sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O DEUS SOBERANO QUE SE INTERESSA PELA RESPONSABILIDADE HUMANA


Por Fabio Campos

Texto base: “Mas o Senhor Deus chamou o homem, perguntando: ‘Onde está você’?” – Gênesis 3.9 (NVI)

Qual seria o seu comportamento diante de uma situação onde você sabe, com toda certeza, o que irá acontecer mas que ainda não aconteceu? Imagine caso você tivesse que apostar todas suas fichas em alguém já sabendo de antemão que perderia todas elas? Você seguiria com o projeto? Certamente, não!

Ao contrário do que ensina a “Teologia relacional” (teísmo aberto) - numa tentativa tola de “justificar a Deus” pelas barbáries do mundo dizendo que Ele foi pego de surpresa na queda do homem - o Senhor decidiu, em Cristo, seguir com o seu projeto de criar o homem (mesmo sabendo de antemão o que ocorreria). Para que isso fosse possível, Cristo na figura de um Cordeiro foi morto desde antes da fundação do mundo (Ap 13.8). Seu sangue (o que tornou o homem propício a Deus) foi conhecido antes mesmo que o homem houvesse pecado (1 Pe 1.20).

O Senhor, no entanto, é o mais interessado na responsabilidade dada ao homem por sua “livre-agencia”. O homem, e somente o homem, é culpado por seus pecados (Lm 3.39). Cada um será julgado e terá as consequências dos seus atos (Jr 31.30). A existência de Deus muita das vezes é colocada em xeque com o seguinte argumento: “Se Deus existe e Ele é bom, por que, então, há tanta maldade”? Ou senão: “Se Ele é Todo-Poderoso, por que não intervém para que o mal não prevaleça”?

O problema é que essa gente pula o capítulo 3 de gênesis que narra a queda do homem e sua desobediência. Deus fez tudo muito bom (Gn 1.31). Criou o homem reto, porém ele se meteu em várias astúcias (Ec 7.29). O capítulo 2 de gênesis termina em perfeita harmonia entre Adão e Eva. Contudo, o capítulo 4 narra o entrevero entre Abel e Caim filhos deste casal. Caim mata Abel! Como pode? Somente com o capítulo 3 conseguiremos responder essa pergunta. É justamente isso, muitos passam despercebidos pelo capítulo 3 e tolamente ensinam heresias destruidoras para perverter seus ouvintes a respeito do mundo que “jaz no maligno” (1 Jo 5.19).

Depois que Adão pecou, Deus o chama e pergunta onde ele está. Neste diálogo, confirmar-se que o homem, ainda que ninguém o ensine a respeito do bem e do mal, é regido por uma lei que é anunciada por sua consciência, como disse Adão: “Ouvi sua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi” (v.10).

A pergunta do Senhor a Adão é interessante! “quem disse que você estava nu?” (v.11). Ninguém havia dito a Adão que ele estava nu, entretanto, o pecado lhe apresentou o mal e agora a sua consciência foi despertada para que, agindo de modo errado, ela seria acusada, ferida, fato que se confirma na pergunta seguinte que o Senhor Deus lhe dirige: “Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses”?

Se Deus já sabia que Adão tinha comido do fruto, por que, então, Ele perguntou? Ele não é Soberano e sabe de todas as coisas? Sim! Ele é Soberano e sabe de todas as coisas, mas assim fez para ferir lhe a consciência lembrando-o de sua responsabilidade perante suas ações. Ainda que muitos fujam, dentro de toda pessoa há um “anseio pelo divino”, ou seja, o homem é um ser moral e espiritual, assim como Deus também é como está escrito: ... “O criou a Sua imagem, conforme Sua semelhança” (Gn 1.26). Na sequencia o Senhor conscientiza o homem do seu pecado e cita as consequências que cada uma das personagens (Adão, Eva e a Serpente) teria por sua desobediência (Gn 3. 14-24).

Como conciliar então a Soberania de Deus com a responsabilidade do homem? Fizeram a mesma pergunta ao príncipe dos pregadores, C. H. Spurgeon, e sabe qual foi à resposta: “Eu não RECONCILIO amigos!” Sei que a discussão entre “Calvinistas e Arminianos” está a cada dia mais acalorada. Mas precisamos ter humildade (sem não necessariamente abrir mão de uma convicção) para reconhecer que é um assunto controverso.

A posição calvinista defende a Soberania de Deus. Deus pré-ordenou, independente da “escolha do homem”, os que vão se salvar. O arminianismo exalta a responsabilidade do homem dizendo que este pode ou não rejeitar a graça. Deus predestina não pela pré-ordenação, mas pela presciência, ou seja, sabendo Ele de antemão aqueles que iriam aceitar a salvação, assim os predestinou para a salvação em Cristo, dizem os arminianos. Não quero entrar no mérito da discussão, ainda que seja eu mais propenso para a “teologia reformada” (calvinista).

O Reverendo Augustus Nicodemus diz que todo crente em pé é um arminiano, pois diz aos ouvintes: “se arrependa!”, “abandone seus pecados e creia em Cristo, você precisa reconhecer que está perdido!”. Entretanto, esse mesmo crente, de joelhos é um calvinista, pois em sua oração, diz: “O Senhor quem me escolheu e não foi eu quem escolhi o Senhor!”. Podemos caminhar em paz deste jeito.

Os extremos é que são ruins, como é o caso do “hipercavinismo” e do “pelagianismo”. Essa discussão (calvinismo e arminianismo) foi extremamente necessária para chegarmos a um consenso a despeito de uma parte da “ortodoxia cristã”. Mas ela teve o seu espaço e seu tempo! Com isso resolvido, creio que hoje muitos irmãos (não todos) têm se perdido neste debate. Minha singela opinião: os irmãos arminianos equilibrados explicam muito bem a “responsabilidade do homem”; os irmãos calvinistas moderados explicam com excelência a Soberania de Deus. Cristãos maduros conseguem respeitar-se na discordância sem macular o entendimento acerca da Soberania de Deus e da responsabilidade do homem.

Os autores bíblicos ao escrever (inspirados pelo o Espírito) não estavam nem um pouco preocupados acerca desta discussão. Se Paulo fosse um calvinista, para não precisar usar de manuseios teológicos para explicar a sua posição reformada, jamais diria: “Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos HOMENS que TODOS, em TODA PARTE, se ARREPENDAM” (At 17.30). Algum calvinista poderá refutar minha ideia neste verso. Mas você acha que (se Deus permitisse), se um calvinista (brigão) tivesse a oportunidade de escrever novamente a Bíblia, será que ele não usaria uma equivalência propensa a sua linha teológica?

Por conseguinte, caso Paulo fosse um arminiano; será que ele escreveria com todas as letras: “’Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia e terei compaixão de quem eu quiser ter compaixão’. Portanto, isso não depende do desejo ou do esforço humano, mas da misericórdia de Deus” (Rm 9. 15,16 NVI). Sei também que alguns arminianos poderão refutar minha ideia neste verso, mas assim como o irmão calvinista citado (acima), caso pudesse o irmão arminiano, com a autorização divina, escrever a Bíblia, será que ele não usaria uma equivalência propensa a linha teológica arminiana, tudo para evitar desgastes? Em ambos os casos, creio que não!

Alguns irmãos nas duas posições tiram alguns textos dos seus contextos para refutar o outro, afirmando categoricamente (sem nenhum temor e humildade em mencionar que o assunto é de difícil entendimento) que tal coisa é assim e ponto final.

Deus é Deus e não precisa dar satisfação a ninguém, não é mesmo!? O fato é que Ele é Soberano e se interessa em muito pela responsabilidade do homem. Ele teve as suas razões (desconhecidas hoje a nós) para fazer assim. A boa notícia é que um dia vamos entender. Já a má, é que será somente no céu. Mas no céu não entrarão “partidos” teológicos, mas cristãos, ou seja, filhos de Deus (Jo 1.12), como ilustrou certa vez George Whitefield:

“Pai Abraão, quem está com você nos céus? Os episcopais? Não! Os presbiterianos? Não! Os independentes ou metodistas? Não, não, não! Quem está com você? Nós, aqui, não sabemos seus nomes. Todos os que estão aqui são cristãos – crentes em Cristo – homens que venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra de seu testemunho. É esse o caso? Então, Deus, me ajude, nos ajude Deus, a esquecer o nome de grupos e nos tornarmos cristãos de verdade.”

Não importa no que você acredita! Duas coisas jamais serão afetadas: Deus é Soberano, no entanto, Ele é o mais interessado na responsabilidade do homem. Sendo assim, que Ele então nos ajude a vivermos no Seu Santo temor naquilo que é encoberto a nós (Dt 29.29). Que Ele então, assim, nos ajude em nossas diferenças.

Considere este artigo e arrazoe isto em seu coração,

Soli Deo Gloria!

Fonte: Fabio Campos

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