quarta-feira, 22 de junho de 2016

ELCANA UM EXEMPLO DE MARIDO


Por Pr. Silas Figuiera

Texto base 1 Samuel 1.1-11, 19-23

Elcana, cujo nome hebreu significa Deus criou, era de Ramataim-Zofim, da região montanhosa de Efaim, e era filho de Jeroão. Ramá (Ramataim-Zofim) ficava cerca de 24 quilômetros ao norte de Jerusalém. Elcana residia no território de Efraim, mas pertencia à tribo de Levi (1Cr 6.26,34). Logo, era levita por descendência e efraimita por residência. Foi por esse motivo que seu filho, Samuel, pôde envolver-se, sem empecilho algum, nos atos do tabernáculo [1].  

Elcana era um servo fiel ao Senhor, ele ia de ano em ano a Siló para adorar e oferecer sacrifícios ao Senhor (1Sm 1.3). A Lei exigia que os israelitas participassem de três festividades por ano em Jerusalém [a Páscoa, o Pentecostes e a Festa dos Tabernáculos] (Êx 34.23; Dt 16.16). O texto também nos diz que ele tinha duas esposas: Ana e Penina. No entanto, o texto destaca que Elcana amava profundamente a Ana, embora esta fosse estéril (1Sm 1.5).

Elcana era um marido que procurava suprir as necessidades de suas esposas; mesmo sendo Ana estéril, ele cuidava dela, pois a amava. Elcana poderia ter se divorciado de Ana, afinal de contas ela era uma mulher que não lhe completava como família, pois ela não podia gerar filhos. É bem provável que Elcana tenha se casado com Penina por esse motivo. Os rabinos judeus diziam que havia sete pessoas que não podiam comunicar-se com Deus, e a lista começava assim: “um judeu que não tem esposa, ou um judeu que tem esposa, mas não tem filhos”.

Não são poucos os casos, hoje em dia, de homens que se separam de suas esposas por elas não poderem ter filhos. Há relatos de muitas mulheres na África que por não terem filhos são devolvidas aos pais. Algo extremamente humilhante. 

Ele poderia trata-la com desdém, pois o pensamento daquela época era que uma mulher que não podia gerar filhos era uma mulher amaldiçoada, pois a bênção do Senhor sobre a família era ter muitos filhos (Gn 1.22, 28, 9.7; Sl 127.3-5, 128; Pv 17.6).

Muitos homens abandonam as suas esposas por causa de doenças. Eu conheci uma moça que estava com câncer e que quando o marido chegava em casa dizia para ela morrer logo, isso quando não agredia fisicamente. Ele era um covarde e criminoso. Um monstro para ser exato! Enquanto ela era jovem e bonita, e ele podia exibi-la não havia problema algum, mas no dia em que ficou doente ele revelou que não a amava. 

Elcana poderia dar atenção somente para Penina, pois ela lhe havia dado filhos, mas ele não fazia isso. É bom destacar que provavelmente Ana fora a sua primeira esposa, naquela época era comum os homens terem mais de uma mulher, principalmente se esta não pudesse gerar filhos.

Mas o que fez com que Elcana tratasse Ana de forma diferente foi porque ele a amava. O amor é que sustenta um casamento diante das adversidades da vida. A saúde um dia pode vir a acabar, a beleza pode deixar de existir, a crise muitas vezes nos bate à porta. Todo casamento passa por adversidades. Mas é nessa hora que o amor faz toda diferença no casamento. Um casamento sem amor não passa de um ajuntamento de corpos. Como disse Paulo em Colossenses 3.4: “O amor é o vínculo da perfeição”.

O que o apóstolo Paulo nos fala em Efésios 5.25-33 de como os maridos cristãos deve tratar as suas esposas, Elcana já fazia isso por Ana. Isso prova que é o amor que gera o cuidado, carinho e o respeito. É somente através do amor que não é egoísta, ou seja, que não busca os seus próprios interesses (1Co 13.5), que um casamento pode se manter de pé, e os maridos, amarem as suas esposas como Cristo amou a igreja.

O amor de Elcana por Ana fez dele um exemplo de marido cuidando dela em quatro áreas:

Primeiro, Elcana foi um exemplo de marido, pois ele cuidava da sua vida espiritual (1Sm 1.4,5).

“No dia em que Elcana oferecia o seu sacrifício, dava ele porções deste a Penina, sua mulher, e a todos os seus filhos e filhas. A Ana, porém, dava porção dupla, porque ele a amava, ainda mesmo que o SENHOR a houvesse deixado estéril”.

Elcana era responsável pela vida espiritual de Ana, ele exercia o sacerdócio em sua casa. Ele não era negligente com a espiritualidade em seu lar.

Hoje quantas mulheres reclamam que seus maridos são homens que não se importam em ler a Bíblia, não oram, e se oram, oram sozinhos. Muitos maridos não intercedem por sua família e nem leva a sua família para os pés do Senhor. Não são exemplo de vida espiritual. Elcana era um exemplo buscando influenciar a sua família no temor do Senhor.

Creio que pelo exemplo de fé de seu marido Ana buscou a Deus confiando que Ele era capaz de realizar um milagre em sua vida.

Segundo, Elcana foi um exemplo de marido, pois ele cuidava da sua vida emocional (1Sm 1.8).

“Então, Elcana, seu marido, lhe disse: Ana, por que choras? E por que não comes? E por que estás de coração triste? Não te sou eu melhor do que dez filhos?”

Elcana se preocupava com os sentimentos de Ana. Ele olhava para ela com carinho e se condoía de sua dor. Ainda que ele não entendesse a sua angústia de forma plena, pois ele achava que ele era melhor que dez filhos para ela (provavelmente ele tinha dez filhos com Penina); mas mesmo assim ele procurava suprir a necessidade emocional de sua esposa. Com essas palavras ele tentava lhe mostrar que ele a amava e queria vê-la feliz. Que se compadecia de sua dor e sofrimento.

Quantos maridos que são ausentes na dor da esposa. Acham que é “frescura”, que choram por qualquer motivo. Não procuram entendê-las e nem são companheiros na hora da dor.

Os homens precisam entender que as mulheres são muito mais propensas a depressão, choram muitas vezes sem motivo aparente... Nessas horas que os maridos precisam estar ao lado delas e não ficar as criticando.

A maior parte das dificuldades conjugais se encontra num fatohomens e mulheres são totalmente diferentes. As diferenças – emocionais, mentais e físicas – são tão extremas que sem esforço concentrado é impossível ser feliz no casamento.

DIFERENÇAS MENTAIS / EMOCIONAIS

As mulheres tendem a ser mais pessoais do que os homens. Elas têm interesse mais profundo em pessoas e sentimentos. Elas constroem relacionamentos.

O homem é mais orientado pelo sentido do desafio e da conquista. Por isso que os homens gostam mais de filme de ação, esporte – futebol, lutas, corrida. Já elas gostam mais de filme romântico e novelas, o vestido ideal.

Por isso, que os transtornos emocionais, tais como a depressão e a ansiedade, são mais frequentes nas mulheres. Aparentemente, os homens são mais sólidos emocionalmente; protegem-se mais e sofrem menos impactos dos estímulos estressantes do que elas.

Observe que as mulheres amam mais, são mais poéticas, mais sensíveis, se doam mais e vivem mais as dores dos outros do que os homens. Além disso, elas são mais éticas, causam menos transtorno social e causam menos crimes que os homens. Por ter uma emoção mais rica do que os homens, elas têm menos proteção emocional e, consequentemente, estão sujeitas a doenças emocionais.

As mulheres são, portanto, paradoxalmente mais frágeis e, ao mesmo tempo, mais fortes do que os homens. Elas adoecem mais no território da emoção porque navegam mais longe. Por isso não tente entender as reações das mulheres. Muitos comportamentos delas são incompreensíveis, ultrapassam os limites da lógica.

Por exemplo, quem foi mais forte, os discípulos ou as mulheres que seguiram Jesus? As mulheres! As mulheres estavam próximas a cruz, o restante dos discípulos fugiram e estavam escondidos com medo (Mt 26.56; Jo 20.19). Dos apóstolos, somente João foi até a cruz. Os outros estavam sufocados pelo medo, ansiedade e sentimento de culpa. Quem foi até o túmulo de Jesus de madrugada? Só as mulheres (Mt 28.1-10; Mc 16.1-8; Lc 24.1-12; Jo 20.1-10).

As mulheres sempre foram mais fortes para enfrentar a dor do que os homens, embora sejam mais vítimas delas.

Temos que aprender com as mulheres a arte da sensibilidade.

O único problema é que as mulheres, por terem uma emoção mais dilatada, costumam ser alvo mais fácil das propagandas e, por isso, às vezes, gastam mais do que precisam. Mas ninguém é perfeito!

Terceiro, Elcana foi um exemplo de marido, pois ele cuidava para que Ana tivesse maturidade espiritual (1Sm 1.21-23).

“Subiu Elcana, seu marido, com toda a sua casa, a oferecer ao SENHOR o sacrifício anual e a cumprir o seu voto. Ana, porém, não subiu e disse a seu marido: Quando for o menino desmamado, levá-lo-ei para ser apresentado perante o SENHOR e para lá ficar para sempre. Respondeu-lhe Elcana, seu marido: Faze o que melhor te agrade; fica até que o desmames; tão-somente confirme o SENHOR a sua palavra. Assim, ficou a mulher e criou o filho ao peito, até que o desmamou”.

Ana fez um voto a Deus e Elcana lhe fez lembrar que esse voto deveria ser cumprido. Isso se chama maturidade espiritual. Pessoas imaturas espiritualmente falando são pessoas que fazem votos e não os cumprem. No entanto, Elcana por ser um homem maduro espiritualmente fazia com que sua casa tivesse essa maturidade também.

Veja o que Salomão nos fala no livro de Ecresiástes 5.4,5:

“Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos. Cumpre o voto que fazes. Melhor é que não votes do que votes e não cumpras”.

Clint Archer disse que a “infantilidade só é irritante em um adulto. Quando uma criança de quatro anos veste uma capa, uma cueca por sobre a calça, alegando ter visão raio-x, isso é fofo. Quando seu pai faz isso, é preocupante (ou insanidade)”. Assim são muitos crentes imaturos fazendo votos absurdos e irracionais. Não estou falando de novos convertidos, mas de crentes que já deveriam estar ensinando. O escritor da Carta aos Hebreus viu um paralelo entre a alimentação de um bebê e a condição espiritual dos cristãos. Eles são reprovados por não terem crescido na vida cristã, por continuarem sendo como criancinhas recém-nascidas que necessitam de leite, não suportando ainda alimentos sólidos, ou seja, um ensino espiritual mais profundo. Eles não têm progredido na fé (Hb 5.11-14).

A maturidade espiritual nos leva a tomarmos decisões dentro dos princípios bíblicos e nos esforçamos por coloca-los em prática. O maduro na fé não toma decisões precipitadas e impensadas, mas procura fazer tudo na direção do Espírito Santo.

Creio que Ana quando tomou a decisão de fazer aquele voto não foi algo de repente, mas provavelmente já vinha falando a respeito disso com Deus e com o seu marido. Tanto que ele não a questiona, mas lhe diz para cumprir o que havia votado.

Quarto, Elcana foi um exemplo de marido, pois acreditava e incentiva os projetos de Ana (1Sm 1.23a).

“Respondeu-lhe Elcana, seu marido: Faze o que melhor te agrade...”

Elcana sabia o que Ana queria fazer se tivesse um filho e se este fosse um menino. Ele a incentivou em seu voto. De acordo com a Lei, Elcana poderia ter declarado o voto de Ana uma promessa imprudente e tê-la proibido de realizá-lo (Nm 30.10-15). O fato de ele não ter feito isso demonstra o seu amor e estima por ela.

Elcana foi um fator motivacional para ela. Agora, quantos maridos tentam o tempo todo desmotivar as suas esposas em seus projetos e sonhos. Quantos maridos se tornam pedra de tropeço para suas esposas; não as incentivam para que seus sonhos se tornem realidade.

Quantas mulheres gostariam de estudar, mas não tem o incentivo dos maridos, isso quando elas não ouvem várias críticas.

O que Elcana fez serve de exemplo para todos nós, ele não só a incentivou como participou do projeto com ela.

Maridos ousem sonhar com as suas esposas, e se esforcem para que esse sonho se torne realidade.

Quero concluir essa nossa reflexão dizendo que Elcana foi um exemplo, pois ele amava a sua esposa. Se quisermos fazer a diferença na vida de nossas esposas devemos ama-las, respeita-las e lhes dar nossa total compreensão. Somente com ajuda do Espírito Santo seremos capazes de pôr em prática o que o Senhor nos ensina em Sua Palavra em relação ao cuidado para com as nossas esposas.  

Pense nisso!

Bibliografia:

1 – Champlin, Russel Norman. O Antigo Testamento Interpretado, versículo por versículo, 1ª edição, Ed. Hagnos, São Paulo, SP, 2001, p. 1125.  

22 comentários:

  1. Deus é louvado por essa Palavra meuquerido colega o Senhor seja com tigo amem

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    1. Graça e paz irmão José.
      Amém! Que Deus o abençoe também.
      Fique na Paz!
      Pr. Silas Figueira

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  2. Glória a Deus por estar palavra que Deus continue abençoando sua vida e o seu ministério

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    1. Muito obrigado. Fico feliz em saber que estas palavras o tenham abençoado.
      Fique na Paz!
      Pr. Silas Figueira

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    2. Gente,que texto maravilhoso. Eu achei interessante que a maioria das pessoas lembram mais de Ana e esquecem de Elcana. Parabéns. Amei.

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  3. Graça e paz, minha dúvida, qual das festas era que alcana subia a Siló?Pois sabemos é eram sete festas anuais.
    respaldo muito bem elaborado ótimo para ensinamentos de casai.

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    1. Graça e paz Nielson.
      O texto não nos dá nenhuma pista sobre qual seria essa festa, por isso é melhor nós não especularmos a respeito.
      Que Deus o abençoe!
      Pr. Silas Figueira

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  4. muito bom mesmo Deus continue te abençoando mais e mais ministro do Evangelho

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  5. Qual era o voto de Elcana,pois no cão,1 e 21 diz que ele subiu sacrificar é a cumprir o seu voto.

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    1. Graça e paz.
      O texto não nos diz que voto foi este que Elcana havia feito. No entanto, era muito comum os israelitas fazerem vários tipos de votos.
      “... os votos tornaram-se uma característica da era particular dos juizes de Israel. Podemos verificar as narrativas de Sansão, de Jefté e do juramento do benjamita” (Ellicott, in loc.).

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  6. Paz do senhor Jesus Cristo , que estudo maravilhoso ; Deus lhe abençoe PR ; por esse estudo que o Eterno DEUS lhe use e te abençoe cada vez mais , amém .

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  7. Muito bom e edificante Deus continue abençoando 😍

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