a respeito de Deus e a prática cristã.

Quando iremos tomar qualquer decisão, quem fala mais alto: A nossa concepção baseado em “achismos” ou a Sagrada Escritura é quem dita o nosso viver? Em sua busca por santificação, a Bíblia tem tomado um lugar de destaque? Você tem resistido à tentação com suas próprias forças ou usando a Palavra de Deus, assim como Jesus?

Solus Christus – Somente Cristo

Em 431 d.C o catolicismo instituiu o culto a Maria, em 787 foi instituído o culto às imagens e em 933 foi instituído a canonização dos santos. Também foi instituído que a figura do sacerdote (líder religioso) como um representante de Cristo na terra, onde que, os pecados a ele deveriam ser confessados.

O catolicismo crê da mesma forma que nós cremos: Que Cristo nasceu sem pecado e de uma virgem. Mas o catolicismo colocou Maria como co-redentora e os santos com o mérito de intercessão.

Certamente esse não é o ensino da Escritura, pois ela declara: “há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1Tm 2:5) e que “por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb 7:25) e que “não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (At 4:12).

A Reforma trouxe à Igreja o Evangelho simples dos apóstolos, centrado na suficiência e exclusividade da obra de Cristo para a salvação. A velha confissão de Paulo foi de novo a confissão dos reformadores: “Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado” (1Co 2:2).

Aplicação

“Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os envolveu; e eis vindo da nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo: a ele ouvi. Ouvindo-a os discípulos, caíram de bruços, tomados de grande medo. Aproximando-se deles, tocou-lhes Jesus, dizendo: Erguei-vos, e não temais! Então eles, levantando os olhos a ninguém viram senão só a Jesus.” Mateus 17:5-8

Numa época onde muitos ídolos estão aparecendo no meio evangélico, numa época onde a atitude de muitos seria de montar uma tenda para Jesus e outras para os pastores e cantores famosos, temos aqui um direcionamento dado por Deus sobre quem devemos buscar ouvir e ver: Somente a Cristo. Somente em Cristo, e apenas nEle a satisfação de Deus está depositada. O Senhor disse: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”. Não há nada e nem ninguém fora de Cristo e nem além dEle que possa satisfazer a Deus. O Senhor se compraz em Seu filho, apenas. Unicamente por imputar a justiça de Cristo sobre seu povo que Deus se alegra em nós.

Quando você prega, conversa, se relaciona, etc, você tem Cristo como o centro, tentando sempre expor Sua encarnação, vida, morte, sacrifício, exaltação e Soberania?

Sola Gratia – Somente a graça

Para a Igreja Católica todo aquele que permanecia fora da Igreja Católica estaria perdido, os quais padeceriam no fogo eterno. O único modo para que esses que estão fora da igreja poderiam ser salvos seria: Se unindo à Igreja Católica, participando dos sacramentos, jejuns, esmolas, outros trabalhos piedosos os quais proporcionarão recompensas eternas e até alguns sacrifícios estabelecidos pela igreja.

Dizer que a salvação é pela graça não é só afirmar o caráter sobrenatural da salvação, mas excluir todo e qualquer esforço humano para que o mesmo seja salvo. A Reforma insistia nesse conceito teocêntrico, exaltando a eleição divina. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece… Mas se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Se, porém, é pelas obras, já não é mais graça; de outra maneira a obra já não é obra.

Aplicação

Quando reconhecemos a graça de Deus em nossas vidas, essa graça não nos deve levar a pensar que somos super-crentes, que possamos reivindicar algo de Deus ou decretar algo. Mas reconhecer que antes éramos por natureza filhos da ira, que desde o ventre nascemos alienados de Deus merecedores da ira Divina. Mas Deus, por sua infinita graça, nos elegeu derramando a Sua ira sobre Seu Santo Filho.

Será que reconhecemos que a cada dia é em Deus que nós vivemos, nos movemos e existimos? O teólogo John Newton, compôs, dizendo sobre a graça de Deus:

Graça Maravilhosa, como é doce o som.
Que salvou um miserável como eu!
Eu estava perdido, mas agora fui achado,
Era cego, mas agora eu vejo.
Foi a graça que ensinou meu coração a temer. 
E a graça aliviou meus medos; 
Como preciosa essa graça apareceu, 
A hora em que eu acreditei!
Através de muitos perigos, labutas e armadilhas, Eu cheguei; 
É a graça que me trouxe em segurança até o momento, 
E graça vai me levar para casa.

Sola Fide – Somente a Fé

A igreja Católica dizia, sobre as indulgências, que “ao som de cada moeda que cai neste cofre, uma alma se desprende do purgatório e voa até o paraíso”. Hoje existem as “novas indulgências”, onde que há alguns trabalhos para que as penas no purgatório fossem aliviadas, por exemplo: um dia sem fumar, rezar com o Papa em frente à televisão, ajudar refugiados, orar mentalmente com surdos-mudos, não comer carne, etc. Assim como as obras de caridade faziam com que a pessoa fosse salva, assim também o era as indulgências.

Logo, não são as nossas obras que nos salva da ira de Deus. Mas a graça de Deus em nossas vidas e uma fé única e sincera em Cristo Jesus e em Sua obra consumada na cruz. Nós não precisamos fazer algo diante de Deus para nos justificar, a fé dada por Deus que Ele mesmo nos justifica.

Por isso, quando Lutero leu “O justo viverá pela fé” ele entendeu que o meio pelo qual o pecador vive diante de Deus é pela fé, a qual é dada pelo próprio Deus.

A única obra que nos salvou foi à obra de Cristo feito na cruz do calvário.

Aplicação

As obras são resultados de uma fé sincera. Será que você descansa unicamente na obra de Cristo?

A justificação pela fé somente é o progresso para a santificação. Toda e qualquer obra que façamos para sermos aceitos diante de Deus é um pecado. Faça obras que reflita a sua fé em Cristo Jesus, pois fomos salvos pela fé e para as boas obras as quais Deus de antemão nos preparou.

Que oremos como Augustus M. Toplady:

Nada trago em minhas mãos, 
Apenas me agarro à tua cruz;
Nu, venho a ti para me vestir,
Dependente, busco graça em ti;
À tua fonte vou correr. 
Lava-me, Senhor, ou vou morrer!
Rocha Eterna, partida por mim, 
Deixa-me esconder em ti. 

Soli Deo Gloria – Somente a Deus a glória

Coroando estes temas da Reforma que vimos, este é o Somente Deus a Glória. Dar glória a Deus é entender e confessar que não há nada neste mundo que possa ocupar o lugar que pertence a Deus.

Assim, quando o catolicismo colocava santos, papas, relíquias e sacerdotes no lugar de Deus desobedecia o princípio Bíblico que Deus não divide sua glória com outra coisa qualquer.

No entanto, os reformadores partiram de uma visão teocêntrica (Deus no centro) para falar da salvação do pecador, o qual o próprio Paulo expõe e conclui dizendo: “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Por que quem compreendeu a mente do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.” (Rm 11.33-36)

Assim como Paulo louva a Deus por tão grande obra, assim são os reformadores em expor as doutrinas bíblicas para a igreja. Eles colocaram, novamente na agenda da igreja, um culto voltado somente para Deus, reconhecendo que a criação inteira vem de Deus, por Deus e para Deus. Uma vida voltada para Deus, porque “dele, e por ele, e para ele, são todas as coisas”, e glorificando a Deus em tudo que venhamos fazer.

Aplicação

Será que a nossa única satisfação está em Deus?

Será que, como parte da criação, nós proclamamos a glória de Deus juntamente com as Suas obras?

Será que o nosso fim, é como diz a Bíblia, assim como, o catecismo, de glorificar a Deus e alegramos nEle para sempre?

Fonte: NAPEC

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Deus no banco dos réus


Por Rev. Hernandes Dias Lopes

O mundo caminha a passos largos para o secularismo ateu. Cresce o número daqueles que não acreditam em Deus e também daqueles que odeiam a Deus. A fé cristã tem sido perseguida em todo o mundo como se fosse uma ameaça à humanidade. Cristãos têm sido presos, torturados e mortos pela sua fé. Outros têm sido escarnecidos nos meios acadêmicos como se a fé cristã fosse um parentesco da ignorância e um aliado do obscurantismo intelectual. A fé cristã e os valores cristãos têm sido tripudiados nas casas de leis, nas cortes dos governantes, na imprensa, na mídia e nas ruas. Vivemos um tempo de apostasia e de resistência à verdade.

Os filhos de Coré, no seu tempo, já enfrentavam esse ataque implacável. Assim, o salmista expressa: “Esmigalham-se-me os ossos, quando os meus adversários me insultam, dizendo e dizendo: O teu Deus, onde está?” (Sl 42.10). Os filhos de Coré, quando escreveram este salmo estavam encurralados por circunstâncias medonhas e seus adversários os colocavam contra a parede, o melhor, colocavam o seu Deus no banco dos réus. A providência era carrancuda. Os inimigos eram muitos. Os perigos ameaçadores. O livramento parecia impossível. Para agravar a situação, os adversários ainda os insultavam com uma pergunta insolente e perturbadora: Onde está o seu Deus? Por que ele não age? Por que não vem em seu socorro? Esta é a pergunta que os ímpios ainda fazem, para nos acuar. Onde está Deus num mundo onde prevalece a mentira, a falsidade, a injustiça, a violência, a opressão, a maldade, a promiscuidade e a falência dos valores morais? Se Deus existe, por que ele não se manifesta? Se ele é Todo-poderoso por que não prevalece contra essa torrente de maldade que assola a humanidade? Se ele é amor, por que permite que os justos sofram? Se Deus é real, por que não põe um fim nessa confusão mundial?

O Salmista responde a essas afrontas, afirmando sua confiança em Deus, apesar das circunstâncias adversas. Reconhece que Deus é soberano e não pode ser domesticado pelo homem. Sabe que Deus age não conforme a pressão dos homens, mas conforme a seu propósito e conselho eterno. Longe de se enfraquecer com o escárnio dos adversários, o salmista reafirma seu apego a Deus, quando diz: “Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo” (Sl 42.1,2). Longe de perder sua confiança em Deus, o salmista reafirma que Deus é seu auxílio. Num solilóquio profundo, ele diz: “Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu (Sl 42.5). Longe de se afastar de Deus, chocado com as mazelas do mundo e com as acusações sofridas, reafirma sua confiança na infinita misericórdia de Deus. Assim ele escreve: “Contudo, o Senhor, durante o dia, me concede a sua misericórdia” (Sl 42.8). Longe de ceder aos ataques dos adversários e admitir que Deus perdeu o poder, reafirma, confiantemente, que Deus é a sua rocha. Diz o salmista: “Digo a Deus, minha rocha: Por que hei de andar eu lamentando sob a opressão dos meus inimigos?” (Sl 42.9). Longe de capitular-se à amargura contra Deus, reafirmou que Deus é o motivo do seu louvor: “Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu” (Sl 42.11). O salmista está consciente de que o mal nem sempre é julgado na hora que é cometido. Os ímpios que escapam dos tribunais da terra terão que comparecer perante o tribunal de Deus, onde serão julgados retamente. Quanto aos justos, ainda que sofram agora, desfrutarão de bem-aventurança eterna. A verdade incontestável é: não é Deus quem está no banco dos réus; o homem é que terá que prestar contas da sua vida a Deus, o Juiz de vivos e de mortos.

Ensaios sobre a Igreja na pós-modernidade: definições


Por Jonas Ayres

Pós-modernidade. Eis um termo que significa muito, que possui muitas definições e literatura numa amplitude cada vez mais surpreendente. Muitos filósofos, sociólogos e estudiosos da área utilizam o termo pós-moderno, outros preferem o uso do termo hipermoderno. Justamente por estarmos vivendo neste tempo, tão carente de absolutos, não é de se estranhar a dificuldade de utilização do mesmo termo bem como o estado de desespero que muitas vezes toma conta das pessoas pela simples menção da expressão “pós-moderno”.

Pós-modernismo é tanto uma noção histórica e cronológica quanto uma idéia filosófica. Analisando sob a ótica histórica, pós-modernismo se refere à modernidade, devido este tempo preceder o outro bem como a rejeição do pós-modernismo por alguns conceitos modernos. Sob o aspecto cronológico, muitos definem que o pós-modernismo é o retrato de uma era que já começou, e sob alguns aspectos já substituiu a modernidade. Por fim, na concepção filosófica e psicológica trata-se de um tempo de grande “relativismo cultural sobre coisas tais como realidade, verdade, razão, valor, significado lingüístico, o eu e outras idéias” (MORELAND & CRAIG, 2005, p.186).

Para a igreja, o pós-modernismo representa um desafio. Um bom desafio conforme as palavras de Ferreira e Myatt (2007, p.4):

Para muitos, a situação pós-moderna é uma ocasião de desespero. Mas é exatamente nos momentos históricos que se mostram mais difíceis que a fé cristã se levanta, trazendo nova esperança. E, nestes momentos, a tarefa teológica se torna crítica para proclamar e defender a fé, e para nortear o povo de Deus na travessia dos campos de batalha que permanecem à frente. Nosso desafio é fazer uma teologia que coloque toda a riqueza da fé evangélica histórica desde a igreja antiga até a atual, em contato com os problemas de um mundo pós-moderno e globalizado, trazendo luz, vida e esperança para um povo cuja existência carece do significado que somente se encontra no Senhor.

Para os estudiosos da área, fica o desafio de definir o que significa este tempo. Esperandio (2007, p.41) lança uma opinião sobre este tempo que confere com o pensar de muitos:

Vê-se, pois, que as teorizações sobre pós-modernidade/pós-modernismo vão se construindo simultaneamente ao próprio aparecimento dessa nova configuração do social, que os teóricos têm dificuldade em definir: seria então uma nova forma de ser, de pensar e viver, mas ainda dentro da modernidade, ou poderia esse novo modo de existência (com implicações visíveis nos mais variados campos do saber) ser categorizado como um outro período histórico, o pós-moderno?

Por ser uma época em processo de definição, existe certa controvérsia no meio acadêmico quanto ao emprego correto de “rótulo” que melhor determine este tempo. Um filósofo muito influente que afirma que o pós-modernismo já “passou” é Gilles Lipovetsky. Na verdade, Lipovetsky defende que o pós-modernismo sequer existiu; este filósofo francês defende que:

O neologismo pós-moderno tinha um mérito: salientar uma mudança de direção, uma reorganização em profundidade do modo de funcionamento social e cultural das sociedades democráticas avançadas. Rápida expansão do consumo e da comunicação de massa; enfraquecimento das normas autoritárias e disciplinares; surto de individualização; consagração do hedonismo e do psicologismo; perda da fé no futuro revolucionário; descontentamento com as paixões políticas e as militâncias – era mesmo preciso dar um nome à enorme transformação que se desenrolava no palco das sociedades abastadas, livres do peso das grandes utopias futuristas da primeira modernidade. (LIPOVETSKY, 2004, p.52).

Dando a explicação do porque do uso do termo “pós”, ele afirma que que o que vivemos é na verdade o tempo do “hiper”:

A cultura hipermoderna se caracteriza pelo enfraquecimento do poder regulador das instituições coletivas e pela autonomização correlativa dos atores sociais em face das imposições de grupo, sejam da família, sejam da religião, sejam dos partidos políticos, sejam das culturas de classe. (…). Testemunho disso é a maré montante de sintomas psicossomáticos, de distúrbios compulsivos, de depressões, de ansiedades, de tentativas de suicídio, para nem falar do crescente sentimento de insuficiência e autodepreciação. (…). À desregulação institucional generalizada correspondem as perturbações do estado de ânimo, a crescente desorganização das personalidades, a multiplicação de distúrbios psicológicos e de discursos queixosos. (LIPOVETSKY, 2004, p.83-84).

Doutra forma, renomados filósofos cristãos como Norman L. Geisler, William Lane Craig, J.P. Moreland e Peter Kreeft defendem que o que vigora ainda é o pós-modernismo.

Partindo deste pressuposto, é preciso estabelecer meios de comunicar e praticar o cristianismo neste horizonte, e para que a proclamação do Evangelho seja eficaz é preciso conhecer esta cosmovisão, não fugir dela, mas de modo algum criar alianças e contextualizações. Morley (2005, p.200) disse:

Quanto mais compreendermos as idéias das pessoas, melhor poderemos comunicar a verdade das Escrituras e do Evangelho para elas. Por isso é que estudamos sobre cultos e religiões, e daí a grande importância de que os missionários estejam muito bem preparados entenderem as culturas nas quais vivem. Mas poucos cristãos do ocidente se esforçam o suficiente para compreender a cultura onde eles mesmos vivem!

Outro fato importante a se destacar é que não existe consonância quanto ao inicio da era pós-moderna; o que existe é o consenso que alguns nomes influenciaram muito a forma de pensar do homem, que mudou sua atitude severamente moldando assim a sociedade atual. Existem fatores e nomes que acenderam o “estopim” do pós-modernismo.

Após o fracasso da crença numa “perfeição humana” e na sua eventual bondade, vendo o século XX ser manchado de sangue, mancha esta das duas grandes guerras mundiais, uma guerra fria, estados governados por regimes cruéis, ditadores e totalitaristas, inúmeras guerras civis, o vergonhoso Holocausto efetuado pelos nazistas (como uma flecha no coração modernista europeu), tensões na frança sob o regime do presidente Charles de Gaulle em 1968 (onde os jovens bradaram nas ruas o termo “é proibido proibir”) e profundas mudanças no regime marxista, mudanças no pensamento quanto a perfeição do modernismo foram minando tal época.

Nomes como Michel Foucalt, Jacques Derrida, Richard Rorty e Jean-François Lyotard passaram a por em xeque a concepção modernista.

Foucault rejeitava a idéia que o conhecimento é algo intrinsecamente neutro. Para ele a ciência e conhecimento são instrumentos de opressão usados pelos que os possuem cuja finalidade é obter poder e domínio sobre as massas. Em síntese, no pensamento de Foucault, toda afirmação de conhecimento é na verdade um ato de poder.

Derrida apregoa que os dicionários, por exemplo, dão a falsa impressão que as palavras possuem definições e significados absolutos, inalteráveis. Para ele o significado das coisas/palavras está ligado às experiências pessoais de cada indivíduo, e como tais experiências mudam de forma constante, os significados também mudam. Agindo assim, Derrira continuou a “desconstruir” conceitos tradicionais firmados no pensamento humano. De certa forma, a conseqüência macro do seu pensamento em nossos dias é o relativismo, ou seja, tudo é relativizado por cada ser e a verdade e o absoluto não passam de meros conceitos individuais. Sobre Derrida, Geisler diz (2002, p. 248):

É considerado um “filósofo” francês contemporâneo, apesar de alguns questionarem se ele é um verdadeiro filósofo. É pai de um movimento conhecido como “desconstrutivismo”, ainda que pessoalmente ele rejeite o significado popular do termo. O movimento também é chamado “pós-modernismo”, apesar de Derrida também não usar o termo para descrever sua visão.

Rorty por sua vez, com seu pensamento neo-pragmático afirma que a idéia da verdade é apenas um mito. Em seu modo de pensar a “verdade” é aquilo que sobrevive às objeções dentro do contexto cultural ao que é apresentado, assim, o que é verdade continua sendo relativizado, não pelo individuo, mas pelo ambiente sócio-cultural. Para Rorty, devemos abandonar a busca pela verdade e nos contentarmos simplesmente com a interpretação.

Por fim, Lyotard apregoa um pensamento em favor da diversidade e de considerações meramente pragmáticas.

Tal ambiente cria uma aparente sensação de que tudo está mais belo e livre e que o homem pós-moderno é de fato o mais realizado de todos os tempos. Poucos são francos em admitir seu verdadeiro sentimento de vazio e confusão. Nas palavras de Miranda (2006, p.264):

[as pessoas] sentem-se diariamente rodeadas pelo diferente, pelo desconhecido, pelo estranho. Ninguém está completamente à vontade na sociedade pós-moderna. Estamos todos contaminados por uma epidemia silenciosa de insegurança e de angústia. A oferta generosa e abundante de “definições da realidade”, à semelhança de um shopping bem sortido, garante ao individuo maior espaço para sua liberdade, mas, simultaneamente, descarrega sobre ele o difícil ônus de construir sua própria identidade sem lhe oferecer referências sólidas, objetivos comprovados, ideais aceitos pela sociedade que, outrora, lhes garantia honorabilidade e, sobretudo, credibilidade.

Por mais que a análise do pensamento desses pensadores tenha sido superficial, é possível identificar que os conceitos relativistas e pluralistas que permeiam o pensamento do homem pós-moderno têm como fonte tais filosofias. Relativismo, pluralismo e a rejeição da verdade são marcas deste tempo, as quais McGrath refuta (2007, p.168):

Contudo, a lenta saída da modernidade, ainda que inexorável, não significa que o evangelicalismo precise assumir a ordem pós-moderna. Com efeito, o evangelicalismo provê um ponto de observação fundamental de onde criticar aspectos da visão de mundo pós-moderna, não menos sua aparente reação exagerada à ênfase do Iluminismo na verdade. A verdade permanece um assunto de importância apaixonante para o evangelicalismo, mesmo que exista uma pressão cultural bastante forte na sociedade ocidental para conformar com sua ótica prevalecente de “meu ponto de vista é tão bom quanto o seu”.

Mas afinal, o que significa para a humanidade o passar da era moderna para a pós-moderna. Conforme Lipovetsky (2007, p.23) disse:

A pós-modernidade representa um momento histórico preciso em que todos os freios institucionais que se opunham à emancipação individual se esboaram e desapareceram, dando lugar à manifestação dos desejos subjetivos da realização individual, do amor-próprio. As grandes estruturas socializantes perdem a autoridade, as grandes ideologias já não estão mais em expansão, os projetos históricos não mobilizam mais, o âmbito social não é mais que o prolongamento do privado – instala-se a era do vazio, mas “sem tragédia e sem apocalipse”.

Eis o cenário armado para a introdução de linhas teológico-filosóficas no cristianismo histórico que são verdadeiros cavalos-de-tróia. Na ansiedade por ter um cristianismo mais amigável ao pensamento pós-moderno, o movimento da Igreja Emergente adentrou o cristianismo hodierno como tal cavalo-de-tróia.

BIBLIOGRAFIA

ESPERANDIO, Mary Rute Gomes. Para entender pós-modernidade. São Leopoldo: Sinodal, 2007.

FERREIRA, Franklin & MYATT, Alan. Teologia sistemática: uma análise histórica, bíblica e apologética para o contexto atual. São Paulo: Edições Vida Nova, 2007.

MORELAND, J.P. & CRAIG, William Lane. Filosofia e cosmovisão cristã. São Paulo: Edições Vida Nova, 2005.

LIPOVETSKY, Gilles. Tempos hipermodernos. São Paulo: Editora Barcarolla, 2004.

MORLEY, Brian K. in MACARTHUR, John. Pense biblicamente: recuperando a visão cristã de mundo. São Paulo: Hagnos, 2005.

GEISLER, Norman. Enciclopédia de apologética: respostas aos críticos da fé cristã. São Paulo: Editora Vida, 2002.

MIRANDA, Mário de França. A igreja numa sociedade fragmentada. São Paulo: Edições Loyola, 2006.

MCGRATH, Alister. Paixão pela verdade: a coerência intelectual do evangelicalismo. São Paulo: Shedd Edições, 2007.

Fonte: NAPEC

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Você é convertido?


Por N. Vincent (1639 -1697)

O convertido vê Deus como seu objetivo maior. Portanto deseja que Deus possa ser glorificado, e possa ser desfrutado pelo seu retorno a Ele. O convertido é conscientizado de que enquanto incrédulo ele viveu para a desonra de Quem lhe deu vida, e em cuja mão está o seu fôlego de vida. Agora, entretanto, ele deseja ardentemente andar de maneira digna do Senhor, sendo Lhe em tudo agradável, sendo frutífero em todos os trabalhos que são para o Seu louvor. Antes ele só pensava em si mesmo, em suas próprias coisas. Não tinha alvos elevados além de satisfazer as inclinações mundanas da carne com o que sua mente carnal e corrupta julgava conveniente. Ele não se preocupava com o quanto o Senhor estava magoado e entristecido.

No entanto, agora ele tem outra mente. Ele sustenta os mesmos desígnios dos anjos, os mesmos propósitos que Cristo teve, a saber, honrar e agradar ao Deus da glória. E não somente cumpre seu propósito em suas ações espirituais, mas também em suas ações naturais, civis e recreativas, as quais, estando ele renovado, se tornam espiritualizadas.

Ele leva a sério o que o apóstolo diz em I Cor. 10:31: "Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus. " E agora ele vive como nova criatura, como um filho. Antes não vivia nem como um nem como outro, pois vivia somente para si.

Por assim glorificar a Deus, o convertido toma o rumo certo para alegrá-lO. Ele vê Deus como a melhor porção, e portanto se lança sobre Ele. Agora esta é sua linguagem: "Deixem os homens mundanos participarem das coisas do mundo que lhes agradam. Deixem que corram atrás do vento. Deixem que se envergonhem e se aborreçam com aquilo que, uma vez alcançado, resultará somente em mais aborrecimentos. Minha alma busca a Deus. Somente Ele merece minha busca. Somente Ele, quando encontrado, pode preencher-me totalmente."

O convertido não se satisfará com apenas um pouco de Deus. Riquezas não poderão fazê-lo. Reputação, prazeres sensuais tampouco poderão fazê-lo. Nem mesmo as ordenanças por si mesmas, pois são iguais a corações vazios e cisternas rachadas, a menos que venham acompanhadas do prazer da comunhão com Deus. O convertido ora para Deus, ele ouve a Deus, ele jejua para Deus, ele participa da Ceia do Senhor para Deus.

Para ele a terra é como um inferno se Deus estiver ausente, e avalia que o céu não seria o céu se Deus não estivesse sempre presente. Assim, tenho mostrado até aqui em que consiste a conversão, ou seja, consiste em voltar-se das trevas para a luz, e do poder de satanás para o poder de Deus.

Fonte: Josemar Bessa

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

A ORAÇÃO DE JESUS NO GETSÊMANI


Por Pr. Silas Figueira

Para termos um entendimento melhor da morte voluntária de Jesus e do silêncio de Seu Pai em resposta à Sua oração, devemos primeiro olhar mais de perto aquela fatídica noite no Jardim Getsêmani: "Em seguida, foi Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar; e, levando consigo a Pedro e aos dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. Então, lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai comigo. Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres" (Mateus 26.36-39). Do ponto de vista humano, esse é um dos mais trágicos eventos do Novo Testamento. Lemos uma descrição detalhada do comportamento do Senhor antes de Sua prisão, que resultou em Sua condenação e posterior execução na cruz do Calvário.

No jardim do Getsêmani, afastando-Se dos discípulos e ficando apenas com Pedro e os dois filhos de Zebedeu a Seu lado foi orar. Quando Ele ficou sozinho, mais tarde, "adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando..." (Mt 26.39). Qual foi a Sua oração? "..Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres" (v. 39). Jesus não recebeu resposta. O Pai ficou em silêncio. Jesus voltou até onde estavam os Seus discípulos: "...E, voltando para os discípulos, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Então, nem uma hora pudestes vós vigiar comigo? Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca"(vv. 40-41). Nesta hora extremamente crítica da Sua vida terrena, o Filho do homem precisou como todo ser humano precisa da simpatia dos outros, ainda que de uns poucos, pois nenhuma vida que seja verdadeiramente humana pode ser completamente independente. Quando Jesus se reúne a seus discípulos os acha dormindo, expressa dolorosa surpresa de que estes três vigorosos pescadores, que tinham passado muitas noites em claro trabalhando sozinhos no Mar da Galiléia, estejam assim tão sem forças que não possam ficar acordados com Ele sequer por uma hora [1]. Algo muito natural tinha acabado de acontecer: a carne dos discípulos não estava disposta e nem era capaz de resistir aos ataques de Satanás.

Não sabemos quanto tempo o Senhor orou, mas deve ter sido durante pelo menos uma hora, se nos basearmos na afirmação: "Então, nem uma hora pudestes vós vigiar comigo?" Apesar da promessa determinada de Pedro de morrer com o Senhor, ele já havia se afastado da batalha que acontecia no Getsêmani.

"Tornando a retirar-se, orou de novo, dizendo: Meu Pai, se não é possível passar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade" (v. 42). Novamente não houve uma resposta do Pai, apenas silêncio. Jesus deu aos discípulos outra chance: "... voltando, achou-os outra vez dormindo; porque os seus olhos estavam pesados" (v. 43). Desta vez o Senhor não os acordou nem deu outra instrução. Ao invés disso, lemos que Ele: "... Deixando-os novamente, foi orar pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras" (v. 44).

"E, estando em agonia, orava mais intensamente." Ao lermos o relato no evangelho de Marcos notamos que o evento é descrito de uma forma um pouco diferente. Entretanto, Lucas revela que após Jesus ter orado, "...lhe apareceu um anjo do céu que o confortava" (Lucas 22.43). Não nos é revelado como ele O "confortava", mas no versículo seguinte lemos que Suas orações tornaram-se ainda mais desesperadas: "E, estando em agonia, orava mais intensamente. E aconteceu que o seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra" (v. 44). A palavra agonia é achada somente aqui no Novo Testamento [2].

Quando analisamos esse fato de uma perspectiva humana, ele parece-nos ilógico, porque o versículo anterior diz que Jesus acabara de ser consolado por um anjo do céu, continuando a batalhar em oração a tal ponto que "gotas de sangue" caíram sobre a terra. Foi o consolo do anjo uma resposta à Sua oração ou esse consolo era necessário para que Ele continuasse orando? Creio que a segunda opção é a correta, como veremos ao examinarmos mais detalhadamente essa situação.

Normalmente se interpreta que Jesus, como Filho do Homem, em carne e osso, tinha medo da morte como qualquer outro ser humano, mas mais do que a morte física, porém a morte espiritual que Ele estava por enfrentar. Assim sendo, não seria surpresa que Jesus orasse que "este cálice", representando a morte na cruz, fosse passado d’Ele. Entretanto, tal interpretação não corresponde a versículos como os do Salmo 40.7-8: "Então, eu disse: eis aqui estou, no rolo do livro está escrito a meu respeito; agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro do meu coração, está a tua lei". Jesus se agradava em fazer a perfeita vontade de Deus, a qual foi estabelecida antes da fundação do mundo.

Para estar certo de que Davi não estava falando de si mesmo nesta passagem, encontramos a confirmação em Hebreus 10.7, 9, 10: "Então, eu disse: Eis aqui estou (no rolo do livro está escrito a meu respeito), para fazer, ó Deus, a tua vontade... então, acrescentou: Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua vontade. Remove o primeiro para estabelecer o segundo. Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas". Se olharmos a oração de Jesus no Jardim do Getsêmani como um sinal de fraqueza, apesar dEle ter sido consolado por um anjo, tal comportamento iria contradizer a passagem profética que acabamos de ler.

Consideremos o texto de Isaías 53.3,5 e 7: "Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso... Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados... Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca".

Como um cordeiro, Jesus foi levado para o matadouro; Ele permaneceu em silêncio como uma ovelha. Essas passagens das Escrituras nos dão razões para crer que algo mais tenha acontecido no Jardim do Getsêmani quando Jesus orou para que "este cálice" pudesse ser passado dEle. Essa seria uma oração desnecessária, uma exibição de fraqueza e indecisão, mas tal quadro não corresponde à descrição completa do Messias.

Enquanto aparentemente o Pai ficou em silêncio diante da tríplice oração de Jesus, as Escrituras documentam que Sua oração, na verdade, foi respondida. Hebreus 5.5 fala de Cristo como o sacerdote da ordem de Melquisedeque: "assim, também Cristo a si mesmo não se glorificou para se tornar sumo sacerdote, mas o glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei".

O versículo 7 contém a resposta a essa oração: "Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte e tendo sido ouvido por causa da sua piedade". O Getsêmani foi o único local onde Jesus pediu que Sua vida fosse poupada; Jesus não morreu no Jardim Getsêmani.

O silêncio aparente de Deus diante da oração de Jesus no Jardim foi, como vimos, uma clara resposta a essa oração. Desse ponto de vista, entendemos que a oração de Jesus não foi para que Sua vida fosse poupada na cruz do Calvário. A oração de Jesus foi ter sua vida poupada para que não morresse ali no Jardim do Getsêmani. Ele estava destinado a morrer na cruz do Calvário para tirar os pecados do mundo.

O que aconteceu no Jardim do Getsêmani? Pelo que já vimos, é claro que os poderes das trevas e mesmo a morte estavam prontos a tirar a vida de Jesus ali mesmo naquela hora. Em Mateus 26.38 lemos: "Então, lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai comigo". Marcos 14.34 revela: "...E lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte..." Segundo Tasker Jesus estava com o coração ao ponto de romper-se [3].

Mesmo que Jesus não tenha morrido fisicamente no Jardim do Getsêmani, Ele foi certamente obediente até à morte; Ele experimentou a morte dupla de um pecador condenado! Ele foi "obediente até à morte e morte de cruz" (Filipenses 2.8).

De Sua agonia de pavor, enquanto contemplava as implicações da sua morte, Jesus emergiu com confiança serena e resoluta. Assim, quando Pedro sacou da espada numa tentativa frenética de impedir a prisão, Jesus pôde dizer: “Não beberei, porventura, o cálice que o Pai me deu?” (Jo 18.11). Visto que João não registrou as orações agonizantes de Jesus pedindo a remoção do cálice, esta referencia a Ele é ainda mais importante. Jesus sabe que o que o cálice não lhe será tirado. O Pai lho deu. Ele o beberá [4].

Notas
1 – Tasker, R. V. G. Mateus, Introdução e Comentário. Ed. Mundo Cristão e Vida Nova, São Paulo, SP, 1985: p. 198.
2 – Morris, L. Leon. Lucas, Introdução e Comentário. . Ed. Mundo Cristão e Vida Nova, São Paulo, SP, 1986: p. 292.
3 – Tasker, R. V. G. Mateus, Introdução e Comentário. Ed. Mundo Cristão e Vida Nova, São Paulo, SP, 1985: p. 200.
4 – Stott, John R. W. A Cruz de Cristo. Ed. Vida, São Paulo, SP, 9ª impressão 2002: p. 67.  


terça-feira, 4 de novembro de 2014

As heresias favoritas dos evangélicos


Por Marcelo Berti

Não é novidade que a liderança da igreja evangélica contemporânea tem falhado no ensino e instrução de suas igrejas. Enquanto o apelo pelo funcional e prático transformou os cultos um modo de moeda de troca pelo benefício da popularidade, o moralismo e o legalismo se tornaram a referência da espiritualidade da igreja. Pouco tempo se investe em questões de natureza ontológica, e muito tempo em questões práticas. Não é à toa que tal inversão de valores [em comparação com a igreja dos primeiros séculos] tem criado um rebanho imaturo e despreparado para defender sua própria fé.

Isso fica evidente na pesquisa publicada hoje (28/Out/14) pelo LifeWay Researchintitulada “Americans believe in heaven, hell and a lit bit of heresy” (Americanos acreditam no céu, inferno e em algumas heresias). De acordo com Stephen Nichols, o diretor acadêmico do Ligonier Ministries, a pesquisa “revela um significante nível de confusão teológica“. Ed Stetzer afirma que o cristão norte-americano “gosta de acreditar em um tipo de Deus quasi-cristão com doutrinas de padaria. No entanto, quando perguntado sobre doutrinas mais complexas, coisas que a igreja considerou e continua a considerar como ortodoxia, os números mudam.“

SOBRE A TRINDADE

É assustador como o conceito da Trindade não é compreendido pelos cristãos de modo geral. Aquela doutrina considerada parte integral das mais importantes doutrinas do cristianismo parece não ter clara definição no credo do cristão comum norte-americano. De acordo com a pesquisa cerca de 70% dos americanos acreditam que existe apenas um Deus que subsiste em três pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo. Ao mesmo tempo, 58% dos evangélicos entendem o Espírito Santo como uma força e não como uma pessoa, enquanto 17% acreditam que Jesus Cristo é primeira criatura. Entre os Católicos o número é ainda mais assustador: 75% acreditam que o ES é uma força, não uma pessoa e 28% entendem a Cristo como a primeira criatura criada por Deus. Para piorar, 15% dos cristãos acredita o ES é menos divino que o Pai, enquanto 33% acreditam que o Pai e mais divino que o Filho. A confusão teológica aqui é clara, pois é evidente que a definição adotada é negada pelas definições que assumem. Ao que parece, boa parte dos cristãos tem dificuldade para entender o conceito.

SOBRE A BÍBLIA

De acordo com a mesma pesquisa, apenas 48% dos americanos acreditam que a Bíblia é de fato a Palavra de Deus. Entre os evangélicos, enquanto 18% entendem que a Bíblia tem sua utilidade, mas que ela não é literalmente verdadeira, apenas 76% afirmam que a Bíblia é 100% verdadeira em tudo o que ensina. Entre os protestantes não evangélicos, 50% deles afirmam que a Bíblia, apesar de sua utilidade, não é literalmente verdadeira e apenas 36% acreditam que a Bíblia é de fato verdadeira. Mas, a pior parte não é a latente confusão teológica em relação a Bíblia, mas a visão que os americanos tem em relação a outros livros religiosos. Por exemplo, 10% dos americanos afirmam que o Livro de Mórmon é inspirado por Deus enquanto 36% não tem certeza do mesmo.

SOBRE A SALVAÇÃO
No que se refere à salvação, 68% dos evangélicos afirmam que a humanidade primeiro busca a Deus, que então responde com Sua graça; 56% dos evangélicos afirmam que a salvação é realizada em cooperação com Deus; 67% consideram que a humanidade está habilitada a voltar-se a Deus por iniciativa própria. Por outro lado, apenas 18% acreditam que a salvação é meritória, baseado em atos de bondade realizados no passado ou presente. Um dado interessante é que a visão da auto-suficiência para salvação também afeta a visão que o cristão tem da igreja e da necessidade de outras pessoas para a saúde de sua vida espiritual. Cerca de 52% afirmam que a adoração solitária tem o mesmo papel que a adoração comunitária, e por isso não veem necessidade estarem conectados a uma igreja. 56% acreditam que o sermão pastoral não tem qualquer autoridade sobre suas vidas e 45% acreditam que a Bíblia foi escrita para eles como indivíduos e que como tal, eles tem o direito de interpretar as escrituras como quiserem.

RESUMO DA ÓPERA

Caso ainda não tenha ficado evidente, no evangelicalismo norte-americano sobrevivem três diferentes heresias históricas:

Arianismo: A visão trinitaria apresentada pelos evangélicos americanos em muito se assemelha com a doutrina heterodoxa de Ário, o presbítero do quarto século que ganhou notoriedade ao ensinar que Cristo era a primeira criatura criada por Deus. Dificilmente os cristãos dos nossos dias conhecem esse homem com detalhes suficientes para defender suas idéias baseadas no seu ensino. Talvez parte da confusão tenha sido semeada pelo investimento ‘missionário’ das igrejas unitaristas e movimentos neo-arianos dos nossos dias. Entretanto, o que é evidente é que a cultura de consumismo religioso tem extirpado da igreja a necessidade do ensino aprofundado das escrituras e criado um cristianismo aquém das Escrituras.

Humanismo: A visão elevado do homem e de sua auto-suficiência tem influenciado o pensamento cristão de tal modo que a salvação tem sido vista como meritória. Em uma cultura na qual o indivíduo é senhor do seu destino (acadêmico, profissional), o cristão assume que seu relacionamento com Deus é realizado do mesmo modo. Entre os americanos a ideia de ‘eu faço’ ou ‘eu posso’ faz parte de sua cultura, e infelizmente tal ideologia parece ter também invadido a mentalidade dos cristãos. R.C. Sproul afirma que essa pesquisa aponta “o que fica claro nessa pesquisa é a penetrante influência do humanismo.” Tal humanismo não afeta apenas a percepção da salvação do indivíduo, mas também da necessidade da comunidade para uma vida cristã saudável. O humanismo tem gerado nas igrejas homens solitários que pensam viver o evangelho isolados do corpo de Cristo.

Pelagianismo: A visão da auto-suficiência humana tem levado cristãos a afirmarem que a humanidade é habilitada para voltar-se a Deus sem que qualquer agência divina seja necessária. Aos poucos, o evangelicalismo norte-americano volta-se para a doutrina de Pelágio, o monge Britânico que defendeu que o pecado de Adão afetou apenas a Adão e não sua posteridade, e que, portanto, a humanidade não é inábil para adquirir sua própria salvação. Essa mesma heresia que foi tão combatida por Agostinho, encontrou nos ensinos de Pedro Abelardo e Pedro Lombardo seu caminho de volta para a igreja Católica Romana. Hoje tal doutrina volta a ameaçar a sã doutrina através dos pregadores da prosperidade e pelo humanismo latente da cultura norte-americana.

UM APELO AOS PASTORES

Ninguém pode garantir que os números da igreja norte-americana representam a realidade da igreja brasileira, mas meu palpite é que os números não serão muito diferentes dos que vimos acima. Apesar do humanismo impactar a igreja brasileira de outros modos, as mesmas três doutrinas estão vivas e muito bem na igreja brasileira.

Por isso, gostaria de conclamar nossos pastores para que observem a realidade da igreja dos nossos dias e ouçam o conselho de Paulo para cuidar da doutrina que lhes foi confiada. Não acreditem em fórmulas de sucesso manufaturadas pelo humanismo, nem se rendam a popularidade. Evitem tanto quanto puderem a superficialidade bíblica e teológica. Não acreditem na mentira do pragmatismo de que as escrituras não funcionam. Não abandonem o ensino das escrituras, o discipulado dos cristãos e a mentoria dos líderes da igreja, custe o que custar.

Afinal, nós precisamos voltar ao evangelho. Nós precisamos ensinar em nossas igrejas a mensagem dos apóstolos, aquela mensagem que levou os à morte e não ao ‘sucesso’. Aquela mensagem que era considerada loucura tanto por gregos como pelos judeus, mas que ainda assim os apóstolos deram suas vidas para levar às igrejas. Nós precisamos aprender a perseverar na doutrina dos apóstolos, como a comunidade primitiva fazia.

Enquanto o show for mais importante que a adoração, a individualidade mais importante que a comunidade, a superficialidade mais importante que o ensino das escrituras, a multiplicação de participantes mais importante que o discipulado de cristãos, a heresia será apenas mais uma convidada no show de horrores do cristianismo contemporâneo.

Fonte: NAPEC

TODOS SE CORROMPERAM!


Por Fabio Campos

Texto base: “Eis aqui, o que tão-somente achei: que Deus fez ao homem reto, porém eles buscaram muitas astúcias”. – Eclesiastes 7.29 (AFC)

Tudo o que Deus faz é bom. Ao homem o Senhor o coroou com a “sua imagem e semelhança”, e com ele partilhou alguns dos seus atributos como justiça, bondade, criatividade, entre outros. Assim o Senhor colocou o homem em um jardim, plantado pelo próprio Deus (Gn 2.8). Não faltava coisa alguma ao homem. Todo alimento necessário foi dado a ele (Gn 2.9). Até a carência emocional de foi suprida, pois Deus, da costela do próprio Adão lhe fez uma companheira idônea, para que, juntos, pudessem “multiplicar e administrar o planeta criado pelo Senhor” (Gn 1.28).

Tudo corria conforme fora ordenado por Deus até que chegou a serpente com uma proposta. A serpente, o “mais astuto de todos os animais” (Gn 3.1), ofereceu ao homem a fruta que Deus tinha o proibido de comer. Todavia, o “conhecimento do bem e do mal” – a independência de Deus -, agradou Eva que depois convenceu Adão a também comer da fruta. A emancipação do seu criador fez o homem cair “em muitas ciladas”.

Foi a partir daí que vieram todas as desgraças que se encontram no mundo. Todo esta “historinha folclórica” (como taxam alguns) trouxe uma série de consequências: dores no parto; contendas entre marido e mulher; fadiga no trabalhar para se ganhar o sustento; os desastres naturais; a morte física do homem; e a principal - o homem foi lançado fora da presença de Deus. Todas estas consequências é a raiz de todos os males no mundo (Gn 3.1-20). O homem se corrompeu e por isso de nada pode queixar-se contra o seu Criador, como está escrito: “Por que, pois, se queixa o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus próprios pecados” (Lm 3.39 ARA).

É isso, Deus fez tudo perfeito, e o homem Ele o fez reto. Entretanto, o homem se meteu em várias astúcias, ou seja, ele preferiu e prefere se meter em “encrencas”. A equidade, a justiça e a retidão estava no homem de modo perfeito no princípio. Mas ele preferiu a sagacidade. A palavra “astucia”, de princípio, não tem uma conotação ruim. Trata de alguém esperto, sábio e inteligente. Todavia, é importante salientar que esse adjetivo foi dado primeiramente ao diabo. Logo, então, tal coisa tornou-se uma faculdade adquirida para enganar através de uma aparente verdade que leva ao erro”. Por isso que “Deus tornou louca a sabedoria deste mundo” (1 Co 1.20). Infelizmente muitos têm sido enganados pela a astuta serpente, e foram corrompidos no seu entendimento, apartando-vos da simplicidade e pureza devidas a Cristo (2 Co 11.3).

Não há nada fora do homem que contamine o homem, mas o que está no seu coração, e que pela sua boca é externado e pelos atos, consumados. Eu creio que exista socialistas em sua integridade, trabalhando para um convívio melhor e na defesa daqueles que mais precisam. A questão é quando alguns deles colocam a culpa do mal na sociedade e não no indivíduo. A culpa é sempre de um contexto desfavorável e nunca de um coração corrompido e perverso. O contexto desfavorece, todavia, a Babilônia e o Egito nunca poderá tomar lugar dentro de um coração reto e íntegro, como foi o caso de José e Daniel.

O marxismo quer mudar a sociedade sem mudar o homem. No seu ateísmo tira Deus de cena (pois para eles Deus é o ópio do povo) e colocando-se na posição de “conhecedores do bem e do mal”. A igreja cristã, algumas e não todas, têm entrado por um caminho escorregadio, a saber, o “evangelho social”. Usam o texto de atos (2) para fundamentar suas posições. O interessante é que, até aquela “prefeita comunidade”, onde todos tinham tudo em comum, e dos seus bens partilhavam, houve quem se corrompeu. O casal, Ananias e Safira, se deixaram levar pela serpente astuta, e mentindo não para Deus, mas sim aos homens, reteve parte do que fora combinado para as doações.

Com o crescimento desta mesma igreja já não vemos mais essa atitude nos relatos bíblicos, pois onde há pessoas, há também corrupção. Quanto mais pessoas, mais corrupção. Aquele modelo do princípio já não era mais um estilo. Alguns homens passaram a viver ociosamente, nas igrejas espalhadas, esperando apenas por doações, esquecendo que o trabalho é digno e o ganho do pão era algo nobre. Em alerta para qualquer tipo de “vadiagem e ociosidade”, a Escritura diz: “... se alguém não quiser trabalhar, também não coma” (2 Ts 3.10).

A igreja precisa ser luz também no campo social. A Escritura dá uma importância a este ministério (At 6. 2-3). A ordem bíblica é "visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e em suas necessidades. Contudo, muitos se vangloriam das suas práticas e esquecem da segunda parte do verso (Tg 1.27), ou seja, “não se deixar corromper pelo mundo”. Como, então, podemos mudar o mundo se não conseguimos mudar a si mesmos? Expor nossas boas-obras, se conformando com este mundo, e se amoldando a ele, é, sem dúvidas, "trapo de imundície" perante Aquele que conhece todas as coisas. Talvez, o “Terceiro Setor” é a área que mais há corrupção dentre as que existem. Muitos criam ONGs, infelizmente, apenas para “maquiar” a roubalheira que está por de trás. O Terceiro Setor, sem dúvidas, é um “bom” solo para se plantar e colher os frutos do “ganho ilícito”.

Temos, sim, uma [grande] responsabilidade social perante Deus. Muitos estão tentando fazer algo, entretanto, da forma errada. Outros sabem como fazer, mas não o fazem. Que Deus me ajude na minha obrigação. Mas se fracassarmos dentre de casa, para com a nossa família, até ganharemos o mundo, todavia, perderemos a alma. Se não formos referências para o nosso bairro, como, então, o seremos para o mundo? A postura vale mais que o discurso. Honra e caráter não se compra, mas se constrói em toda uma vida. Como é feliz o filho que pode dizer o nome do seu pai sem nenhum constrangimento. Se fracassarmos dentro de casa, fracassaremos em tudo.

Não adianta gritar por justiça se formos maus pais - filhos rebeldes - maridos e esposas contenciosos. Passaremos a viver uma mentira. Nossos cursos acadêmicos serão apenas para inflar nosso ego, mas não terão valor nenhum naquilo que de fato é proveitoso. A integridade e o caráter ainda são os melhores argumentos para um debate e também é a ferramenta mais eficaz para uma transformação social.

Dentro do plano “temporal” as coisas não eram para ser assim. Do ponto de vista da eternidade, Deus em sua soberania, na sua “secreta vontade”, sabe o que faz. Mas ainda não estamos na eternidade. Tudo é muito simples, mas nós complicamos tudo. A culpa? Não é de uma massa ou um de um grupo exclusivo de pessoas – seja pobre ou rico -, mas de todos, pois TODOS pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Rm 3.23). Como disse Matthew Henry:

“A fonte de toda tolice e loucura do mundo está na apostasia do homem em relação a Deus e sua degeneração de sua retidão primitiva. O homem, assim que saiu das mãos de Deus, era (como costumamos dizer) a cara do seu Criador, que é bom e reto. Ele maculado, e, como consequência, dividido pela própria tolice e maldade”. (Bíblia de estudo Matthew Henry; Ed. Central Gospel; p. 994; comentário de Ec. 7.29).

Que no exercício da autoanálise, antes de colocar a culpa nas autoridades, na polícia, nos professores e nos patrões, através de uma reflexão verdadeira, possamos entender se temos ou não culpa nisto tudo. As nossas crianças “estão com sede de amor”; quem ama, ensina pelo exemplo.

Que Deus nos ajude!

Considere este artigo e arrazoe isto em seu coração,

Soli Deo Gloria!

Fonte: Fabio Campos