sábado, 5 de março de 2016

DEUS NÃO FAZ ACEPÇÃO DE PESSOAS


Por Pr. Silas Figueira

Texto Base: At 10.1-35, 44-47

INTRODUÇÃO

O texto que lemos nos mostra algo tremendamente sublime: “O AMOR DE DEUS POR NÓS”, e mais, “DEUS NÃO FAZ ACEPÇÃO DE PESSOAS”. Deus quer salvar a todos, não importando se são pretos, brancos ou amarelos. Não importa a raça, sexo ou caráter do indivíduo; o Senhor ama o perdido e quer se revelar a ele. Observe que no capítulo nove o Senhor salva um homem que era um perseguidor implacável da igreja, Saulo de Tarso; e no capítulo dez o Senhor salva um homem extremamente piedoso. Ambos estavam perdidos, ambos foram salvos.

Warren Wiersbe diz que “o capítulo dez é crucial para o Livro de Atos, pois relata a salvação dos gentios. Vemos Pedro usando as ‘chaves do reino’ pela terceira e última vez. Ele havia aberto a porta para a fé dos judeus (At 2) e também dos samaritanos (At 8), e Deus o estava usando para conduzir os gentios à comunhão dos cristãos (Gl 3.27,28; Ef 2.11-22). Estava se cumprindo aqui At 1.8:

“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.

Warren Wiersbe também comenta que esse acontecimento ocorreu cerca de dez anos depois de Pentecostes. E questiona por que os apóstolos esperaram tanto para levar o evangelho aos gentios? Afinal, em sua Grande Comissão (Mt 28.19,20), Jesus lhes disse para irem por todo o mundo, e o mais lógico seria procurarem seus vizinhos gentios o mais rápido possível, mas não foi isso que ocorreu.      

Mas Deus tinha seus planos e eles não caíram por terra, pois como disse Jó: “Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustado” (Jó 42.2), e Isaías 55.10,11: “Porque, assim como descem a chuva e a neve dos céus e para lá não tornam, sem que primeiro reguem a terra, e a fecundem, e a façam brotar, para dar semente ao semeador e pão ao que come, assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei”.

E para que Seus planos se cumprissem o Senhor primeiro permite à morte de Estêvão e a perseguição à igreja em Jerusalém. Devido a isso o Evangelho chega aos samaritanos e também ao eunuco etíope (At 7 e 8), e, posteriormente, a todos os gentios (At 14.27), usando o ministério do apóstolo Paulo e Barnabé.

Analisando esse texto de Atos 10 quais as lições que podemos tirar dele?

EM PRIMEIRO LUGAR EU APRENDO QUE A RELIGIOSIDADE NÃO SALVA NINGUÉM (At 10.1-7; 11.13,14).

Antes de o Senhor manifestar a Pedro através da visão do lençol com os animais impuros, o Senhor falou com Cornélio através de um anjo. Embora este anjo não lhe tenha falado do Evangelho, mas o mandou procurar a Pedro em Jope, pois este sim tinha palavras de salvação (At 11.13,14).

1º - Quem era Cornélio – Cornélio era um centurião romano. O nome Cornélio, diz Justo Gonzáles, era um nome muito comum, pois, no ano 82 a. C., Sula, um general e estadista romano, libertou dez mil escravos que adotaram o nome de família de Sula, Cornélio. O fato de esse Cornélio ser um centurião quer dizer que ele era um cidadão romano, exigência para possuir esse posto. O centurião era o equivalente hoje a um sargento nas categorias militares e ele tinha cem soldados sob seu comando.      

Ele morava em Cesaréia, que fica a pouco mais de 100 quilômetros a noroeste de Jerusalém, 45 quilômetros ao norte de Jope. Cesaréia era uma grande cidade construída por Herdes, o Grande, em homenagem a César Augusto (daí o nome Cesaréia). Esta era a capital romana da Judéia, uma cidade conhecida pela beleza de suas obras arquitetônicas.   

2º - Ele era um homem piedoso e influente – Cornélio era piedoso, ou seja, temente a Deus, assim como toda a sua família (At 10.2,7,22), o que indica que ele guardava a Lei de Moisés, exceto a circuncisão. Como todos os centuriões mencionados no Novo Testamento, era um homem bom e, como aquele que Jesus elogiou em Mateus 8.10,11, era também homem de fé. Warren Wiersbe diz que “é importante observar como uma pessoa pode ser extremamente religiosa e, ainda assim, não ser salva”.

Cornélio fazia parte de uma minoria de gentios que estavam cansados naqueles dias das religiões de Roma e da Grécia, do politeísmo reinante, da idolatria e da imoralidade dessas religiões. Muitos, inclusive Cornélio, achavam algo melhor no ensino das sinagogas e aceitavam a verdade de um só Deus verdadeiro. Lucas diz que Cornélio era piedoso (devoto). Em outras palavras, ele era reto em suas atitudes para com Deus e para com os homens e, pela graça, levava uma vida piedosa.

Hernandes Dias Lopes diz que “Cornélio não era um líder eficaz apenas fora de sua casa, mas também e, sobretudo, dentro de casa [...]. Cornélio liderou espiritualmente sua família (At 10.2). também influenciou espiritualmente alguns dos seus soldados que estavam sob a sua autoridade (At 10.7). Tinha bom testemunho de toda a nação judaica (At 10.22). Exercia sua influência dentro de casa (At 10.2), no trabalho (At 10.7) e na sociedade (At 10.22). Cornélio deixava sua marca por onde passava”.

Mas toda a sua piedade e devoção ao Deus de Israel não lhe trouxeram a salvação. Isso nos mostra que ninguém é salvo porque é bom, pois como nos diz Efésios 2.8,9: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie”.

Warren Wiersbe ilustra esse fato contando a história de John Wesley. Ele diz que em vários sentidos John Wesley era como Cornélio: um homem religioso, membro de uma igreja, pastor e filho de pastor. Pertencia a um “clube religioso” em Oxford, cujo propósito era aperfeiçoar a vida cristã. Wesley trabalhou em missões estrangeiras, mas mesmo enquanto pregava a outros, não tinha certeza da própria salvação.

No dia 24 de maio de 1738, Wesley compareceu com certa relutância a uma pequena reunião em Londres, onde alguém estava lendo em voz alta um comentário de Martinho Lutero sobre Romanos. “Por volta de quinze para as nove”, escreveu Wesley em seu diário, “enquanto ele descrevia a transformação que Deus opera no coração pela fé em Cristo, senti meu coração ser tocado de maneira estranha; senti que cria única e exclusivamente em Cristo para salvação e recebi a convicção de que havia removido meus pecados e de que salvara a minha vida da lei do pecado e da morte”. O resultado dessa experiência foi o grande reavivamento wesleyano, que não apenas conduziu muitos ao reino de Deus, mas também transformou a sociedade britânica mediante a ação social cristã.

3º - Cornélio era um homem que estava pronto a ouvir a Palavra de Deus (At 10.24,33). No dia seguinte quando chegaram a Cesaréia, encontraram Cornélio esperando por eles com sua casa cheia de gente. Ele acreditou na promessa do Senhor. Portanto, esperou que Pedro viesse de imediato, calculou a hora de sua chegada e chamou a si a tarefa de reunir todos os seus parentes e amigos íntimos. Nota-se com isso a importância que Cornélio deu a esse encontro.

O espírito de Cornélio fora exaltado pela visão, e estava cônscio, de alguma maneira toda especial, de que os presentes acontecimentos de sua vida não eram totalmente normais ou naturais, mas que Deus fizera uma intervenção e pusera sobre ele a Sua mão.

Warren Wiersbe diz que “a diferença entre Cornélio e muitas pessoas religiosas de sua época estava no fato de ele saber que sua devoção religiosa não era suficiente para salvá-lo. Hoje, grande número de indivíduos religiosos acha que seu caráter e suas boas obras são suficientes para garantir um lugar no céu e não têm consciência alguma do próprio pecado nem da graça de Deus”.

R. N. Champlin diz que “a mão de Deus repousando sobre Cornélio, representava a mão divina sobre todos os gentios”.

EM SEGUNDO LUGAR EU APRENDO QUE HOUVE UMA QUEBRA DE PARADÍGMAS (At 10.9-16).

Fica claro, desde o princípio da Igreja, que ser convertido a Cristo e ser cheio do Espírito Santo não remove automaticamente os preconceitos que crescem com as pessoas. Pedro havia feito algum progresso: ele aceita a obra do Senhor na salvação dos samaritanos. Mas, eles eram circuncidados e guardavam a Lei quase tão bem como os judeus. Ele também estava disposto a ficar na casa de um curtidor “imundo” que era crente (esse homem lidava com animais mortos, e, pela lei judaica, ele era um impuro). Entretanto, ele ainda não havia enfrentado as barreiras maiores. Muitas leis e costumes separavam os judeus dos gentios, especialmente as leis dietéticas. Judeu algum comeria alimento preparado por um gentio, porque acreditava que isso também o faria imundo.

1º - Deus quebra paradigmas do nosso orgulho e preconceito (At 10.9-15). Uma das coisas mais difíceis para qualquer pessoa é a quebra de paradigmas e preconceitos, e não foi diferente com Pedro. Enquanto orava lhe sobreveio uma visão que lhe deixou estarrecido: “enquanto lhe preparavam a comida, sobreveio-lhe um êxtase; então, viu o céu aberto e descendo um objeto como se fosse um grande lençol, o qual era baixado à terra pelas quatro pontas, contendo toda sorte de quadrúpedes, répteis da terra e aves do céu. E ouviu-se uma voz que se dirigia a ele: Levanta-te, Pedro! Mata e come”.

O Senhor fez com que Pedro tivesse uma visão e recebesse uma ordem, aos olhos de Pedro absurda. Uma ordem que feria a Lei de Moisés, ou melhor, a própria Lei de Deus. Por isso a relutância de Pedro em obedecer. Seria algum teste para saber até que ponto Pedro estava disposto a obedecer ao Senhor? De uma coisa nós sabemos, Pedro disse não. Justo González diz que “Lucas parece até mesmo estabelecer uma relação entre a fome de Pedro no momento da visão e o momento de ele ver comida”.

Entenda o que aconteceu com Pedro para ele dizer não para uma ordem direta de Deus. Em Levítico 11.1-47 nos trás uma lista completa dos animais que Deus estabeleceu como impuros. Ali nós temos, por exemplo:

Porcos, camelos, coelhos, abutres, corvos, mochos (ave noturna menor que uma coruja), corujas, morcegos, formigas, besouros, ursos, lagartos, camaleões, doninhas, ratos, cobras. Mas gafanhoto podia comer.

A GASTRONOMIA NO MUNDO:

A gastronomia no mundo é muito variada. O que para nós é imundo em outros países é comum. Por exemplo:

Os franceses comem cavalos. Os chineses comem cachorro e macacos. Os italianos comem rouxinóis. Os neozelandeses comem cangurus. Os africanos comem insetos e até ratos. Os brasileiros comem pé de porco. Os canibais comem gente.

Imagine Simão Pedro se lembrando de sua mãe brigando com ele por ter posto a mão em algo impuro. “Simão isso é porcaria! Nem toque. Vá lavar a mão agora mesmo!”

Certamente Pedro teve ter sido repreendido por sua mãe algumas vezes. Tais alimentos para os judeus eram repugnantes. Por exemplo: se uma lagartixa ou aranha caísse do teto sobre uma panela de barro, teria que jogar fora o que houvesse na panela e a vasilha teria que ser quebrada (Lv 11.33).

Os cristãos de hoje comem carne de porco, mariscos, ostras, lagostas, nós não conseguimos captar o impacto que Pedro teve ao ver aquela cena e a ordem dada.

Mas porque a proibição? A resposta se encontra em Lv 11.44,45 que diz: “Eu sou o Senhor vosso Deus; portanto, vós vos consagrareis e sereis santos; porque eu sou santo; e não vos contaminareis”. 

Philip Yancey em seu livro “Maravilhosa Graça” cita a antropóloga Mary Douglas que, segundo ela, em cada caso Deus proíbe animais que apresentam uma anomalia. Uma vez que peixes devem ter barbatanas e escamas, moluscos e enguias não se qualificam. As aves devem voar, assim as emas e avestruzes não se qualificam. Animais terrestres devem andar com quatro pernas, não rastejar como a cobra. Gado doméstico, ovelhas e cabras ruminam e têm cascos fendidos; portanto todos os mamíferos comestíveis deveriam ser assim.

Justo González diz que Pedro recusa-se a comer porque nunca comeu nada “profano” (koinos) ou “impuro” (akathartos). Tecnicamente, há uma diferença entre os dois. O profano é aquilo que não foi consagrado. O impuro é aquilo que pode contaminar o crente. Na época do Novo Testamento, a distinção tinha quase desaparecido.

Philip Yancey comenta que “alguns têm destacado os benefícios à saúde nas leis levíticas. A proibição de carne de porco afastou a ameaça da triquinose (A triquinose é uma infecção parasitária causada pela larva Trichinella spiralis, popularmente conhecida como lombriga, presente na carne de porco ou de animais selvagens crua ou mal cozida). E a proibição de mariscos protegia os israelitas dos vírus que, às vezes, se encontram em ostras e mexilhões. Outros observam que muitos dos animais são necrófagos, alimentam-se de carniça. Outros ainda, observam que as leis específicas parecem dirigidas contra os costumes dos vizinhos pagãos dos israelitas. Por exemplo, a proibição de cozinhar uma cabra no leite de sua mãe parecia ter sido feita para evitar que os israelitas imitassem um ritual de magia dos cananeus”. 

I. Howard Marshall diz que “a lição aqui inculcada é que o mandamento do Senhor liberta Pedro de quaisquer escrúpulos quanto a ir para o lar de um gentio e comer qualquer coisa que viesse a ser colocada diante dele. Seria um passo curto entre o reconhecimento que era pura a comida dos gentios e o reconhecimento que os próprios gentios eram puros também”. Por isso que o Senhor fala para Pedro: “Ao que Deus purificou não chames de comum” (At 10.15).

O próprio Senhor Jesus quebrou isso quando disse que era desnecessário lavar as mãos por razões rituais (diferente de razões de higiene), antes de uma refeição, e Marcos comentou: “E, assim, considerou ele puros todos os alimentos” (Mc 7.19). O Senhor aqui só está confirmando o que já havia ensinado, mas que havia caído no esquecimento dos discípulos.

2º - Deus quebra paradigmas aplicando a Sua Palavra através da oração (At 10.13-16). O texto nos fala que no dia seguinte, por volta do meio dia, enquanto lhe preparavam algo para comer, Pedro teve uma visão, um êxtase enquanto ele permanecia no terraço. A maioria dos judeus considerava o meio-dia uma hora de oração (Sl 55.17; Dn 6.10).

Foi através da oração que Pedro começou a entender o que o Senhor queria fazer através dele. Pedro estava relutante quanto à ordem dada pelo Senhor, tanto que disse: “Mas Pedro replicou: De modo nenhum, Senhor! Porque jamais comi coisa alguma comum ou imunda. Ao que Deus purificou não chames de comum” (At 10.14,15).

A oração é uma guerra onde nossos preconceitos, nossos achismos e orgulho caem por terra. É quando permitimos que o Senhor aplique a Sua Palavra ao nosso coração. Não basta ler e estudar a Palavra de Deus é necessário a unção do Espírito Santo aplicando em nossos corações a Sua Palavra através de uma vida de oração. Só assim os nossos paradigmas serão quebrados e a Palavra de Deus será entendida de forma clara e transparente, só assim ela será aplicada em nossas vidas.  

Orar é entrar na Sala do Trono e se prostrar diante do Criador dos céus e da terra, do único Deus verdadeiro, falar com Ele e estar pronta a ouvir o que Ele tem a nos dizer.

3º - Quando Deus quebra os nossos paradigmas devemos lhe obedecer imediatamente (At 10.19-23). Observe que Pedro não entende a visão e ainda está simplesmente perplexo quando os mensageiros de Cornélio chegam à casa de Simão, e o Espírito diz para Pedro recebê-los e ir com eles. Essa foi uma ordem direta e dessa vez ele não questionou.

Warren Wiersbe citando Graham Scrogie diz que “é possível dizer ‘não’ e é possível dizer ‘Senhor’, mas, não é possível dizer ‘não Senhor’!” Se ele é verdadeiramente Senhor, só podemos dizer “Sim!” a ele e obedecer as suas ordens. 

Mas essa não foi a primeira vez que Pedro reage assim a uma ordem do Senhor, no dia da ceia ele não queria deixar o Senhor Jesus lavar-lhe os pés. “Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés” (Jo 13.8). Pedro era muito impulsivo e não pensava antes de falar e, pelo visto, o tempo não o ajudou muito a mudar.

Quando Pedro entra na casa de Cornélio ainda está meio receoso (At 10.28,29). Boa educação passou longe de Pedro naquela hora. Embora eu creia que ele disse isso para poder se justificar diante dos outros judeus que haviam ido com ele. Pedro parece estar preocupado demais com o que as pessoas pensavam dele (Gl 2.11,12 conf. At 11.12).

Justo González diz que “o fato de a visão acontecer em Jope é relevante. Foi em Jope que Jonas, quando Deus o chamou para ir a Nínive, tomou um navio para a direção oposta, para Társis (Jn 1.3). O verdadeiro nome de Pedro é Simão, filho de Jonas (Mt 16.17). Agora, esse Simão, filho de Jonas, como o Jonas anterior e na mesma cidade de Jope, ouve o chamado enviando-o além dos limites do povo de Israel”.

TERCEIRA LIÇÃO QUE EU APRENDO QUE A SALVAÇÃO ESTÁ CENTRADA SOMENTE EM CRISTO E ISSO É UMA QUEBRA DE PARADIGMAS (At 10.34-43).

O sermão de Pedro na casa de Cornélio constitui um marco divisório na história da Igreja Primitiva. Quando Pedro ouve o relato de Cornélio ele por fim entende o que o Senhor quis lhe falar com o êxtase que havia tido em Jope (At 10.34,35). Pedro verificou que Deus, verdadeiramente, não faz acepção de pessoas. Salvar os gentios não era uma ideia nova. Ela foi ensinada em passagens do Antigo Testamento e também do Novo Testamento, tais como Dt 10.17; Sl 96; At 10.34,35; Rm 2.11; 1Pe 1.17. Isso não significa que Deus não possa fazer as suas escolhas – ter os seus eleitos – mas Ele não baseia sua escolha, ou a limita, nas diferenças nacionais ou externas (Ap 5.8-10).

Warren Wiersbe destaca que “a ideia de que todas as religiões são boas é completamente falsa. Os que dizem que devemos adorar o ‘deus de muitos nomes’ e ‘não mudar a religião das outras pessoas’ estão em conflito com as Escrituras. A salvação vem dos judeus (Jo 4.22), e não pode haver salvação sem a fé em Jesus Cristo, que nasceu judeu. Cornélio tinha piedade e moralidade, mas não tinha salvação”.

Pedro já havia deixado isso bem claro anos antes: “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (At 4.12).

Os irmãos Caner em seu livro “O Islã sem véu”, diz que uma das maiores dificuldades para um mulçumano quando se converte é reconhecer que Jesus era um judeu. Anos a fio aprendendo a odiar os judeus e de repente descobrir que o salvador do mundo é um judeu e que a salvação vem dos judeus gera uma grande crise em muitos muçulmanos. Isso é uma quebra de paradigmas. Aliás, eu não consigo entender como uma pessoa recebe a Cristo como Senhor e Salvador e não entra em crise.

1º - O Evangelho está centrado na vida e obra que o Jesus realizou (At 10.38). Não há como pregar o Evangelho sem mostrar o que Jesus realizou em seu ministério. Aliás, uma das coisas que nos chamam a atenção é o quanto o Senhor esteve desfazendo as obras de Satanás na vida das pessoas. Ele demonstrou isso curando os enfermos, libertando os cativos das garras de Satanás e pregando o Evangelho que trazia o homem de volta à comunhão com o Pai.     

2º - O Evangelho está centrado na morte de Cristo e ressurreição de Cristo (At 10.39-41). Sem a morte e ressurreição de Cristo não há Evangelho. Uma coisa está atrelada a outra. Jesus rompeu os grilhões da morte e saiu vitorioso daquele túmulo. Essa doutrina é tão importante que o apóstolo Paulo dedicou um trecho enorme em sua primeira carta aos Coríntios capítulo 15.  

3º - O Evangelho está centrado no senhorio de Cristo (At 10.36,42). Jesus é Senhor! Os que não O recebem como Senhor são culpados de rejeitá-Lo! A “fé” que rejeita a sua autoridade soberana nada mais é do que incredulidade. Por outro lado, o reconhecimento da soberania de Cristo é não maior obra do que o próprio arrependimento (2Tm 2.25) ou fé (Ef 2.8,9). Na verdade, ele é um elemento importante na fé salvadora divinamente produzida em nós, e não um elemento adicional à fé.

4º - O Evangelho está centrado na remissão dos pecados (At 10.43). A remissão e o perdão dos pecados, a salvação e a vida eterna não são alcançados pelas obras nem pela religião, mas pela fé em Jesus. Sem arrependimento não pode haver salvação. Observe as duas Bem-Aventuranças do Sermão do Monte e veremos isso: “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados” (Mt 5.3,4).

Os humildes ou pobres de espírito são os que reconhecem que sem Deus eles não têm nada e os que choram, são os que reconhecem a sua miséria espiritual e chora de arrependimento pela vida que tem.

QUARTA LIÇÃO QUE EU APRENDO QUE AQUELES QUE RECEBEM O EVANGELHO, ESSES RECEBEM O ESPÍRITO SANTO (At 10.44-48).

Enquanto Pedro ainda dizia essas coisas aconteceu uma súbita e inesperada interrupção do céu. O Espírito Santo desceu sobre os que ouviam a Palavra. Isso deixou inteiramente maravilhados os crentes judeus que tinham vindo com Pedro. De fato, quase os pôs fora de si ver o Espírito Santo derramado sobre eles. Devido a isso, Pedro não teve outra atitude se não de batizá-los também com água.

1º - Pedro reconheceu que esta era uma confirmação oportuna de que eles não somente foram aceitos por Deus, mas, também, passaram a fazer parte da igreja.

2º - Pedro entendeu que a graça do Senhor é derramada a todas as pessoas, e aquele que crê não se deve recusar o batismo nas águas.

3º - Pedro e os outros discípulos romperam a barreira do preconceito e ficaram com os gentios, pois tais eram seus irmãos em Cristo.

CONCLUSÃO

Warren Wiersbe diz que Pedro passou algum tempo em Cesaréia e ajudou a fundamentar esses recém-convertidos na verdade da Palavra. Talvez Filipe o tenha assistido. Essa experiência toda é uma ilustração da comissão de Mateus 28.19,20. Pedro foi aonde Deus o enviou e fez discípulos entre os gentios. Essa mesma comissão aplica-se à Igreja hoje.

Pense Nisso!  

Um comentário:

  1. O clero católico prega que não se deve fazer acepção de pessoas ou de raças, mas fo justamente o clero católico que FEZ ACEPÇÃO DE PESSOAS. Por causa do secular ódio aos judeus, pretendendo ser diferentes deles em tudo, o "papa" Libório, o Bispo de Roma, convocou o Concílio de Laodicéia, no ano 364 e o resultado foi a perpétua proibição de guardar o sábado como vinha sendo guardado até ali. E para asseverar isso, decretou severos castigos e até a excomunhão para todos os que teimassem em continuar com a guarda e santificação do sábado.


    E ainda o clero fez TERRÍVEL ACEPÇÃO DE PESSOAS quando fez executar pelo fogo e enforcamento centenas de milhares de pessoas, nos seis terríveis séculos da atroz Inquisição católica.

    Bênção ou Maldição, alerta o Senhor
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    Waldecy Antonio Simões walasi@uol.com.br

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