terça-feira, 25 de agosto de 2015

O que é o “Estágio de Gaiola” do Calvinismo e o que causa isso?


R.C Sproul Jr.

Estágio de gaiola descreve um fenômeno muito comum em que um crente passa a abraçar as doutrinas da graça e, por um tempo, se torna um tolo desagradável defendendo as doutrinas para todos que chegam, estejam eles interessados ou não. Sugere-se que tal novato possa passar algum tempo em uma gaiola até que ele se acalme. Se você é um calvinista provavelmente já esteve nesse estágio. Se você não é, certamente já encontrou com aqueles que estão infectados.

O que causa o estágio de gaiola do calvinismo é uma falha em acreditar no calvinismo. Agora eu não quero sacudir nenhuma gaiola aqui, mas eu creio que seja verdade. Ele começa com uma falha em acreditar na total depravação. O estagiário da gaiola está frustrado, desesperado, frequentemente raivoso com a falha dos outros em abraçar essas doutrinas bíblicas. Mas essa doutrina bíblica reconhece que todos nós temos dificuldade de abraçar doutrinas bíblicas. O estagiário da gaiola parece que esquece a batalha com o pecado que ele não somente continua a ter, mas a batalha que ele só recentemente ganhou, pela graça de Deus, ao abraçar as doutrinas da graça. Ele parece pensar: “O que há com esses terríveis, ridículos e inúteis pecadores que se recusam a ver o que eu só recentemente passei a ver?”.

O estágio de gaiola do calvinismo é como uma negação implícita da eleição incondicional. Isto é, em nossos corações, tendemos a ver a nós mesmos, sendo calvinistas, como recipientes peculiarmente dignos da graça de Deus, como se Ele houvesse olhado para o corredor do tempo e tivesse visto que nós iríamos em nossa sabedoria abraçar o calvinismo e, com base nisso, Ele nos escolheu. Calvinistas não são os soldados de elite do reino. Nós, pelo contrário, estávamos mortos antes que a batalha começasse, exatamente como todos os outros.

Você consegue ver o que essas duas noções têm em comum? O estágio de gaiola do calvinismo, no fim das contas, é fruto do orgulho. Nós pensamos tão grandiosamente de nós mesmos, olhando por cima do nariz para os outros e dando tapas nas costas uns dos outros por termos entendido tudo. O calvinismo verdadeiro reconhece nosso pecado, nossa dependência da graça de Deus não somente por sermos redimidos, mas por qualquer entendimento sobre como passamos a ser redimidos. Ele reconhece e honra a graça e a providência de Deus, afirmando que o mesmo Deus soberano que nos trouxe à fé salvadora também nos revelou Sua soberania.

O calvinismo verdadeiro também reconhece que o Deus soberano que nos redimiu redime muitos que entendem menos que nós a soberania de Deus. Nós não entramos em pânico por conta da existência de não-calvinistas na igreja, entendendo que isso também é parte do Seu plano soberano. Ficar empolgado em aprender mais sobre a graça de Deus, a obra de Cristo e o poder regenerador do Espírito Santo é uma coisa boa. E é, de fato, uma coisa boa buscar ajudar outros a também entenderem isso. Contudo, perder de vista nossa necessidade de graça e de graciosidade é uma coisa muito ruim.

Despertar para a soberania de Deus é, na verdade, uma experiência humilhante que carrega o fruto de um arrependimento mais profundo, uma humilhação mais profunda, uma compaixão mais profunda. Carrega o fruto da beleza, não da feiura, da alegria, não da raiva. Liberta-nos da gaiola do orgulho e nos equipa para servir os irmãos. O estágio de gaiola do calvinismo tem sido e deve ainda ser o plano soberano de Deus. Contudo, Sua verdade revelada é que nos tornemos mais como Cristo, que nos liberta.

Traduzido por Felipe Prestes

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Nós temos que parar de adorar no santuário da auto-estima.


Por Josemar Bessa

Ainda sabemos o que é arrependimento? O que Jesus queria dizer com "Arrependei-vos"? Essa foi a primeira demanda do ministério de Jesus.

Desde então, Jesus começou a pregar, dizendo: "Arrependei-vos, porque o Reino dos céus está próximo." – Mateus 4.17

Esse versículo é o contexto para o Sermão da Montanha. Duas perguntas precisam ser feitas. Uma delas é, o que Jesus quis dizer por "arrepender-se"? A segundo, o que ele quis dizer com "porque o reino dos céus está próximo"?

Hoje ficaremos na primeira.

Charles Spurgeon escreveu“O arrependimento é uma retirada de toda cobertura e racionalização do mal do pecado em nossa vida, um luto que vivemos por causa dele, uma resolução para abandoná-lo... É, de fato, uma mudança de mente de caráter muito profundo e prático, o que faz o homem amar o que antes odiava, e odiar o que uma vez ele amava”.

Toda a superficialidade deve ser esquecida aqui... e superficialidade e a grande característica de nossa geração. Duas coisas centrais nos mostram que o arrependimento é uma mudança profunda e interna da mente e do coração – não é mera tristeza pelo pecado ou simples melhoria implementada em parte de nosso comportamento.

O significado da palavra grega por trás do “arrependei-vos, (Português – Metanoia – [μετάνοια]) aponta nessa direção. É composta por duas partes. A segunda parte (νοια) refere-se à mente e seus pensamentos, percepções, disposições e propósitos. A primeira parte (μετά) – é um prefixo que aponta para movimento ou mudança. O significado básico da palavra então, é experimentar uma mudança de percepção da mente, disposição e propósitos.

Nossa geração está num terreno completamente desconhecido aqui. Se temos uma característica marcante em nossa geração ( incluindo grande parte dos que se dizem cristãos ), é uma falta de “especialistas” no assunto arrependimento hoje.

Mas se formos para o início da era cristã, vamos ver que este problema já estava lá. Jerônimo, um homem brilhante, traduziu a Bíblia para o latim por volta de 400 AD, e sua tradução da Bíblia se tornou padrão no mundo ocidental por mais de mil anos. Mas ele traduziu esta palavra – “Arrepender-se”, como “fazer penitência”. Ou seja, mostrar como você está arrependido. Que, de modo geral, é algo bom a ser feito. Mas podemos fazer coisas externas, chorar baldes de lágrimas... sem um pingo de arrependimento ou mudança de mente, ou odiar o que antes se amava e amar o que antes se odiava. Fazer a penitência é um ato momentâneo e essencialmente externo. Isso não nos muda. Mas faz nós sentirmos que fizemos o que devíamos fazer, “pagamos” nossa dívida e estamos fora do gancho da culpa, para que possamos então, voltar a viver como sempre vivemos – até a próxima vez que precisemos fazer um “pagamento” pelo que ainda amamos, já que a mente, propósitos, disposições... não foram atingidos.

“Fazei penitência” – A tradução de Jerônimo, aprisiona todos nós na superficialidade piedosa que em nada muda o coração e mente do pecador. Na tradição judaica, arrependimento também foi reduzido a atos de esmola, boas obras, jejum... e assim por diante. Jesus, a Palavra de Deus, como vimos, tinha algo muito mais profundo em mente.

Martinho Lutero na primeira de suas 95 teses fala exatamente sobre este texto, e diz: 1. Ao dizer: "Fazei penitência", etc. [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência.

Ou seja, o verdadeiro arrependimento não é mera oração para se ver livre da culpa, escapar das consequências, aliviar a mente... O verdadeiro arrependimento é muito maior do que apenas um momento. É uma nova inclinação no centro do seu ser, porque você vê a hostilidade, inimizade, e desprezo em relação a Deus em cada pecado, e ainda assim quando é levado pelo Espírito a ver como Deus te amou e chamou soberanamente, algo dentro de você muda, e você quer o mesmo que Ele agora. O verdadeiro arrependimento flui de um novo coração que toca tudo sobre nós. Apesar de lutar com inconsistências, entramos em verdadeiro arrependimento se Deus tem livre acesso a tudo em nossas vidas. Estamos abertos. Isso é o que Jesus quis dizer quando disse: “Arrependei-vos”.

O “preço” a ser pago no arrependimento, é enfrentar quem nós realmente somos. Há algo ( muitos ) sobre todos nós – algo que não queremos enfrentar, algo que você fez, algo que você é... que você não pode suportar olhar... é tão vergonhoso, tão embaraçoso, tão assustador como verdade sobre você, tão destrutivo, paralisante... que você quer enterrar, que você quer ignorar, que você quer fingir que não está lá. Mesmo um ateu como Nietzsche afirmou: “Minha memória diz, eu fiz isso. Mas meu orgulho diz, eu não posso ter feito isso. Em nosso orgulho então, tentamos apagar a memória” – Eis uma das razões porque o entretenimento é um deus poderoso em nosso mundo. Ele ajuda nós a continuarmos em negação. Se você permanece em negação e continua assistindo TV o suficiente, usando de todo o entretenimento possível para manter tua mente ocupada, Jesus continuará a ser uma boa teoria, mas não um poder, muito menos uma realidade na vida. Mas quando você fica vazio o suficiente, exausto o suficiente... e enfrenta a realidade sobre você exposto nas Escrituras... e vai a Deus, por Cristo, e derrama tua história em sua santa presença... só aí o verdadeiro Jesus começa a se tornar realmente real para você – porque finalmente, você está sendo real e verdadeiro com Ele.

O Breve Catecismo de Westminster de 1648 fez a pergunta - O que é o arrependimento para vida? ( Pergunta 87 ).

A resposta é esta:

Arrependimento para a vida é uma graça salvadora pela qual o pecador, tendo um verdadeiro sentimento do seu pecado e percepção da misericórdia de Deus em Cristo, se enche de tristeza e de horror (ódio ) pelos seus pecados, abandona-os e volta para Deus, inteiramente resolvido a prestar-lhe nova obediência. (2Co 7.10; At 2.37; Lc 1.77-79; Jr 31.18-19; Rm 6.18.).

Três coisas estão na resposta. Uma delas, é um sentimento de pecado. Se queremos que Jesus, nós temos que parar de adorar no santuário de auto-estima. O filho pródigo disse: "Pai, pequei. Eu já não sou digno "(Lucas 15:21). A melhor maneira de amortecer e endurecer nossas almas é pensar:"Pai, eu sou digno."

Jesus Cristo tornando-se real para nós não é primariamente um problema intelectual, embora perguntas honestas mereçam uma resposta honesta. Mas a maior barreira é a nossa falta de auto-consciência. Razão pela qual cultuamos hoje a auto-estima.

William Kilpatrick (1871 – 1965 – um dos maiores pedagogos americanos no século XX ) escreveu o seguinte:

"Um colega ( professor ) na faculdade de Boston ... uma vez pediu aos alunos de sua aula de filosofia para escreverem um ensaio anônimo sobre uma luta pessoal sobre o certo e o errado, o bem e o mal. A maioria dos alunos, no entanto, foi incapaz de completar a tarefa. "Por quê?", Perguntou. "Bem", eles disseram - e, aparentemente, isso foi dito sem ironia - "Nós não fizemos nada de errado" – Esse é o resultado de cultuarmos a auto-estima... temos mil justificações e racionalizações para cada ato... é a única forma de nos vermos como bons..."

Mas e se Deus que toda a vida do homem natural é um erro? E se ele quer falar conosco especificamente sobre isso... sendo essa a única direção da cura que Ele dá? No Sermão da Montanha, Jesus vai nos confronta com verdades embaraçosas o suficiente para nos libertar.

Um senso verdadeiro de pecado é produzido pelo Espírito Santo, jogando luz na verdade sobre nós que não queremos ver, na culpa que preferimos não sentir, na realidade que preferimos ignorar. Isso é a verdadeira misericórdia, não a falsa proteção que o culto a auto-estima estabelece. É a dura misericórdia de Deus que ignora nossas melhores desculpas. É a paz de Deus que declara guerra total contra a falsa paz com que queremos nos contentar cultuando nossa auto-estima...

Dois - Junto com isso, o Espírito Santo nos dá um senso profundo da misericórdia de Deus em Cristo. Um senso de pecado sozinho nunca vai nos mudar. Sozinho ele apenas nos levará para o subterrâneo escuro de nossa realidade. O que nos faz tentados a nos esconder em nossas hipocrisias.

O sentido de pecado que o Espírito produz junto com a visão da misericórdia de Deus em Cristo, é o caminho da mudança. A Palavra de Deus diz: “A bondade de Deus se destina a nos levar ao arrependimento” - (Rm 2.4 ).

Aqui está o que devemos saber sempre. Quando fugimos de Deus, o desonramos, traímos sua glória... se estamos em Cristo, Ele está intercedendo por nós... manifestando seu amor ... O arrependimento não gira, principalmente, sobre o pecado em si, mas contra quem ele é cometido. Primeiramente o arrependimento é um voltar-se para Deus, porque Ele é o único que finalmente nos ama. O filho pródigo – em sua prodigalidade, foi o “melhor amigo” de todo mundo, até que o dinheiro acabou. Mas o Pai ainda estava lá. Se achamos que depois de tudo que fizemos, Deus vai nos desprezar, precisamos ouvir o evangelho de novo e de novo... "Porque, quando ainda éramos fracos, no momento certo, Cristo morreu pelosímpios" (Romanos 5: 6).

Três - nova obediência. Ser aceito por Deus e amado, depois de tudo o que fizemos, nos muda. O poder do amor de Deus é um poder para novidade de vida de maneira prática, porque um coração arrependido anseia por mais de Deus, mais de Sua santidade... Um coração arrependido tem fome da Palavra de Deus, se a mensagem for de conforto ou repreensão. Um coração arrependido goza o povo de Deus. Corações arrependidos desejam espalhar o evangelho aos outros. Um coração arrependido diz: "Eu quero ir mais longe com Deus e para Deus, do que eu já fui antes, ainda mais longe do que eu já sonhei em ir." Isso é o que Jesus estava falando quando ele disse:"Arrependei-vos."

Fonte: Josemar Bessa

AFINAL, QUEM REALMENTE É VOCÊ?


Por Fabio Campos

Texto base: “... pela graça de Deus, sou o que sou”. – 1 Co 15.10a (ARA).

O seu esforço se encontra mais para ser você mesmo ou para ser o que os outros querem que você seja? Pois é, nosso narcisismo adora ser adorado, e por isso, muito das vezes, nos vendemos aos moldes da expectativa qual é posta sobre nós. Certamente, neste estágio nosso esforço e desgaste estão nos tornando alguém que Deus não quer que sejamos. Quem se preocupa demais em agradar a todos nunca poderá ser um servo de Cristo (Gl 1.10).

Paulo, frente às acusações dos coríntios, de ser “um menor apóstolo” comparado com os doze, disse claramente:“pela graça de Deus, sou o que sou!”. Quando Paulo diz “pela graça!”, ele demonstra gratidão a Deus por ser quem é. Paulo estava sendo alfinetado pelos “falsos obreiros”, e seus opositores caluniavam-no com o argumento de que pelo fato dele ter sido chamado depois da ressurreição, sua autoridade apostólica era questionável.

Por conseguinte, Paulo sabia em quem ele cria, e isso fez toda diferença em seu ministério. Sabia também que Deus, por Sua graça, operava através dele. Paulo nunca imitou a ninguém para poder ser apóstolo. Assim aconteceu com ele; assim também será com aquele que guarda a sua convicção. Prevalecerá o homem que conhece a Deus e a si mesmo, pois como disse Calvino: “nisto consiste toda a sabedoria”.

Deus quer que você seja você e não outra pessoa (incluindo os heróis da fé de todos os tempos). O talento dado aos santos homens de Deus não é mesmo que foi entregue a você. Deus cobrará de acordo com o que lhe foi entregue, e não com base naquilo que foi dado a outrem. Paulo é Paulo!; Spurgeon é Spurgeon!; Você é você! Deus só pede de nós aquilo que podemos lhe entregar (2 Co 8.12). Neste ponto, você tem se esforçado para agradar mais a Deus ou aos homens?

Seja você! Não seja Paulo, Pedro, João, Calvino ou Lutero! Seja você! Estes homens são exemplos de vida espiritual com toda certeza, mas Deus jamais quer que você seja eles. Sabe por quê? Porque Deus lhe confiou outros dons. Quando você quer imitar alguém em todas as coisas, desprezando quem você realmente é, a mensagem que chega ao Trono de Deus é: “o Senhor poderia me fazer um pouco melhor do que me fez!”.

Acredite meus irmãos, para um cristão sincero e verdadeiro, é muito mais difícil e pesado ser o que os homens querem que ele seja, do que ser o que Deus de fato requer. O jugo do homem é pesado demais para ser carregado (At 15.10), enquanto que o do Senhor é “leve e suave” (Mt 11.28-30). O jugo do homem é carregado na carne; o de Deus pelo Espírito, pois Ele é quem efetua em nós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade. E esta vontade não acrescenta dores; ela é boa, perfeito e agradável.

Cuidado com as comparações. Nunca se compare com os mais fracos e nem tente ser igual aos mais fortes. Pois o homem vê a aparência, mas Deus vê o coração. Cuidado com as biografias. A única biografia perfeita é a Bíblia, pois ela não romantiza o pecado de quem quer que seja, mas antes denuncia todos os homens dizendo que “não há um justo se quer” e que todos estão perdidos carecendo da glória de Deus.

Que possamos ser gratos por aquilo que Deus pôs em nossas mãos. Que sejamos gratos por aquilo que Ele tem feito por meio de nós, para nós e em nós. Ainda que haja ministérios maiores do que o nosso ou cristãos mais habilidosos do que você, entenda que o fim principal de Deus na vida de TODOS os seus filhos e transforma-los na “imagem e semelhança” do Filho Jesus. Partindo deste ponto, todos estão no mesmo nível e na mesma condição, ou seja, todos estão dependendo da graça.

Portanto, seja você! Deus quer você, e não o artista que talvez você esteja tentando parecer. Agindo deste modo, nossa vida trará mais glória para Deus e, ainda que cesse os elogios dos homens, teremos o louvor de Deus; e Ele que vê no secreto, nos recompensará; por isso nosso trabalho nEle nunca é vão.

Afinal, quem realmente é você? Alguém que se esforço o tempo todo para agradar os outros ou alguém que anseia pela a glória de Deus mais do que sua própria reputação?
Que possamos ser libertos em Cristo para sermos nós mesmos conforme a vontade de Deus e não dos homens, dizendo sem receio algum: “Pela graça de Deus, sou o que sou!” (1 Co 15.10a) e ponto final. Como disse alguém: “o desejo de sentir-se amado é a última ilusão: abra mão dele e você será livre”.

Considere este artigo e arrazoe isto em seu coração,

Soli Deo Gloria!

Fonte: Fabio Campos

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Cristianismo sem igreja existe?


Por Denis Monteiro

Um cristianismo sem igreja é a mesma coisa de um cristianismo sem Cristo? Um cristianismo sem Cristo é quando Deus e Jesus são importantes, porém como partes do elenco. Ou seja, Eles são apenas coadjuvantes e não os diretores de toda história. No entanto, um cristianismo sem igreja é parte resultante do cristianismo sem Cristo, pois se Cristo e Deus já não são mais Senhores de tudo e de todos, logo, a Sua Palavra já não vale de nada.

Diante disso, nós sabemos que todo tipo de confissão ou credo serve para definir aquilo que cremos ser verdadeiro, por isso que o Catecismo de Heidelberg têm 129 perguntas, e hoje nós veremos as perguntas e respostas 54 a 56.


54. O que você crê sobre “a santa igreja universal de Cristo”?

R. Creio que o Filho de Deus (1) reúne, protege e conserva (2), dentre todo o gênero humano (3), sua comunidade (4) eleita para a vida eterna (5). Isto Ele fez por seu Espírito e sua Palavra (6), na unidade da verdadeira fé (7), desde o princípio do mundo até o fim (8). Creio que sou membro vivo (9) dessa igreja, agora e para sempre (10).

(1) Jo 10:11; Ef 4:11-13; Ef 5:25,26. (2) Sl 129:4,5; Mt 16:18; Jo 10:16,28. (3) Gn 26:4; Is 49:6; Rm 10:12,13; Ap 5:9. (4) Sl 111:1; At 20:28; Hb 12:22,23. (5) Rm 8:29,30; Ef 1:10-14; 1Pe 2:9. (6) Is 59:21; Rm 1:16; Rm 10:14-17; Ef 5:26. (7) Jo 17:21; At 2:42; Ef 4:3-6; 1Tm 3:15. (8) Is 59:21; 1Cor 11:26 (9) Rm 8:10; 1Jo 3:14,19-21. (10) Sl 23:6; Jo 10:28; Rm 8:35-39; 1Co 1:8,9; 1Pe 1:5; 1Jo 2:19.

55, Como você entende as palavras: “a comunhão dos santos”?

R. Primeiro: entendo que todos os crentes, juntos e cada um por si, têm, como membros, comunhão com Cristo, o Senhor, e todos os seus ricos dons (1). Segundo: que todos devem sentir-se obrigados a usar seus dons com vontade e alegria para o bem dos outros membros (2).

(1) Rm 8:32; 1Co 6:17; 1Co 12:12,13; 1Jo 1:3. (2) 1Co 12:21; 1Co 13:1-7; Fp 2:2-5.

56. O que você crê sobre “a remissão dos pecados”?

R. Creio que Deus, por causa da satisfação em Cristo, jamais quer lembrar-se de meus pecados (1) e de minha natureza pecaminosa (2), que devo combater durante toda a minha vida. Mas Ele me dá a justiça de Cristo (3), pela graça, e assim nunca mais serei condenado por Deus (4).

(1) Sl 103:3,10,12; Jr 31:34; Mq 7:19; 2Co 5:19. (2) Rm 7:23-25. (3) 2Co 5:21; 1Jo 1:7; 1Jo 2:1,2. (4) Jo 3:18; Jo 5:24.

O Catecismo vai nos mostrar em rápidas palavras o que é uma igreja e qual a sua função:


– A palavra “Igreja” significa “reunião” ou “assembleia”. A definição mais simples de igreja é uma comunidade de pessoas que foram chamadas pelo Espirito Santo, por intermédio da Palavra, para ser o povo de Deus. E é por intermédio da Palavra e do Espirito, como diz o Catecismo, que Cristo defende e preserva a Igreja. Portanto, o culto é o meio ordenado por Deus para que haja preservação de Seu povo, pois é no culto que nós servimos a Deus por meio de orações, cânticos, confissões e ofertas. Se não temos prazer no culto, não temos prazer em Deus e rejeitamos o sacrifício de Cristo, porque foi por meio do sangue do Cordeiro que temos comunhão com Deus.

– Paulo nos diz em Efésios que Cristo, ao subir aos céus, concedeu dons aos homens (Ef 4.8). No entanto, como podemos mostrar esses dons? Por intermédio da “comunhão dos santos”. Paulo nos diz que o desenvolvimento de nossos dons devem ser para a edificação da Igreja (1Co 14.26) e não para o gozo próprio.

– Uma das formas que a Bíblia demonstra o senhorio de Cristo é por intermédio da remissão de nossos pecados. Porém, o sacrifício realizado por Cristo não foi somente para a remissão, mas também para a nossa compra (1Pe 1.18,19). Cristo é o Senhor de tudo, tanto por ser o nosso criador, quanto por nos redimir e comprar. A frase “remissão de pecados” faz parte do credo sobre a igreja e comunhão dos santos, pois somente pelo sangue do Cordeiro temos comunhão com Deus e essa comunhão deve ser vista na igreja com os irmãos.

Esses três tópicos levantados acima nos faz refletir sobre a necessidade da igreja em meio à um movimento crescente no Brasil, os desigrejados. Os adeptos deste movimento professam crer em Cristo, mas entendem que não há necessidade de reuniões em locais construídos por mãos humanas para adorarem a Deus.

Uma coisa nós sabemos, Deus não habita em templos feitos por mãos humanas (At 7.48). No entanto, o testemunho bíblico nos diz claramente que todos os que se achegam a Cristo possuem o desejo de congregar, de participar do partir do pão e aprender mais da doutrina dos apóstolos.

Se eu não tenho prazer de estar com meus irmãos em culto, em estudos, em encontros, ou qualquer coisa que mostre a comunhão dos salvos, nós não poderemos ansiar ardentemente pela vinda de Cristo e a nossa reunião com Ele. Pois, disse Jesus, que haverá um só rebanho (Jo 10.16) e estaremos de pé diante do trono clamando a Deus com grande voz (Ap 7.9,10).

Fonte: NAPEC

O problema em imitar outras pessoas


Por Robson Fernandes Tavares

Você já prestou atenção que as bandas covers nunca fazem o mesmo sucesso que os originais? Já observou que documentos copiados não são a mesma coisa que os originais? Um DVD pirata não é a mesma coisa que um original e uma xerox não é a mesma coisa que um livro original.

Quando você tenta imitar outra pessoa está criando uma caricatura, uma aberração, pois você nem é você mesmo e nem consegue ser a outra pessoa. Daí, surge um ser híbrido, maquiado, dissimulado, falsificado. Uma anomalia. Um ser estéril.

Aqui no nordeste existe o “burro mulo”, que é o resultado do cruzamento entre um jumento e uma égua. Esse animal híbrido é estéril por natureza. Ele não reproduz, não dá frutos. Porém, as duas maiores características do “burro mulo” são a sua utilidade como animal de carga e a forte personalidade. Portanto, não adianta saber carregar grandes cargas e ter personalidade forte se não pode dar fruto. Então, nesse sentido, é melhor ser um jumento ou um cavalo, desde que o seja por natureza, do que nem ser um coisa nem outra e se tornar um “burro mulo”. É melhor ser um jumento ou um cavalo com a possibilidade de transformação do que ser um “burro mulo” empacado e sem frutos.

Porém, para minha tristeza, no meio evangélico as pessoas têm uma grande facilidade de aceitar cópias (covers) e imitações e, me parece, uma facilidade maior ainda de se tornarem cópias. Lembro do auge de Caio Fábio quando seminaristas deixavam cavanhaque e da época de Jimmy Swaggart quando até alguns tradicionais imitavam esse pentecostal. Recentemente já vi muita gente imitando o amado pastor Hernandes Dias Lopes, a quem admiro muito. Mas, a moda que está pegando agora é a de imitar a todo custo o querido pastor Paul Washer, a quem admiro também. Alguns tentam imitá-lo ao ponto de buscarem ser reconhecidos como o Paul Washer brasileiro. Isso é no mínimo uma pena, especialmente porque, conhecendo o Paul Washer como conhecemos, ele não deve se alegrar nem um pouco com isso.

Acredito que o mínimo que o Paul Washer diria nesse caso é que tal pessoa imitasse a Cristo e não ele mesmo. Mas, para piorar a situação, essa cópia brasileira não seria autenticada em cartório, principalmente porque o Paul Washer se comporta como um santo e prega a graça, enquanto as cópias brasileiras se comportam como se fossem os reis de toda a verdade em uma pregação puramente legalista.

Talvez seja por isso que os mais velhos, e mais experientes, aconselhem os mais novos a serem prudentes e terem cuidado. Será que isso é apenas coisa de jovem, de gente que não tem mentor, ou as duas coisas juntas? Será, ainda, que existe ainda algo a mais, além disso?

Lembro de Paul Washer dizendo, em público, que tem um mentor e que segue conselhos de homens experientes e que têm vida com Cristo. Bom, já que desejam imitar o Paul Washer, deveriam começar imitando essa qualidade deste grande pregador americano. Mas, parece que o que essas cópias querem na verdade não é nem pregar a santidade e nem a graça que Washer prega, mas desejam apenas a “fama” que o original norte-americano adquiriu, fama essa que nem foi buscada e nem desejada, diferentemente das cópias tupiniquins.

Precisamos compreender que imitar ações corretas de outras pessoas é uma atitude estimulada e louvável, mas imitar a pessoa em si é outra coisa totalmente diferente. Seria isso uma Mimetomania (Mania de imitar outros) ou uma patologia mesmo? Essa admiração exagerada pode ser uma patologia conhecida como “amor patológico” (amor doentio), em que o obcecado deixa de viver a sua própria vida para viver a do outro. Quando esse amor patológico é desenvolvido de um homem para outro homem, sem que isso não possua nenhuma relação com o homossexualismo, mas apenas o desejo de ser a outra pessoa e viver como ela, o obcecado pode desenvolver um machismo exagerado também, e inconsciente, como forma de autodefesa. Daí o seu exagero até contra a cor rosa, por exemplo, como se um homem deixasse de ser homem e de manifestar a sua masculinidade pelo simples uso de uma camisa dessa cor. Em outras palavras, o obcecado busca ocultar a sua patologia por meio da imposição da força, ao mesmo tempo que se esforça ao máximo para viver como o seu “ídolo” vive e fazer o que acha que ele faria. Porém, o problema é que, assim como foi dito no início, a cópia nunca é o produto original. Na verdade, a cópia sempre trará “incongruências” que irão naturalmente distorcer a imagem original.

Portanto, amados irmãos em Cristo, parem de imitar o Pr. Paul Washer! Preguem a mensagem que ele prega, sigam os seus conselhos, vivam em santidade, honrem a Deus e O glorifiquem, mas sejam vocês mesmos. Mas, se ainda assim quiserem imitar o grande pregador americano, comecem com a santidade e temor a Deus, falem sobre a Graça do Senhor, tenham mentores que sejam dignos, busque conselhos e orientações dos mais velhos e parem, pelo amor de Deus ‘parem!’ de pregar legalismo.

Por fim, lembrem que pregadores são formadores de opinião e influenciadores em potencial. Por isso, um pregador desequilibrado desequilibrará seus ouvintes. Um pregador doente adoecerá seus ouvintes. Um pregador legalista aprisionará seus ouvintes. Um pregador sedento por fama e reconhecimento causará mais mal do que bem, por melhor que sejam as suas intenções.

Pensem nisso e tenham cuidado irmãos. Cuidado.

Que Deus lhes abençoe e dê discernimento em Cristo, para que o Senhor seja glorificado de verdade.

Fonte: NAPEC