terça-feira, 7 de julho de 2015

As sutis e “onipresentes” tentações da vida.


Por Josemar Bessa

Satanás usa sempre e basicamente duas armas, ele acusa e ele tenta. Suas acusações estão sempre focadas no pecado que já cometemos... e seu propósito último e nos tentar a cometer o pecado que ainda não cometemos. Olhemos a segunda.

Satanás tem uma capacidade gigantesca de adaptar suas tentações ao nosso temperamento e circunstâncias peculiares. Na juventude, por exemplo, ele tanta nos seduzir pelo prazer, esperanças vivas de prosperidade mundana... Quando adultos ele nos leva a enterrar todas as nossa perspectivas nos cuidados da vida. Na velhice somos tentados a indulgência e obstinação teimosa... “é muito tarde para mudar... velho demais para a batalha...” – e por aí vai. Adaptação é algo no qual ele é mestre.

Na prosperidade ele trabalha para inchar nossos corações com orgulho em “linkar” tudo isso a nossa capacidade, esforço... nos levando a auto-confiança, desprezando claramente por esta atitude, tudo que Deus é.

Na pobreza e necessidade, nos leva a auto-comiseração, excita todo descontentamento, desconfiança da bondade de Deus, falta de gratidão, murmuração...

Se somos propensos a um temperamento melancólico, ele então busca azedar tudo amplificando a melancolia, promovendo mau humor como hábito e o desânimo.

Se naturalmente somos alegres, somos sutilmente levados a indulgência e leveza inconsequente que nos afasta da seriedade do nosso chamado, disciplina...

Em nosso momento diário de devoção privada, ele sempre está entre nós e Deus para nos impedir de perceber sua presença Santa e conhecermos a profundidade da comunhão disponibilizada a nós em Cristo, tentando nos cegar para tudo que Deus é em Cristo para nós agora e para todo o tesouro e sorte de bençãos espirituais que temos em Cristo.

No culto público ele perturba as nossas mentes com imaginações tolas... hoje, por exemplo, basta direcionar nossa atenção para as bugigangas tecnológicas “onipresentes” em nossas vidas... ou viagens sutis em nossas mentes divagando...

Quando temos um tempo confortável e um feliz estado de espírito, ele desperta o orgulho em nosso corações, nos levando a confiar em nossa própria bondade, esquecendo a rocha e fonte de nossa salvação tão somente por graça e nada mais.

Até os momentos da mais profunda humilhação espiritual, ele toma como oportunidade de despertar orgulho espiritual... Se atos de abnegação e compromisso cristão tomam nossas vidas, ele desperta em nossos corações um espírito ufanista...

Se vencemos e superamos qualquer corrupção de nossos corações, ou triunfamos sobre qualquer tentação, ele logo excita em sentimento secreto de auto-satisfação e auto-prazer...

Ele até mesmo induz os nossos corações com algum esquema para fazer “o bem”, tendo o devido cuidado que nosso ego seja excitado pelo sentimento e consciência disso.

Quando o quadro que estamos vivendo é ruim, ele então incitará os ânimos e sentimentos mais profanos de nossos corações, nos levando a amargura, rabugice, mau humor, aspereza, grosseria, raiva...

Não existe nenhuma graça cristã que Satanás não possa falsificar. Ele pouco se importa quanto sentimento “espiritual” temos, ou quantas ações consideradas boas praticamos, contanto que ele possa nos manter com motivações impuras e motivos egoístas no interior invisível.

Satanás por vezes, se transfigura em anjo de luz. Ele é autor, muitas e muitas vezes, de confortos, justificações, alegrias falsas... tudo isso muito semelhantes a algo realmente gracioso. Satanás tem poder e capacidade enorme de trazer a Escritura para nossa mente, e ele a aplica com destreza, como vimos ele fazer ao tentar o Salvador. Junte isso ao fato de nossos corações serem enganosos e a corrupção ainda residente em nós... e temos uma terrível parceria em direção a queda. Como facilmente ele pode enganar nossas almas com falsa paz e alegrias egoístas e infames diante dos olhos de Deus.

Satanás, sem qualquer sombra de dúvida, pode trazer as promessas mais doces e preciosas de Deus para as mentes daqueles que ele deseja enganar. Mas sempre ele aplica mal as promessas, como tentou fazer com Jesus: “Jogue-se daqui, pois Deus disse que daria ordem aos seus anjos a teu respeito...”. Ele nos diz: “Se aproxime do pecado, brinque no lugar da tentação... Deus não deixará seu servo tropeçar...”

Sutileza e habilidade são sua especialidade. Satanás pede tão pouco no início, que, a menos que nossas consciências sejam muito sensíveis a Palavra, não suspeitaremos.

Somos susceptíveis à tentação do mundo exterior e nas corrupções internas do coração. Elas se juntam poderosamente: “Os que desejam ficar ricos caem em tentações e ciladas”, diz Paulo. Dinheiro, prazer, honra, modas... inimigos “belos” da piedade séria: “Cada um é tentado, quando atraído e seduzido pelos seus desejos...” – é como Tiago expressa. O maior mal que nos aflige, por fim, é a corrupção restante em nós. As tentações de Satanás por si só, seriam leves, sem o peso do conflito interior na luta dos desejos do próprio coração. E Satanás usa contra nós ambos os meios de tentação para realizar seu fim último. Tentações exteriores e os traidores internos. Então você encontra uma aliança secreta entre as mentiras externas e as corrupções de seu próprio coração. Não é pecado ser tentado, mas é pecado dar lugar à tentação: “Não deis lugar ao diabo!”

Poucas coisas são mais enfatizadas na Bíblia e tão desprezadas: Vigiai e orai, para que não entreis em tentação." "Olhai, vigiai e orai". "E o que eu vos digo, digo a todos: Vigiai." "Vigiai, permanecei firmes na fé, portai-vos varonilmente”. "Orai sem cessar, com toda oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança. " "Vigiai e sejamos sóbrios." "Vigiai, pois, em todas as coisas ." "Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não ande nu, e não se veja a sua vergonha..."

E a tentação é multifacetada e de todo tipo imaginável. Não basta pensarmos em comportamentos imorais. Pense, por exemplo, no câncer e sua capacidade de tentação em destruir a sua fé na bondade infinita de Deus. Pense em como uma dor insuportável é fonte poderosa de tentação... a perda de antes queridos, doença de filhos, dificuldades, tensões no casamento, conflitos, desastres naturais, crises financeiras, crime, violência... A palavra em grego – PEIRASMOS é a mesma para prova e tentação.

A Palavra de Deus nos dá força para vencer o mal, porque através dela, pelo poder infinito da graça de Deus, através da atuação do Espírito Santo, ela liberta nossas mentes de todo poder da mentira operando neste mundo tenebroso, como diz Paulo. “Conhecereis a verdade , e a verdade vos libertará” – João 8.32. “Santifica-os na verdade; a Tua Palavra é a verdade” – João 17.17. A Palavra de Deus nos faz fortes para vencer o mal, não de uma forma “mística” – ela faz isso porque satura a nossa mente com a verdade sobre Cristo e sua obra perfeita, a verdade sobre a cruz, sobre o Espírito, sobre a Justificação, sobre a fé, sobre quem nós somos em Cristo, sobre o sentido da calamidade, doença... sobre a Soberania absoluta de Deus...

Só neste instante a oração é eficaz. Na Bíblia, Deus nos fala, e na oração, nós falamos a Deus. Essas duas coisas, ser cheio da Verdade, ter mentes saturadas da Verdade e dela fluindo oração – são completamente interdependentes em sua eficácia. A Palavra nos ensina a orar e nos mostra o que orar e como orar. A Palavra nos dá base para a oração e nos enche de completo ânimo que nas bases descritas por Deus, Ele ouve nossas orações. A verdadeira oração aplica as Escrituras a nós e aos outros. A Palavra e somente ela transforma o que falamos a Deus em verdadeira oração... e nessa oração pedimos mais compreensão da Palavra e capacidade para viver a Palavra. Assim, oração e Palavra são interdependentes na operação da transformação de cada um de nós na imagem de Cristo, o que é a única fonte de vitória contra todas as sutis e “onipresentes” tentações da vida.

Fonte: Josemar Bessa

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