sábado, 28 de janeiro de 2017

NATANAEL UM PRECONCEITUOSO QUE ENCONTROU JESUS


Por Pr. Silas Figueira

Texto base: João 1.43-51

INTRODUÇÃO

O texto que lemos mostra-nos o início do ministério de Jesus. João Batista estava dando testemunho a respeito Jesus quando dois de seus discípulos passaram a segui-Lo (Jo 1.35-40). Um deles era André irmão de Simão Pedro que o leva a Cristo (Jo 1.41,42). No dia seguinte, ou seja, no quarto dia, Jesus propõe uma viagem para a Galiléia, lá Ele encontra Filipe e o chama e ele passa a ser um de seus discípulos. Assim como André que evangelizou seu irmão, Filipe procura em seguida seu amigo Natanael para evangelizá-lo.

É interessante destacar que tanto Filipe quanto Natanael aparecem mais no Evangelho de João do que nos outros Evangelhos. Natanael só é mencionado aqui no Evangelho de João, embora, alguns estudiosos creiam que ele seja o apóstolo Bartolomeu, pois Filipe e Bartolomeu sempre aparecem juntos (Mt 10.3; Mc 3.18 e Lc 6.14). F. F. Bruce diz que Bartolomeu era o seu sobrenome – que significa filho de Tolomai ou Ptolomeu [1]. Natanael aparece no Evangelho de João, no primeiro e último capítulo (Jo 21.2), seu nome significa “Dom de Deus”. Ele era galileu, da cidade de Caná; cidade esta que ficava próxima a Nazaré. E a forma de sua pergunta deixa claro que Nazaré não gozava de boa reputação entre os outros galileus. Por isso que Filipe não só falou que havia encontrado o Messias prometido na Lei e nos profetas, mas chamou Natanael para vir vê-lo.

O que podemos aprender com esse texto? Quais lições ele tem a nos apresentar?

A PRIMEIRA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE O SENHOR NOS SALVA PARA ALCANÇARMOS OUTROS (Jo 1.43,44).

No momento em que Filipe foi chamado por Jesus ele encontrou Natanael e imediatamente ele fala a respeito do seu maravilhoso encontro com o Mestre. Esse encontro com Jesus o levou a anunciar aos outros. Há muitas formas de levar uma pessoa a Cristo, não existe um método rígido de evangelismo. Nós não podemos engessar o método, mas permitir que o Espírito Santo aja de forma livre através de nossas vidas.

1º - Porque nem todas as pessoas virão a Cristo da mesma forma. O reverendo Hernandes Dias Lopes citando John Charles Ryle diz que há diversidade de operações na salvação de almas. Todos os verdadeiros cristãos foram regenerados pelo mesmo Espírito, lavados no mesmo sangue, servem ao único Senhor, creem na mesma verdade e andam pelos mesmos princípios divinos. Mas nem todos são convertidos da mesma maneira. Nem todos passam pela mesma experiência. Na conversão, o Espírito Santo age de forma soberana. Ele chama cada um conforme sua vontade [2]. Vejamos alguns exemplos:

a) Para Saulo de Tarso se converter foi necessário ele passar por uma experiência extraordinária (At 9.3-6).
b) Para Zaqueu bastou o Senhor se hospedar em sua casa (Lc 19.1-10).
c) Para o endemoninhado gadareno foi necessário libertá-lo primeiro da sua prisão espiritual (Mc 5.8,18-20).
d) Para o oficial do rei foi necessário a cura de seu filho (Jo 4.46-53).
e) Para Natanael foi necessário a Palavra juntamente com a revelação de quem ele era e onde estava (Jo 1.45-49). 

Mas observe que todos eles foram apresentados a Jesus e foi o Senhor Jesus quem manifestou o Seu poder e a Sua graça na vida de cada um deles. Se o Senhor não se manifestar de forma salvadora, por mais que as pessoas vejam milagres, não irão se converter, pois quem convence o homem do pecado, da justiça e do juízo é o Espírito santo (Jo 16.8).

2º - Porque o evangelismo pessoal é uma obrigação de todo salvo (1Co 9.16,17). O texto de 1 Coríntios 9.16,17 é um imperativo para que todo salvo anuncie o Evangelho. Veja o que Paulo nos fala:

“Quando prego o evangelho, não posso me orgulhar, pois me é imposta a necessidade de pregar. Ai de mim se não pregar o evangelho! Porque, se prego de livre vontade, tenho recompensa; contudo, como prego por obrigação, estou simplesmente cumprindo uma incumbência a mim confiada”.

Esse texto não significa que o crente deve pregar a palavra constrangido ou forçado; e sim que, por se tratar de uma testemunha do Senhor Jesus (At 1.8), foi convidado para testificar da sua salvação (At 26.22), a fim de que os que ouvirem seu testemunho possam saber a razão da esperança que há nele (1Pe 3.15). Somente o crente pode afirmar com convicção quem ele era, quem ele é, e quem ele será, ou seja: era um perdido pecador (Rm 3.23), candidato à morte eterna (Rm 6.23; Ap 21.8) e à condenação (Jo 5.24); porém, hoje, é um pecador redimido (Tt 2.14), libertado por Jesus (Jo 8.34); e, no futuro, estará eternamente na presença do Senhor (1Ts 4.17), nos céus (Fl 3.20), possuindo o corpo imortal e incorruptível (1Co 15.51-54) [3].

A Bíblia nos fala “que formosos são sobre os montes os pés do que anuncia as boas-novas, que faz ouvir a paz, que anuncia coisas boas, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina!” ( Is 52.7 – NVI).

A SEGUNDA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE DEVEMOS USAR AS ESCRITURAS PARA APRESENTAR CRISTO AOS PERDIDOS (Jo 1.43).

Quando Filipe procurou Natanael ele falou a respeito daquele que constava nas Escrituras. Jesus se revela na Palavra e nós só podemos conhecê-Lo através da Palavra. Há muitas pessoas que dizem conhecer Jesus, mas o Jesus que eles conhecem muitas vezes não consta na Bíblia.

Vemos através desse texto que o Evangelho não é uma nova religião, mas a revelação plena do que o Senhor havia falado através de Moisés, nos profetas e nos salmos, como disse Jesus em Lucas 24.44:

E disse-lhes: “Foi isso que eu lhes falei enquanto ainda estava com vocês: Era necessário que se cumprisse tudo o que a meu respeito estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos” (NVI).

Foi o que o diácono Filipe fez ao apresentar Cristo ao etíope que vinha de Jerusalém. Diz o texto que ele vinha lendo o profeta Isaías e Filipe através do texto das Escrituras que ele vinha lendo lhe apresentou-lhe as boas novas de Jesus (At 8.32-35).

Jesus se revela nas escrituras e é nela e por não conhecê-la as pessoas tem cometido vários erros. O próprio Jesus alertou aos saduceus que foram lhe procurar:

“Respondeu-lhes Jesus: Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus” (Mt 22.29 – ARA).

1º - Para apresentar Jesus eu não posso me envergonhar do Evangelho (Rm 1.16,17). Citando mais uma vez o apóstolo Paulo, ele escrevendo aos romanos ele disse em Rm 1.16,17:

Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê: primeiro do judeu, depois do grego. Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: “O justo viverá pela fé” (NVI).

Não há salvação fora de Jesus e não há como conhecermos o Senhor Jesus fora do Evangelho. É no Evangelho que Ele se revela, é através do Evangelho que conhecemos o que o Senhor Jesus veio fazer por nós, é nas páginas da Bíblia que encontramos direção para nossa vida. Por isso que o apóstolo Paulo nos diz que não se envergonhava do Evangelho. Como podemos nos envergonhar de tão grande salvação que nos é revelada nele?

O Evangelho nos revela o amor de Deus por nós. Através do Evangelho eu entendo que o Senhor não veio ao mundo para simplesmente resolver os meus problemas físicos, emocionais ou mesmo espirituais, mas para me livrar da ira futura. Nas páginas da Bíblia Sagrada é que eu descubro que o Senhor veio a este mundo, se esvaziou de Sua glória para morrer na cruz do Calvário e ressuscitou ao terceiro dia pagando um alto preço pelos nossos pecados e nos salvar.

Isso me lembra a história de um ateu que chegou para um cristão e lhe perguntou se ele acreditava no inferno e que as pessoas que não tinham Jesus como seu salvador pessoal iriam para lá, e que esse sofrimento era eterno. O cristão então lhe disse que acreditava. O ateu olhando firmemente para ele lhe disse: “Você como cristão é uma das pessoas mais cruéis que eu já conheci. Você é uma pessoa egoísta, mesquinha e sem amor ao próximo”. Nisso o cristão lhe perguntou por que ele estava falando isso a seu respeito. E o ateu então lhe respondeu: “Eu posso ser ateu, mas se você crê nesse inferno e na salvação que você diz que Jesus veio trazer ao mundo, porque você nunca me falou a respeito disso?”.

2º - Devemos apresentar Jesus com intrepidez e convicção (Jo 1.44). Observe como Filipe chega para Natanael e lhe conta que havia encontrado Aquele que contava na Lei e nos profetas. Eu não consigo ler esse texto sem vê-lo todo empolgado e convicto em suas palavras. Temos que ter convicção em apresentar o Salvador Jesus, afinal de contas nós estamos falando do salvador do mundo e não de um personagem fictício. 

Há uma história muito interessante sobre George Whitefield, reconhecido como um dos maiores pregadores do Grande Despertamento do século XVIII e a história contada sobre David Hume, filósofo escocês e também deísta, indo ouvir a pregação de Whitefield.

David Hume era um filósofo britânico deísta do século dezoito que rejeitava o cristianismo histórico. Um amigo uma vez o encontrou correndo ao longo de uma rua de Londres e o perguntou onde ele estava indo. Hume respondeu que ele ia ouvir George Whitefield pregar. ‘Mas certamente,’ seu amigo perguntou assustado, ‘você não acredita no que Whitefield prega, acredita?’ ‘Não, eu não,’ respondeu Hume, ‘mas ele sim’.

O que está faltando na vida de muitos crentes hoje é convicção e firmeza doutrinária. Eu tenho examinado alguns seminaristas e tenho participado de alguns concílios e, geralmente, há uma falta de convicção doutrinária na maioria deles. Saem do seminário flutuando entre uma teologia e outra, mas até aí tudo bem, triste é vermos pastores antigos agindo assim também. São pastores que são arminianos calvinistas, tradicionais neopentecostais, pregam a Palavra, mas utilizam de sincretismo religioso nos cultos, que fazem uma salada doutrinária e empurram tudo goela abaixo do povo. Ao invés de servirem alimento sólido servem palha. Ao invés de serem bíblicos são hereges. Ao invés de serem sólidos na fé são levados por vento de doutrina. Ao invés de serem espirituais são mundanos. Vivem de modismos gospel e não são firmados nos marcos antigos.

Jesus não é um produto a ser vendido, mas temos que apresentá-lo com convicção, pois afinal de contas nós estamos apresentando a Pessoa mais importante deste mundo. Mas para isso eu tenho que conhecê-Lo. Eu me lembro de quando eu trabalhava em uma loja, uma moça foi comprar um fogão. Fui até ela para atendê-la e ela então me pergunta se eu poderia lhe dizer se aquele fogão era de acendimento automático. Eu olhei para o fogão, mas eu não sabia nada a respeito do fogão. Então lhe disse: “Éeee?”. Ela me olhou e disse mesmo assim: “O teu ‘é’ não me convenceu, vou comprar em outro lugar”. E saiu me deixando com a cara de bobo. A partir daquele dia eu passei a conhecer “bem” todos os produtos da loja, não só fogões. Como disse Paulo a Timóteo:

“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 2.15 – ARA).

Esse é o X da questão. Será que estamos manejando bem a Palavra da verdade? Ou será que mal lemos o Novo Testamento? Observe que Filipe quando apresenta Jesus a Natanael ele sabia o que estava escrito a respeito dEle nos profetas e na Lei.

Mais triste que ver o povo cristão semianalfabeto em relação a Bíblia é vermos líderes totalmente analfabetos em relação a ela. Creio que estamos vivendo o tempo do profeta Oséias. Veja o que o Senhor nos fala a respeito da liderança e das consequências do seu desleixo em praticar a Lei do Senhor:

“O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porque tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos. Quanto mais estes se multiplicaram, tanto mais contra mim pecaram; eu mudarei a sua honra em vergonha. Alimentam-se do pecado do meu povo e da maldade dele têm desejo ardente. Por isso, como é o povo, assim é o sacerdote; castigá-lo-ei pelo seu procedimento e lhe darei o pago das suas obras. Comerão, mas não se fartarão; entregar-se-ão à sensualidade, mas não se multiplicarão, porque ao SENHOR deixaram de adorar. A sensualidade, o vinho e o mosto tiram o entendimento” (Os 4.4-11 – NVI).

O que mais temos visto hoje são crentes totalmente envolvidos com o pecado, gente que vive na prostituição, na bebedeira, na pouca vergonha; jovens sem compromisso com o Senhor, mas dentro da igreja parecem santos, coisa que estão longe de ser. Líderes descompromissados com a verdade, mas que é o retrato do povo e o povo sendo a cara de seus líderes. Falta intrepidez, falta convicção, mas o mal maior é que falta temor.

A TERCEIRA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE AINDA HÁ MUITAS PESSOAS PRECONCEITUOSAS NA IGREJA (Jo 1.46).

Preconceito é um juízo pré-concebido, que se manifesta numa atitude discriminatória, perante pessoas, crenças, sentimentos e tendências de comportamento. É uma ideia formada antecipadamente e que não tem fundamento sério. Como diz um antigo livro: “Não vi e não gostei”.

Natanael se mostra uma pessoa preconceituosa no momento em que disse que de Nazaré nada de bom sairia de lá. Para ele as pessoas que moravam naquela localidade eram pessoas desqualificadas, e eu creio que deveria ser um lugar difícil de morar, por isso ela tinha essa fama. Mas o erro dele é que ele colocou todas as pessoas dali em uma vala comum. Ele nivelou todos de forma igual. E se tem algo que devemos tomar muito cuidado é com o preconceito. Cuidado!

Para os galileus aquele lugar era insignificante, aliás, Nazaré não é citada nem uma vez se quer no Antigo Testamento, e embora o historiador Flávio Josefo, tenha enumerado quarenta e cinco cidades da Galiléia, não mencionou Nazaré. Com isso vemos que este lugar era desprezado por todos. No entanto, foi de para lá que o Nosso Senhor foi morar em sua infância, foi lá que ele cresceu e foi de lá que ele saiu para evangelizar o mundo. Nazaré só “surgiu no mapa” pelo fato de Jesus ter passado a maior parte da sua vida ali.

Pela forma zombeteira como Natanael perguntou a Filipe se alguma coisa boa viesse de lá o levou a dizer: “venha e veja”.

1º - Entendo com isso que a nossa visão preconceituosa nos impede de ver o agir de Deus na vida dos outros (1Co 1.26-29). O apóstolo Paulo deixa isso bem claro nesse texto de 1 Coríntios 1.26-29:

“Irmãos, pensem no que vocês eram quando foram chamados. Poucos eram sábios segundo os padrões humanos; poucos eram poderosos; poucos eram de nobre nascimento. Mas Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios, e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes. Ele escolheu as coisas insignificantes do mundo, as desprezadas e as que nada são, para reduzir a nada as que são, para que ninguém se vanglorie diante dele” (NVI).

Observe as escolhas que o Senhor fez no decorrer da história; observe os personagens que foram escolhidos para realizar a Sua obra. Veja a história de Abraão nosso pai na fé. Ele saiu de Ur dos Caldeus, de uma terra idólatra para ser o pai de uma grande nação e posteriormente ser o pai de todos que tem fé no Senhor Jesus (Gl 3.6-9).

Davi foi tirado detrás do rebanho para ser rei de Israel (1Cr 17.7,8). José saiu da cadeia para ser primeiro ministro do Egito (Gn 41.39-43). Jefté foi tirado do meio de marginais para ser juiz em Israel (Jz 11.1-8). Elizeu foi tirado de trás de juntas de bois para ser profeta no lugar de Elias (1Rs 19.19-21).

Veja a história dos apóstolos; homens simples, mas que sacudiram o mundo da época. O apóstolo Paulo foi um dos maiores bandeirantes de sua época. Como ele mesmo falou:

 “Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus que está comigo” (1Co 15.10 – ARA).

E ele mesmo se comparava indigno e o principal dos pecadores, pois ele perseguiu a Igreja do Senhor (1Tm 1.12-16).

Agora para por um instante e olhe para você e veja de onde Ele lhe tirou e onde Ele lhe colocou.

2º - O preconceituoso é uma pessoa que não entende a graça do Senhor. Há grande realidade é que o preconceituoso é uma pessoa que não vê o agir de Deus na vida dos outros porque ele não entende o que é a graça do Senhor em sua própria vida. Ele não entende que somente pela graça é que ele está onde está, e que sem a graça do Senhor sobre a sua vida ele seria menos do que ele já é.

Temos como exemplo os próprios judeus convertidos, que mesmo depois de serem alcançados por Deus ainda olhavam para os gentios com desdém. Veja por exemplo a história de Cornélio e Pedro (At 10 e 11). Os judaizantes que queriam que os gentios observassem a Lei de Moisés para serem salvos...

E hoje nós temos visto isso em nosso meio, no momento que uma pessoa pensa que é melhor que a outra pela igreja que frequenta, pela denominação pertence, pela teologia que observa; se for arminiano é herege para os calvinistas, se for calvinista é herege para os arminianos. Se diz que frequenta uma igreja pentecostal já pensa que o indivíduo roda e pula igual em centro espírita, se for tradicional o pentecostal já o vê como mundano e frio na fé. Se a pessoa fala que é neopentecostal o outro só vê ato profético na vida do outro. Facebook virou campo de guerra para algumas pessoas. Já vi brigas das mais diversas e já fui bloqueado também por alguns, tudo por causa de discussão teológica. Isso sem falar dos grupos apologéticos do WatsApp.

As pessoas, muitas vezes, só se conhecem virtualmente e, no entanto, se amam ou se odeiam por questões fúteis, por puro preconceito. Gente preconceituosa com os que falam em línguas e gente ridicularizando os que não têm experiências arrebatadoras.

Que Deus nos livre e guarde!

(Não quero dizer com isso que devemos tolerar as heresias que têm surgido em nosso meio, não é isso que estou falando aqui).  
     
A QUARTA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE O SENHOR QUEBRA O NOSSO ORGULHO (Jo 1.47-51).

Venha e veja foi o que Filipe falou para Natanael. E é exatamente isso que temos que fazer para que possamos mudar a nossa maneira de ver muitas coisas ao nosso redor. Apesar da fama não invejável de Nazaré, a generosidade transparente de Natanael tornou-o disposto a vir e ver este Nazareno que Filipe dizia ser aquele predito na Lei e nos profetas [4]. Uma coisa que devemos entender é que toda regra tem a sua exceção. E a exceção Natanael encontrou.
O Senhor quebra o orgulho preconceituoso de Natanael com duas revelações:

1º - O Senhor revela quem ele era (Jo 1.47). Quando Jesus disse para Natanael que ele era um verdadeiro israelita em quem não havia falsidade (dolo), Jesus estava fazendo um paralelo não com seu descendente Jacó que teve o nome mudado para Israel depois que lutou com o Anjo do Senhor (Gn 32.22-32). Natanael era um israelita não segundo a carne, mas segundo o espírito, ele era um descendente genuíno de Israel que antes era Jacó, mas teve o nome mudado por ter lutado com Deus em busca da bênção.

Natanael, provavelmente, era um homem que buscava a Deus em oração, no estudo da Palavra. Era um verdadeiro lutador com Deus e buscava prevalecer.

Natanael era um verdadeiro israelita cuja religião não era meramente uma demonstração externa ou uma conveniência, é aquele que está espiritualmente resolvido a contender com Deus, por assim dizer, é alguém que leva a sério e de forma intensa a sua religião [5].

Há muitas pessoas como Natanael hoje. Gente que leva a sério a sua religião, é sincero de coração, busca entender as coisas de Deus, mas não tem a plena revelação, pois é preconceituoso em relação ao que o Senhor pode fazer a mais em suas vidas.

Há muitos “israelitas” que precisam ter a experiência de “Jacó”. Mas para que isso ocorra, precisam deixar de ser preconceituosos.

Eu conheço um pastor muito sério na fé e na doutrina, mas que via com certo pé atrás algumas experiências que as pessoas diziam que tinham em oração no monte. Um dia ele foi convidado a ir orar em um monte com alguns irmãos conhecidos dele. Como eram pessoas muito sérias e espirituais, ele aceitou, mas meio receoso. Chegando lá uma irmã perguntou se ele estava vendo alguma coisa e ele disse que não. Que estava tudo escuro ao seu redor. Essa irmã então pediu para ele se ajoelhar que ela iria fazer uma oração por ele, assim ele fez. Quando ela terminou de orar ela fez a mesma pergunta, e ele respondeu da mesma forma. Então ela disse para ele por a boca no pó, se humilhar que ela iria orar mais uma vez por ele. Quando ela terminou de orar e que ele abriu os olhos ele me disse que tudo ao redor brilhava e, principalmente onde eles estavam. Ele me disse que pegava coisas no chão que estavam brilhando. Algo que a teologia não explica. E o mais interessante que foi eles saírem dali que tudo voltou ao normal.

Não podemos fazer de uma experiência espiritual uma doutrina, mas não podemos rejeitar as pessoas que as tem. Não brinque com as coisas espirituais. 
    
Jesus em outras palavras disse para Natanael: “Você pode ser Israel, mas você precisa da experiência de Jacó”. Veja o que Jesus diz para ele no versículo 51:

E então acrescentou: “Digo-lhes a verdade: Vocês verão o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem” (NVI).

Assim como Jacó teve o sonho da escada vocês verão, não em sonho, os anjos de Deus descendo e subindo sobre o Filho do homem. E não seria uma experiência só de Natanael, mas de todos os discípulos. Observe que o Senhor fala no plural: “Vocês verão”.

2º - O Senhor revela onde ele estava (Jo 1.48). A figueira é uma planta bastante adaptável a vários tipos de solo, crescendo bem até mesmo em solo rochoso. Pode atingir a altura de uns 9 m, com um tronco do diâmetro de uns 60 cm, e tem ramos que se espalham amplamente. Embora seja primariamente apreciada pelos seus frutos, é também muito prezada pela sua boa sombra. As folhas são amplas, tendo até 20 cm ou mais de largura. A primeira menção da figueira é com respeito ao uso das suas folhas costuradas como cobertura para os lombos de Adão e Eva. (Gn 3.7) Em algumas partes do Oriente Médio, folhas de figueira ainda são costuradas e usadas para embrulhar frutas, e para outros fins.

A expressão “sentar-se cada um debaixo da sua própria videira e figueira” simbolizava condições pacíficas, prósperas e seguras (1Rs 4.25; Mq 4.4; Za 3.10). Em vista do destaque da figueira na vida das pessoas, é compreensível por que foi tantas vezes usada nas profecias. Por causa da sua importância como alimento para a nação, o total fracasso duma safra de figos seria calamitoso. De modo que a figueira recebeu menção especial quando se predisse a destruição ou ruína daquela terra. — Je 5.17; 8:13; Os 2.12; Jl 1.7, 12; Am 4.9; Hc 3.17.

A própria nação de Israel foi comparada pelo Senhor a duas espécies de figos. (Jr 24.1-10) Jesus, para ilustrar que se poderiam reconhecer os falsos profetas pelos maus frutos deles, citou a impossibilidade de se colherem “figos dos abrolhos” (Mt 7.15,16; compare isso com Tg 3.12.).

É bem provável que Natanael estivesse debaixo da figueira estudando as Escrituras, ou quem sabe orando e questionando a Deus a respeito do futuro de Israel e em relação à vinda do Messias. Mas de uma coisa nós podemos afirmar, o Senhor sabia onde ele estava e conhecia o seu coração.

Da mesma forma o Senhor sabe onde estamos e em que condições nós nos encontramos. Ele esquadrinha os nossos corações, Ele sabe o que nos alegra e o que nos tem angustiado. Ele conhece as nossas inquietações e os nossos questionamentos. Por isso Ele se revela a cada um de nós e nos diz o Salmo 46:

“Deus é o nosso refúgio e a nossa fortaleza, auxílio sempre presente na adversidade. O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é a nossa torre segura” (Sl 46.1,11 – NVI).

Devido a essa experiência com o Senhor e essa quebra de paradigmas e preconceito que Natanael pode se prostrar diante do Senhor Jesus e dizer:

“Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel!” (Jo 1.49 – NVI).

CONCLUSÃO

Meu irmão e minha irmã, o Senhor sabe onde você se encontra e se preocupa com você, por isso Ele te chama. Ele envia pessoas para nos falar a Seu respeito, mas para que Ele se revele a cada um de nós de forma plena nós precisamos deixar os nossos preconceitos, os nossos achismos, a nossa teologia sem espiritualidade.

O Senhor ainda se revela hoje, disso eu não tenho dúvidas. Não é porque existem pessoas “brincando” com coisas sérias em muitas igrejas por aí que eu devo me recusar a acreditar no agir dEle hoje. Eu também não creio em tudo que vejo e nem mesmo em tudo que sinto, mas nesse mais de trinta e três anos de crente eu posso lhe dizer que o Senhor ainda nos leva a ter experiências espirituais que a nossa teologia muitas vezes não explica.

Pense nisso!

Fonte:

1 – Bruce, F. F. João: introdução e comentário. Edições Vida Nova e Mundo Cristão, São Paulo, SP, 1987: p. 64.
2 – Lopes, Hernandes Dias. João, As glórias do Filho de Deus. Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2015: p. 54.
3 – Bícego, Valdir. Manual de Evangelismo. Editora CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 9ª Edição 1999: p. 12.
4 – Bruce, F. F. João: introdução e comentário. Edições Vida Nova e Mundo Cristão, São Paulo, SP, 1987: p. 65.
5 – Champlin, R. N. O Novo Testamento Interpretado Vol. 2, versículo por versículo. Editora Candeia, São Paulo, SP, 10ª Reimpressão, 1998: p. 290.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Quando falta disciplina na família


Por Rev. Hernandes Dias Lopes

Não existe curso de doutorado em paternidade. Grandes homens fracassaram rotundamente nesse sublime, mas árduo ministério. Um clássico exemplo dessa realidade é o sacerdote Eli. Diz a Escritura que seus filhos eram filhos de Belial e não se importavam com o Senhor (1Sm 2.12). Eli foi juiz e sacerdote de Israel por quarenta anos. Era um homem de Deus, que tinha discernimento das coisas espirituais. Em seu longo ministério, certamente cuidou de milhares de famílias e aconselhou muitos filhos a honrarem seus pais e a obedecerem a Deus. Porém, Eli deixou de disciplinar seus próprios filhos.

Hofni e Finéas, cresceram dentro da casa de Deus. Desde cedo se acostumaram com o culto divino e com as ofertas trazidas pelo povo. A casa deles estava encharcada da presença do sagrado. Entretanto, esses jovens prevaricaram e tornaram-se culpáveis diante de Deus. Viveram em excessos. Tornaram-se adúlteros, blasfemos e insolentes. Perderam completamente o temor de Deus. Corromperam o sacerdócio. Profanaram a casa de Deus. Mancharam suas vestes. Tornaram-se falsos pastores.

O povo todo via os escândalos promovidos por Hofni e Finéas, que embora casados, eram infiéis a Deus, ao cônjuge e ao povo. Os comentários deprimentes acerca do mau exemplo dos filhos de Eli chegavam a ele, mas este amava mais a seus filhos do que a Deus e não os disciplinava com o rigor necessário. Eli foi alertado várias vezes, mas não teve fibra para corrigir seus filhos. Finalmente, Deus usou o jovem Samuel para comunicar a sentença de morte à casa de Eli. Nem assim, ele reagiu. Ao contrário, aceitou passivamente a decretação da derrota em sua casa.

Eli tornou-se um pai complacente, bonachão e conivente com o pecado de seus filhos. Por causa do pecado deles, mais de trinta mil pessoas foram mortas no campo de batalha, a arca da aliança, símbolo da presença de Deus, foi roubada e eles foram mortos. O próprio Eli morreu ao saber das más notícias. Também morreu sua nora, a mulher de Hofni, ao dar à luz a Icabode, uma evidência de que a glória de Deus havia se apartado deles.

A família do sacerdote Eli é um alerta para nós. O amor responsável disciplina e estabelece limites. Não ama suficientemente os filhos, os pais que os poupam de confronto firme e de disciplina amorosa. Os pais ensinam os filhos com exemplo, admoestam os filhos com a palavra de Deus e os disciplinam com temor e reverência. Se você pai, ama seus filhos, ouse discipliná-los. É melhor ver os filhos chorando agora, do que sofrendo as consequências de seus pecados por toda a eternidade. É melhor o desconforto do confronto sincero do que o aparente conforto da omissão covarde. Que Deus nos ajude a termos famílias piedosas. Que a nossa maior alegria seja ver os nossos filhos andando na verdade!

domingo, 15 de janeiro de 2017

A Velha e a Nova Cruz



Por A. W. Tozer

Sem fazer-se anunciar e quase despercebida uma nova cruz introduziu-se nos círculos evangélicos dos tempos modernos. Ela se parece com a velha cruz, mas é diferente; as semelhanças são superficiais; as diferenças, fundamentais. 

Uma nova filosofia brotou desta nova cruz com respeito à vida cristã, e dessa nova filosofia surgiu uma nova técnica evangélica — um novo tipo de reunião e uma nova espécie de pregação. Este novo evangelismo emprega a mesma linguagem que o velho, mas o seu conteúdo não é o mesmo e sua ênfase difere da anterior. 

A velha cruz não fazia aliança com o mundo. Para a carne orgulhosa de Adão ela significava o fim da jornada, executando a sentença imposta pela lei do Sinai. A nova cruz não se opõe à raça humana; pelo contrário, é sua amiga íntima e, se compreendemos bem. considera-a uma fonte de divertimento e gozo inocente. Ela deixa Adão viver sem qualquer interferência. Sua motivação na vida não se modifica; ele continua vivendo para seu próprio prazer, só que agora se deleita cm entoar coros e a assistir filmes religiosos em lu-gar de cantar canções obscenas e tomar bebidas fortes. A ênfase continua sendo o prazer, embora a diversão se situe agora num plano moral mais elevado, caso não o seja intelectualmente. 

A nova cruz encoraja uma abordagem evangelística nova e por completo diferente. O evangelista não exige a renúncia da velha vida antes que a nova possa ser recebida. Ele não prega contrastes mas semelhanças. Busca a chave para o interesse do público, mostrando que o cristianismo não faz exigências desagradáveis; mas, pelo contrário, oferece a mesma coisa que o mundo, somente num plano superior. O que quer que o mundo pecador esteja idolizando no momento e mostrado como sendo exatamente aquilo que o evangelho oferece, sendo que o produto religioso é melhor. 

A nova cruz não mata o pecador, mas dá-lhe nova direção. Ela o faz engrenar num modo de vida mais limpo e agradável, resguardando o seu respeito próprio. Para o arrogante ela diz: "Venha e mostre-se arrogante a favor de Cristo"; e declara ao egoísta: "Venha e vanglorie-se no Senhor". Para o que busca emoções, chama: "Venha e goze da emoção da fraternidade cristã". A mensagem de Cristo é manipulada na direção da moda corrente a fim de torná-la aceitável ao público. 

A filosofia por trás disto pode ser sincera, mas sua sinceridade não impede que seja falsa. É falsa por ser cega, interpretando erradamente todo o significado da cruz. 

A velha cruz é um símbolo da morte. Ela representa o fim repentino e violento de um ser humano. O homem, na época romana, que tomou a sua cruz e seguiu pela estrada já se despedira de seus amigos. Ele não mais voltaria. Estava indo para o seu fim. A cruz não fazia acordos, não modificava nem poupava nada; ela acabava completamente com o homem, de uma vez por todas. Não tentava manter bons termos com sua vítima. Golpeava-a cruel e duramente e quando terminava seu trabalho o homem já não existia. 

A raça de Adão está sob sentença de morte. Não existe comutação de pena nem fuga. Deus não pode aprovar qualquer dos frutos do pecado, por mais inocentes ou belos que pareçam aos olhos humanos. Deus resgata o indivíduo, liquidando-o e depois ressuscitando-o em novidade de vida. 

O evangelismo que traça paralelos amigáveis entre os caminhos de Deus e os do homem é falso em relação à Bíblia e cruel para a alma de seus ouvintes. A fé manifestada por Cristo não tem paralelo humano, ela divide o mundo. Ao nos aproximarmos de Cristo não elevamos nossa vida a um plano mais alto; mas a deixamos na cruz. A semente de trigo deve cair no solo e morrer. 

Nós, os que pregamos o evangelho, não devemos julgar-nos agentes ou relações públicas enviados para estabelecer boa vontade entre Cristo e o mundo. Não devemos imaginar que fomos comissionados para tornar Cristo aceitável aos homens de negócios, à imprensa, ao mundo dos esportes ou à educação moderna. Não somos diplomatas mas profetas, e nossa mensagem não é um acordo mas um ultimato. 

Deus oferece vida, embora não se trate de um aperfeiçoamento da velha vida. A vida por Ele oferecida é um resultado da morte. Ela permanece sempre do outro lado da cruz. Quem quiser possuí-la deve passar pelo castigo. É preciso que repudie a si mesmo e concorde com a justa sentença de Deus contra ele. 

O que isto significa para o indivíduo, o homem condenado que quer encontrar vida em Cristo Jesus? Como esta teologia pode ser traduzida em termos de vida? É muito simples, ele deve arrepender-se e crer. Deve esquecer-se de seus pecados e depois esquecer-se de si mesmo. Ele não deve encobrir nada, defender nada, nem perdoar nada. Não deve procurar fazer acordos com Deus, mas inclinar a cabeça diante do golpe do desagrado severo de Deus e reconhecer que merece a morte. 

Feito isto, ele deve contemplar com sincera confiança o Salvador ressurreto e receber dEle vida, novo nascimento, purificação e poder. A cruz que terminou a vida terrena de Jesus põe agora um fim no pecador; e o poder que levantou Cristo dentre os mortos agora o levanta para uma nova vida com Cristo. 

Para quem quer que deseje fazer objeções a este conceito ou considerá-lo apenas como um aspecto estreito e particular da verdade, quero afirmar que Deus colocou o seu selo de aprovação sobre esta mensagem desde os dias de Paulo até hoje. Quer declarado ou não nessas exatas palavras, este foi o conteúdo de toda a pregação que trouxe vida e poder ao mundo através dos séculos, Os místicos, os reformadores, os revivalistas, colocaram aqui a sua ênfase, e sinais, prodígios e poderosas operações do Espírito Santo deram testemunho da aprovação divina. 

Ousaremos nós, os herdeiros de tal legado de poder, manipular a verdade? Ousaremos nós com nossos lápis grossos apagar as linhas do desenho ou alterar o padrão que nos foi mostrado no Monte? Que Deus não permita! Vamos pregar a velha cruz e conhecermos o velho poder.

Fonte: Livro O melhor de A. W. Tozer (Pg 71,72)

sábado, 14 de janeiro de 2017

ENTENDENDO O PROPÓSITO DO MEU CHAMADO


Por Pr. Silas Figueira

Texto Base: Mateus 5.13-16

INTRODUÇÃO

A história que vou contar eu ouvi há muito tempo pelo Pastor Renato Cordeiro da Primeira Igreja Batista em Teresópolis.

Conta à história que um assessor do evangelista Billy Graham fez um excelente trabalho em uma de suas campanhas evangelísticas. Na época o presidente dos Estados Unidos Bill Clinton ficou impressionado com o trabalho e, principalmente, com a organização. Bill Clinton esteve com o Pastor Billy Graham e perguntou quem foi o responsável por aquele excelente trabalho. Então Billy Graham disse que foi um de seus assessores, que ele era realmente excelente e muito capaz. Bill Clinton então disse que gostaria de conhecê-lo e se ele, juntamente com Billy Graham, não gostaria de tomar um café da manhã com ele na Casa Branca. Billy Graham falou com seu assessor e ambos foram tomar café na data marcada com o Presidente.

Conta-nos a história que o assessor de Billy Graham ficou tão emocionado e orgulhoso por ter tido tal honra que saiu dali nas nuvens; dizendo para si mesmo que ele era uma pessoa muito importante, afinal de contas até o Presidente dos Estados Unidos quis conhecê-lo.

Depois do café o assessor foi para o aeroporto pegar um avião para preparar outra cruzada evangelística. Quando ele entra no avião e vai tomar o seu acento ele observa que havia uma pessoa em seu lugar. Ele, muito calmamente, diz para a pessoa que aquele lugar era dele. A pessoa então lhe pede desculpas, mas lhe pede se pode ficar ali, pois ele era cadeirante e era mais fácil para ele se sentar naquele lugar. O assessor não viu dificuldades nisso e se sentou então ao seu lado, na cadeira que era do cadeirante. No decorrer da viagem eles foram conversando, até que chegou uma hora em que o cadeirante perguntou se o assessor poderia ajudá-lo a ir ao banheiro. O assessor lhe ajudou a sentar-se em sua cadeira e o levou até o banheiro. O cadeirante entra e ele fica do lado de fora esperando para trazê-lo de volta, mas nada do homem sair do banheiro. Devido à demora, o assessor bate na porta e pergunta se estava tudo bem, o homem abre a porta e pergunta se o assessor podia entrar e ajudá-lo, pois ele não conseguia fazer a sua higiene pessoal. O assessor meio constrangido com a situação entra e o ajuda, depois o coloca em sua cadeira e o leva para o seu lugar.

No momento em que o assessor se senta, o Espírito Santo lhe diz assim: “Por melhor que seja o seu trabalho, por mais que as pessoas lhe elogiem, se você não for humilde a ponto de ajudar um desconhecido, seu trabalho não tem valor para mim”.

Hoje vocês estão aqui agradecendo a Deus nesse culto em ação de graças por terem se formado, e é muito importante esse reconhecimento, mas se vocês com seus devidos diplomas não forem canal de bênçãos para outros, o diploma de vocês não tem valor nenhum. Podemos ser reconhecidos em vários lugares, podemos ficar famosos e até mesmo ricos, mas se a nossa vida não serve para abençoar outros, então estamos longe de entendermos o propósito da nossa existência, e para que que o Senhor nos colocou em lugares altos. Se nós não servimos para servir, nós não servimos para nada.

O texto que lemos de Mateus 5.13-16 nos fala exatamente isso. Há um propósito da parte do Senhor em relação a nossa vida nesta terra. A nossa salvação não é o fim em si mesmo; quem pensa assim está longe de entender o porquê da sua salvação. O texto de Mateus 5.13-16 na versão NVI nos diz assim:

“Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como restaurá-lo? Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens. Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte. E, também, ninguém acende uma candeia e a coloca debaixo de uma vasilha. Ao contrário, coloca-a no lugar apropriado, e assim ilumina a todos os que estão na casa. Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus”.

Jesus depois que falou a respeito das bem-aventuranças começa a descrever como deve ser a nossa vida numa sociedade sem Deus. Ele diz que devemos fazer a diferença nesse mundo que anda em trevas sendo nós luz e sendo sal em um mundo que está apodrecido devido ao pecado.

Ser é diferente de Ter. A diferença entre Ser e Ter é que o Ser é o que você é, é o que você acredita, são suas crenças. As crenças formam sua identidade e tem caráter altamente subjetivo. Já o Ter são ideias, o Ter é exterior a nós, é algo desejado, ou não. Jesus nos diz que somos sal e luz e isso envolve o nosso caráter cristão.

Por isso pensando nesse texto vamos ver quais as lições podemos tirar dele?

A PRIMEIRA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE O CRISTÃO NÃO É UMA PESSOA QUE VIVE ISOLADA DO MUNDO (Mt 5.13a, 14a).

John Stott diz que as bem-aventuranças descrevem o caráter essencial dos discípulos de Jesus; o sal e a luz são metáforas que denotam a sua influência para o bem do mundo [1]. Nós estamos no mundo com várias pessoas ao nosso redor e não em uma ilha isolados. Nós estamos no mundo, embora não pertençamos ao mundo. Aliás, o Senhor nos disse que nos enviaria de volta ao mundo “como ovelhas entre lobos” (Mt 10.16a).

1º - O que o Senhor quis dizer com a palavra mundo? Ele se refere à humanidade caída, a humanidade sem Deus. Foi esse mundo que o Senhor veio salvar (Jo 3.16). E é nesse mundo que a Igreja está e dela foi tirada. Estamos no mundo, mas não pertencemos mais ao mundo (Jo 17.14). E este mundo da qual fomos tirados, assim com é inimigo do Senhor Jesus também é nosso inimigo. Jesus disse que se o perseguiram, nós também seríamos perseguidos (Jo 15.18-20). Mas é nesse mundo em trevas e inimiga de Deus que o Senhor disse que seríamos luz e sal.

O mundo, muitas vezes é associado à ignorância espiritual, a cegueira da falta de conhecimento de Deus (2Co 4.4). Tanto que o Senhor Jesus disse que a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas porque suas obras eram más (Jo 3.19). Por isso, que sem a Luz do Evangelho esse mundo seria tenebroso. 

2º - É neste mundo sem Deus que o Senhor nos fez sal e luz. É nesse mundo de gente cega e insossa que seremos usados por Deus para iluminar as suas mentes e temperar suas vidas. E fazemos isso não dentro da igreja, mas fora dela. É na rua, em casa, no trabalho, na escola, na faculdade, no laser, nas horas tristes que a vida oferece. Como diz a música do Hyldon: “Na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapê”.

Ser sal e luz é ser discípulo de Cristo sem ter dia de folga, e sem perder a doçura. Para isso nós fomos chamados, para isso nós estamos aqui. 
 
A SEGUNDA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE NÓS TEMOS UMA NATUREZA CONTRÁRIA DO MUNDO.

Se o cristão é sal e luz, o mundo é insípido e está em densas trevas. Essa é a lógica e a grande realidade que vivemos.

1º - O Senhor Jesus nos diz que somos sal da terra. O sal no tempo bíblico era algo extremamente importante, pois ele era usado para salgar carnes e peixes para evitar a sua putrefação. E, como até hoje, para temperar os alimentos. Mas também era usado para esfregar no recém-nascido. A criança, segundo os costumes antigos, era friccionada com sal misturado a água e óleo, e embrulhada em faixas de pano, por sete dias (Ez 16.4) [2]. E também era utilizado para misturar no alimento dos animais (Is 30.24). 

O sal era um item comercial no Oriente, obtido de lagos de sal, especialmente do Mar Morto e da mineração. Por ter o sal a finalidade principal de salgar e temperar, ele tem uma simbologia espiritual profunda.

Quando o Senhor nos disse que nós somos o sal da terra, essas palavras claramente subentendem a podridão deste mundo; subentendem à poluição e à imundícia mais ofensiva. O mundo caído é pecaminoso e mau. Inclina-se para a maldade e para o conflito armado. Assemelha-se à carne que tende por putrefazer-se e ficar poluída de germes. Em resultado do pecado e da queda do homem, a vida, no mundo em geral, tende por piorar até ficar pútrida [3].

Esse é o quadro que se encontra o mundo, mas nós como igreja devemos ser diferentes dos homens desta terra. Assim como o sal é diferente do material ao qual é aplicado, e, em certo sentido, exerce todas as virtudes exatamente por causa dessa diferença.

Seu poder está precisamente nesta diferença. Isso acontece também, diz Jesus, com os seus discípulos. Seu poder no mundo está na diferença que existe entre ambos. O cristão é tão diferente dos outros homens como o sal num prato difere do alimento em que é colocado. Os discípulos, do mesmo modo, são chamados a ser como um purificador moral em um mundo onde os padrões morais são baixos, instáveis, ou mesmo inexistente [4]. 

Outra função do sal é dar sabor. Você pode colocar todos os ingredientes para temperar o alimento, mas se faltar sal na medida certa ele fica insosso. A vida sem o cristianismo bíblico é uma vida insípida. Mas só se chega a essa conclusão quando se experimenta o verdadeiro cristianismo. Por isso que a tarefa primária da igreja consiste em evangelizar e pregar o Evangelho. 

2º - O Senhor Jesus nos diz que somos luz do mundo. Jesus mesmo afirmou: “Vós sois a luz do mundo”. E também disse: “Eu sou a luz do mundo” (Jo 8.12). Essas duas declarações sempre precisam ser consideradas conjuntamente, porque o crente só funciona como “luz do mundo” por causa dessa relação vital de que goza com Aquele que é, Ele mesmo, “a luz do mundo”. Nosso Senhor assegurou que viera ao mundo para trazer-nos a luz. E a promessa que Ele fez foi: “... quem me segue, não andará em trevas, pelo contrário terá a luz da vida” (Jo 8.12) [5].

Mas para poder brilhar nos lugares escuros do mundo, esta luz deve estar em uma posição estratégica, livre de qualquer bloqueio. É a cidade sobre o monte, visível a quem vive em terrenos mais baixos. Do mesmo modo, seria absurdo, diz Jesus, colocar-se uma candeia debaixo de um alqueire (modios, no grego, significa barril, uma medida para cereais) ao invés do velador, esperando assim iluminar a casa para seus moradores! Os discípulos não devem então esconder-se, mas viver e trabalhar em lugares onde sua influência seja sentida e a luz que neles há sejam mais plenamente manifesta a outros – não para glorificação própria, mas para que outros possam ver a luz da verdadeira bondade cristã, expressando-se em atos reais de gentileza e serviço, não é uma luz deste mundo, mas vem de Deus, e possam consequentemente ser levados a dar honra e louvor ao Doador da mesma [6].

Temos como exemplo a menina que Naamã levou cativa de Israel (2Rs 5.1-3). Através dessa menina, Naamã não só foi curado, mas encontrou a luz da verdade quando se converteu ao Deus de Israel.

A TERCEIRA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE PARA SERMOS O QUE O SENHOR DESEJA DE NÓS EXISTE UMA CONDICIONAL.

Primeira coisa que observamos é que existe uma condicional na vida do cristão. A condicional é “MAS” = no entanto, contudo, todavia. Se eu não salgo e não ilumino, eu não estou exercendo minha função como cristão. Se a igreja se torna insípida e sem luz ela não é Igreja. Ela pode ter outros nomes, como por exemplo: clube, reunião de amigos, boate gospel... Menos Igreja.

1º - Se o sal não exercer a sua função de salgar ele perdeu sua verdadeira função (Mt 5.13b). Se o sal não permanecer puro perde o seu poder de salgar. Ele se torna inútil para ser usado. O sal nunca pode perder sua salinidade. Entendo que o cloreto de sódio é um produto químico muito estável, resistente a quase todos os ataques. Não obstante, pode ser contaminado por impurezas, tornado-se, então, inútil e até perigoso. A salinidade do cristão é o seu caráter conforme descrito nas bem-aventuranças, é discipulado cristão verdadeiro, visível em atos e palavras [7].

Como disse Jesus em Lucas 14.34,35:

O sal é bom, mas se ele perder o sabor, como restaurá-lo? Não serve nem para o solo nem para adubo; é jogado fora. "Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça" (NVI).

E o que contamina o sal na vida do cristão é o pecado; é a vida sem compromisso com Senhor da Vida; é viver dentro do padrão do mundo e não segundo o padrão bíblico; é seguir o fluxo do mundo e não glorificar a Deus sendo diferente.

2º - Se a luz que está em nós estiver oculta ela se torna treva (Mt 6.22,23). Jesus deixou isso de forma muito clara:

Os olhos são a candeia do corpo. Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz. Mas se os seus olhos forem maus, todo o seu corpo será cheio de trevas. Portanto, se a luz que está dentro de você são trevas, que tremendas trevas são! (NVI).

O Senhor deixou claro que a luz que está em nós deve brilhar de forma que todos vejam, ela não pode ficar oculta e não exercer a função que ela deve exercer. A luz brilha no escuro onde ela tem sua verdadeira utilidade, assim somos nós, devemos brilhar em um mundo em trevas, em um mundo que jaz no maligno.

Mas você tem brilhado? Ou anda com sua luz oculta?  

A QUARTA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE QUANDO SOMOS SAL E LUZ O NOME DO PAI SERÁ GLORIFICADO (Mt 5.16).

“Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus” (NVI).

Quem será glorificado é o Senhor e não nós. Quem deseja ser adorado no lugar de Deus é Satanás. Ele é quem busca adoração que não lhe é devida, aliás, nenhuma criatura deve ser adorada no lugar do criador. No entanto, o que mais temos visto hoje são líderes recebendo adoração como se fossem Deus. A última é o sangue de um determinado "apóstolo" que foi vítima de um atentado, dizer que está curando as pessoas. E as pessoas que frequentam aquele lugar acreditam nisso. 

Cuidado para não cair nessa armadilha! O bem que fazemos deve glorificar ao Senhor e não a nós mesmos.  

Por isso, ocultar a nossa natureza regenerada é tornar-nos completamente inúteis. O verdadeiro crente não se oculta, e nem pode deixar de ser notado. O homem que verdadeiramente esteja vivendo e funcionando como crente sempre assume posição saliente. Assemelha-se ao sal; assemelha-se à cidade edificada sobre um monte, a uma candeia posta no velador [8]. Todos sentem o seu sabor e todos veem a sua luz, e isso se demonstra em atos, em testemunho diário, em vida santa, em viver diário o Evangelho de Cristo. É não se envergonhar de Jesus, mas honrá-lo em meio a uma sociedade que o repudia. Como disse o apóstolo Paulo em Rm 1.16:

“Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê: primeiro do judeu, depois do grego” (NVI).

John Stott nos diz que as metáforas usadas por Jesus têm muito a nos ensinar sobre nossas responsabilidades cristãs no mundo, três lições se destacam [9].

a) Há uma diferença fundamental entre os cristãos e os não cristãos, entre a igreja e o mundo. A maior de todas as tragédias da Igreja através de sua longa história, cheia de altos e baixos, tem a sua constância de conformar-se à cultura prevalecente, em lugar de desenvolver uma contracultura cristã.

b) Temos de aceitar a responsabilidade que esta diferença coloca sobre nós. Vocês têm que ser o que são. Vocês são sal e, por isso, têm de conservar a sua salinidade e não perder o seu sabor cristão. Vocês são a luz e, por isso, devem deixar que sua luz brilhe e não devem escondê-la de modo algum, quer seja através do pecado ou da transigência, pela preguiça ou pelo medo. 

c) Temos de considerar a nossa responsabilidade cristã como sendo dupla. A função do sal é principalmente negativa: evitar a deterioração. A função da luz é positiva: iluminar as trevas.

Mas para eu ser sal e luz nesse mundo eu tenho que viver as bem-aventuranças! Testemunhar é mais que falar, é viver de forma que todos vejam as nossas boas obras e o Pai será glorificado através de nossos atos.  

CONCLUSÃO

Eu quero concluir com uma palavra que ouvi em um vídeo postado no youtube. A palavra do Pastor Paulo Borges Jr revela a igreja brasileira.

Diz ele: Eu acho que hoje a comunidade evangélica no Brasil, ela não está com dificuldade de fazer política, ela está com dificuldade de fazer tudo. Ela está com dificuldade de fazer casamento; ela está com dificuldade de fazer empresa; ela está com dificuldade de fazer louvor; ela está com dificuldade de fazer culto; ela está com dificuldade de fazer oração.

O que está em cima dos nossos montes hoje, nas campanhas de oração é vergonhoso. O que o povo está procurando em cima do monte hoje só Satanás pode satisfazer. Porque ninguém está procurando subir no monte para fazer sacrifício, mas para ser abençoado. Quem prometeu bens nessa vida para quem subir no monte foi Satanás, não foi o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Quem prometeu favores e benefícios para quem cantasse muito, e louvasse muito, e orasse muito foi Satanás e não foi o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Quem falou que culto é forma de ser beneficiado foi Satanás. Quem falou que anjo ia proteger a gente das mancadas que a gente faz, porque não buscou a direção de Deus foi Satanás, não foi o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Então nós estamos com dificuldade de tudo. Nós estamos com dificuldade de escolher qual a faculdade que nossos filhos vão fazer e ajudá-los a entender isso. Porque hoje os nossos jovens estão sendo ensinados a procurar profissões que dão dinheiro e não que contempla com as suas vocações.

Nós estamos com dificuldade de sustentar um casamento difícil. Nós estamos com dificuldade de vender um produto honestamente sem locupletar de lucro exagerado, porque o nosso conceito de riqueza é como nós vamos tomar a riqueza do bolso do outro e passar para o nosso bolso. E ainda estamos achando que Deus abençoa as pessoas quando elas oram, porque fica mais fácil ela tomar dinheiro dos outros e fazer negócio vantajoso.

Então não é só com a política que nós estamos tendo dificuldade. A dificuldade que nós estamos tendo com a política é porque está indo para lá as nossas piores crianças. Porque nós estamos insistindo em viver um evangelho de menino. Porque o tipo de pregação que estamos ouvindo está nos infantilizando. Nós estamos nos tornando um povo infantilizado. Não é só no Planalto Central, não é só a Câmara dos Deputados e não é só o Senado que está sofrendo. As famílias estão sofrendo; o comércio está sofrendo; as escolas estão sofrendo. Os hospitais estão sofrendo. Estão sofrendo a presença de médicos crentes; tem muito médico crente no Brasil praticando medicina ruim. Tem muito comerciante crente no Brasil praticando comércio ruim. Tem muito marido e mulher no Brasil praticando um casamento ruim. E nós estamos achando que a nossa fé vai nos dar um país bom. Uma igreja que lamenta o país que tem, faz esse país sofrer a igreja que tem. Nós estamos obrigando as nossas famílias, o nosso comércio, as nossas prefeituras, os nossos hospitais e as nossas escolas, nós estamos obrigando essa gente a sofrer a igreja ruim que nós estamos oferecendo. E nós estamos oferecendo uma igreja ruim porque nós estamos insistindo em permanecer criança. Nosso louvor está ruim porque é louvor de criança. O que nós estamos chamando de avivamento hoje no Brasil que é encher um estádio com vinte mil pessoas que entra em êxtase espiritual ouvindo boa música; se isso for avivamento então Luan Santana é avivamento, porque todo mundo sai de lá de dentro do mesmo jeito, sai de lá cheio de fotografia para postar no instagram e no facebook e doido para comprar o CD e o DVD. Mas a multidão que deixou o estádio depois daquele culto, e a multidão que deixou o estádio depois do show é a mesma. Com as mesmas necessidades, com as mesmas prioridades, com os mesmos apetites. E tentando se satisfazer da mesma forma.

A coisa é muito mais rasa. Passa pelo seu namoro, e não pelo prefeito da sua cidade. Passa pela escolha da sua profissão e não pelo vereador corrupto da sua cidade. Passa pelos seus motivos de você fazer comércio e não pelo presidente desse país. Esse país está sofrendo a falta de referências, e as referências não estão lá estão aqui. Nós temos que sair daqui gente adulta, que para de pensar como menino, agir como menino e querer como menino. Nós estamos com problemas em todas as áreas desse país, todas elas. É um engano a gente pensar que políticos melhores vão nos entregar um país melhor. Uma igreja melhor pode fazer esse país melhor. Em nome de Jesus, pelo sangue do Cordeiro temos que deixar de ser menino [10].

Que o Senhor tenha misericórdia de nós e nos ajude a sermos sal e luz do mundo.

Pense nisso! 
     
Notas: 

1 – Stott, John. A Mensagem do Sermão do Monte. ABU Editora, São Paulo, SP, 1986: p. 48.
2 – Champlin, R. N. O Antigo Testamento Interpretado, versículo por versículo, Vol. 5. Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2001: p. 3225.
3 – Lloyd-Jones, D. Matyn. Estudos no Sermão do Monte. Ed. Fiel, São Paulo, SP, 1984: p. 140.
4 – Tasker, R. V. G. Mateus, Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1985: p. 50.
5 – Lloyd-Jones, D. Matyn. Estudos no Sermão do Monte. Ed. Fiel, São Paulo, SP, 1984: p. 152.
6 – Tasker, R. V. G. Mateus, Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1985: p. 51.
7 – Stott, John. A Mensagem do Sermão do Monte. ABU Editora, São Paulo, SP, 1986: p. 51.
8 – Lloyd-Jones, D. Matyn. Estudos no Sermão do Monte. Ed. Fiel, São Paulo, SP, 1984: p. 163.
9 – Stott, John. A Mensagem do Sermão do Monte. ABU Editora, São Paulo, SP, 1986: p. 54-56.
10 – https://www.youtube.com/watch?v=lk9PBemcMgo, acessado em 13/01/2017.