quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Jesus orou por igrejas verdadeiras num mundo real e caído, orou por igrejas imaturas, orou...

 
 
Por Josemar Bessa

Muitas pessoas num mundo que prega abertamente o individualismo e cada homem como medida do que é bom e correto para si mesmo, tentam encontrar desculpas que racionalizem o problema nascido no Éden, o homem sendo “deus” de si mesmo.

Uma das desculpas é sempre tirar a responsabilidade pessoal pelo meu fracasso e colocá-lo em grupos maiores que não tem uma cara específica. Gostamos e abraçamos como desculpa os pecados institucionais, tão condenados diariamente, e pouco falamos dos pecados pessoais, que em última análise, são o nosso verdadeiro problema.

Muitos falam da imperfeição da igreja apenas como uma desculpa para sua vida vivida em torno de si mesmo.

Por exemplo, a unidade da igreja – A unidade da igreja ( olhe para a igreja local) não significa a ausência de conflitos. Quando Cristo orou pela unidade, ele também orou pela santificação de sua igreja ( João 17.17). A necessidade de santificação pressupõe a presença do pecado, e presença do pecado resulta muitas vezes, como não podia deixar de ser, em desunião.

Cristo sabia disso, ele não ora de forma ingênua, ele orou por igreja verdadeiras num mundo real e caído, orou por igrejas imaturas, por igrejas perseguidas que lutariam com o medo..., igrejas que teriam problema com o orgulho, igrejas com membros pecadores... Ou seja, igrejas como as que o apóstolo Paulo fundou e dirigiu, e Pedro, e João... e tiveram que escrever cartas, admoestar, repreender... Igrejas como as que Jesus repreende através de João em Apocalipse 1-3. Mas a oração de Jesus ainda é que esses pecadores justificados, regenerados... estejam juntos, se mantenham juntos... Por quê? O plano de muitos hoje seria cada um ficar em sua casa até que todos fossem perfeitos para se juntarem. Mas Jesus os quer juntos e ora para que sejam santificados pela Palavra... pecadores que muitas vezes tem conflitos, juntos? Por que? Porque Jesus usa os pecados irritantes dos outros para expor nossos próprios pecados, criando oportunidades de tolerar, desenvolver a paciência, orar por transformação, aprender a perdoar... cumprindo assim uma instrução fundamental: “amar uns aos outros” ( Jo 13.34-35). Como Ele nos amou, como Ele amou os discípulos... se havia algo longe de qualquer perfeição era o grupo de discípulos que andou com Jesus naqueles três anos: Pedro, Tiago e João, Tomé... Quanto orgulho e disputa por primeiro lugar houve entre eles, quanto medo, quanta incredulidade... Tudo isso levou a desunião muitas vezes, mas a contenda que naturalmente leva a desunião traz consigo a possibilidade de refinar a igreja quando o pecado é confrontado, confessado... e o evangelho da graça é aplicado (Mt 18.21-35).

O crescimento na unidade da igreja não depende de faixa etária, música... Você cria tribos, “igrejas tribais” – Em torno da juventude, estilos musicais, vestes... Não é Cristo o ponto focal dessa união – ela é humana e carnal. Sempre é a isso que nossas estratégias levam.

A unidade da igreja depende da Palavra de Deus. Logo antes de Cristo orar pela unidade da igreja nos versos 20,21 de João 17, ele ora para que Deus santifique o seu povo. A sua oração deixa claro que a unidade tem uma base, a santificação. E ele afirma que a santificação flui da Verdade: “Santifica-os na verdade, a tua Palavra é a verdade!”

Apenas quando nos humilhamos de fato sob a Palavra, não sobre partes, mas toda a Palavra, toda a Verdade. Quando abandonamos a ideia de determinar o que é relevante ou não nela, o que sempre é forjado na arrogância de um coração que não ama a Verdade, sempre que nos reunimos em torno de sua mensagem integral, mudanças espirituais verdadeira produzem unidade espiritual verdadeira.

Unidade construída em qualquer outra base, quer seja a personalidade do líder, o estilo, o ministério específico que se molda ao gosto natural de um grupo... está destinado ao fracasso aos olhos de Deus. Só quando a Palavra é central, os membros podem de fato ser reconciliados uns com os outros, aprender a perdoar uns aos outros, amar uns aos outros... a unidade da igreja depende de empenho de todos juntos crescerem na prática na compreensão da Palavra de Deus: “Santifica-os na Verdade!”

Muitos esperam o que nunca foi prometido por Cristo. Muitos esperam o que nunca foi experimentado por nenhuma das igrejas fundadas por Paulo, Pedro, João... A unidade da igreja não será plenamente realizada neste mundo. Portanto, muitos usam esse tema, como outros, apenas para disfarçarem sua recusa em viver o evangelho e crescer como povo e rebanho de Deus juntos. O que leva a compromisso, obediência, sujeição... e tantas outras coisas que apesar de ser o claro ensino bíblico, a mente desta geração detesta. Nesta geração um dos deuses mais cultuados é o individualismo. E muitos usam de várias desculpas para cristianizarem esse deus em suas vidas.

Muitos esperam hoje o que não está prometido até a volta de Cristo, o que o torna a pessoa inútil agora, no único tempo que ela tem neste mundo no trabalho de Deus na edificação da Sua igreja. Como Paulo poderia se manter útil e motivado em escrever cartas para as igrejas locais, pessoalmente lutar pela verdade de Deus nelas, pelo crescimento espiritual das pessoas... se pensasse assim?

A esperança do futuro não pode distorcer a percepção do presente. Todos nós devíamos saber, pelo claro ensino bíblico e pela nossa luta pessoal, que vivemos em um momento em que o Espírito e a carne coexistem numa guerra. Que o mundo é um inimigo poderoso, que Satanás engana e trabalha também em nosso meio. Devemos então, de modo realista, como Jesus, orar pela paz e união da igreja, buscar “se possível estar em paz com todos” – ou seja, no que depender de nós. Sermos filhos de Deus, ou seja, pacificadores no meio da igreja (Mt 5.9)... mas não ficarmos surpresos quando a desunião mostrar sua feia face. Devemos em momentos assim avaliar a nossa própria contribuição tanto na quebra da união, como na responsabilidade pela paz. Este é um assunto, como muitos outros, que nós temos o já, e temos também o “ainda não”.

Devemos avaliar a nossa própria contribuição para a luta, é preciso remover o registro do nosso próprio olho, e devemos esperar de novo no evangelho de Jesus Cristo. Sua paz é já, mas ainda não!

Exercer o perdão, a paciência, a longanimidade, a benignidade, a mansidão, o amor... é estar vivendo exatamente isso. Num perfeito ambiente de paz, esses frutos não estariam sendo desenvolvidos. Um dia esse tempo chegará.

Se tua aspiração fixa agora está no que ainda está no futuro, e com isso a tua desculpa está na imperfeição da igreja, sua motivação não pode ser a mesma dos apóstolos... nem mesmo a de igreja ao orar por sua igreja (João 17), mas não passa disso, desculpa e racionalização. No entanto, paz perfeita está prometida, e está prometida por um Deus soberano que não pode falhar e não falhará. Hoje já estamos em paz com Ele (Rm 5.1). Agora oramos pela união, temos nos tornado pacificadores, estamos sendo santificados pela Palavra... estamos engajados na batalha, e não procurando desculpas para fugir dela.
 
Fonte: Josemar Bessa

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