segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

NÃO EXISTE “ARTISTA” NA IGREJA DE DEUS!



Por Fabio Campos

Texto base: “Pois em Deus não há parcialidade”. – Romanos 2.11 (NVI)

Certa vez, um pastor, contou um relato (verídico) onde um missionário estava na missão no país da África do Sul. Devido o “apartheid” o preconceito racial era muito grande, e desprezar os negros era um comportamento absolutamente comum para aqueles racistas. Este missionário recebeu em sua casa as principais autoridades daquele país.

Ao receber esta “notável” visita (a vista dos homens), constrangido de que estas autoridades o atrelasse aos zulus, o missionário, então, fechou a janela, pois ela dava exatamente para o lugar onde os zulus estavam reunidos. Na medida em que ele fechava a janela, para que as autoridades não percebessem a sua comunhão com os zulus, o Espírito de Deus segredou no coração dele: “Feche a janela e Eu Fico do lado de fora”.

Lamentavelmente vemos que há em algumas igrejas certa distinção no tratamento para com o pobre para com o rico. Repare como os artistas e políticos são saudados por esses “pastores”. Geralmente estes líderes são pastores de multidão. Amam a massa, mas não se achega ao individuo. Faça uma pesquisa na igreja e você vai comprovar que 80% dos membros nunca tomaram um café num tempo de quinze minutos com estes “bispos” e “apóstolos”. Alguns nunca o cumprimentaram pessoalmente.

O favoritismo pelos “homens que são”, ao contrário de Deus que escolheu os “que não são”, por estas igrejas é grande. O cara mal chega dizendo que é evangélico, e por ter certa influência na sociedade logo já é posto por líder ou pastor. Que desgraça! O resultado disto é desastroso. Gente ímpia governando a igreja de Deus. Nestas igrejas você pode até ser vocacionado, mas se não tiver um bom emprego - uma conta bancária considerável ou não for “esteticamente” bonito aos olhos do mundo, sem chance para você no que concerne às aparições públicas. Esquecem que o pobre íntegro é melhor do que o rico perverso (Pr. 19.1). Isso é pecado e saiba que tal líder tem por “deus” a mamon (Mt 6.24).

O texto de Tiago [2.1-9] é bem claro e denuncia este “favoritismo”. Imagine você - dois homens chegando para prestar o culto a Deus. Tiago diz que os dois são crentes de verdade. Todavia, um é bem pobre, ao ponto de Tiago chama-lo de “pobre andrajoso”(mendigo para nós); já o outro é um homem muito rico que se destaca pelas suas lindas vestes e pelo o seu anel de ouro. O pobre chegou primeiro no culto; o rico chegou depois. O que estava acontecendo, é que o pobre (por ser mendigo) deveria ceder lugar para o rico.

Entretanto, o pobre só tinha aquela roupa. Ele trabalha e dormia com ela, e por estar gasta e cheia de manchas, o pobre, devia ceder o seu lugar para o rico (hoje seria o púlpito [para contar o seu testemunho] e os primeiros lugares) e tinha que ficar lá traz da igreja e em pé.

Não é isto o que vemos hoje? Parcialidade dentro das igrejas? Dentro da igreja do Senhor Jesus não existe rico nem pobre – famoso ou gente comum. Todos são igualmente pecadores perdoados por Deus. Tratar alguém com favoritismo – seja por ser rico ou famoso – em detrimento do pobre e daquele que tem a vida “comum” – é pecado, pois tal coisa não está certa diante de Deus.

Muitos usam o argumentam que, por ser “famosa” ou “rica”, tal pessoa, trará um numero maior de pessoas ao Evangelho. Será? Deus precisa do homem para converter o coração de alguém? Não seria Ele poderoso para das pedras “suscitar” filhos de Abraão (Mt 3.9)? Não é mais o Espírito Santo quem convence o homem do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8)? Você acha mesmo que Deus está desesperado em busca da multidão sendo que para Ele uma “alma vale mais que o mundo todo”? Sinceramente, tal argumento é posto para trazer um conforto na consciência culpada destes líderes devido o pecado da “parcialidade”.

Nada dentro da igreja deve ser feito com favoritismo (1 Tm 5.21). Deus não olha como o homem olha, pois Ele não vê a conta bancária, mas o coração (1 Sm 16.7). Paulo detestava este tipo de comportamento e jamais agiria desta forma, como ele mesmo disse: “Quanto aos que pareciam influentes — o que eram então não faz diferença para mim; Deus não julga pela aparência — tais homens influentes não me acrescentaram nada” (Gl 2.6) NVI.

Você pode até ficar empolgado e ostentar que tal artista é da sua igreja, todavia, Deus não considera assim e odeia tal comportamento, como está escrito: “Não é verdade que ele não mostra parcialidade a favor dos príncipes, e não favorece o rico em detrimento do pobre, uma vez que todos são obra de suas mãos” (Jó 34.19 NVI). “Coitado” do irmão pobre que serve a igreja com tantas dificuldades. Sente-se zombado e menosprezado; mas Deus toma a dor dele e sente o que ele sente. Deus se volta contra aqueles que exaltam o “artista” em detrimento do popular (Pr 17.5).

Que Deus nos livre desta praga que se instalou no seio de algumas igrejas, ou seja, o favoritismo que tem por crivo a “posição social”. Tal coisa não tem nada haver com o Evangelho e longe está da postura do Soberano Senhor - Criador dos Céus e da Terra, dono do ouro e da prata - mas que preferiu vir a terra como servo. Tinha toda a Glória, mas esvaziou a si mesmo e se fez pobre (Fp. 2. 5-11); por isso foi desprezado, pois a sua aparência não tinha beleza (Is 53.8). Muitos por analisar somente a aparência estão rejeitando o próprio Senhor Jesus.

No entanto, O “manso e humilde” de coração é Rei dos reis e Senhor dos senhores. A maioria dos seus escolhidos não é sábio segundo o mundo - e nem poderosos de nobre nascimento. Ele escolheu as coisas fracas do mundo para confundir as fortes; as coisas humildes e as desprezadas (aqueles que mal são visto) para reduzir aqueles que são bem visto (1 Co 2.26-28).

Tudo porque “não há justo se quer (Rm 3.10)”; todos voltarão ao pó (Gn 3.19); por isso ninguém (seja o gari ou o presidente da república) poderá se gloriar diante de Deus (1 Co 2.29). Fuja disto e não seja conivente com o comportamento destes líderes; pois a Escritura exorta a agirmos diferentes de tudo isto que temos visto dentro destas igrejas que preferem os artistas. Fique do lado que o Senhor está, pois assim Ele diz:

“Tenham uma mesma atitude uns para com os outros. Não sejam orgulhosos, mas estejam DISPOSTOS a associar-se a PESSOAS de POSIÇÃO INFERIOR”. – Romanos 12.16 (NVI)

Considere este artigo e arrazoe isto em seu coração,

Soli Deo Gloria!

Fonte: Fabio Campos 

Tua igreja me aceita como eu sou?


Por Josemar Bessa

Ah! A vida requer morte!

O evangelho pregado em nossa geração se tornou tão destituído de sua substância que fez essa indagação se tornar comum e ser vista como algo relevante a ser replicado tanto na vida como nas redes sociais...

Mas esse tipo de questão só pode ser levantada por quem nunca de fato ouviu o evangelho pregado de verdade, nunca foi tocado por ele... e só pode ser replicado por pessoas que se dizem cristãs mas nunca sequer entenderam o drama do homem caído e a boa notícia do evangelho.

Nós somos chamados para morrer e então viver. Não existe um evangelho se encaixando na vida de cada um – “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” – 2 Coríntios 5.17. Se a primeira preocupação é – como e o que eu sou será poupado? Já não resta mais evangelho.

Cristo diz: “Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar?” - Lucas 14:28 – Vivemos dias em que as pessoas falam muito sobre Cristo e o evangelho, mas suas profissões de fé são sem qualquer significado e isso é incentivado por muitos que se acham relevantes para esta cultura.

A ideia vigente é – me aceita como sou – e não se sentar e pensar: “quando custa?” – A resposta de Cristo é – Custa tudo! Morrer! E não só no passo inicial, mas em toda a extensão do percurso.

Todas as pessoas que chegaram até a Cristo, Cristo imediatamente os apresentou a cruz. Um jovem chegou até ele e antes de segui-lo pediu autorização para ir dizer adeus a seus amigos... “Vou seguir-te, Senhor, mas deixa primeiro voltar e me despedir da minha família” – Jesus responde: “Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus” – Lucas 9.61,62. – Um pedido natural, mas Cristo imediatamente apresentou a ele a cruz. É o que Cristo continua dizendo: “Quem não tomar a sua cruz e não me seguir, não pode ser meu discípulo” – Lucas 14.27.Agora, se em questões que são absolutamente ridículas as pessoas estão pensando e escolhendo na medida do que pode ser poupado, imagine no todo?

“Quem perder a sua vida por amor a mim, a achará!” – Jesus não viveu considerando seu bem estar, seus interesses, lucro, seu avanço... sacrificou sua vida. A vida que achamos, que foi imortalizada, perpetuada – não é centrada em nós – é construída com materiais imperecíveis que vão sobreviver, estando em Cristo, a todo o fogo que a testar.

“Assim como o Pai me enviou, assim também eu vos envio” - João 20.21 – Cristo nos envia para quê? Pelo mesmo motivo que Ele foi enviado –“Glorificar o Pai!” – A custa de tudo para Ele, a custa de tudo para nós. Os envio para glorificar ao Pai no mesmo mundo que me rejeitou, carregando a mesma cruz... Então ecoamos a cada dia – “Trazemos sempre em nosso corpo o morrer de Jesus, para que a vida de Jesus também seja revelada em nosso corpo” – 2 Coríntios 4.10 – Quem já chega dizendo – “Me aceita como eu sou?” – Se ouviu algum evangelho – foi um “evangelho tóxico”.Intoxicado com o ego, a vida centralizada em si mesmo, no homem, no seu mundo...

A vida requer a morte... esse é o padrão em toda a extensão do caminho. Em abril de 1983 – Jack Miller, um pastor americano da Filadélfia, escreveu a uma jovem chamada Catherine, que estava pensando em ir para o campo missionário em Uganda. Ela tinha sido retida pelo medo. Ao final da carta Jack disse algo que mostra a realidade bíblica do nosso chamado – do primeiro ao último passo – e expõe a futilidade da tentativa de servir a Deus na base do “me aceita como eu sou?” - "Será seguro para mim?"

Jack disse a Catherine,

“Abra as Escrituras e veja como nos dão a imagem completa da glória de sofrer por Cristo. O que se descobre nela é que não há alegria permanente em Cristo além de uma vontade de negar a nós mesmos, tomar nossa cruz e segui-Lo. Isto é, a sua vida não pode ter poder nele ou até mesmo salvação, se você se recusar a ser como um grão de trigo, que deve cair no chão e morrer para produzir frutos para a glória de Deus, que é o objetivo da existência e de nossa redenção.

Deus te chama para a grandeza, Catherine, mas a grandeza no reino tem tudo a ver com ele e não com você, a grandeza significa fecundidade para a glória de Deus, e a fecundidade vem de como nós morremos para nós mesmos – como morremos para nossos medos e perdas e ressuscitamos dentre os mortos do mundo que vivem para isso. Eu não pretendo, nem posso, responder se você deve ir ou não para Uganda. Só Deus pode, finalmente, te mostrar isso... Mas sua vida deve ter morte em qualquer lugar que você estiver ou for. O maior impedimento para uma vida que glorifique a Deus aqui ou em Uganda... é escolher qualquer caminho que tende a fugir de nossa própria morte. A cruz não pode ser evitada no caminho da vida que glorifica a Deus.”

Por que vivemos em tempos em que ser cristão não faz diferença – não a diferença que uma ONG pode fazer – mas a diferença onde Cristo e a beleza de sua santidade é manifestada na escuridão de um mundo sem Deus? Temos procurado um “evangelho” que nos poupe. Queremos abraçar, não motivados pela glória de um Deus santo pela qual vale morrer mil vidas se as tivéssemos. Queremos algo sem recusar deixar a segurança imediata, a vida que construímos a imagem de uma cultura que vive como se Deus não existisse... a identidade que criamos nela queremos poupar. Poupar nossa reputação, conforto de nossas tribos, realização, carreira, ou ____________ qualquer outra coisa que você queira incluir. Criando um terreno fértil para inúmeras ansiedades do que pode ser perdido e do que pode ser poupado... Segurando uma vida oca, nos preocupando em poupá-la, quando a verdadeira vida nos aguarda, se simplesmente largarmos o punhado de “moedas” que queremos reter.

A pergunta não é – “me aceita como eu sou” – mas, o que mais deve ir para cruz? O que não está crucificado em mim? “Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo.” - Gálatas 6:14

O brado é – avante à morte e a alegria suprema no deleite em Cristo. O apóstolo Paulo morreu antes de morrer. Como disse C. S. Lewis: “Morra antes de morrer, pois não haverá nenhuma chance de fazer isso depois” – Morte e alegria, ambos ou nada!

Fonte: Josemar Bessa

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Charlie Hebdo: ser ou não ser, eis a questão?


Por Marcelo Berti

Desde que o ataque terrorista à sede revista Charlie Hebdo, diferentes pessoas apresentaram diferentes posicionamentos relacionados ao evento. Em solidariedade àqueles que foram brutalmente atacados, muitos se levantaram dizendo: “Eu sou Charlie.” Outros, horrorizados com o baixo nível das críticas da revista responderam: “Eu não sou Charlie.”

SER…

Por um lado eu entendo aqueles que dizem serem Charlie. Nem todos se alinham com o tipo de humor, nem todos apoiam as críticas religiosas que fizeram, e ainda é possível que exista entre eles um grupo de pessoas que apesar de se sentir “ofendido” pelo tipo de humor, ainda assim se solidariza com a brutalidade do evento. Essas pessoas se auto-intitulam “Charlie,” não necessariamente por afinidade ao ideais ou com as charges da revista, mas pelo repúdio ao terrorismo.

José Ribamar Bessa Freire resume bem essa ideia: “Portanto, quando alguém afirma ‘eu sou Charlie’ não está necessariamente assinando embaixo de todas as charges. Está se solidarizando com jornalistas assassinados, está defendendo a liberdade de expressão em qualquer parte do mundo.” Nesse sentido eu poderia ser “Charlie.”

…OU NÃO SER..

Mas, esse parece não ser o caso com todos. Ser Charlie para muitos significa aprovar o tipo de humor que a revista produzia. A liberdade de expressão é algo pelo qual alguém deveria morrer para defender. Gregório Duvivier afirmou que os chargistas “não devem ser tratados como pivetes malcriados que ‘fizeram por merecer,’ mas como artistas brilhantes que morreram pela nossa liberdade.” A liberdade de poder falar o que quiser, como quiser, ofenda a quem ofender para eles é algo digno o suficiente para classificar a morte dos cartunistas da Charlie Hebdo como heróica. Eles são os verdadeiros mártires do humor, morreram pela nobre causa da liberdade de expressão.

Nesse sentido, não posso ser Charlie. Não consigo violar minha consciência e valores para defender o que não acredito ter defesa. Na minha opinião as charges violam a moral e o respeito, dois importante componentes da civilidade. O humor ácido me da azia ao invés de produzir em mim risos. Ele me deixa desconfortável e indisposto à risada. E quem me conhece sabe que sou alguém de riso fácil, que se diverte com piadas nem tão engraçadas. Mas dificilmente poderia dar-me a rir com a representação homossexual da trindade feita pela Charlie Hebdo. Aliás, como cristão jamais apoiaria esse tipo de humor, por que não acredito ser produtivo, saudável, ou simplesmente engraçado. Não consigo rir daquela “arte.”

EIS A QUESTÃO

Então, quer dizer que você acredita que o ataque terrorista foi merecido? De forma nenhuma. Não sei se consigo encontrar palavras adequadas para representar meu repúdio àquele evento.Ninguém merece aquilo. Nada justifica aquela brutalidade. O extremismo islâmico não consegue nem entender o Lex Talionis, o mais primitivo senso de justiça da humanidade. De acordo com essa lei babilônica encontrada no Código de Hammurabi (1790 AC), e também presente na Lei de Israel, a gravidade de retaliação é limitada pela gravidade da ofensa: “olho por olho, dente por dente.” Foi ofendido com humor, revide com humor. A resposta desproporcional e desumana daqueles jovens demonstra o risco do fanatismo religioso extremista do Islã. É impossível encontrar valor ou virtude em um movimento que impõe o terror em nome da religião. Eles são a representação mais triste desse fanatismo e evidenciam que o mesmo é infértil. O massacre dos cartunistas gerou no ocidente apenas revolta contra o Islã, desprezo por Alá e ibope para uma revista desconhecida para a grande maioria do mundo.

Agora, no que se refere à revista, também devo dizer que apesar de ter certa repulsa pelo tipo de humor que a revista produz, não me sinto ofendido pelas charges e críticas que fizeram. Não mesmo, nem por um segundo. A cosmovisão cristã parte do pressuposto de que a humanidade não é o que deveria ser, e portanto, situações como essa e piores do que essa são esperadas. O ódio contra os cristãos não começou ontem nem vai acabar amanhã. Somos o grupo de povo mais perseguido no mundo, e diariamente cristãos morrem em função de sua fé. Diante dessa realidade o que é uma meia dúzia de desenhos de mal gosto? Para mim, nada. Não me afeta em nada.

Alexamenos Grafitto

Sandro Baggio fez algumas considerações interessantes sobre o evento usando uma das mais primitivas evidências de zombaria contra o Cristianismo. O Alexamenos Grafitto é uma inscrição esculpida em gesso em uma parede perto do Monte Palatino, em Roma, no qual Alexamenos, um homem romano, é retratado adorando a alguém crucificado. Entretanto, no grafite Jesus foi retratado como tendo a cabeça de um asno. Explicando o grafite, Baggio afirmou: “Evidentemente [este] não é um ícone de adoração, mas uma versão primitiva das charges de Charlie Hebdo, cujo objetivo era zombar da fé cristã.” Pouco à frente completa: “Desde o início da fé cristã, os cristãos são vítimas de zombaria. O próprio apóstolo Paulo admitiu isso em sua carta aos Corintíos, quando disse que sua fé era considerada um escândalo (ofensa) para os judeus e uma loucura (tolice) para os gentios.” O que pouca gente sabe é que o próprio título de “cristão” foi um título de zombaria dado pelos habitantes de Antioquia aos seguidores de Cristo (At.11.26). Esse é o ponto: a zombaria contra o Cristianismo não é recente, não é nova nem inovadora. Talvez tenha se tornado mais gráfica, mais sexual e mais frequente, mas isso é apenas uma questão de contexto e oportunidade.

ENTÃO O QUE?

Afinal, devo ser ou não ser Charlie? A verdade é que para mim tanto faz. Seja Charlie, não seja Charlie, mas seja coerente. Não consigo ser cristão e ao mesmo tempo defender, apoiar ou consumir o tipo de humor produzido pela revista Charlie Hebdo. Como um ente livre que sou, acredito que essa é uma opção pessoal plausível e não antagônica. Ninguém é obrigado a consumir e/ou distribuir aquilo de que não gosta e/ou aprova. Para o meu paladar aquele humor é indigesto e desnecessário.

Por outro lado, como cristão eu me consolido com o sofrimento alheio, eu me simpatizo com o sentimento de perda. Como cristão eu gostaria de responder o humor da Charlie com o amor de Cristo. Amor por humor, me parece uma troca justa, mesmo quando eu saio perdendo. Em resposta ao movimento radical islâmico, eu gostaria de ser um cristão radical. Enquanto eles querem impor o terror da religião, eu quero propagar o amor de Cristo. Enquanto querem causar o mal, quero promover o bem. Enquanto querem se fazer ouvidos, quero ouvir e prestar atenção. Enquanto querem guerra, quero paz. Enquanto querem imposição, quero diálogo. Enquanto querem matar, eu prefiro morrer. É melhor ser um cristão disposto à morte que um muçulmano pronto a matar.

Muçulmano Radical: “Se você não aceitar o Islã, isso vai custar sua vida” / Cristão Radical: “Eu preciso te contar a respeito de Jesus, mesmo que isso custe a minha vida” – Radical Muslim vs radical Christian – Adam Ford

Provavelmente ninguém se importará com minha resposta ao evento, e as pessoas que mereciam receber minha resposta de amor provavelmente não vão recebê-lo da minha pessoa. Mas espero que outros cristãos como eu possam entender que responder em amor é em muitos casos ficar em silêncio. No silêncio corremos o risco da omissão, mas evitamos o da estupidez. Falar o desnecessário para o cristão é muito pior do que não falar nada. Talvez seja por isso que me delonguei a manifestar opinião no assunto.

Entretanto, estou consciente de que ao quebrar o silêncio estou sujeito a ser julgado pelo que acredito. Por isso, uma coisa digo àqueles que discordam do que escrevi: Nessa breve nota, em meio a tanto caos e desordem, eu tentei ser coerente comigo mesmo e com o evangelho que defendo.

Fonte: NAPEC

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

O contar de nossos dias e a eternidade de Deus


Por Scott Swain 

Enquanto fechamos um ano e nos aprontamos para começar a marcar o início de outro, é bom nos lembrarmos que marcamos tempo porque tempo é intrinsecamente mensurável, intrinsecamente finito. Não apenas o tempo é finito, tendo um começo em e com a criação de todas as coisas. Nosso tempo também é finito: “Os dias da nossa vida sobem a setenta anos ou, em havendo vigor, a oitenta; neste caso, o melhor deles é canseira e enfado, porque tudo passa rapidamente, e nós voamos” (Salmo 90.10). O salmista nos aconselha, assim, a alcançarmos coração sábio por contarmos nossos dias (v. 12).

Mas aprender a contar nossos dias não encerra a sabedoria que o Salmo 90 recomenda. Em seus versos de abertura, ele declara com confiança: “Senhor, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração. Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus (v.1-2)”. Ao encerrarmos mais um ano e começarmos outro, vale a pena pensar um pouco sobre o que significa ter o Deus eterno como nosso Senhor e Deus.

Dizer que Deus é eterno não é dizer que Deus é muito, muito velho. A eternidade de Deus não é um período excessivamente longo de tempo. Na verdade, a eternidade de Deus não está suscetível a qualquer tipo de medida (Jó 36.26). Nada no ser eterno de Deus o retém no passado ou o apressa ao futuro. A eternidade de Deus é o modo do ser de Deus. Assim, a eternidade de Deus precede e transcende o tempo, mesmo que ele esteja presente no tempo como sua base e seu governante (Salmo 90.2; João 8.58; Apocalipse 1.8). Deus é o mesmo ontem, hoje e sempre, na completa perfeição de seu ser eterno (Salmo 102.27; Hebreus 13.8).

Sendo eterno, o Salmo 90 nos diz que Deus é o “refúgio” do povo de sua aliança (v. 1). No mínimo, o salmista identifica Deus como nosso refúgio para dizer que ele é a fonte de nossa segurança em meio a um mundo caracterizado pelo perigo (Salmo 36.7; 91.1-2) e parar dizer que ele é nossa provisão em meio a um mundo caracterizado pela cobiça e avareza (Salmo 36.8). Segurança, proteção e provisão são as características desse “refúgio”.

E porque nosso refúgio é o Senhor, nosso refúgio é eterno. Nossa segurança não é temporária. Nossos frágeis dias são cobertos por uma segurança eterna que ultrapassa as ameaças de qualquer assalto temporal: “De dia não te molestará o sol, nem de noite, a lua” (Salmo 121.6). Nossa provisão não é temporária. Nossos frágeis dias são cobertos por uma provisão eterna que não se cansa, não falha, que se renova a cada manhã com a renovação da eternidade do próprio Deus (Salmo 121.4; Isaías 40.28). À sombra do trono eternal está o “manancial da vida” e a luz que nos permite enxergar a luz (Salmo 36.9).

Então, nos ensine, Senhor, a contar nossos dias nesse ano que começa; é bom que nos lembremos que somos pó (Salmo 90.3). E no ensine a meditar sobre tua eternidade: “Sacia-nos de manhã com a tua benignidade” – que dura para sempre (Salmo 106.1) – “para que cantemos de júbilo e nos alegremos todos os nossos dias” (Salmo 90.14).

Fonte: Reforma 21

sábado, 17 de janeiro de 2015

O mandato espiritual, social e cultural em Efésios


Por Denis Monteiro

Antes da Queda, Deus deu algumas ordenanças a Adão e Eva o qual chamamos de ordenanças da criação. Deus ordenou ao primeiro casal: Que se casassem e procriassem para encher a terra, exercessem domínio sobre as criaturas, o trabalho e o descanso semanal – claro, sabemos que Deus ordenou que o casal não poderia comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, mas essa não é geralmente considerada uma ordenança da criação, pois Deus deu apenas para aquela ocasião e não uma ordenança perpétua. Chamamos estas ordenanças de mandatos. Mandato espiritual, social e cultural.

Mandato Espiritual: Este mandato envolve um relacionamento com o Deus que nos deu a Sua imagem (Gn 1.26). Uma paz entre Ele e suas criaturas, o qual, também, estabeleceu um dia de descanso de nossas obras para dedicarmos inteiramente a Ele em santidade.

Mandato Social: Este mandato que envolve um relacionamento, não só com Deus, envolve com a família que por Deus fora criada. Este mandato envolve a liderança dos pais em saber guiar as suas famílias, segundo a ordem de Deus.

Mandato Cultural: Este terceiro, e ultimo mandato, é um envolvimento com a sociedade. Você, assim como eu, já deve ter ouvido falar de que todos os nossos relacionamentos com aspectos culturais fossem seculares e nosso relacionamento com Deus espiritual. Este mandato envolve questões políticas, educação, artes, lazer, tecnologia, indústria, e quaisquer outras áreas.

As consequências do pecado nas ordenanças da criação. 

No mandato espiritual, o pecado fez separação entre Deus e Sua criação. Até os animais e natureza ficou sujeita à servidão (Rm 8.20). O Homem já nasce alienado de Deus proferindo mentiras (Sl 58.3), mortos espiritualmente, pelo pecado, como diz Jean Diodati: “de onde provêm miséria e incapacidade de fazer o bem”.[1]

No mandato social, além do pecado afetar o nosso relacionamento com Deus, ele afetou nosso relacionamento social entre os familiares. Após a entrada do pecado no mundo o relacionamento perdido, com Deus, afeta as bases da família causando até vergonha sexual entre o homem e a mulher. Desde o quarto capitulo do Gênesis o efeito de pecado se mostra claro, com a morte causada pelo irmão – Caim matando Abel. Filhos não respeitando os pais, desobedecendo-os, ou como o próprio Gênesis mostra, Jacó enganando seu pai com a ajuda de sua mãe (Gn 25).

Assim como, o pecado afetou o relacionamento com Deus, ele afetou nosso relacionamento familiar, também, afetou o nosso relacionamento na sociedade –Mandato Cultural. John Frame diz: “indivíduos pecaminosos contaminam as instituições que formam, e estas instituições tornam o efeito do pecado ainda piores. Quando pecadores se juntam, eles alcançam impiedade maior do que conseguiriam individualmente”.[2] Desde o Gênesis já nos é dito que este mandato estava sendo impiamente desenvolvido. Em Genesis 4.17-24 os descendentes de Caim já desenvolviam certo tipo inicial de cultura.[3] Esses desenvolvimentos, em si não são maus, mas o uso dos mesmos voltados para a glória humana são, como podemos ver nas músicas de hoje, as quais faltam beleza, bondade e verdade. Vemos a Torre de Babel sendo erguida para chegar aos céus e a confusão que Deus faz com as línguas para que ninguém entenda ninguém, pois não queriam ser espalhados por toda a terra (Gn 11.4) desobedecendo à ordem de Deus de se espalhar (Gn 1.28).

Então, a pergunta é: Como cumprir estes mandatos para a glória de Deus, conforme Sua vontade? [4]

Novo relacionamento com Deus (Efésios 4.17 – 5.1-21)

Nesta divisão Paulo nos mostra como devemos ser e o porquê viver de forma digna, por exemplo: “Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no modo de pensar e a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade.” Efésios 4.22-24.

Fomos resgatados para despirmos do velho homem, pois somos a imagem de Deus. Em Cristo este relacionamento foi reconciliado por intermédio de Seu sangue derramado na cruz em favor de Seu povo. O pecado que fazia separação fora pago por Cristo, logo, Deus não está mais irado conosco. Por isso que Paulo admoesta aos crentes que vivamos antiteticamente: “deixe a mentira mas fale a verdade; Irai-vos e não pequeis; se furtava não furte mais mas trabalhe; não saia palavra torpes da boca mas só boas para a edificação.” (4.25-29). E como imagem de Deus, devemos imitar a Deus, como filhos amados (5.1), produzindo frutos que provem de Deus ao contrário das obras das trevas, vivendo cheio do Espirito Santo, como diz Erasmus Sarcerius: “Ser cheio do Espirito Santo é uma forma particular e uma manifestação do andar prudente, pelo qual a salvação, juntamente com as obras da luz, é preservada (…).”[5] Sendo assim, somente após a redenção e reconciliação que Cristo fez, podemos ter paz com Deus e tentar cumprir o Seu mandato, nos separando para servi-lo a cada dia e guardando o Dia do Senhor, como um dia santo dedicado totalmente a Ele.

Novo relacionamento com nossa família (5.22- 6.1-4)

Aquilo que foi perdido na Queda no Éden, Paulo admoesta que deve voltar ativa no casal cristão. A mulher deve ser submissa ao marido porque ele é o cabeça constituído por Deus desde o Éden, oficio este que o homem não exerceu deixando a mulher ser enganada, e assim, pecando (1 Tm 2.14). Assim como Cristo é o cabeça da Igreja o marido deve ser o da esposa. O esposo deve amar sua esposa como Cristo amou a igreja se entregando por ela e amando como se fosse o próprio corpo. Pois, o que as crianças aprenderão ou descobrirão num casamento desestruturado? Um casamento desestruturado é aquele em que há disputas e lutas sobre quem está no poder, e assim, nenhum dos cônjuges cumpre o seu papel. Por isso que Paulo diz: “Portanto, cada um de vocês também ame a sua mulher como a si mesmo, e a mulher trate o marido com todo o respeito.” Efésios 5.33 (ênfase acrescentada).

Os filhos devem obedecer a seus pais de forma justa, no Senhor, pois isto é obedecer ao quinto mandamento que é o primeiro mandamento como promessa: “honra teu pai e tua mãe” (6.2; cf. Êx 20.12). Os pais devem amar seus filhos, mas não se esquecer da disciplina aplicada com amor e ensinando a temer a Deus e ensinados a rejeitar suas inclinações naturais.

Novo relacionamento cultural (6.5-9)

O fato de Cristo ser o nosso cabeça isso não quer dizer que não devemos obedecer outra autoridade. Paulo nos mostra que o servo cristão deve ser obediente aos seus senhores que são segundo a carne, em sinceridade de coração como se obedecesse diretamente a Cristo. O servo cristão deve servir ao seu senhor não com o fim principal de agradar aos homens, mas como servos de Cristo servindo de boa vontade. A ambição (pecaminosa) que permeava a edificação da torre de babel não deve existir entre o servo cristão e seu senhor, pois o servo deve trabalhar para a glória de Deus. Assim, o senhor deve respeitar ao seu servo não como respeitando à vista, deixando as ameaças de lado. Pois acima deste senhor há um Senhor que tem um nome que é acima de todo nome, o qual não faz acepção de pessoas.

Conclusão

Só em Cristo podemos restabelecer aquilo que Deus ordenou às suas criaturas, podendo ter um relacionamento sincero com Deus. E assim, tendo um relacionamento com Deus, os outros tendem a ser restabelecidos: Uma família que serve a Deus em seus relacionamentos, bem como os servos que glorificam a Deus servindo ao seu senhor como se fosse a Cristo, pois não podemos ter em mente este dualismo: Sagrado e secular. Sagrado é tudo aquilo que é espiritual e secular aquilo que não é espiritual. Mas não é isso que a Bíblia nos diz, pois em tudo que fomos fazer, fazemos para a glória de Deus Pai.
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Notas:
[1] BRAY, Gerald L. Comentário Bíblico da Reforma – Gálatas e Efésios. São Paulo: Cultura Cristã, 2013, p. 304.
[2] FRAME, John M. A doutrina da vida cristã. São Paulo: Cultura Cristã, p. 257.
[3] Cf.: Ibid.
[4] Eu mostrarei nestes três capítulos de Aos Efésios, somente o que Paulo lista. Não tratarei de toda questão que envolve os mandatos.
[5] BRAY, Gerald L. Comentário Bíblico da Reforma – Gálatas e Efésios. São Paulo: Cultura Cristã, 2013, p. 397.

Fonte: NAPEC

De olhos bem fechados


Por Marcelo Berti

“Vivam entre os não cristãos de modo exemplar” – 1Pe.2.12

As vezes tenho a impressão de que a igreja vive de olhos bem fechados para a realidade ao seu redor. Iniqüidade, injustiça e opressão fazem parte do nosso dia-a-dia. Fome, sofrimento e morte estão bem perto de nós, mas nós preferimos não enxergar. A apatia da igreja ante as mazelas da nossa sociedade parecem apontar para o fato de que o problema da igreja não falta de visão, mas a capacidade de ignorar a realidade que ela teme encarar.

Os cristãos tem a Glória de Deus como principal motivo da sua existência (1Co.10.31), e o amor irrestrito a Ele como maior mandamento (Dt.6.4). Entretanto, o Deus que amamos e servimos se opõe à injustiça. Ele é Pai para os oprimidos (Sal.68.5), o guardião dos que sofrem (Jer.49.11), quem atenta para o fraco e protege o aflito e desamparado (Sal.82.3). É ele quem exige que Seus filhos aprendam a fazer o bem, atentar à justiça, repreender ao opressor, defender o direito dos órfãos e pleitear a causa das viúvas (Is.1.17). É ele quem nos convida a atender a causa do pobre (Zac.7.10) e lutar em favor da paz (Zac.8.16). Nós não podemos nos manter inertes diante do sofrimento dos desfavorecidos do nosso país. Não podemos ignorar o divino convite a nos juntarmos a Ele no cuidado do fraco, pobre e oprimido. Não podemos manter os olhos fechados a realidade a nossa volta.

Lembre-se também que o segundo mais importante mandamento cristão é amar ao próximo como nós amamos a nós mesmos (Mat.22.39). Lembre-se que o amor que recebemos de Deus nós devemos aos homens (Rom.13.8). Lembre-se de que somos convidados por Cristo Jesus a fazer aos outros somente aquilo que gostaríamos que eles nos fizessem (Mat.7.12). É por isso que manifestar o amor transformador que recebemos de Deus por meio de Cristo em benefício do próximo é normativo para o cristão. Até quando vamos observar o sofrimento alheio calados? Como podemos falar sobre o amor de Deus, quando não conseguimos manifestar seu amor àqueles que dele tanto necessitam?

Lembre-se que nosso Deus ama a justiça (Sal.11.7), que Seu caráter sempre está em acordo com a justiça (Sal.33.4-5) e que Ele ama de modo especial aqueles que exercem Sua justiça (Pro.15.9). Lembre-se que conhecer a verdade e não se manifestar em conformidade com ela é uma atitude passível de reprovação divina (Luc.12.47). Lembre-se que aquele que sabe o bem que deve fazer e não o faz está em pecado (Tia.4.17).

Lembre-se que aqueles que professam amar o Deus que ama a justiça deveriam, por amor a Ele amar a justiça. Lembre-se que encarnar os valores do Rei é muito mais que proclamar a mensagem do Reino. É viver entre os não cristãos de modo a manifestar a graça divina (1Pe.2.12), nos esforçando para fazer o bem a todos os homens (Rom.12.17), mantendo honesto nosso procedimento diante de Deus e dos homens (2Cor.8.21). É cuidar dos necessitados e carentes (Tia.1.27), é atender ao pobre (Pr.29.7), socorrer o que precisa de ajuda (Sal.41.1), é executar o direito e a justiça e livrar o oprimido das mãos do opressor (Jer.22.3). É viver de tal modo que até mesmos os não cristãos venham a reconhecer que somos um povo sábio e inteligente (Deu.4.6), seguidores do Deus que se manifesta através do Seu povo (Mat.5.16), como um povo cuja manifestação de Sua graça e amor convide os não cristãos a glorificá-lo (1Pe.2.12), ou que lhes cale a ignorância (1Pe.2.15). Não permita que seus olhos continuem fechados. Obra os olhos, estenda as mãos e manifeste a graça divina através do amor ao próximo. Siga o exemplo de Cristo e nunca permita que a mensagem do Reino seja desassociada dos valores do Rei.

“Abra a boca a favor do mudo, pelo direito de todos os que se acham desamparados. Abra a boca, julgue retamente e faze justiça aos pobres e aos necessitados” (Pro.31:8-9).

Fonte: NAPEC

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

DE TOLAS DEVOÇÕES E SANTOS DE CARA AMARRADA, LIVRAI-NOS, SENHOR!


Por Fabio Campos

Texto base: “Então, por que agora vocês estão querendo tentar a Deus, impondo sobre os discípulos um jugo que nem nós nem nossos antepassados conseguimos suportar?” – Atos 15.10 (NVI)

Certa vez, disse Teresa de Ávila (1515 – 1582): “... de tolas devoções e santos de cara amarrada, livrai-nos, Senhor”. Pois é, com toda a rigidez característica das freiras da época, Teresa de Ávila, me parece que em parte, contrariou alguma coisa desta tradição. Talvez seja por isso que seus escritos sejam lidos por muitos protestantes; incluo nesta lista o grande apologista, falecido no século passado, C. S. Lewis.

Emprestando o dizer de Ávila, com base em Atos 15.10, quero fazer uma breve reflexão sobre o ascetismo exagerado pregado por alguns que pensam ser puritanos de 2015 (com todo o respeito devido a estes grandes homens de Deus). Houve uma dissensão na igreja de Antioquia entre os discípulos. Alguns fariseus convertido ao cristianismo colocaram em xeque a salvação dos gentios, dizendo que se eles não se circuncidassem e se não obedecessem à lei mosaica, de forma alguma, seriam salvos.

A igreja então convocou um concílio para tratar da questão. O debate foi acalorado até que se levantou Pedro. Na autoridade do Espírito Santo, ele disse: “Então, por que agora vocês estão querendo tentar a Deus, impondo sobre os discípulos um jugo que nem nós nem nossos antepassados conseguimos suportar?” (At 15.10). A respeito deste verso, Matthew Henry, diz: “Eles [fariseus] ofereceram um mal muito grande aos discípulos: Cristo veio proclamar liberdade aos cativos, e eles estão tentando escravizar aqueles a quem Ele libertou” [1].

O fanatismo religioso mata! Por vezes encontro mais graça e misericórdia na casa de “gente ignorante no que concerne a fé cristã” do que na casa de cristãos ortodoxos praticantes. Pessoas que apontam somente para a lei sem acolher o pecador.

Sendo sincero, desconfio de cristão austero qual não consegue expressar um gesto de afeto. Ele até é correto na doutrina; mas repare que sua testa está sempre franzida! Ele é duro no sermão; no ensino; dentro de casa. Sempre está de cara amarrada e não consegue esboçar um sorriso de seus próprios “escorregões”. Veja que ele não consegue ser pai e nem marido. O cara é profeta o tempo todo. Nas redes sociais ele é Calvino, Lutero e Knox - os três dentro de um só.

A esposa não tem um marido e os filhos não tem um pai. Até dentro de casa o “irmão” é um teólogo erudito, irrepreensível na lei. Geralmente não posta uma foto se quer nas redes sociais junto da sua esposa. Ganhou o mundo e perdeu a sua casa. Sua família não tem prazer na sua companhia. Ai de quem cometer um só deslize perto dele. Coitado! Ele coloca tantas regras e emite tantos catecismos que, tanto o rebanho, como os seus, respeitam tão somente por medo, mas não se submetem em amor.

Jesus em seu ministério terreno teve os seus momentos de ira. Mas repare que grande parte deles foi com este tipo de gente. O Nazareno foi “manso e humilde de coração”. Ele repartiu a refeição com os discípulos; chorou pela morte do amigo; teve compaixão de um monte de gente que só estava interessado no “pão que perece”. Creio que Jesus nunca olhou com raiva para alguém que por causa dos seus pecados, estava, agora, precisando do seu favor.

Muitos com suas pregações austeras concluem (corretamente) que a exposição do Evangelho deve confrontar o pecador e não acariciá-lo. Pois bem! Qual doutrina e prescrição divina aos homens confrontam mais a nossa natureza pecaminosa? 1) Arrepender-se dos pecados ou 2) perdoar os inimigos? O crivo e a veracidade para saber se houve uma regeneração de fato aos cristãos se encontra no segundo ponto! Tem gente que com os seus manuseios teológicos não consegue amar o pecador dizendo que Deus odeia tanto o pecado como o pecador. “Amai os vossos inimigos, pois sede perfeito como perfeito é o vosso Pai”. Colocar fardos pesados nas costas dos outros se recusando a carregar, deste, o mínimo que seja - sem dúvidas, é uma grande hipocrisia.

É verdade que a ira de Deus deve ser exposta, mas a Escritura diz o que constrange o pecador é o amor de Cristo (2 Co 5.14); somente a bondade de Deus que leva o homem ao arrependimento (Rm 2.4). A ira traz o remorso, por isso que ela se manifestará naquele grande dia. O remorso trará junto de si o “ranger de dentes”. Precisamos alertar o pecador acerca daquele dia, mas nunca podemos deixar de apontar a graça e a misericórdia de Deus demonstrado através do seu grande amor.

A lei sem a graça e a graça sem lei, independentemente da ordem, é outro evangelho, pois não tem a cruz. Se as pessoas não se converterem ao ouvir sobre o amor de Deus, certamente, devido a sua dura cerviz, não será de outra forma que elas se converterão verdadeiramente. Poderão ser “convencidas”, mas nunca serão “convertidas”, pois quem teme, não conhece a Deus, pois Deus é amor. Por isso que disse o Senhor: “Deus amou o mundo de TAL MANEIRA...”.

Ser de Jesus é ser a pessoa mais feliz do mundo. É ter paz e alegria no Espírito. É ser agradável ainda que precise, em algumas situações, ser um pouco mais firme. É escutar, e por vezes, somente escutar. Ser cristão não é fazer e nem deixar de fazer – não é o que se deve comer ou não – nem em se atentar o dia que deve ser guardado. Também não é deixar de “tocar”, “provar” ou “manusear” algo segundo os preceitos de homens. Tudo isso tem uma aparecia de “santidade”, mas não tem poder nenhum contra a cobiça da carne (Cl 2.23). O que importa é ser uma nova criação (Gl 6.15).

Ser cristão é ser uma nova criatura em Cristo Jesus (2 Co 5.17). É ter a lei de Deus no seu coração (Jr 31. 31-34); é Ama-lo com todo o seu ser, pois fomos salvos e acolhidos por Deus do que jeito que estávamos, como está escrito: “Deus nos acolheu quando ainda éramos pecadores” (Rm 5.8).

Então, amado irmão, relaxa. Sorria! Tenha mais misericórdia com os erros dos outros. Leve seu filho para se divertir. Se ele gosta de futebol, jogar bola é um excelente exercício. Leve-o ao estádio de futebol para assistir o jogo do seu time de coração. Pára de ser este santarrão mal resolvido que só sabe apontar os erros dos outros. Tira esta “cara amarrada”; Deus o ama e deve ser glorificado também através do entretenimento (1 Co 10.31). Ganhe seus filhos. Sorria junto da sua esposa. Coloque uma música romântica (pelo amor de Deus, não é música evangélica) e dance com ela na sala da sua casa.

Lembre-se, nesta situação, quem mais precisa de misericórdia, é você!, do que aquele que você acha que já foi “predestinado” ao inferno, como está escrito:

“Mas eu lhes afirmo que no dia do juízo haverá menor rigor para Sodoma do que para você". – Mateus 11.24 (NVI)

Sinceramente? Desconfio de toda santidade ostentada.

Considere este artigo e arrazoe isto em seu coração,

Soli Deo Gloria!

Notas:

[1] Bíblia de estudo, Matthew Henry. Rio de Janeiro, RJ; Mundo Cristão, 2014, p. 1758.

Fonte: Fabio Campos 

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

O download celestial


Por Robson T. Fernandes

Quando eu tinha, sei lá, meus 13,14,15 anos detestava ler, e para fazer as provas de história e geografia tinha que “decorar” o assunto para não ser reprovado. No dia seguinte não lembrava de mais nada. Na hora de estudar eu ficava me torturando com a leitura, que eu detestava, e ficava desejando que alguém inventasse uma máquina de memorização em que se colocassem eletrodos na cabeça para transmitir o conhecimento enquanto eu dormisse, para não ter que ler. Eu queria que fosse mais ou menos como os downloads de hoje, em que se pluga um cabo no PC e toda a informação é transmitida.

O mesmo pensamento ocorre com alguns crentes que oram pedindo que Deus lhes aumente a fé, como se fosse um download celestial. Alguns pensam que é só orar e Deus vai mandar a fé pelo “sedex celestial”, como num passe de mágica, como se fossem dormir sem fé e acordassem edificados e fortalecidos com uma fé inabalável. Eles esquecem que “a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” (Rm 10:17). Eles esquecem, ou desconhecem, que a fé é aumentada e fortalecida mediante o aprofundamento nas Sagradas Escrituras. Quanto mais da Bíblia temos dentro de nós, mais a nossa fé é edificada e fortalecida. Quanto menos Bíblia menos fé.

Alguns têm orado pedindo que o Senhor lhes ajude em uma vida de santificação, mas esquecem que o próprio Jesus disse: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17:17). Ou seja, a santificação progressiva só é exercida por meio do aprofundamento nas Sagradas Escrituras. Quanto mais da Bíblia temos dentro de nós, mais nossa santificação é aplicada e fortalecida. Quanto menos Bíblia menos santificação.

Não estou dizendo que a leitura e conhecimento da Escritura, por si só, sem a ação sobrenatural do Espírito Santo podem produzir isso. Não! Não estou propondo um método como Charles Finney fez, mas afirmando que o principal meio que Deus usa é a Sua Sagrada Palavra. Quer fé? Quer santificação? Busque o Espírito Santo por meio da Sagrada Escritura.

Quem não quiser estudar a Escritura com esmero e dedicação, mas apenas decorá-La para usar na hora da “prova”, experimentará no dia seguinte, após o término da prova, já não lembrar de mais nada. Infelizmente, parece que para alguns é uma tortura ter que estudar a Sagrada Escritura, um flagelo, um martírio. Sinceramente, eu não consigo entender como isso é possível, muito embora entenda que isso é real.

Enfim, não existe um outro caminho a não ser aquele que já foi estabelecido pelo próprio Deus. Quer um “Download Celestial”? Ele só será feito quando o PC de Deus, a Bíblia Sagrada, estiver conectada ao seu PC, mente e coração, por meio do Wi-Fi que Deus determinou, seus olhos e ouvidos.

Fonte: NAPEC

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

É impossível viver sem mentir?


Por Josemar Bessa

Esta declaração não poderia ser mais direta e clara: “Por isso deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo...” - Efésios 4:25

A cultura a nossa volta logo se levanta para dizer que não é possível viver sem mentir. O que é uma declaração de paternidade da humanidade caída:“Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.” - João 8:44

Um servo de Deus não pode racionalizar a ordem Bíblica em Efésios ou a declaração clara de Cristo.

A questão é: Por que mentir?

Sem dúvidas existem centenas de maneiras diferentes pelas quais podemos mentir – mas todas elas fluem de uma mesma motivação.

Mentimos porque queremos obter prazer de alguma forma.

O prazer de impressionar os outros...
O prazer de conseguir ganhar mais dinheiro... (sonegando impostos, por exemplo...)
O prazer de ganhar posição para mim ou para pessoas que gosto.
O prazer de impressionar os amigos.
O prazer de ser visto como um sucesso.
O prazer de ser visto como mais espiritual.
O prazer de não se sentir tão culpado... mentindo para os outros, para nós... e a loucura das loucuras, para Deus. Racionalizamos...
Poderíamos continuar acrescentando itens a lista... é isso que queremos encontrar – obter prazer.

Então, como posso parar de mentir?

No homem natural, por fim, a mentira sempre vence: “Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai... Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira” - João 8.44

Mas Paulo está falando com os crentes em Éfeso: “Por isso deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo...” - Efésios 4:25

Para estes (nós) a chave está em entender – se somos regenerados – é entender que a mentira nos faz perder um prazer infinitamente maior – o maior de todos os prazeres. Olhar a questão simplesmente como um princípio moral – o que o mundo pode fazer – jamais levará alguém onde Deus está ordenando – aqui também precisamos do poder expulsivo de um afeto muito maior... de um prazer muito maior.

Isso é o que Jesus ensinou.

Jesus ensinou que devemos dizer a verdade: “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna” -Mateus 5.37 - E ele nos diz o porque em João 14.21: "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama. E aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele".

Então, se amarmos e guardarmos os mandamentos de Cristo (incluindo dizer a verdade) Ele promete que irá manifestar-Se a nós - o que significa que teremos ainda mais da sua proximidade e presença. Esta sempre é a razão da santidade – comunhão! – “Porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo” - 1 Pedro 1.16 – Sem desejo intenso por comunhão... outros prazeres tomarão a dianteira – e você repetirá o que o mundo diz – não dá para viver sem a mentira. Mas nós sabemos porque o homem diz isso: “Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai... Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira” - João 8.44

A promessa da manifestação crescendo aos regenerados que os impulsiona a obediência: "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama. E aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele" – João 14.21

Isto é enorme - porque é só na presença de Jesus que há plenitude de alegria: “Far-me-ás ver a vereda da vida; na tua presença há fartura de alegrias; à tua mão direita há delícias perpetuamente” - Salmos 16.11 – é onde todos os nossos anseios são satisfeitos: “E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede” -João 6.35 – é onde toda a sede do coração se esvai: “E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre” - João 7.37,38

A verdade ( só para os regenerados ) é que a proximidade e presença de Jesus é infinitamente mais gratificante do que qualquer outro coisa...

Do que impressionar outras pessoas...
Do que obter dinheiro... ou economizá-lo mentindo, sonegando...
Ter alguma posição ou vantagem.
Impressionar os outros...

Portanto, a chave para parar de mentir é confiar totalmente na promessa de Jesus de que sua presença é totalmente satisfatória, e que dizer a verdade vai me trazer mais e mais da sua presença.

Então, por que mentir? O que isso diz a respeito de nós. Ou que não somos filhos de Deus, ou que não confiamos na promessa de Cristo. É porque não confiamos que a presença de Jesus é totalmente satisfatória – confiamos que o dinheiro, ou impressionar as pessoas, ou... é mais gratificante do que Sua presença.

Como se vence a mentira então?

É uma batalha da fé contra a incredulidade e descrença – é batalhar pela fé contra a incredulidade – não racionalize – é pura incredulidade. Até eu confiar que Cristo é meu tesouro totalmente satisfatório, vou flertar com o cinismo do mundo quanto a vencer a mentira, e vou refletir o mundo. O que se for verdade numa base contínua, acabará me mostrando que eu estou errado quando quem é meu pai.

Alguns passos devem ser tomados na batalha contra a tentação de mentir.

Você não pode vencer isso com armas naturais. Vá a Cristo e confesse seu pecado de não confiar nele como seu tesouro totalmente satisfatório. Diga-lhe o profundo arrependimento que está em seu coração. Olhe para a cruz como a única maneira de você ser perdoado – “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” -João 3.14,15 – “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça” - 1 João 1.9.

Peça ao Pai para derramar o Seu Espírito...

Quando quero impressionar as pessoas mais do que desejo Cristo, isto mostra um grave problema no coração. Isso mostra que o pecado me cegou, me enganou, me tomou por presa.

Precisamos que... 

...o Espírito mude o coração – “Mas ele respondeu: As coisas que são impossíveis aos homens são possíveis a Deus” - Lucas 18.27.

...fortaleça a fé – “E logo o pai do menino, clamando, com lágrimas, disse: Eu creio, Senhor! ajuda a minha incredulidade” - Marcos 9.24.

...e nos ajude a sentir a glória toda satisfatória de Cristo – “Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo” - 2 Coríntios 4.6.

Defina e fixe o seu coração em Jesus como Ele é revelado na Palavra de Deus.

O que faz com que seu coração seja o oposto do coração do homem natural... em como pensa no dinheiro, em impressionar os outros, ter uma imagem, adquirir vantagens... Fixe o coração em Cristo como fixo é o coração do homem natural nestas coisas.

Como? Fixe todos os dias sua mente nas Escrituras e encontre nelas tudo o que mostre a majestade de Cristo, sua autoridade, compaixão, misericórdia, santidade... Onde as Escrituras descrevem Sua vida, morte, ressurreição, ascensão... Orando sobre as Escrituras... esta é a batalha contra a incredulidade – que é a raiz da mentira que deve ser mortificada... Ore pedindo ao Espírito que ilumine os olhos do coração para você sentir e saborear a glória de Cristo.

O trabalho diário do Espírito e nos levar a confiar em Jesus como tesouro totalmente satisfatória, onde nos deliciamos e o desejamos mais do que qualquer outra coisa. Tudo começa e termina com a vitória sobre a incredulidade... Tudo começa e termina com a confiança em Cristo.

Então confie nEle...

Como seu tesouro totalmente satisfatório: “Também o reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo, que um homem achou e escondeu; e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo” - Mateus 13.44.

Para lhe dar ainda mais de sua proximidade e manifestação a medida que você está comprometido com a verdade: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele” - João 14.21.

Para satisfazê-lo em Si mesmo (nEle), infinitamente mais do que você já sentiu prazer em impressionar os outros: “Como podeis vós crer, recebendo honra uns dos outros, e não buscando a honra que vem só de Deus?” - João 5.44

Para cuidar de suas finanças: “Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” - Mateus 6.33.

Para ajudá-lo em nunca procrastinar nesta direção: “Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade” -Filipenses 2.13.

Então, confiando em Suas promessas – diga a verdade, para de mentir:

“Por isso deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo...”- Efésios 4.25.

“Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira” - João 8.44.

Fonte: Josemar Bessa

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

ABUSAR DAS ESCRITURAS, ABUSAR DE DEUS


Por Daniel Wallace

Os evangélicos cristãos baseiam suas vidas na Bíblia. Acreditamos que a Bíblia é a Palavra de Deus e que esta, portanto, é uma autoridade para nós em questões de fé e prática. A Bíblia indica as grandes verdades de quem Deus é, como nos relacionamos com ele, como entendemos a nós mesmos e o mundo. Resumidamente, a Bíblia contém as palavras da vida. Crentes a usam para guiá-los no discernimento da vontade de Deus, do fundamental ao corriqueiro. Nós a lemos a fim de tanto obtermos esperança, quanto colhermos verdades. A Bíblia afeta nossas crenças, atitudes e comportamentos. Resumidamente, a Bíblia é a nossa conexão com os céus; sem esta, estamos à deriva, desprotegidos em uma terra hostil. 

PRIMEIRA RAZÃO: FALTA DE RESPEITO

Um dos curiosos fenômenos da atualidade é como os cristãos têm usado a Bíblia. Ao invés de reconhecer que ela é um livro feito de sessenta e seis livros, cada um escrito para um povo específico, por uma razão específica, tendemos a arrancar versículos fora dos seus contextos, porque as palavras concordam com o que já acreditamos. Às vezes crentes dizem coisas ingênuas como: “Deus me deu um versículo hoje”. O que há de errado como isto? Duas coisas: primeiro, esta abordagem das Escrituras não honra a autoria divina das Escrituras. Deus deu o versículo há pelo menos 1.900 anos atrás. Talvez você só tenha descoberto o versículo hoje, mas ele estava lá o tempo todo. Dizer que Deus deu um versículo hoje é realmente uma afirmação existencial, como se a Bíblia não se tornasse viva até nós a lermos de um determinado jeito. Mas a revelação cessou. Está tudo lá no Livro. Esta forma de falar soa quase como se a revelação continuasse. Mas, o trabalho do Espírito hoje, decididamente não é a nível cognitivo; ele não nos está trazendo uma nova revelação. Seu trabalho em relação à Bíblia é primariamente no âmbito da convicção; ele ajuda a convencer da mensagem da Bíblia, uma vez que ela seja devidamente compreendida. Segundo, esta abordagem (i.e., o dito método “Deus me deu um versículo hoje”) das Escrituras não honra a autoria humana da Bíblia. Quando Paulo escreveu aos Gálatas, ele escreveu uma mensagem coerente, holística. Ele nunca teve a intenção de que alguém, dois milênios mais tarde, roubasse versículos do seu contexto e os utilizasse como melhor achasse! É certo que temos o direito de citar versículos, mas não temos o direito de ignorar o contexto, ou fazer com que os versículos digam o que a língua não pode dizer. Do contrário, alguém pode vir e dizer: “Judas enforcou-se”; “Vá e faça o mesmo!” Conseqüentemente, uma razão do abuso das Escrituras é a devida falta de respeito pela Bíblia como uma obra divina e humana. A abordagem acima a torna um livro de mágico de encantamento – quase que um livro de provérbios de biscoitos da sorte sem nexo!

SEGUNDA RAZÃO: PREGUIÇA

Algo típico deste abuso das Escrituras é a preguiça. Isto é, a maioria das pessoas simplesmente não dão o devido trabalho de ler o contexto ou examinarem os significados bíblicos. E mesmo quando estas pessoas são confrontadas com evidências convincentes contrárias a suas posições, elas freqüentemente respondem descaradamente: “Esta é apenas a sua interpretação”. Este tipo de resposta soa como se todas as interpretações fossem arbitrárias, como se todas as interpretações fossem igualmente plausíveis. Esta visão é claramente falsa. Veja a seguinte sentença como exemplo: “Minha mãe gosta de manga”. Uma interpretação destas palavras não é tão válida quanto uma outra qualquer. Esta sentença não pode significar “Meu pai é um mecânico de automóveis”. “Mãe” não significa “Pai”; “gostar” não significa “ser”; “manga” não é um sinônimo de “mecânico de automóveis”. A língua não pode ser distorcida desta forma. Agora, sem um contexto, há contudo, duas opções distintas para a sentença em vista. Ou “Minha mãe gosta do fruto da mangeira” ou “Minha mãe gosta de vestimenta que não deixa os ombros (ou, os braços) expostos”. Qual é a opção certa? A única forma de saber é observar o contexto da afirmação, ou perguntar ao autor da sentença! Ambas opções são feitas na interpretação bíblica. Algumas vezes o contexto resolve o problema, outras vezes, quanto mais conhecermos a respeito do autor, mais capazes seremos para determinarmos o seu significado. Mas uma receita certa para perder o sentido do texto é ser muito descuidado com ele. Afinal de contas, Paulo não disse a Timóteo: “Procura apresentar-te a Deus aprovado”?

TERCEIRA RAZÃO: DESONESTIDADE

Outra razão para distorcer as Escrituras é simplesmente a desonestidade. Pedro relembra a sua audiência de que Paulo escreveu coisas que são difíceis de compreender, as quais os instáveis e perversos distorcem para sua própria destruição (2 Pedro 3:15-16). Eu temo que esta abordagem das Escrituras represente a atitude de um número demasiadamente alto de indivíduos, e não apenas de hereges. Com freqüência, pregadores tornam-se presas da tentação: “Isto dá uma boa pregação?” ao invés de seguirem a convicção: “É verdade?” Anos atrás, eu estava trabalhando numa igreja, preparando uma mensagem para os solteiros. O pastor estava preparando um sermão para toda a congregação. Era um sábado à noite. Ele veio ao meu escritório e me perguntou como eu entendia uma certa palavra. Eu lhe disse quais as opções que eu pensava que o texto grego permitia, dando-lhe razões em favor da minha preferência particular. A resposta dele foi: “Então, você não acha que isto significa ‘X’?” Eu lhe respondia que ‘X’ não era uma das opções; o grego não poderia ser distorcido para dar tal sentido. Aí ele disse: “Que pena. Eu já preparei meu sermão, e em um dos pontos principais, eu me baseio tomando o sentido ‘X’. É tarde demais para mudar agora”. Eu fiquei chocado. Eis aí um homem que iria subir ao púlpito no dia seguinte sabendo que iria pregar algo que não era verdade! Sem dúvida, professores da Palavra não têm todas as respostas. Há muitas coisas para as quais temos perguntas no meio do nosso ensinamento. (Tenho há muito tempo defendido que, quando não sabem, uma das coisas que professores da Bíblia devem ser é exemplos de humildade. É geralmente aí, contudo, que mais se bate no púlpito!) Mas isto é bastante diferente de saber que estamos no erro e pregar o erro de qualquer jeito. Cruzar esta linha ética traz certas conseqüências. Não foi Tiago que escreveu: “não vos torneis, muitos de vós, mestres, sabendo que havemos de receber maior juízo”?

Nem sempre podemos adivinhar as razões pelas quais algumas pessoas usam a Bíblia de tal forma que ela nunca teve a intenção de ser usada. Mas, temos a responsabilidade de ser bons administradores da Palavra. Não deve ser a nossa atitude a mesma dos Bereanos? Quando os Bereanos ouviram o evangelho que Paulo pregou, Lucas nos conta que eles eram mais nobres de mente do que os de Tessalônica, porque receberam as coisas que Paulo disse com alegria, mas também buscaram nas Escrituras para confirmar as coisas pregadas (Atos 17:11)! Devemos ouvir a Palavra sendo pregada com um ouvido crítico e um sorriso no rosto.

Nos meses que se seguem, estarei explorando alguns versículos que com freqüência têm sido distorcidos. Esses ensaios terão a intenção de ser bem abreviados. Embora seja verdade que parte de nosso propósito é corrigir alguns maus ensinamentos, esses textos seletos geralmente têm um ponto profundo, o qual precisa ser ouvido. No entanto, com freqüência não escutamos suas mensagens, porque fomos instruídos na interpretação popular por tanto tempo, que somos incapazes de reconhecer o verdadeiro significado do texto. Vamos encerrar com um exemplo. Freqüentemente em casamentos, um versículo do livro de Rute é citado: “Aonde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (Rute 1:16 ARA). As palavras são faladas pela esposa ao seu marido. É um belo sentimento, que todo marido se alegraria em ouvir sua esposa pronunciar. Mas Rute não falou estas palavras para Boaz. Ela as falou para Noemi, sua sogra! Ler estas palavras em um casamento é distorcê-las de seu contexto. Fazer tal coisa pode até ser por uma boa causa, uma expressão de um sentimento romântico, mas ainda assim é uma distorção das Escrituras.

Fonte: Teologando