domingo, 31 de janeiro de 2016

SER CHEIO DO ESPÍRITO SANTO - Fazendo a Diferença nos Relacionamentos



Por Pr. Silas Figueira

Texto base: Efésios 5.18-21

INTRODUÇÃO

O apóstolo Paulo aqui em Efésios 5.18-21 está mostrando para esta igreja que a vida conjugal, familiar, e em seu trabalho começa com a plenitude do Espírito. Sem Ele é impossível o cristão testemunhar de forma plena, pois o cristianismo é viver - não é mera filosofia ou ponto de vista. O cristianismo é prático, e a vida cristã é vida no Espírito.

Warren W. Wiersbe diz que "somente pelo Espírito podemos andar em harmonia como maridos e esposas (Ef 5.22-33), pais e filhos (Ef 6.1-4), empregadores e empregados (Ef 6.5-9). A unidade do povo de Deus descrita por Paulo em Efésios 4-1-16 deve-se na vida diária, a fim de desfrutar a harmonia que é um antegozo do céu na Terra".

O Rev. Hernandes Dias Lopes diz que "seria impossível exagerar a importância que o Espírito Santo exerce em nossa vida: Paulo já falou que somos selados pelo Espírito (Ef 1.13,14) e que não devemos entristecer o Espírito (Ef 4.30). Agora, ele ordena que sejamos cheios do Espírito Santo (Ef 5.18)". "Todavia, continua ele, é possível ser nascido do Espírito, ser batizado com o Espírito, habitado pelo Espírito, selado pelo Espírito e, ainda assim, estar sem a plenitude do Espírito".

Isso significa que esta deve ser uma experiência permanente na vida de cada cristão. Tanto que o apóstolo Paulo escrevendo aos Gálatas 5.16,17 diz:

"Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne. Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer".


Observe que há uma luta entre a carne e o Espírito. Há uma constante guerra dentro de cada um de nós e, se nós não vigiarmos a carne irá vencer e acontecerá o que o apóstolo Paulo escreveu anteriormente nesta carta aos Gálatas 5.14,15 quando ele diz:

"Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede que não sejais mutuamente destruídos".

Essa ordenança para a igreja de Éfeso é uma ordenança para todas as igrejas em todos os tempos e lugares, porque é muito difícil mantermos um bom relacionamento com Deus, com o próximo e porque não dizer com nós mesmo sem a ajuda do Espírito Santo.

D. Martin Lloyd-Jones diz que "o apóstolo está firmando um grande princípio universal. O modo de lidar com todos estes problemas, diz ele, é encher-nos do Espírito. Eles só podem ser tratados desta maneira particular". E diz mais "este princípio é ensinado em toda parte da Bíblia. Este é o único meio pelo qual o problema fundamental da guerra poderá ser resolvido [...] porque tantos não conseguem enxergar que a guerra, afinal de contas, não é senão uma disputa entre duas pessoas, ampliada - uma disputa entre marido e mulher, pais e filhos, senhores e servos. [...] A guerra não é uma coisa especial e diferente, não é um problema único, singular; é apenas o problema das relações humanas em larga escala".

Entenda uma coisa, Caim ainda está vivo, sua natureza ainda vive em cada um de nós, por herança. Varia em suas manifestações, mas está em cada um de nós. "De onde procedem as guerras e contendas que há entre vós?" pergunta Tiago em sua epistola; e responde: "de onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne?" (Tg 4.1).

Onde não há a Plenitude do Espírito operando, o que opera e impera é o espírito de discórdia e de intriga, literalmente as obras da carne - inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, inveja (Gl 5.20,21). Por isso que antes do apóstolo Paulo falar de relacionamentos, ele fala de sermos cheios do Espírito Santo. Algumas pessoas dizem que se vivermos uma ética cristã poderemos ser felizes em nossos relacionamentos; quem pensa assim desconhece que o cristianismo não é uma ética, e nem um estilo de vida. O cristianismo é a vida de Deus em nossas vidas, é sermos testemunhas fiéis de Cristo nesta terra (At 1.8); é vivermos uma vida santa e irrepreensível com a ajuda do Espírito Santo. É viver na presença de Deus tendo prazer em estar em Sua presença.

D. Martin Lloyd-Jones diz que "o apóstolo Paulo não está escrevendo um tratado para o Estado, ou para o povo em geral; não era algo para ser enviado ao imperador romano e seu governo de Roma. Não, ele está escrevendo para a Igreja, para várias igrejas; ele está se dirigindo ao povo cristão. Por isso escreve com total confiança". 

Esse assunto aqui não uma questão de ética é o cristianismo na prática. É para mim e para você; e nós, como igreja, devemos levar muito à sério este assunto, pois depende de cada um de nós sermos ou não cheios do Espírito Santo ou estarmos embriagados com o vinho que o mundo oferece. 

Quais as lições nós podemos tirar desse texto.

EM PRIMEIRO LUGAR, HÁ UMA ORDENANÇA NEGATIVA (Ef 5.18).

A negativa - "E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução". F. Davidson diz que "o contraste notável do versículo 18 não seria notado tão prontamente por um crente de nossa época; mas o hábito da embriagues era tão universal entre as populações pagãs, das quais os cristãos gentios se originaram que tal contraste lhes era realmente apropriado". Tanto que naquela época era comum crianças comerem pão encharcado de vinho.

Na mitologia grega, Dionísio era o deus do vinho, pois possuía os conhecimentos e segredos do plantio e colheita da uva. Possuía também os segredos da produção do vinho. Era também associado às festas e atividades relacionadas ao prazer material. Era filho de Zeus (deus dos deuses) com a princesa Sêmele. Para os romanos ele era conhecido como Baco. Este era o deus que muitos da igreja de Éfeso adoraram. Com esta negativa - de não se embriagarem - Paulo está querendo mostrar o perigo da embriagues, mas ao mesmo tempo ele mostra que há uma semelhança entre estar embriagado e cheio do Espírito Santo. Vejamos:

1º - A vida cristã é uma vida controlada, uma vida ordenada. É exatamente o inverso da condição de um ébrio, que perdeu o controle e está sendo controlado pela bebida. O excesso de vinho leva a uma condição caracterizada acima de tudo pela perda do entendimento, pela perda da delicadeza, pela perda da capacidade de julgar, pela perda do equilíbrio. É o que a bebida faz.

Francis Foulkes comenta que "este era um perigo no seio da igreja nos dias do Novo Testamento, principalmente entre aqueles que viessem a ser escolhidos para funções de liderança, tal como mostram 1Timóteo 3.3, 8 e Tito 1.7 e 2.3.

D. Martin Lloyd-Jones que também era médico disse que "a bebida não é um estimulante, é um agente de depressão. Deprime antes de tudo os núcleos mais elevados do cérebro. Estes são os primeiros a serem influenciados e afetados pela bebida. Eles controlam tudo que dá ao homem o domínio próprio, a sabedoria, o entendimento, a discriminação, o juízo, o equilíbrio, a capacidade de avaliar tudo; noutras palavras, controlam tudo que faz o homem comportar-se no nível máximo e melhor. [...] O homem que pode controlar seus sentimentos, o seu temperamento, as suas disposições e as suas paixões, obviamente é melhor e maior do que o homem que não tem esse autocontrole". 

2º - A vida cristã não é de desperdício, mas uma vida produtiva. Um cristão é uma pessoa que não desperdiça a sua vida. Ele não joga fora a sua vida, mas tem sua vida é uma boa terra que produz cem por um.

Francis Foulkes diz que "o verbo dissolução no grego é asotia, que envolve não apenas a ação descontrolada do homem bêbado, mas também a ideia de desperdício. O advérbio correspondente é empregado na conhecida expressão "vivendo dissolutamente", conforme se encontra na parábola do filho pródigo (Lc 15.13)". A bebida sempre leva ao excesso; ao esbanjamento e a destruição. Foi isso que ocorreu com o filho pródigo. Ele desperdiçou seu tempo, suas energias e o que antes era lindo e maravilhoso tornou-se a sua derrota.

Exemplo: Nicolino Locche era um famoso boxeador argentino. Ele era um boxeador tão talentoso que podia passar as noites anteriores às suas lutas bebendo e se divertindo em casas noturnas, e ainda assim vencer no dia seguinte. Nicolino era um campeão incontestável, mas, pouco a pouco, sua falta de concentração e preparo físico, e seu estilo de vida desregrado, começou a afetar seu desempenho. Logo, a Argentina começou a ver Nicolino sendo fácil e vergonhosamente derrotado. Com o tempo, ele perdeu os seus reflexos rápidos e não conseguiu mais se recuperar. Sua carreira terminou em derrota. Nicolino era bom no ringue, mas usava mal seu tempo livre. Isso provocou a sua queda.

3º - A vida cristã não é uma vida negativa. Muitas pessoas pensam que o cristianismo leva a pessoa à infelicidade. Que o cristianismo é uma religião cheia de regras, de pode e não pode. Que o cristão não goza os prazeres da vida.

Na verdade quem olha de fora talvez pense isso, mas quem está dentro e desfruta da graça do Senhor e está cheio do Espírito sabe que isso é uma grande mentira do diabo. Na verdade, o cristão sabe que o mundo passa assim como a sua concupiscência (1Jo 2.17). Antes ele era um escravo, mas agora, em Cristo Jesus, ele é livre (Gl 5.1).

Como disse o apóstolo Paulo em 1Co 6.12-20, todas as coisas nos são lícitas, mas nem todas as coisas convém. Isso se chama liberdade com responsabilidade.

EM SEGUNDO LUGAR, HÁ UMA ORDENANÇA POSITIVA (Ef 5.18).

A positiva - "Mas enchei-vos do Espírito".

John MacArthur diz que "ser cheio do Espírito Santo, é submeter os nossos corações à autoridade de Cristo, permitindo que a Sua Palavra domine nossas atitudes e ações. Seus pensamentos tornam-se o objeto de nossa meditação, seus padrões viram a nossa maior busca, e sua vontade se torna o nosso maior desejo. À medida que nos submetemos à verdade de Deus, o Espírito nos leva a viver de uma maneira que honre ao Senhor".
Entendemos com isso que estar cheio do Espírito Santo é desfrutar o melhor da vida.

1º - A vida cristã é maravilhosa, pois o Senhor habita em nós. No momento em que a pessoa se converte a Cristo, esta passa a ser cheia do Espírito Santo. Ela passa a ser templo do Espírito (1Co 6.19). É selada com o Espírito (Ef 1.13,14). Tudo isso indica que o Senhor o Espírito habita em nós e nos garante a nossa salvação. E Ele quem nos convence do pecado (Jo 16.8). É Ele quem ilumina os nossos corações para entendermos as Escrituras (Jo 14.26). É Ele quem nos consola e intercede por nós com gemidos inexprimíveis (Rm 8.26,27). É Ele quem testifica em nossos corações que somos filhos de Deus (Rm 8.16). Isso o mundo não tem (Jo 14.16,17).

2º - A vida cristã é um processo contínuo do encher-se do Espírito. A Palavra nos diz que não devemos entristecer o Espírito (Ef 4.30), isso que dizer que o Espírito Santo é uma Pessoa e, como tal se relaciona com cada um de nós. Queremos dizer com isso que há uma necessidade em nós de mantermos esta comunhão para estarmos sempre cheios dEle.

As pessoas que estão bêbadas entregam-se a ações desenfreadas, dissolutas e descontroladas. Perdem o pudor e a vergonha, envergonham a família e traz tristeza aos que os amam. Tais pessoas não agem segundo o Espírito, mas segundo o deus deste mundo.

O Rev. Hernandes Dias Lopes diz que "os que buscam uma fuga para seus problemas no fundo de uma garrafa, encontram apenas um substituto barato, falso, maldito e artificial para a verdadeira alegria".

O Espírito Santo é o oposto de tudo isso. Veja o que nos diz Paulo a respeito do fruto do Espírito e Gálatas 5.22-25.

Por isso que o "Estar cheio do Espírito" é um processo contínuo, pois se o excesso de álcool desumaniza, e transforma o ser humano em fera, a plenitude do Espírito Santo nos torna humano, pois nos torna como Cristo. Por isso que é um processo contínuo, crescente e temos que desejá-lo.

Exemplo: Lemos no livro de Atos que os discípulos foram cheios do Espírito Santo em At 2, mas depois disso nós vemos que ocorreram outras manifestações do Espírito Santo os enchendo novamente. Veja At 4.31 - depois de orarem; At 7.55,56 - Estevão estava cheio do Espírito Santo mesmo na hora do seu assassinato; Atos 13.52 - nos diz que Paulo toma a decisão de ser apóstolo dos gentios e eles, os discípulos gentios, ouvindo isso transbordavam de alegria e do Espírito Santo. Estar cheio do Espírito é uma questão de como vive a pessoa que teme a Deus. É nos mantermos debaixo da fonte.

R. N. Champin diz que "o vinho degenera; o Espírito Santo eleva. O vinho conduz ao deboche; o Espírito Santo enobrece. O vinho nos torna bestiais; o Espírito Santo nos torna celestiais". 


3º - A vida cristã cheia do Espírito nos afasta do pecado. À medida que nos enchemos do Espírito o pecado não tem domínio sobre nós. Veja o que o apóstolo Paulo nos diz em Rm 6.12, 19, 22:

"Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões; Falo como homem, por causa da fraqueza da vossa carne. Assim como oferecestes os vossos membros para a escravidão da impureza e da maldade para a maldade, assim oferecei, agora, os vossos membros para servirem à justiça para a santificação. Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna".

Estar cheio do Espírito é uma questão de relacionamento pessoal, e, como cristãos somos pessoas responsáveis. Nós não podemos viver na passividade. O mundo, a carne e o diabo continuam aí, e temos que resisti-los. E também temos que ouvir positivamente o Espírito e dedicar tempo e atenção a Ele.

À medida que damos ouvidos à direção do Espírito através da Palavra, nós nos tornamos melhores crentes, pois a Palavra é inspirada por Ele (1Pe 1.21), e ela nos avisa dos perigos do pecado e nos mostra as suas consequências (Rm 6.23).

EM TERCEIRO LUGAR, AS CONSEQUÊNCIAS POR ESTARMOS CHEIOS DO ESPÍRITO SANTO (Ef 5.19-21).

Como já falamos anteriormente a Plenitude do Espírito é uma ordem dada por Deus a cada um de nós. Ele torna-nos mais humanos, mais parecidos com Jesus. Mas quais os benefícios práticos que isso nos leva? Podemos enumerar quatro resultados benéficos de estar cheio do Espírito Santo listado por John Stott:

O primeiro resultado é Comunhão (Ef 5.19a). O apóstolo Paulo diz: "Falando entre vós com salmos". Aqui o apóstolo está fazendo referência ao culto público, quando a igreja se reunia para adorar a Deus.

A palavra comunhão na língua portuguesa significa a participação comum em crenças e ideias. No NT a palavra usada pelos escritores sacros para comunhão é koinonia, e significa literalmente compartilhar aquilo que temos em comum e, neste contexto, a palavra é usada no sentido de compartilhar com o propósito de edificar ou melhorar uns aos outros (At 2.44).

Ingredientes Para Um Cultivo Saudável da Comunhão Cristã.

a) Amor. Querer bem ao próximo, tratando-o com carinho. O amor é um atributo divino, oferecido e compartilhado ao homem, para esse relacionar-se qualitativamente com outras pessoas, tendo oportunidade de demonstrar afetuosidade e apreço - Rm. 12.10, 13.8, 13.10; Gl. 5.14; 1 Jo. 2.10.

b) Respeito. Qualquer indivíduo merece ser tratado com atenção e consideração, independente de sua cor, grau de instrução ou posição social. Entre essas pessoas, o grupo mais desprezado neste quesito são os idosos, num total desrespeito à pessoa humana e também uma grave desobediência à Palavra de Deus - Pv. 20.29; 1 Ts. 5.12-13; Hb. 10.24; Rm. 13.7.

c) Suporte. É uma qualidade que não pode ser confundida com tolerância, pois, como uma das ações essenciais para a saudável comunhão cristã, suportar é a capacidade de oferecimento voluntário e espontâneo que o crente possui para sustentar os mais fracos na fé. Portanto, dá-nos uma clara ideia de um tipo de esteio que suporta uma pesada e frágil parede, impedindo-a de cair e se espatifar ao chão - Rm. 15.1; Ef. 4.1-2; Cl. 3.13.

d) Humildade. Qualidade extremamente importante no caráter de qualquer pessoa. A humildade é a virtude que manifesta o sentimento de nossa fraqueza. É a forma simples, modesta e equilibrada como alguém age e define a si mesmo - Lc. 14.11; Rm. 12.3; Fl. 2.3, 4.12; 1 Pe. 5.5.

e) Compaixão. Compaixão (do latin compassione) pode ser descrito como uma compreensão do estado emocional de outrem; não deve ser confundida com empatia. A compaixão frequentemente combina-se a um desejo de aliviar ou minorar o sofrimento de outra pessoa, bem como demonstrar especial gentileza com aqueles que sofrem. A compaixão pode levar alguém a sentir empatia por outra pessoa. A compaixão é freqüentemente caracterizada através de ações, na qual uma pessoa agindo com espírito de compaixão busca ajudar aqueles pelos quais se compadece - Mt. 14.14, 20.34; Mc. 8.2.

O Rev. Hernandes Dias Lopes diz que "o crente cheio do Espírito não vive resmungando, reclamando da sorte, criando intrigas, cheio de amargura, inveja e ressentimento; sua comunicação é só de enlevo espiritual para a vida do irmão". Como nos fala o Salmo 133.

O segundo resultado é Adoração (Ef 5.19b). Aqui o cântico não é "entre vós", mas "ao Senhor". O cântico é direcionado a Deus e só a Ele somente. Mas o que temos mais visto por aí são adoradores de celebridades. São "crentes" interessados no artista, uma tietagem que chega ao ridículo; e o pior, os artistas adoram - pelo menos a maioria.

A adoração é dirigida a Deus e não ao homem. É dirigida ao Criador dos céus e da terra, e não a meros seres humanos falíveis e mortais. A adoração é dirigida ao Soberano Senhor e sustentador e não a homens que se quer conhecem o dia de amanhã.

Devemos adorar ao Senhor com entusiasmo e profunda alegria. Sabendo que o verdadeiro culto a Deus é em espírito e em verdade. Não é adoração fria, formal e sem entusiasmo. Devemos adorá-lo como nos fala no livro de Apocalipse 5.7-14.

O terceiro resultado é Gratidão (Ef 5.20). O crente cheio do Espírito é grato a Deus. O texto nos diz que devemos ser grados a Deus por tudo, no entanto, é necessário interpretar corretamente esse versículo. Não é ser grato pelo mal moral, isso é insensatez e blasfêmia. Devemos ser gratos a Deus pelo Seu cuidado para com cada um de nós, ainda que nos venha ocorrer momentos de sofrimento, pois bem sabemos que o Senhor está conosco todos os dias e, que "todas as coisas cooperam para o bem dos que amam a Deus". É ser grato, pois bem sabemos que o Senhor pode transformar o mal em bem, e entender que o mal pode servir aos Seus propósitos (Gn 50.20; Rm 8.28; 2Co 12.10).

O quarto resultado é Submissão. A base dessa submissão mútua é o amor, porquanto é o egoísmo que se recusa em considerar as necessidades e desejos dos outros, e que sempre impõe a sua própria vontade.

O Rev. Hernandes Dias Lopes diz que "uma pessoa cheia do Espírito Santo não pode ser altiva, arrogante e nem soberba. Os que são cheios do Espírito Santo têm o caráter de Cristo, são mansas e humildes de coração. Em Cristo, devemos ser submissos uns aos outros". A base dessa submissão se encontra em Fl 2.3-8.

Há uma ideia de que submissão é uma forma de inferioridade, mas não é isso que o texto nos ensina e, muito menos a Bíblia. Aqui o apóstolo Paulo fala se submissão espontânea uns aos outros. Observe que o texto diz que devemos nos sujeitar uns aos outros no temor de Cristo; ou seja, a autoridade vem de Deus. Por trás do marido, do pai, do patrão, devemos discernir a próprio Senhor que lhes deu a autoridade que têm. Portanto, se quiserem se submeter a Cristo, submetam-se a eles.

No entanto, essas autoridades humanas são limitadas. Por isso não podemos nos sujeitar a elas de forma ilimitada, principalmente se tais autoridades nos levam a desobedecer à autoridade de Deus (At 5.29).

CONCLUSÃO

Entendemos através desse texto que para que possamos ter um bom relacionamento com as pessoas é necessário ser cheio do Espírito Santo, pois é Ele que nos ajuda a sermos melhores maridos, esposas, filhos e filhas, patrões e empregados (Ef 5.22-33; 6.1-9). Como disse D. Martin Lloyd-Jones: "A guerra não é uma coisa especial e diferente, não é um problema único, singular; é apenas o problema das relações humanas em larga escala".

Através do Espírito Santo nós podemos ser melhores crentes e melhores cidadãos, mas para isso eu devo procurar ser cheio dEle e não viver embriagado com os prazeres deste mundo.

Pense nisso!

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

FOGO ESTRANHO GERA MORTE



Por Pr. Silas Figueira

Texto base Levítico 10.1-3

INTRODUÇÃO

O sacerdócio de Israel foi outorgado à família de Arão, da tribo de Levi, e o ofício era hereditário, de forma que somente por nascimento alguém podia ganhar entrada. Os primeiros sacerdotes foram: Arão, Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar.

No capítulo oito de Levítico nós encontramos Arão e seus filhos sendo consagrados ao santo sacerdócio; Moisés estava executando as instruções dadas pelo Senhor registradas em Êxodo 28 e 29. No capítulo nove de Levítico vemos Arão e seus dois filhos Nadabe e Abiú oferecendo sacrifício por eles mesmos e pelo povo. Após esses sacrifícios o Senhor manifesta a Sua Glória e Sua aprovação derramando fogo do céu consumindo o holocausto (Lv 9.24). A obediência à ordem divina resultou na descida do fogo do Senhor aprovando aquele ato e confirmando Arão e seus dois filhos como sacerdotes do Deus Altíssimo.

O fogo é considerado um símbolo sagrado por quase todos os povos e quase todas as religiões. Tem sido instrumento de proteção de Deus (Nm 9.16), símbolo do Espírito Santo (Is 4.4; At 2.3); de manifestação da glória e poder divinos. Veja por exemplo: a sarça ardente (Êx 3.2); a vindicação da Lei (Êx 3.4); a vitória de Elias (1Rs 18.38). Além disso, o fogo é sinal apocalíptico de juízo: Jesus vai voltar em chamas de fogo (1Ts 1.7,8); o fogo foi instrumento de juízo e de destruição em Sodoma e Gomorra (Gn 19.24); e aparece associado a pragas (Êx 9.23,24; Nm 11.1,3,4; Nm 16.35); além disto, há profecias que advertem acerca da destruição pelo fogo que aguarda o mundo (Ap 8.7; 11.5; 18.8; 20.9; 2Pe 3.10-13).

O capítulo dez de Levítico nos mostra que o mesmo fogo que confirma a bênção também é o fogo do juízo. Vemos aqui a luta do fogo. É fogo contra fogo. É o fogo puro consumindo o fogo impuro, ou seja, Deus responde com fogo santo e o fogo de Deus consome aqueles que trazem o fogo estranho do homem, para diante dEle.

Warren W. Wiersbe diz que "um dia que deveria ter encerrado com a gloriosa adoração a Deus terminou, em vez disso, com o funeral de dois dos filhos de Arão".

R. N. Champlin diz que "toda a alegria e o senso de triunfo que assinalaram o início dos serviços sacerdotais foram maculados pelo ato imprudente de Nadabe e Abiú. O mesmo poder que havia abençoado (Lv 9.23,24), agora tirava a vida. Por meio do fogo, pecaram; por meio do fogo morreram".

Estes dois irmãos eram sacerdotes do Deus Altíssimo, eles não eram levitas de segunda classe. Nadabe era o herdeiro natural ao cargo de sumo sacerdote, e Abiú era o próximo da lista. Eles eram os filhos mais velhos de Arão. Seus nomes encabeçam a lista dos nobres de Israel (Êx 24.9). Estes dois irmãos, juntamente com os outros setenta anciãos, receberam, no Sinai, o privilégio de subir parcialmente o monte e ver à distância como Deus estava ali, falando com Moisés (Êx 24.9,10). Nadabe e Abiú estiveram mais perto de Deus do que provavelmente qualquer outra pessoa. A nenhum outro israelita, exceto ao próprio Moisés, fora dado um privilégio tão grande, diz John MacArthur.

Aqueles dois homens estavam encharcados com óleo da unção (Êx 30.22-33; Sl 133.2), quando o fogo de Deus caiu sobre eles entende-se que eles viraram uma tocha viva. Um ato impensado gerou uma triste realidade. Arão e seus outros filhos se quer puderam lamentar a morte de seus entes queridos. Porque Arão e seus dois filhos mais jovens achavam-se em estado de pureza ritual e, se tivessem se chegado aos mortos, perderiam essa pureza e ficariam cerimonialmente imundos e seriam mortos pelo Senhor também.

Se eles tivessem tal atitude estavam dando a entender que não concordavam com o severo juízo que - seus filhos e irmãos - haviam recebido do Senhor; se fizessem tal coisa morreriam também (Lv 10.6,7). Só os parentes e o povo tinha a liberdade de efetuar os ritos normais de lamentação pelos mortos. Os laços terrenos não podiam interferir nos deveres para com Deus. Assim, seria um pecado um sacerdote lamentar-se, enquanto ministrava diante do Senhor (Lv 21.10-12).

Os sacerdotes não podiam contaminar-se pelos mortos, exceto pelos parentes mais próximos (Lv 21.1-6), isso quando eles não estivessem em serviço.

Talvez você pense: "Porque Deus agiu assim? Não poderia somente admoestá-los?" Mas, com frequência, no começo de uma nova era de salvação, o Senhor trouxe juízo, a fim de advertir o povo. Exemplos: quando o povo hebreu entrou na terra prometida - Deus usou a desobediência de Acã (Js 7) para corrigir o povo; a morte de Uzá quando Davi trouxe a arca para Jerusalém (2Sm 6), para mostrar que Davi estava fazendo de forma errada. No início da igreja, a morte de Ananias e Safira (At 5), para desmascarar a hipocrisia. 

O que podemos aprender com este triste episódio e quais as lições que podemos tirar para nossas vidas?

EM PRIMEIRO LUGAR: VAMOS ANALISAR OS PECADOS QUE NADABE E ABIÚ COMETERAM (Lv 10.1).

Tudo o que esses dois homens fizeram foi errado:

1º - Cada um deles tomou seu próprio incensário - o incensário era sagrado e do santuário não pertencia a eles.

2º - Ofereceram incenso ao mesmo tempo, quando um só poderia fazê-lo.

3º - Eram as pessoas erradas para manusear o incenso e apresentá-lo ao Senhor. Essa era a tarefa do pai deles, o sumo sacerdote (Êx 30.7-10).

4º - Agiram na hora errada, pois era somente do Dia da Expiação que o sumo sacerdote tinha permissão de levar incenso para dentro do Santo dos Santos e, mesmo assim, precisava submeter-se a um ritual especial de purificação (Lv.16).

5º - Não agiram sob autoridade nenhuma - nem de Moisés e nem de Arão e muito menos do Senhor.

6º - Não procuram seguir a Palavra de Deus que Moisés havia recebido e dado a eles.

7º - Ao queimarem o incenso usaram fogo de outro lugar e não do altar, por isso, foi chamado de "Fogo Estranho". O sumo sacerdote havia sido ordenado a queimar o incenso com brasas tiradas do altar de bronze (Lv 16.12). O fogo sobre o altar tinha descido da parte de Deus e era mantido aceso perpetuamente (Lv 6.12,13). 

8º - Agiram com a motivação errada e não buscaram glorificar ao Senhor (Lv 10.3).

9º - Estavam sob a influência errada, estavam embriagados. Os versículos 9 e 10 deixam implícito que estavam sob a influência do álcool.

10º - E pior, eles fizeram o que Deus não ordenara (Lv 10.1).

John MacArthur diz que "o cerne do pecado foi aproximar-se de Deus de forma descuidada, arrogante, inadequada, sem a reverência que Ele merecia. Eles não o trataram como santo nem exaltaram o seu nome diante do povo".

Como nos diz Rm 6.23: "O salário do pecado é a morte". E foi exatamente isso que Nadabe e Abiú encontraram para si.

EM SEGUNDO LUGAR: COMO IDENTIFICAR O FOGO ESTRANHO HOJE.

Entenda que o Fogo é o símbolo do Espírito Santo e "a terceira pessoa da Trindade é perigosa para quem quiser oferecer-lhe fogo estranho!", disse John MacArthur.

1º - O Fogo Estranho é fabricado pelo homem: O Fogo Estranho hoje é o mesmo que Nadabe e Abiú ofereceram, é um fogo fabricado pelo homem; é um fogo que não procede de Deus e nem é ordenado por Ele. É estranho porque é mundano, danoso, procede de Satanás, embora traga euforia ao coração do homem não gera vida nesse coração.

R. N. Champlin diz que "metaforicamente, fogo estranho passou a indicar aquele fervor, zelo, sistema religioso e práticas místicas e religiosas que são estranhas ao cristianismo bíblico".

Isso tem sido tão comum em algumas igrejas ditas "evangélicas" que A. W. Tozer disse que "se Deus tirasse o Espírito Santo do mundo, boa parte daquilo que a igreja está fazendo prosseguiria como se nada tivesse acontecido e ninguém notaria a diferença".

2º O Fogo Estranho gera confusão: o fogo estranho gera muita confusão e falta de discernimento, pois quem está influenciado por ele não adora a Deus.

Exemplo:

Em uma reunião de oração realizada por uma igreja pentecostal, uma mulher "cheia do Espírito Santo" caiu em êxtase e derrubou um menino que estava falando em línguas. Depois de colidir com os bancos, o menino levantou-se, cuidando dos lábios que estava sangrando, e levantou-se questionando: "Oh, por quê?".

Este incidente suscitou dúvidas nos espectadores e também nos visitantes: como foi que o Espírito Santo que estava em alguém derrubou o Espírito Santo que estava em outra pessoa de modo que a feriu?

Eu quero deixar claro aqui que eu creio no agir de Deus, na ação do Espírito Santo no meio da igreja, mas que há por aí muita coisa estranha isso há.

3º - O Fogo Estranho não gera vida, mas morte: Quando Nadabe e Abiú ofereceram fogo estranho o Senhor os matou, pois tal fogo não procedia de Deus e nem o Senhor lhes havia ordenado que lhe trouxessem (Lv 10.1). O fogo estranho hoje tem gerado muitas mortes espirituais, aliás, não tem gerado vida em ninguém. Há muito alvoroço, muito barulho, muita algazarra, mas não passa de uma espiritualidade morta.

4º - O Fogo Estranho centraliza o líder e não Cristo (Lv 10.1): Observe que Nadabe e Abiú centralizaram neles a adoração, mesmo aparentemente estando diante do Senhor. O que temos visto hoje também são líderes que são o centro das atenções. Observe as fachadas de muitas igrejas por aí e você verá que o foco é no líder e não em Cristo. Alguns fazem questão de por as suas fotos na entrada da igreja e tudo mais.

Esses líderes se mostram muito espirituais, passam a ideia de que tem revelações constantes da parte de Deus. Já vi um que falava com Deus como se estivesse falando em um celular - coisa ridícula. Esses líderes fazem de suas "experiências" espirituais o carro chefe dos seus ministérios. Contam histórias fantásticas sobre a vida após a morte, e até fazem carreira no circuito de palestras falando sobre o que supostamente viram no céu. Eles agem completamente ao contrário dos apóstolos e, principalmente, do apóstolo Paulo. O apóstolo Paulo disse que gabar-se de sua experiência "não era conveniente" (2Co 12.1) ou espiritualmente benéfico. Por quê? Porque mesmo sendo uma experiência verdadeira, não pode ser verificada ou repetida. Se Paulo iria se vangloriar por algo, seria da verdade do Evangelho e da maravilha de sua própria salvação (Gl 6.14).   

5º - O Fogo Estranho não gera temor a Deus (Lv 10.1): Esse dois indivíduos comparecem diante de Deus com fogo estranho, sem nem um temor. Por isso que muitas igrejas hoje não se opõem ao mundo, para eles a santificação é algo que não tem importância. Os falsos mestres são caracterizados pela associação com o mundo - uma referência ao sistema espiritual do mal, dominado por Satanás, que se opõe a Deus e persegue luxúrias temporais (Ef 2.1-3; 1Jo 2.15-17, 4.4,5, 5.19).

Exemplo: Em maio se 1926, Aimee Semple McPherson - uma famosa profetisa e fundadora da Igreja Internacional do Evangelho Quadrangular - desapareceu enquanto nadava em uma praia de Los Angeles. Seu desaparecimento repentino foi notícia de primeira página em todos os jornais dos Estados Unidos na época. Seus seguidores lamentaram a perda, pensando que ela havia se afogado. No entanto, ela reapareceu algumas semanas depois, alegando ter sido sequestrada e aprisionada no México, mas conseguiu se soltar e atravessou o deserto a pé, corajosamente fugindo dos sequestradores. No entanto, os investigadores encontraram furos na história quase de imediato, especialmente quando as evidências mostravam que ela, na verdade, estava em uma cidade próxima a Los Angeles, na costa da Califórnia se divertindo em um ninho de amores com um engenheiro da sua própria estação de rádio.   

John MacArthur diz que "quando um movimento é caracterizado por prioridades mundanas e atividades carnais, isso levanta consideráveis bandeiras vermelhas acerca das forças espirituais por trás dele".

6º - O Fogo Estranho dá muita ênfase ao Espírito Santo, mas não glorifica a Cristo e passa longe da Cruz. E isso aqui é muito sério. O Fogo Estranho tem a aparência de espiritual, mas não é. O Espírito não glorifica a si mesmo, Ele glorifica o Filho. O Espírito Santo não só dirige nossa atenção para o Senhor Jesus; Ele também nos ajusta à imagem de Cristo (2Co 3.18).

O pastor Chuck Swindoll é ainda mais explícito a este respeito. Diz ele: "Anote isto: o Espírito glorifica Cristo. Vou um pouco mais longe: se o próprio Espírito Santo está enfatizando e glorificando a si mesmo, não é Ele! Cristo é o único que é glorificado quando o Espírito está operando. Ele faz o seu trabalho nos bastidores, nunca no centro das atenções". Confira isso em João 16.7-14.

Creio que não há necessidade de nos prolongarmos mais nesse ponto.

EM TERCEIRO LUGAR: O QUE O ESPÍRITO SANTO GERA NA IGREJA.

A obra do Espírito Santo na experiência pessoal não pode ser desvinculada da Escritura, o que nega isto é Fogo Estranho. O Espírito não fala em formas que independem da Escritura. À parte da Escritura nunca teríamos conhecido a graça de Deus em Cristo. A Palavra bíblica, e não a experiência espiritual é o teste da verdade. Por isso que o Fogo do Espírito dentro desse texto que estamos estudando nos mostra cinco coisas básicas:

1º - O Fogo do Espírito gera verdadeira adoração (Lv 9.24).

2º - O Fogo do Espírito gera temor a Deus (Lv 9.24).

3º - O Fogo do Espírito gera alegria espiritual verdadeira (Lv 9.24).

4º - O Fogo do Espírito gera reverência a Palavra (Lv 10.8-11).

5º - O Fogo do Espírito gera juízo (Lv 10.2).

Mas tudo isso é gerado, pelo Espírito Santo aplicando em nossos corações a Escritura. Só a Escritura é a regra inerrante da vida da igreja, mas a igreja evangélica atual fez separação entre a Escritura e sua função oficial. O Fogo Estranho está agindo no seio da igreja tentando minar essa autoridade. Na prática, a igreja atual - na sua maioria - é guiada, por vezes demais, pela cultura. Técnicas terapêuticas, estratégias de marketing, e o ritmo do mundo de entretenimento muitas vezes tem mais voz naquilo que a igreja quer, em como funciona, e no que oferece, do que a Palavra de Deus.

O Fogo Estranho nega as Escrituras e, como um camaleão, muda de cor e se adapta ao meio com a intenção de agradar aos seus ouvintes, não se importando em agradar a Deus. O Fogo Estranho age totalmente contrário ao que os apóstolos deixaram de exemplo: "Antes importa obedecer a Deus do que aos homens" (At 5.29).

Na época da Reforma Protestante o Espírito Santo agiu de forma tremenda para que o Fogo Estranho fosse apagado e a Glória do Senhor fosse revelada. Vejamos os cinco pontos, ou as cinco solas, da Reforma Protestante:

1 - Soli Deo Gloria (Glória somente a Deus)

2 - Sola Fide (Somente a Fé)

3 - Sola Gratia (Somente a Graça)

4 - Sola Christus (Somente Cristo)

5 - Sola Scriptura (Somente as Escrituras)

O Fogo Estranho nega isso e nega também a depravação do homem, pois os líderes que são guiados pelo Fogo Estranho não se importam com o pecado.

Depravação Total é um nome dado para uma das cinco doutrinas da graça que tratam da operação salvífica de Deus para a humanidade. A saber, as cinco doutrinas são:

- Depravação Total (Total Depravity)

- Eleição Incondicional (Uncondicional Election)

- Expiação Limitada (Limited Atonement)

- Graça Irresistível (Irresistible Grace)

- Perseverança dos Santos (Perseverance of the Saints)

Em inglês, as sentenças formam um acróstico, TULIP (tulipa, em português), figura que é usada como referência à doutrina destes cinco pontos. Não é sem significado que as doutrinas sejam representadas por uma flor; afinal, elas exalam o cheiro suave do amor gracioso do Senhor.

CONCLUSÃO

Espero que o que foi abordado aqui hoje venha alertar a todos que nós estamos em uma guerra espiritual. Que nós precisamos levar a sério essa questão do Fogo Estranho, pois tal fogo gera morte e tem levado muitos ministérios para longe do Senhor trazendo maldição para suas vidas.

Que o temor do Senhor esteja em nossos corações e que possamos entender que ser cristão é levar Deus a sério, parar de pensar que o mundo não tem nada a ver e entender que quem brinca com o Fogo de Deus trás para si a morte. Mas quem tem temor e tremor diante de Deus trás para si vida eterna e alegria no Espírito.

Pense nisso!

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

UM MILAGRE QUE ATRAI UM DISCURSO QUE AFASTA


Por Pr. Silas Figueira

Texto base: Jo 6.41-66

INTRODUÇÃO

O Evangelho de João capítulo seis é um texto riquíssimo, ele começa com uma numerosa multidão sendo alimentada por Jesus, através da multiplicação dos pães e dos peixes, e termina somente com os dose apóstolos - sendo que Judas Iscariotes já fora identificado por Jesus como o traidor - ou seja, termina somente com onze, tudo porque Jesus no seu sermão diz que Ele era o Pão da Vida. 

Todos queriam o alimento físico, mas o alimento espiritual poucos estavam interessados. O alimento físico atrai as multidões, o alimento espiritual as afasta. O alimento físico faz com que as pessoas procurem Jesus (v. 26), o alimento espiritual faz com essas mesmas pessoas o deixem (v. 66). 

O Rev. Hernandes Dias Lopes diz que "o milagre da multiplicação dos pães foi uma ilustração viva do sermão sobre o pão da vida". Quando vemos os milagres que Jesus operou, geralmente, ele vinha com a intenção de ilustrar um ensino que Ele - Jesus - havia começado a ensinar. Foi o que Ele fez através da multiplicação dos pães e dos peixes.

Jesus quis mostrar em Seu sermão qual a verdadeira comida que aquela multidão necessitava; a que dá a vida eterna (v. 35), e não a comida que perece, a que eles buscavam. No entanto, essa mensagem não agradou aos seus ouvintes, pois tais palavras lhes pareciam loucura (vs. 51, 52, 60, 66). 

Essa é a grande questão ainda hoje. Muitas pessoas tem procurado Jesus pela comida que perece e não pela comida que dá a vida eterna. As pessoas querem o pão imediato, o aqui e agora e não querem comunhão com Jesus que é o Pão da Vida que alimenta a alma. 

Quando Jesus passou a ensinar o verdadeiro significado do pão as multidões se afastaram dEle escandalizadas. Isso nos mostra que as pessoas não querem a verdade, elas querem um evangelho medíocre, momentâneo, um evangelho não bíblico, ou pelo menos, um evangelho que não é completo.

Como disse John MacArthur Jr: "A pregação que não se esforça por comunicar ao homem a verdade de Deus não é uma pregação legítima".

Warren W. Wiersbe disse que "O propósito do sinal era dar a Jesus a oportunidade de falar à multidão. Trata-se, mais uma vez, de um ministério de "graça e verdade" (Jo 1.17). Em Sua graça, Jesus alimentou o povo faminto, mas, em Sua verdade, lhe deu a Palavra de Deus. O povo queria comida, mas não a verdade, e, no final, quase todos abandonaram Jesus e se recusaram a andar com Ele. Jesus perdeu Sua multidão com um único sermão!"

Diante desse texto quais as lições que podemos aprender dele? Que verdades são necessárias para nós hoje?

1 - Quem segue Jesus pelos sinais O segue de forma superficial (Jo 6.2, 26).

O versículo 2 diz que a multidão seguiu Jesus por causa das curas que realizou, mas o versículo 26 diz que a multidão o seguia pelo pão que havia comido. Jesus percebeu a frivolidade deles, em meio à sua fingida decisão de seguirem-no como discípulos. Jesus viu que a multidão estava indo atrás dEle por causa dos benefícios que Ele poderia lhes prestar e não por crerem nEle. 

O que ocorreu naquela época não é diferente nos dias de hoje também. Quantas pessoas querem se beneficiar de Jesus, mas não querem nenhum compromisso com Ele e com a Sua Palavra.

Hoje a maioria das pessoas vai à igreja não para ouvir a verdade bíblia, mas para ouvir uma mensagem que alise o seu ego. As pessoas querem um evangelho que lhes promete conforto, e não sacrifício; sucesso, e não renúncia; riqueza na terra, e não a bem-aventurança no céu. As pessoas querem um evangelho onde elas são o centro de tudo e não o Senhor. Esse é um evangelho antropocêntrico, e não teocêntrico. O evangelho que as pessoas querem, e que tem sido pregado em muitos púlpitos, é um evangelho onde Deus está a serviço do homem, e não o homem a serviço de Deus. 

O evangelho de sinais é um falso evangelho, mas que atrai as multidões. 

Que tipo de evangelho é esse? Que mensagem é essa? Creio que existam pelo menos três mensagens que o povo quer ouvir, e que existem os pregadores para pregá-las; são elas: O EVANGELHO DA PROSPERIDADE, A PSICOLOGIA E O MISTICISMO.

a) O Evangelho da Prosperidade - Definimos o evangelho da prosperidade como o ensino que faz com crentes acreditem que têm direito às bênçãos de saúde e riqueza e que podem obter essas bênçãos mediante confissões positivas de fé e através da "semeadura de sementes" através do pagamento fiel de dízimos e ofertas. Esse ensino da prosperidade é um fenômeno que transcende barreiras denominacionais. O ensino da prosperidade, em vários graus, pode ser encontrado em igrejas protestantes históricas, pentecostais e neopentecostais. 

Esse evangelho é um falso evangelho. Ele é popular, mas não é verdadeiro. Ele atrai multidões, mas não reconcilia o homem com Deus. Produz entusiasmo na carne, mas não alivia a consciência da culpa. 

b) A Psicologia - Muitos pastores estão deixando de pregar a Palavra de Deus e utilizando de psicologia nos púlpitos. O pecado passou a ser tratado como transtorno e joga a culpa nos problemas passados. Esses pastores estão negligenciando as Escrituras e a oração. Falam que isso é muito superficial. Entenda uma coisa, eu sei que a psicologia pode ser muito importante no tratamento de traumas, mas ela é limitada, mas a Palavra de Deus não, pois a Palavra é aplicada aos corações através do Espírito Santo. 

Nós não ignoramos que existam pessoas emocionalmente doentes, mas a resposta que elas precisam se encontra na Bíblia e não em um consultório de um psicólogo. É diferente de um psiquiatra ou um psicoterapeuta que indica algum remédio devido a uma doença desenvolvida devido algum trauma ou problemas físicos mentais. 

Deus é um muito simples em suas colocações. C.S. Lewis diz que Deus gosta de simplicidade diante de qualquer decisão. Ele quer que os homens façam as seguintes perguntas: "É correto? É prudente? É Possível?" No entanto os homens perguntam: "Está de acordo com o andamento geral do nosso tempo? É progressista ou revolucionário? A história está caminhando nesta direção?" Assim o homem está negligenciando as perguntas realmente importantes. E essas perguntas não têm respostas, pois tais perguntas não definem o futuro.

Mas a palavra de Deus tem as respostas, no entanto, os homens não querem ouvi-la. Para alguns ela é simplista demais, para outros é um duro discurso.

c) Misticismo - Conjunto de normas e práticas que tem por objetivo alcançar uma comunhão direta com Deus. O problema que os místicos sempre exaltam a experiência em detrimento a Palavra. O Misticismo "evangélico" é a mistura de figuras, objetos e símbolos que representam elementos espirituais. Eles tomam figuras do Antigo e Novo Testamento e as espiritualizam, transformando-as em "proteções" semelhantes às usadas pelas magias pagãs. E deste ato aparecem crentes com fitinhas no braço, com medalhas de símbolos bíblicos, ungindo portas e janelas com azeite, colocando sal ao redor da casa para impedir a entrada de maus espíritos; outros bebem copos de água abençoada, usam óleos consagrados em Jerusalém, guardam gravetos que misteriosamente aparecem brilhando nos montes, ungem roupas para libertar as pessoas e etc. 

Não negamos as experiências espirituais, o que estamos condenando é a confiança que as pessoas dão aos objetos "consagrados" sendo que isso é pura idolatria, pois o Senhor não passa para nenhum objeto o seu poder. 

2 - O Pão da Vida - Jesus - que o Pai oferece é somente para aqueles que creem (Jo 6.30-35).

Jesus responde a pergunta dos judeus lhes mostrando que Ele era o verdadeiro Pão da Vida e que Moisés não havia dado o pão do céu a eles, mas o Pai. Embora o maná fosse um símbolo de Cristo era algo misterioso para Israel; tanto que o termo maná significa "Que é isso?" (Êx 16.15). Jesus também era um mistério para os que o viam. O maná descia do céu durante a noite, e Jesus veio ao mundo quando os pecadores encontravam-se em trevas morais e espirituais. O maná era pequeno - a humildade de Cristo; redondo - Sua eternidade; branco - Sua pureza; e o maná supria todas as necessidades do povo - Jesus como o Pão da Vida supri todas as nossas necessidades espirituais. 

O Rev. Hernandes Dias Lopes diz que "o maná do deserto era comido com os dentes, mas o Pão da Vida é tomado pela fé. O maná era ingerido fisicamente e alimentava o estômago; o Pão da Vida é recebido pela fé e alimenta a alma. O Pão da Vida não é apenas para ser conhecido, mas, sobretudo, para ser apropriado. Só quem se alimenta de Cristo, vive por Ele"

Os judeus pediram a Jesus que lhes desse sempre desse pão (Jo 6.32-34). Jesus mostra que Ele era esse pão que desceu do céu e dá vida ao mundo (v. 33, 35), e que esse pão era oferecido pelo Pai. Mas quem pode comer desse Pão? Jesus mostra que isso independe do homem, mas depende exclusivamente de Deus (vs. 37, 44, 47, 63-65). Com isso Jesus mostrou para os judeus e para nós hoje quatro coisas:

1º- O ser humano é totalmente incapaz de ir a Cristo por si mesmo (6.36,37). O ser humano é incapaz de crer por si mesmo, pois ele está morto em delitos e pecados (Ef 2.1,5). O homem está morto espiritualmente e por isso não tem condições de tomar nenhuma decisão por Cristo, a não ser que o Senhor o ressuscite (Jo 5.25).

2º - A salvação é resultado da eleição incondicional de Deus (6.37). A salvação não é uma escolha que nós fazemos por Deus, mas uma escolha que Deus faz por nós. Não somos nós que escolhemos a Deus; mas é Deus quem nos escolhe. Veja João 15.16, 17.9; Mt 11.27; At 9.15; 13.48; Rm 9.6-24. 

3º - O chamado eficaz de Deus para a salvação é invencível (6.36a). Ninguém pode ir a Cristo se isso primeiro não for dado por Deus, e todo aquele que o Pai dá a Cristo irá a Ele. O mesmo Deus que elege é também o Deus que chama, e chama eficazmente. 

4º - A salvação dos que vão a Cristo é garantida (6.37-40). Quando uma pessoa vai a Cristo, descobre que Cristo assume toda a responsabilidade por sua salvação completa e definitiva. 

Com isso entendemos que o universalismo é uma doutrina antibíblica assim como o arminianismo.

PREDESTINAÇÃO E ELEIÇÃO

Poucas doutrinas das Escrituras são tão mal entendidas e consequentemente tão abusadas e pervertidas quantas essas duas doutrinas, mas a Escrituras as apresentam numa simplicidade relativa; se tal é o caso, por que então elas são tão mal entendidas e abusadas? A verdade é que essas doutrinas atacam a própria raiz do orgulho e vaidade do homem, e quando são entendidas e aceitas de modo correto, não deixam absolutamente nenhum espaço para o homem se regozijar ou se orgulhar em seus próprios feitos e realizações. Por esse motivo, o homem em seu orgulho e vaidade natural as rejeita, ou as modifica tanto a ponto de torná-las aceitáveis à sua mente orgulhosa. 

Aquela velha tentação continua até hoje: "sereis como Deus". 

3 - Jesus é o verdadeiro pão que desceu do céu (Jo 6.41-51).

Warren W. Wiersbe disse que "não custava nada para Deus enviar o maná todos os dias, mas quando enviou o Filho, pagou um alto preço (Jo 3.16, Rm 5.8). O povo de Israel precisava comer o maná diariamente, mas o pecador que crê em Cristo uma vez só recebe a vida eterna".

Os judeus se escandalizaram e começaram a murmurar porque Jesus afirmou que Ele era o Pão do Céu. Jesus não amenizou o seu sermão para agradar os ouvidos da multidão. Jesus tinha e tem compromisso com a verdade, tanto que Ele disse: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" (Jo 8.32). A verdade liberta, mas a mentira ou as meias verdades escraviza. 

Mas o que temos visto hoje são muitos pastores amenizando a mensagem para não perder os membros da igreja, ou muitas vezes mentem descaradamente para atrair as multidões. 

Isso se chama PRAGMATISMO - o erro do pragmatismo, disse John MacArthur Jr, é considerar as metodologias que "funcionam" como mais importantes e mais viáveis do que as metodologias bíblicas. Um pragmático se preocupa primeiramente em saber se determinada prática é vantajosa, não necessariamente se está em harmonia com as Escrituras. Ele começa com a pergunta: "O que querem os incrédulos?" E constrói sua estratégia a partir daí, em vez de perguntar: "O que as Escrituras ensinam sobre o ministério da igreja", e, partindo daí, seguir um padrão bíblico.

O pragmático se preocupa com o que dá certo e não com o que é certo. Se o que está fazendo fere a Palavra de Deus ou não, isso não importa, o que importa é que dê certo.

A falta de entendimento leva as pessoas à murmuração (Jo 6.43), mas a função da Teologia Bíblica é abrir o entendimento das pessoas ainda que elas murmurem.

Jesus nesse texto mostra para os judeus de forma clara quem Ele era e de onde Ele vinha e da salvação que Ele oferecia:

1 - Jesus disse que procedia do céu (6.38, 41). Essa afirmação perturbou os líderes religiosos, pois sabiam que se tratava de uma declaração de divindade. Eles pensavam que conheciam Jesus (v. 42), pois sabiam a Sua "origem humana". Para eles Jesus era o filho do carpinteiro (Mt 13.53-58; Jo 7.40-43). Eles desconheciam como ocorreu o Seu nascimento (Lc 1.34-38, 2.1-20). É evidente que, perante a Lei, Jesus era filho de José; mas não era seu filho bilógico, uma vez que havia nascido de uma virgem. Os líderes associavam Jesus a Nazaré, na Galiléia, não a Belém, na Judéia, e acreditavam que José era seu pai. Se houvessem examinado a questão mais a fundo, teriam descoberto a verdadeira identidade de Jesus.

2 - Ele deu certeza da salvação (6.47). Aqueles que o Pai leva a Jesus e nele creem, esses têm a garantia da vida eterna.

3 - Jesus deixa claro que Ele era o verdadeiro pão que da vida a todos (6.48-51). O maná conferido aos antigos israelitas no deserto desceu do céu, conforme pensavam os judeus, e foi realmente dado pelo Pai, mas a verdade que tal maná não tinha o poder de transmitir vida ao mundo. Sustentou a existência física de uma nação, por alguns anos. Porém, o verdadeiro pão do céu, o pão espiritual, que é dado por Deus, na pessoa de Seu Filho, outorga vida espiritual a todas as nações, e para todo o sempre. 

4 - Um mau entendimento teológico traz escândalo das verdades espirituais (Jo 6.52-59)

Os judeus passaram a discutir entre si porque achavam que Jesus estava ensinando o canibalismo. Eles sabiam que havia uma proibição divina de consumir carne humana e qualquer tipo de sangue (Gn 9.3,4; Lv 17.10-16, 19.26). No entanto, os judeus entenderam as palavras de Jesus de forma literal, e não a interpretaram de forma espiritual. Bem disse o apóstolo Paulo em 1Co 2.14: 

"Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente".

Uma teologia centrada nas Escrituras trás entendimento e clareza espiritual, mas uma má interpretação trás um grande estrago no ceio da igreja. Vejamos:

1 - Ouve um literalismo nas palavras de Jesus (6.52). A Bíblia deve ser interpretada de forma literal sempre que o texto e o contexto nos permitir. No entanto aqui, a fala de Jesus não era literalista. Esse entendimento literal dos judeus levou-os à repugnante ideia do canibalismo. Essa mesma equivocada interpretação deu origem à TRANSUBSTANCIAÇÃO, doutrina romana que prega que o corpo e o sangue de Cristo, na eucaristia, se transubstanciam. 

A carne e o sangue de Jesus significam o sacrifício de seu corpo oferecido sobre a cruz quando Ele morreu por nós, pecadores. Representam a expiação feita pela Sua morte, a satisfação feita pelo Seu sacrifício, como nosso substituto, a redenção conquistada por Ele. 

Warren W. Wiersbe diz que uma outra maneira de comermos sua carne e bebermos o seu sangue é pela Palavra. "As palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida" (6.63). 

2 - A experiência pessoal com Cristo é necessária (6.53). Esse comer e beber significa ter comunhão plena com Ele, e isso ocorre por meio da fé. Não é um entendimento intelectual, não é um conhecimento teológico simplesmente. Esse comer e beber é nos apropriar dEle no íntimo.

John MacArthur diz que "quando nos alimentamos, a comida passa a fazer parte integrante do nosso corpo. Comer é um ato pessoal; ninguém pode se alimentar por outra pessoa. Da mesma forma, ninguém pode crer por nós. Todas essas realidades podem ser aplicadas espiritualmente. E era isso que Jesus tinha em mente. E John MacArthur diz também que muitos cristãos estão empanzinados com qualquer comida espiritual que perderam o apetite pela sã doutrina bíblica".

3 - Essa união com Cristo é inseparável (6.58,59). Aquele que se alimenta de Cristo permanece nEle e Ele permanece em nós. Essa união mística que nos torna um com Cristo (Rm 6.8-11).

5 - Os ensinamentos de Jesus traz escândalo aos incrédulos e renovo aos fiéis (Jo 6.60-71)

Em decorrência dessa mensagem, Jesus perdeu a maioria dos seus discípulos. Quase todos voltaram para a sua antiga vida, sua antiga religião e sua antiga situação desesperadora. Jesus é o caminho (Jo 14.6), mas eles se recusaram a andar por Ele. Jesus não se surpreendeu com essa deserção, pois conhecia o coração de todas as pessoas ali (6.64-66).

Podemos destacar nesse episódio que a pregação da Palavra de Deus sempre serve para peneirar o coração dos ouvintes.

Veja que com isso ouve duas reações. Uma negativa e outra positiva.

Negativa:

1 - Descrença (6.62-65), 2 - Abandono (6.66) e traição (6.70,71).

Positiva:

Ouve uma confissão de fé (6.66-69).

Jesus mostrou que esse comer e beber eram absolutamente essenciais à vida eterna e não abriu exceções. 

CONCLUSÃO

Quantas pessoas estão seguindo Jesus pelos benefícios que podem por Ele alcançar, quantos estão indo de igreja em igreja, de ministério a ministério em busca de um milagre. Quantos estão sendo enganados por falsos líderes que prometem o que o Senhor nunca prometeu. São falsos profetas que o Senhor já havia descrito em Mt 7.15-23. Mas essas pessoas na verdade não são tão inocentes assim, na verdade elas não querem nenhum compromisso com o Senhor, elas na verdade só querem se beneficiar dEle e descartá-Lo depois como se fosse algo qualquer, e, quando o "calo aperta" voltam a buscá-lo. É gente gananciosa, arrogante, presunçosa. Gente que gosta de ostentação e vivem querendo se dar bem, e, por sua vez, encontram líderes segundo os seus corações.

Por isso que quando Jesus falou o verdadeiro sentido do pão a multidão o deixou. Eles não queriam o pão espiritual, eles não estavam interessados na vida eterna, eles queriam o pão diário, mas não o pão que alimenta a vida espiritual. Essas pessoas não queriam Jesus.

E você o que deseja de Jesus?

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Orações que desafiam nossas prioridades!


Por Josemar Bessa

“Ora o Deus de esperança vos encha de todo o gozo e paz em crença, para que abundeis em esperança pela virtude do Espírito Santo.” - Romanos 15:13

Quão diferentes são todas as orações de Paulo (e as orações de todos os apóstolos) das orações que inundam a igreja de nossos dias.

As orações apostólicas nas Escrituras desafiam nossas prioridades e retiram o verniz da espiritualidade superficial e expõe nossos sistemas de valores que muitas vezes ´são apenas espelho dos valores do mundo.

Eles (os apóstolos em suas orações) revelam o que nós prezamos, mas não deveríamos. Eles descobrem e revelam o que não devemos abraçar e o que devemos fazer. Se você quiser que o seu mundo espiritual seja abalado em seu núcleo, compare o que Paulo orou com o que você ora.

Caso você não tenha notado, o que eu acho difícil, a Igreja no mundo ocidental está cada vez mais secularizada. Na sua tentativa de ser relevante para a cultura, a igreja está se tornando indistinguível dela. Está se tornando cada vez mais difícil dizer a diferença entre cristãos e não-cristãos.

A igreja não existe para estar de acordo com a cultura, mas pela graça de Deus, está aqui para transformá-la. Então, o que isso tem a ver com Romanos 15:13 ? Simplesmente isto: a oração de Paulo é apenas um dos muitos textos bíblicos que estabelecem que nós, a igreja, devemos ser. Ele descreve os nossos valores, as nossas prioridades, nossas metas. Esta oração é puro evangelho! Ele declara ao mundo: "Aqui está o que pode ser encontrado em Jesus Cristo: alegria, paz e esperança!"

Nas orações de Paulo eu descubro o que só Deus pode fazer por mim. Há, sem dúvida, inúmeras bênçãos e virtudes e metas que achamos que estão em nosso poder produzir. Ao olhar para as orações apostólicas do Novo Testamento, eu vejo que eu sou absolutamente dependente da graça de Deus para produzir. Afinal, se Paulo pensasse que algo estava finalmente em nosso para criar ou gerar, ele não incomodaria a Deus pedindo para fazê-lo! Olhando para as orações de Paulo normalmente me desengano e peco a esperança em toda auto-confiança e auto-suficiência e lanço-me nos braços fortes de meu Pai celestial.

Um bom exemplo disto é visto na oração de Paulo por "alegria". Na análise final, só Deus pode criar alegria em Deus. Podemos ter uma “alegria” carnal superficial e momentânea em coisas que são substitutos de Deus, mas só Deus pode criar alegria em Deus.

O salmista ora: "Faça-nos felizes por todos os dias em que nos afligiste" ( Salmo 90:15. ). Estar satisfeito com a beleza e a glória de Deus (que é a essência da alegria!) Não vem naturalmente para as almas pecadoras. Por natureza, voltamo-nos para outra coisa que não Deus, pela alegria que só Ele pode dar.

Os objetivos espirituais que desejamos são em última análise, para além do nosso alcance. As mudanças que desejamos em nossos corações só podem acontecer por um ato soberano da graça de Deus. É por isso que é importante notar como Paulo se refere a Deus: ele é "o Deus da esperança", não só porque ele é o objeto de nossa esperança, embora ele certamente seja isso. Mas ele é a fonte da esperança. Se houver esperança de ser como Ele, nele tento prazer e deleite pleno, e não em coisas, isso deve vir de Deus.

As orações característica de Paulo e outros apóstolos - glorificam a Deus, revelando a extensão da minha necessidade e as profundezas dos recursos de Deus (Que sempre é Ele mesmo) para fornecê-los. Orações como esta: “Ora o Deus de esperança vos encha de todo o gozo e paz em crença, para que abundeis em esperança pela virtude do Espírito Santo.” - Romanos 15:13 - revelam o quão desesperadamente impotentes somos e como Deus é infinitamente rico.

Deus não é glorificado pelos meus esforços para fazer as coisas para ele, mas pela minha confissão de que ele e só ele pode fazer por mim o que a minha alma precisa mais desesperadamente, e, em seguida, através de abençoar os outros e fazer avançar seu reino, levando muitos a só nele se alegrar.

Agora, Deus nos dá isso inesgotavelmente, mas por nos levar a Ele todos os dias, todo o tempo. O cristão deve confiar na força divina, pois os resultados desse plano será sempre o maior avanço da própria glória de Deus – “Com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós os que primeiro esperamos em Cristo” - Efésios 1:12

Se as disposições fossem deixadas em nossas próprias mãos, como diz Willian Gurnall (1617 – 1679) “em breve seríamos comerciantes falidos. Deus sabe que somos fracos, como jarros rachados cheios até a boca, o conteúdo em breve iria vazar completamente. Então, Ele nos coloca em uma fonte que flui de Sua força e constantemente nos recarrega dia à dia.

Esta foi a provisão que Ele fez por Israel no deserto: Ele dividiu a rocha, e não só sua sede foi saciada naquele momento, mas a água corria em um córrego após eles, de modo que você não ouvisse mais queixas sobre água. Esta rocha era Cristo. Cada crente tem Cristo, na sua volta, seguindo-o enquanto ele, o cristão caminha, com a força de todas as condições, aflições... sobre ele neste mundo.

Se Deus lhe desse um suprimento vitalício de Sua graça para com você administrar por sua própria conta, você pensaria que ele realmente é muito generoso. Mas Ele é glorificado ainda mais pela conta aberta que Ele estabelece em seu nome. Agora você deve reconhecer não apenas que sua força, alegria e deleite vem de Deus, em primeiro lugar, mas que você está continuamente em dívida para cada retirada dessa força, alegria e deleite que você faz todos os dias em toda a sua vida cristã.

Quando uma criança viaja com seus pais, todas as suas despesas são cobertas por seu pai, e não por si mesmo. Da mesma forma, nenhum santo dirá no céu quando ele chegar lá, "Este é o céu, que eu construí com o poder da minha própria força." Não, a Jerusalém celeste é uma cidade ", cujo arquiteto e construtor é Deus" (Hebreus 11 : 10). Toda a graça é cada pedra nesse edifício,a graça põe todas elas lá, você não põe nenhuma.

As orações apostólicas por coisas que o mundo jamais pediria, pois estão focados em seus próprios egos e não na satisfação encontrada em Deus e em Sua glória – mostra como Deus não foi apenas o fundador, o iniciador, mas o benfeitor também a cada dia e para terminar o mesmo. A glória do trabalho não será desmembrada em pedaços, alguns de Deus e outros para a criatura. Tudo será creditado inteiramente a Deus.” - William Gurnall

Crendo nisso, Paulo ora.

Fonte: Josemar Bessa

sábado, 2 de janeiro de 2016

O RELACIONAMENTO PASTORAL CONSIGO MESMO


Por Pr. Silas Figueira

Charles H. Spurgeon declara que nós somos em certo sentido as nossas próprias ferramentas, e, portanto, devemos guardar-nos em ordem. Nosso próprio espírito, alma, corpo, e vida interior são as nossas mais íntimas ferramentas para o serviço sagrado.1 O sucesso de um profissional, até certo ponto, independe de sua vida particular ou privada. E é um pouco provável que o caráter de um arquiteto, médico ou dentista vá interferir diretamente no seu desempenho profissional. Porém, não á assim com o ministro de Deus.2 O bom desempenho do ministro está fundamentalmente ligado ao seu caráter. Ele lidera pessoas a quem deve ensinar a verdade e procurar desenvolver o bem-estar e o crescimento espiritual delas. O apóstolo Paulo escrevendo a Timóteo lhe disse: “Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza” (1Tm 4.12). 

Paulo quando escreve esta carta, Timóteo estava pastoreando a igreja de Éfeso. Timóteo estava provavelmente com cerca de 35 anos. Mesmo com pouca idade, o jovem Timóteo deveria ser o modelo a ser seguido, e em quatro áreas Paulo lhe aconselha que ele deveria ser exemplo. Primeiramente na palavra – se refere a sua conversa de todos os dias, além da pregação da Palavra. No procedimento – diz respeito à conduta geral na sua vida; ambos devem, segundo se supõe, ser marcados por grande decoro e graça cristã. Os outros três termos denotam qualidades interiores que, mesmo assim, afetam o comportamento externo do homem - o amor, isto é, a caridade fraterna em pleno sentido cristão; a fé, que provavelmente significa a “fidelidade” (Rm 3.3; Gl 5.22); e a pureza (Gr. Hagneia), que abrange não somente a castidade em questão de sexo, como também a inocência e integridade de coração que são denotadas pelo substantivo correlato hagnotes em 2Co 6.6.3 

O apóstolo Paulo nessa mesma carta lhe disse: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina” (1Tm 4.16). Antes de o pastor cuidar dos outros ele precisa se cuidar, pois a vida do pastor é a vida do seu pastorado. Muitos pastores estão cansados no ministério e do ministério por cuidar dos outros sem cuidar de si mesmos. 

Um obreiro cansado pode cair em descrédito, pois não vigiam e acabam perdendo o ministério porque foram seduzidos pelos encantos do poder. Acabam se embriagando pela sedução do dinheiro, e acabam caindo nas teias da tentação sexual. Entenda uma coisa, se um pastor perder a credibilidade, perde também o seu ministério. A integridade é o fundamento do seu ministério, sem vida íntegra não existe pastorado.4 

Dentro desse Relacionamento Consigo Mesmo o pastor deve buscar três coisas que serão importantes para toda a sua vida. São elas: Vida Piedosa, Humildade e Paixão na Pregação. 

VIDA PIEDOSA

Esta palavra vem do latim “pietate”, e significa “amor e respeito pelas coisas religiosas, comiseração, sentimento inspirado pelos males alheios”. A vida piedosa implica em reverente dedicação à obra de Deus e submissão à sua vontade. A piedade desnuda o egocentrismo, porque se preocupa com o bem do próximo. O pregador sem compaixão pela salvação dos perdidos desconhece a piedade. A piedade não admite simulações, mas revela-se em zelo ardente pelas coisas espirituais (1Tm 4.8; Hb 12.28; 2Pe 1.3,6).5

Hernandes Dias Lopes diz que uma das áreas mais importantes da pregação é a vida do pregador. Ele cita John Stott quando afirma que a “prática da pregação jamais pode ser divorciada da pessoa do pregador”. O que nós precisamos desesperadamente nestes dias não é apenas de pregadores eruditos, mas, sobretudo, de pregadores piedosos. A vida do pregador fala mais alto que seus sermões.6

R. L. Dabney diz que a primeira qualificação de um orador sacro é uma sincera e profunda piedade. Um ministro do evangelho sem piedade é um desastre. Infelizmente, a santidade que muitos pregadores proclamam é cancelada pela impiedade de suas vidas. Há um divórcio entre o que os pregadores proclamam e o que eles vivem. Há um abismo entre o sermão e a vida, entre a fé e as obras. Muitos pregadores não vivem o que pregam. Eles condenam o pecado no púlpito e o praticam em secreto. Charles Spurgeon chega a afirmar que “o mais maligno servo de satanás é o ministro infiel do evangelho”. John Shaw diz que enquanto a vida do ministro é a vida do seu ministério, os pecados do ministro são os mestres do pecado. Ele ainda afirma que é uma falta indesculpável no pregador quando os crimes e pecados que ele condena nos outros, são justamente praticados por ele. O apóstolo Paulo evidencia esse grande perigo: “Tu, pois, que ensinas a outrem, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregasque não se deve furtar, furtas? Dizes que não se deve cometer adultério e o cometes? Abominas os ídolos e lhes roubas os templos? Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei? Pois, como está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por vossa causa”. Rm 2.21-24

Richard Baxter diz que os pecados do pregador são mais graves do que os pecados dos demais homens, porque ele peca contra o conhecimento. Ele peca contra mais luz. Os pecados do pregador são mais hipócritas, porque ele tem falado diariamente contra eles. Mas também os pecados do pregador são mais pérfidos, porque ele tem se engajado contra eles. Antes de pregar aos outros, o pregador precisa pregar a si mesmo. Antes de atender sobre o rebanho de Deus, o pregador precisa cuidar de sua própria vida (Atos 20.28). Conforme escreve Thielicke, “seria completamente monstruoso para um homem ser o mais alto em ofício e o mais baixo em vida espiritual; o primeiro em posição e o último em vida”.7

HUMILDADE

“Humildade” vem do latim “Humilitate”. O dicionário Aurélio a define como “virtude que nos dá o sentido da nossa fraqueza”. Já a palavra “humilde” significa ser singelo, simples, modesto, respeitoso, aceitador, submisso. Jamais poderá o ter o pregador uma postura arrogante ou exibicionista.8

Jesus é o nosso exemplo para termos uma vida humilde. Ele mesmo nos deixou o exemplo quando lavou os pés dos discípulos (Jo 13.2-5). E quando Ele lhes disse que deveriam aprender com Ele a sermos mansos e humildes de coração (Mt 11.29). 

O apóstolo Paulo escrevendo aos Filipenses disse: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda lingua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai” (Filipenses 2.5-11). A doutrina do auto-esvaziamento ou kenosis deriva do verbo ἐκένωσεν (aoristo do verbo κενóω = tornar vazio, privar de força, esvaziar, aniquilar), usado em Filipenses 2.7 pelo apóstolo Paulo para identificar a atitude de Cristo de não ter se valido da sua natureza divina, antes dela se auto-esvaziou, assumindo a forma de servo e, tornando-se semelhante aos homens, a si mesmo se humilhou, obedecendo até à morte na cruz. 

No entanto, a auto-exaltação de alguns líderes evangélicos é uma atitude insensata, pois no Reino de Deus maior é o que serve e aquele que se humilha é que será exaltado. Deus abomina a soberba e não tolera o culto à personalidade. Essa tendência vergonhosa é resultado da soberba dos líderes e da ignorância do povo. Colocar um líder no pedestal é uma atitude indigna, pois todo líder tem os pés de barro. O único nome que deve ser exaltado na igreja de Deus é o nome de Cristo.

Na sua vida devocional o pastor precisa reconhecer que só há um que é grande, e este, é o Senhor Jesus. A humildade está em reconhecer a total dependência de Deus em todas as áreas da vida. É se ver como realmente somos, pequenos e inoperantes se a graça do Senhor não for conosco. Assim como Jesus em seu ministério ficou na total dependência do Pai, da mesma forma precisamos ficar na total dependência do nosso Deus. 

PAIXÃO NA PREGAÇÃO

D. Martyn Lloyd-Jones nos diz que pregação é lógica pegando fogo! É raciocínio eloquente! É teologia em chamas. E a teologia que não pega fogo é uma teologia defeituosa; ou, pelo menos, a compreensão de quem a prega é defeituosa. A pregação verdadeiramente é a teologia expressando-se por meio de homens que está em fogo. A verdadeira compreensão e a experiência da verdade têm de levar a isso. Repito que o homem que pode falar sobre essas coisas de maneira desapaixonada não tem qualquer direito de subir a um púlpito; e jamais se deveria permitir que ele subisse a um púlpito.9

A pregação apaixonada deve ser feita com o coração em chamas, pois não é um ensaio lido para um auditório desatento. A pregação é uma confrontação em nome do próprio Deus Todo-Poderoso. Ela precisa ser anunciada com uma alma em chamas, na autoridade do Espírito Santo. Como disse John Wesley: “Ponha fogo no seu sermão, ou ponha o seu sermão no fogo”.10

O pastor precisa pregar só a Bíblia e toda a Bíblia, pois toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino e correção. O pastor não prega as suas ideias, mas expõe a Palavra. O pastor não faz a mensagem, apenas a transmite. Deus não tem nenhum compromisso com a palavra do pregador, apenas com a Sua Palavra.

O pregador precisa pregar com profunda convicção na mensagem que esta transmitindo. David Hume, que era um filósofo deísta, britânico do século XVIII, que rejeitou o cristianismo histórico. Certa feita um amigo o encontrou apresado caminhando pelas ruas de Londres e perguntou-lhe aonde estava indo. Hume respondeu que estava indo ouvir George Whitefield pregar. Mas certamente, seu amigo perguntou atônito, você não crê no que George Whitefield prega, crê? Não, eu não creio, respondeu Hume, mas ele crê. Essa é a diferença em pregar e pregar com paixão.

Notas:
1 - Lopes, Hernandes Dias. Piedade e Paixão. Ed. Arte Editorial e Candeia, São Paulo, SP, 2007: p. 33.
2 - Mendes, José Deneval. Teologia Pastoral. Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2001, 12a Edição: p. 33.
3 - Kelly, J. N. D. 1 e 2 Timóteo, Introdução e Comentário. Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986: p. 102.
4 - Lopes, Hernandes Dias. De: Pastor A: Pastor. Ed Hagnos, São Paulo, SP, 2008: p. 122.
5 - Cabral, Elienai. O Pregador Eficaz. Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 6a Edição, 2004: p. 61.
6 - Lopes, Hernandes Dias. De: Pastor A: Pastor. Ed Hagnos, São Paulo, SP, 2008: p. 67.
7 - Lopes, Hernandes Dias. Piedade e Paixão. Ed. Arte Editorial e Candeia, São Paulo, SP, 2007: p. 20,21.
8 - Cabral, Elienai. O Pregador Eficaz. Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 6a Edição, 2004: p. 65.
9 - Lloyd-Jones, D. Martin. Pregação e Pregadores. Ed. Fiel, São José dos Campos, SP, 2010: p. 95.
10 - Lopes, Hernandes Dias. Piedade e Paixão. Ed. Arte Editorial e Candeia, São Paulo, SP, 2007: p. 83.