sábado, 17 de janeiro de 2015

De olhos bem fechados


Por Marcelo Berti

“Vivam entre os não cristãos de modo exemplar” – 1Pe.2.12

As vezes tenho a impressão de que a igreja vive de olhos bem fechados para a realidade ao seu redor. Iniqüidade, injustiça e opressão fazem parte do nosso dia-a-dia. Fome, sofrimento e morte estão bem perto de nós, mas nós preferimos não enxergar. A apatia da igreja ante as mazelas da nossa sociedade parecem apontar para o fato de que o problema da igreja não falta de visão, mas a capacidade de ignorar a realidade que ela teme encarar.

Os cristãos tem a Glória de Deus como principal motivo da sua existência (1Co.10.31), e o amor irrestrito a Ele como maior mandamento (Dt.6.4). Entretanto, o Deus que amamos e servimos se opõe à injustiça. Ele é Pai para os oprimidos (Sal.68.5), o guardião dos que sofrem (Jer.49.11), quem atenta para o fraco e protege o aflito e desamparado (Sal.82.3). É ele quem exige que Seus filhos aprendam a fazer o bem, atentar à justiça, repreender ao opressor, defender o direito dos órfãos e pleitear a causa das viúvas (Is.1.17). É ele quem nos convida a atender a causa do pobre (Zac.7.10) e lutar em favor da paz (Zac.8.16). Nós não podemos nos manter inertes diante do sofrimento dos desfavorecidos do nosso país. Não podemos ignorar o divino convite a nos juntarmos a Ele no cuidado do fraco, pobre e oprimido. Não podemos manter os olhos fechados a realidade a nossa volta.

Lembre-se também que o segundo mais importante mandamento cristão é amar ao próximo como nós amamos a nós mesmos (Mat.22.39). Lembre-se que o amor que recebemos de Deus nós devemos aos homens (Rom.13.8). Lembre-se de que somos convidados por Cristo Jesus a fazer aos outros somente aquilo que gostaríamos que eles nos fizessem (Mat.7.12). É por isso que manifestar o amor transformador que recebemos de Deus por meio de Cristo em benefício do próximo é normativo para o cristão. Até quando vamos observar o sofrimento alheio calados? Como podemos falar sobre o amor de Deus, quando não conseguimos manifestar seu amor àqueles que dele tanto necessitam?

Lembre-se que nosso Deus ama a justiça (Sal.11.7), que Seu caráter sempre está em acordo com a justiça (Sal.33.4-5) e que Ele ama de modo especial aqueles que exercem Sua justiça (Pro.15.9). Lembre-se que conhecer a verdade e não se manifestar em conformidade com ela é uma atitude passível de reprovação divina (Luc.12.47). Lembre-se que aquele que sabe o bem que deve fazer e não o faz está em pecado (Tia.4.17).

Lembre-se que aqueles que professam amar o Deus que ama a justiça deveriam, por amor a Ele amar a justiça. Lembre-se que encarnar os valores do Rei é muito mais que proclamar a mensagem do Reino. É viver entre os não cristãos de modo a manifestar a graça divina (1Pe.2.12), nos esforçando para fazer o bem a todos os homens (Rom.12.17), mantendo honesto nosso procedimento diante de Deus e dos homens (2Cor.8.21). É cuidar dos necessitados e carentes (Tia.1.27), é atender ao pobre (Pr.29.7), socorrer o que precisa de ajuda (Sal.41.1), é executar o direito e a justiça e livrar o oprimido das mãos do opressor (Jer.22.3). É viver de tal modo que até mesmos os não cristãos venham a reconhecer que somos um povo sábio e inteligente (Deu.4.6), seguidores do Deus que se manifesta através do Seu povo (Mat.5.16), como um povo cuja manifestação de Sua graça e amor convide os não cristãos a glorificá-lo (1Pe.2.12), ou que lhes cale a ignorância (1Pe.2.15). Não permita que seus olhos continuem fechados. Obra os olhos, estenda as mãos e manifeste a graça divina através do amor ao próximo. Siga o exemplo de Cristo e nunca permita que a mensagem do Reino seja desassociada dos valores do Rei.

“Abra a boca a favor do mudo, pelo direito de todos os que se acham desamparados. Abra a boca, julgue retamente e faze justiça aos pobres e aos necessitados” (Pro.31:8-9).

Fonte: NAPEC

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