segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

CARACTERÍSTICAS DE UM VERDADEIRO CRISTÃO - Lucas 17.1-10

Por Pr Silas Figueira

Texto base: Lucas 17.1-10

INTRODUÇÃO

A estrutura da narrativa para esse capítulo continua sendo a viagem para Jerusalém: “A caminho de Jerusalém, Jesus passou pela divisa entre Samaria e Galileia” (Lc 17.11). [1] Jesus entra em Samaria em Lc 9.51 e termina esse percurso com a entrada triunfal em Jerusalém (Lc 19.28ss). Como disse Eugene Peterson: “É ao viajar por Samaria, indo da Galileia para Jerusalém, que Jesus separa um tempo para contar histórias que preparam seus seguidores a trazer o comum da vida a uma percepção consciente e uma participação nessa vida do reino” [2]

Jesus tinha alertado aos seus discípulos a respeito do inferno, contando a parábola do rico e Lázaro, mostrando que, uma vez nesse lugar terrível, é impossível escapar (16.26-31). Agora, à medida que Jesus está com os discípulos, e dialogando com eles, o Senhor lhes traz três ensinamentos extremamente importantes a todos nós.

Vejamos esses ensinamentos.

UM VERDADEIRO CRISTÃO NÃO PODE SER PEDRA DE TROPEÇO PARA OS OUTROS (LC 17.1,2).

Jesus disse aos discípulos, não apenas aos doze discípulos, mas ao seu círculo mais amplo de seguidores. O assunto em questão tem uma grande aplicabilidade, mas tem uma relevância especial ao cristão que precisa de orientação em seu relacionamento e responsabilidade pelos seus semelhantes. [3]

Jesus nos traz três advertências em relação aos escândalos ou pedra de tropeço, como pode ser também traduzido.

Em primeiro lugar, a inevitabilidade dos escândalos (Lc 17.1). Na versão ACF diz que é “impossível” que não venham escândalos. Inevitável, impossível (Anendektos em grego), aparece somente aqui no Novo Testamento. [4]

E por que que é impossível que venham os escândalos? Porque vivemos em um mundo que jaz no maligno. Em um mundo corrupto. Um mundo imperfeito e caído.

Mas tem uma segunda pergunta que precisa ser respondida. Por quem vem os escândalos? Eles vêm dos religiosos. Os escândalos não vêm do mundo. Eles nascem dentro da igreja, no meio dos que se dizem cristãos. E, infelizmente, temos muitos exemplos atualmente. As redes sociais nos mostram todos os dias um novo escândalo em nosso meio.

Mas há uma terceira pergunta. O que é o “escândalo” que Jesus falou? A palavra grega scandala, traduzida aqui por “escândalos”, significa literalmente a lingueta de um alçapão que o faz fechar-se sobre a vítima. [5] Trata-se de um laço, uma armadilha, um tropeço colocado no caminho de alguém. Literalmente uma “pedra de tropeço”.

John C. Ryle diz que há os que professam ser crentes, mas fazem outros tropeçarem sempre que trazem descrédito ao seu cristianismo, por meio de sua inconsistência em palavras, temperamento e conduta. Nós o fazemos sempre que tomamos nosso cristianismo desagradável aos olhos do mundo, por nos comportarmos não de acordo com aquilo que professamos ser. O mundo talvez não entenda as doutrinas e os princípios dos crentes, mas está de olhos atentos àquilo que eles praticam. [6]

Em segundo lugar, a malignidade dos escândalos (Lc 17.1b). David A. Neale diz que a exclamação ouai (ai) nunca é usada para os que estão no aprisco em Lucas, somente aos que estão de fora. Ela é usada para os ricos, para os bem-alimentados e para os falsos profetas (Lc 6.24-26). Ela é usada para Corazim (Lc 10.13) e para os fariseus e advogados seis vezes (Lc 11.42-52). Ela também é usada uma vez para o traidor de Jesus (Lc 22.22). [7]

Essa expressão é usada deliberadamente para aquelas pessoas que aparentam ser uma coisa, mas na verdade são outras. Jesus está aqui alertando os seus discípulos para tomarem cuidado para não caírem no mesmo erro dos fariseus.

Wiersbe diz que afinal, somos todos pecadores, vivendo em um mundo pecaminoso. Mas devemos atentar para não ser motivo de tropeço para outros, pois é algo extremamente sério pecar contra outro cristão e tentá-lo ao pecado (Rm 14.13; 1Co 10.32; 1Jo 2.10). [8]

Em terceiro lugar, haverá uma severa punição aos que trazem escândalos (Lc 17.2). Jesus não nos diz qual será o destino de tal pessoa. O “ai” do versículo anterior mostra que não será agradável, e agora ficamos sabendo que seria melhor para ela ser afogada aqui e agora. [9]

William Hendriksen diz que:

A pedra de moinho de que Jesus fala é a pedra superior de duas pedras entre as quais o grão era moído. A referência não é ao moinho manual, mas à pedra muito mais pesada, que é movida por um jumento. No meio da pedra superior há um orifício por meio do qual se pode jogar o grão para que seja moído entre as duas pedras. A presença desse orifício explica a frase “uma pedra de moinho pendurada ao pescoço”. Ser lançado ao mar com uma pedra desse tipo em torno do pescoço, faz com que o afogamento seja duplamente garantido. Note “esses pequeninos”. Quão queridos são eles para o Salvador! [10] 

Os pequeninos que Jesus se referia não são apenas crianças, mas também a cristãos novos na fé aprendendo os caminhos do Senhor (Mt 18.1-6; Lc 10.21). Uma vez que Lucas 17.1-10 faz parte do contexto que começa em Lucas 15.1, pode ser que esses “pequeninos” incluíssem publicanos e pecadores que creram em Jesus Cristo. [11]

Fritz Rienecker diz que o ai proferido por Jesus contra todo aquele por meio do qual vêm os escândalos vale para os discípulos quando ação e omissão, discurso equivocado ou mau exemplo induzem outros a tropeçar. A palavra severa e altamente ponderável da pedra de moinho ilustra a grave culpa e punição para os escândalos. [12]

UM VERDADEIRO CRISTÃO ESTÁ SEMPRE PRONTO A PERDOAR (LC 17.3-6).

A oposição contra o pecado estabelecido no ponto anterior deve ser equilibrada por uma atitude gentil, ou seja, perdoar os pecadores que nos ofenderam. O cristão não deve pecar contra os outros, mas também não deve guardar rancor quando os outros pecarem contra nós (cf. Lc 11.4). Assim como é ruim que os discípulos incitem outros a pecarem, assim também seria ruim se eles não perdoassem quando outros pecam contra eles. [13]

Rienecker lembra que o contrário de “causar escândalo” é amar. Para não ser motivo de tropeço não apenas precisamos deixar de fazer algo, mas também fazer algo. Cumpre amar sem limites. [14] E a forma de demonstrar esse amor sem limites é através de um coração perdoador. Da mesma forma que é um terrível pecado ser uma pedra de tropeço às pessoas que se achegam a Cristo, também é um grave delito não perdoar as pessoas que pecam contra nós. [15]

Com isso em mente, podemos aprender lições preciosas aqui.

Em primeiro lugar, o perdão exige cautela (Lc 17.3a). A posição forte contra o pecado estabelecido no ponto anterior deve ser equilibrada por uma atitude gentil, mediante o perdão para com os pecadores. Cristãos não devem pecar contra os outros, mas eles também não devem guardar rancor quando os outros pecarem contra eles e, principalmente, se lhe pedirem perdão (cf. Lc 11.4).

Precisamos nos acautelar para não sermos arrogantes até mesmo na maneira de lidar com o perdão. A falta de humildade no trato ou a abordagem errada pode agravar o problema e aprofundar a ferida, em vez de trazer cura e libertação. [17]

 Em segundo lugar, o perdão exige o confronto (17.3b). O termo epitimo (grego), “confrontar” usado no texto original de Lucas ordena um punir ou repreender. [18] Mas com a intenção de que essa pessoa caia em si e se arrependa do pecado cometido. Tanto que há um processo para que tal advertência ocorra. Podemos ver esse processo em Mt 18.15-17: 

“Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão; mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada. E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano”.

O objetivo desse processo de quatro etapas é enfrentar e restaurar o pecador de modo a proteger a pureza da igreja. O primeiro passo é se opor ao comportamento do irmão pecador em privado. Se ele se recusar a se arrepender, devemos partir para a segunda etapa, que envolve confrontá-lo novamente com nada menos do que duas testemunhas presentes para confirmar sua resposta. Se ele novamente se recusar a se arrepender, o terceiro passo deve ser aplicado, que é informar a igreja, de modo que toda a irmandade possa confrontá-lo e chamá-lo carinhosamente ao arrependimento. O passo final para um pecador impenitente é colocá-lo para fora da igreja; tratá-lo como um dos párias da sociedade judaica, um “gentio e publicano” (cf. 1Co 5. 1-13; 2Co 13.1,2; 2Ts 3.14,15; Tt 3.10,11) ou um incrédulo, que ele demonstra ser.

Leon Morris diz que não podemos ser indiferentes diante do mal, mas isto não significa que guardaremos ressentimentos. Se quem transgrediu se arrepender, o crente deve perdoar-lhe. [19] O processo deve ser o que o Senhor nos orientou: se houver pecado, deve haver repreensão, se houve arrependimento, deve haver o perdão.

Jesus disse que, se o nosso irmão pecar contra nós, devemos repreendê-lo; se ele se arrepender, devemos perdoá-lo. O silêncio, portanto, não é sinônimo de perdão. O tempo não atenua a dor nem cura a ferida. O confronto é o caminho da restauração. Não é sensato adiar a solução de um problema interpessoal. Não devemos subestimar o poder da mágoa. A única maneira de estancar esse fluxo venenoso é pelo confronto que desemboca no arrependimento e no perdão. [20]

Em terceiro lugar, o perdão deve ser sem limites (Lc 17.4). Quando Jesus fala de sete vezes no dia não quer dizer, naturalmente, que uma oitava ofensa não será perdoada (cf. Mt 18.21-22). Está dizendo que o perdão deve ser habitual. [21]

John C. Ryle lembra que existem poucos deveres cristãos sobre os quais o Novo Testamento fala tão frequente e severamente quanto o dever de perdoar ofensas. Ocupa um lugar proeminente na oração do Pai Nosso. A única confissão que fazemos em toda a oração é a de que “perdoamos aos nossos” os que transgridam contra nós. Esse é um teste para verificarmos se nós mesmos fomos perdoados. [22]

Corroborando com esse argumento, James R. Edwards diz que na segunda petição do Pai Nosso: “Perdoa-nos os nossos pecados, pois também perdoamos a todos os que nos devem” (Lc 11.4), os leitores são lembrados que o cristão deve perdoar os outros. [23]

Em quarto lugar, o perdão vem de um coração transformado (Lc 17.5,6). Aparentemente os apóstolos pensam que muita fé é necessária para perdoar assim. Dizem, portanto, aumenta-nos a fé. [24] MacArthur diz que os apóstolos se sentiram insuficientes diante do elevado padrão que Jesus definia para eles [25]

“Aumenta-nos a fé!” – Isso foi uma admissão humilde e honesta de fraqueza da parte deles para o ensinamento de Jesus. Eles não estavam negando que não possuíam fé, mas duvidavam que era suficientemente forte para agir conforme o ensino de Jesus. Tanto que o verbo grego traduzido “aumenta” significa: “adicionar a”, “suplemento”, “desenvolver” ou “crescer”. O que Jesus exigiu neste contexto lhes parecia ser um padrão impossível de ser alcançado. Além de disso, era completamente o contrário do que eles tinham sido ensinados pelos líderes religiosos (Mt 5.43-48).

A crise dos apóstolos é também a nossa crise, porque o perdão não é algo natural, requer força do alto. Nossa natureza caída clama por retaliação e vingança. Porém, recebemos um novo coração, uma nova mente, uma nova vida. Agora, o Espírito de Deus habita em nós e podemos, pela força do Onipotente, exercitar o perdão. Contudo, esse exercício só é possível quando o próprio Senhor aumenta a nossa fé. O que não podemos fazer por nós, podemos fazê-lo pela força que vem do alto. [26]

Wiersbe destaca que os cristãos maduros sabem que o perdão não é uma simples troca de palavras, como duas crianças que brigam e depois pedem desculpas uma para outra sem grandes considerações. O verdadeiro perdão inclui dor; alguém foi ferido, e há um preço a ser pago para que a ferida cicatrize. O amor motiva-nos a perdoar, mas a fé ativa o perdão, de modo que Deus a utilize para trazer bênçãos à vida de seu povo. [27]

Somente através da fé alcançaremos o que é humanamente impossível fazer (Lc 17.6). A resposta de Jesus tira deles o conceito de maior ou menor em termos de fé, para o de uma fé genuína. Se há fé real, então os efeitos se seguirão. [28] À medida que praticamos a fé, ela irá crescer tornando-se, como o grão de mostarda, uma grande árvore. Ou seja, a fé praticada cresce. Desenvolve a ponto de fazer diferença na vida de outras pessoas. Assim como a mostarda se torna árvore e aninha os pássaros, a fé desenvolvida acolhe os que precisam de alento.

Uma pequena fé no grande Deus é capaz de desarraigar árvores robustas, cujas raízes estão entrelaçadas e aprofundadas na terra, e lançá-las ao mar. As raízes da amoreira ficavam na terra durante 600 anos, de modo que a remoção dela seria muito difícil. Portanto, o que Jesus está dizendo é que nada é impossível à fé. A fé genuína pode realizar aquilo que a experiência, a razão e a probabilidade negariam. [29]

Champlin destaca que em Mateus diz “montanha” (Mt 17.20), ao invés de mostarda, como o objeto que poderia ser lançado ao mar, mediante a operação de uma fé poderosa. Jesus não estava convocando os crentes a se tornarem mágicos, conjuradores ou outros tipos de operadores de milagres ou de místicos; pelo contrário, convoca-os para serem heróis da fé, como aqueles que são ilustrados no décimo primeiro capítulo da epístola aos Hebreus. [30]

Corroborando com esse pensamento, Leon Morris diz que Jesus não está sugerindo que Seus seguidores se ocupem de coisas sem razão de ser, tais como transferir uma árvore para o mar. Está dizendo que nada é impossível à fé: “a fé genuína pode realizar aquilo que a experiência, a razão e a probabilidade negariam, se for exercida dentro da vontade de Deus”. [31]

Jesus usa essa ilustração radical para mostrar que, pela fé, podemos fazer coisas humanamente improváveis e impossíveis, como perdoar ilimitadamente. [32] 

UM VERDADEIRO CRISTÃO NÃO BUSCA RECONHECIMENTO (Lc 17.7-10). 

Muitas vezes alegou-se que essa parábola não tem nenhuma relação com o texto anterior. No entanto, uma apreciação minuciosa dos quatro discursos doutrinários do Senhor revela que essa parábola forma uma boa conclusão do todo. [33]

Champlin lembra que Jesus extraía seu material ilustrativo da vida diária na Palestina, tencionando mostrar como o elemento do dever, no serviço cristão, precisa ser reconhecido; e também que o melhor serviço, prestado segundo os ditames do dever, não pode ser considerado como uma grande demonstração da grandeza do próprio servo. [34]

Com isso em mente, podemos tirar algumas lições aqui.

Em primeiro lugar, o perigo do orgulho espiritual (Lc 17.7-9). A intenção de Jesus é mostrar a necessidade de sermos pessoas perdoadoras, cheias de fé, a ponto de não guardarmos mágoas, mantendo puro o coração; mas nos alerta para o perigo que tudo isso pode levar: “orgulho espiritual”. Alguém já disse certa feita: “Tem gente que é tão humilde, mas tão humilde, que tem orgulho de ser humilde”. Corremos o risco de cairmos nesta armadilha.   

A parábola lembra os ouvintes de Jesus de que não é porque o servo trabalha o dia inteiro no campo que terá o direito de comer antes do Mestre. Ainda é parte da sua tarefa servir a refeição do Mestre no final do dia, antes que se sirva. Ele é um servo e, como tal, não tem direitos. Ele pertence ao seu senhor, e as suas tarefas foram determinadas pelo seu senhor. Quando ele as tiver cumprido, terá feito apenas o seu trabalho; o mérito só existirá quando o servo fizer mais do que aquilo que era a sua obrigação. [35]

 Os escribas e fariseus que eram obcecados por serem homenageados. Em Mateus 23.5-7 Jesus disse-lhes: “fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das suas vestes, e amam os primeiros lugares nas ceias e as primeiras cadeiras nas sinagogas, e as saudações nas praças, e o serem chamados pelos homens; Rabi, Rabi” (cf. Lc 20.46,47).

John C. Ryle disse que Jesus deu um poderoso golpe em nossa justiça própria.

Naturalmente, todos nós somos orgulhosos e cheios de justiça própria. Pensamos de maneira elevada a respeito de nós mesmos, de nossos merecimentos e de nosso caráter, mais do que realmente temos o direito de fazê-lo. Esta é uma doença sutil que se manifesta de muitas maneiras diferentes. Muitos podem detectá-la nas outras pessoas; poucos admitirão sua presença em si mesmos. [36]

Jesus contou esta parábola como uma advertência contra o orgulho espiritual, para que não nos esqueçamos de que tudo o que temos e fazemos é somente pela graça de Deus.

Em segundo lugar, a cura do orgulho espiritual é a humildade (Lc 17.10). Como seus servos, devemos ter cuidado para não ter uma atitude incorreta com respeito a nossas obrigações. Há dois extremos a evitar: o primeiro é simplesmente cumprir o dever, como escravos que trabalham só por obrigação; o segundo é cumprir o dever por esperar alguma recompensa. [37] Concordo com Leon Morris quando disse que nosso melhor serviço não nos dá qualquer direito sobre Deus (cf. 1Co 9.16). Na melhor das hipóteses, fizemos apenas o que devíamos fazer. [38]

A frase final da parábola: “Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer” esmaga toda a suposição de mérito pelo agir do servo. Cumpre notar que não é Jesus ou o Senhor na parábola que avalia os servos como servos inúteis, mas que essas palavras representam um testemunho dos próprios servos a respeito de si mesmos. Ainda que de resto Jesus chame seus discípulos “amigos” (Jo 15.14s), eles não obstante permanecem na humilde posição de servo diante de seu Senhor. [39]

Em terceiro lugar, a cura do orgulho espiritual e a gratidão. Devemos servir ao Senhor que deu sua vida pelos servos, ao Senhor que serve a seus servos e lava os pés dos seus servos, que se fez servo e o menor dos servos, para dar sua vida pelos servos. Devemos servir a Cristo não com a mentalidade de escravo, apenas com o senso de dever, mas com profunda gratidão e amor. [40] Fritz Rienecker diz que a ideia básica desta parábola é que todo recurso, toda confiança e todo apoio na realização própria são condenados. Tudo é pura graça. [41]

Servir ao Senhor deve ser um deleite, e não uma obrigação pesada. O cristão deve dizer como Davi: “Agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu...” (Sl 40.8). 

CONCLUSÃO

Vimos nesse texto três características básicas de um servo de Cristo: ele não é pedra de tropeço na vida das outras pessoas, ele está sempre pronto a perdoar o irmão arrependido e, por fim, ele não busca reconhecimento próprio.

Creio que se colocarmos em prática esses ensinamentos faremos uma grande diferença na igreja, na sociedade, em nós mesmos. Em tempos em que mais se busca é reconhecimento, onde se pratica a retaliação e temos visto tanto escândalos em nosso meio, creio que esses ensinamentos são de extrema importância hoje na igreja.

Pense nisso!

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Bibliografia:

1 – Neale, David A. Lucas, 9 – 24, Novo Comentário Beacon, Ed. Central Gospel, Rio de Janeiro, RJ, 2015, p. 191.

2 – Peterson, Eugene H. A Linguagem de Deus, Ed. Mundo Cristão, São Paulo, SP, 2011, p. 23.

3 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 461

4 – Edwards, James R. O Comentário de Lucas, Ed. Shedd, Sto Amaro, SP, 2019, p. 602.

5 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 240.

6 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p. 275.

7 – Neale, David A. Lucas, 9 – 24, Novo Comentário Beacon, Ed. Central Gospel, Rio de Janeiro, RJ, 2015, p. 192.

8 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 315.

9 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 240.

10 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 350.

11 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 315.

12 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 350.

13 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 350.

14 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 351.

15 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 495.

16 – Ibidem, p. 495.

17 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 351.

18 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 240.

19 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 495.

20 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 241.

21 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p. 276.

22 – Edwards, James R. O Comentário de Lucas, Ed. Shedd, Sto Amaro, SP, 2019, p. 605.

23 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 241.

24 – MacArthur, John. Comentário Bíblico MacArthur, Gênesis a Apocalipse, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeiro, 2019, p. 1276.

25 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 496.

26 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 316.

27 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 241.

28 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 496.

29 – Champlin, R. N. O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo, Lucas, Vol. 2, Ed. Hagnos, São Paulo, SP, 2005, p. 166.

30 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 241.

31 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 497.

32 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 353.

33 – Champlin, R. N. O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo, Lucas, Vol. 2, Ed. Hagnos, São Paulo, SP, 2005, p. 166.

34 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 465.

35 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p. 278.

36 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 316.

37 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 241.

38 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 354.

39 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 498.

40 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 354.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

A PARÁBOLA DO RICO E LÁZARO - Lucas 16.19-31

Por Pr Silas Figueira

Texto base: Lucas 16.19-31

INTRODUÇÃO

Ninguém que leva a Bíblia a sério pode duvidar da existência do céu. Mas o inferno é negado por muitos e pregado por poucos. Muitos dos que professam crer na autoridade das Escrituras evitam falar sobre o inferno, outros expressam dúvidas de que mais do que alguns pecadores irão lá. E há aqueles que negam a sua existência totalmente, em contradição direta com o ensinamento do Senhor Jesus Cristo. Jesus, no entanto, falou mais sobre o inferno do que ninguém, e afirmou solenemente a sua existência como o lugar do eterno tormento (cf. Mt 5.22, 29,30; 7.19; 8.12; 10.28; 13.40, 42, 50; 18.8,9; 22.13; 23.15, 33; 24.51; 25.30, 41; Mc 9.43, 45, 47,48; Lucas 12.5; 13.28; Jo 15.6).

Hernandes Dias Lopes nos fala que há uma coisa notável acerca desta passagem das Escrituras: ela é fácil de entender. Podemos discordar dela, negar sua veracidade, ou desprezar seus ensinamentos, mas só uma coisa não se pode fazer: negar sua clareza. E continua:

 A verdade básica é que a vida é mais do que simplesmente viver, e a morte é mais do que simplesmente morrer. Há muitas especulações sobre o que acontece depois da morte. Há um profundo mistério acerca da morte, e milhões de pessoas recorrem aos médiuns para tentar falar com os mortos.

Jesus neste texto abre a cortina, levanta a ponta do véu e nos mostra o que vem depois da morte: o seio de Abraão (16.22) ou o inferno (16.23). Esta parábola fala-nos a respeito de dois homens: o rico e o Lázaro. A parábola está dividida em dois atos. O primeiro deles é o que acontece do lado de cá da sepultura. O segundo deles é o que acontece do lado de lá da sepultura. [1] 

Charles L. Childers destaca que muitos afirmam que esta história é o relato de um acontecimento real e não simplesmente uma parábola. Estes entendem que a frase um homem rico, indica uma pessoa histórica. Quer a parábola seja uma história verdadeira ou não, uma coisa é certa: Jesus deu um relato do que poderia acontecer. [2]

Champlin diz que alguns fazem objeção ao vocábulo “parábola”, quando aplicado a esta narrativa; porém, posto que as parábolas são usadas como símbolos de realidades espirituais, na realidade pouca diferença faz se usarmos ou não este termo no caso em foco. Não haveríamos de dizer que as palavras de Jesus, revestidas na forma de parábolas, são reflexos menos reais das realidades espirituais do que aquelas suas afirmações feitas sem tal simbolismo. [3] John C. Ryle diz que em um aspecto, esta parábola é singular nas Escrituras. É a única passagem da Bíblia que descreve a experiência do incrédulo após a morte. Por essa razão, assim como as demais, a parábola merece atenção especial. [4] 

Esta parábola pode ser dividida convenientemente em duas partes bem desiguais. Na primeira parte (vs. 19-22) somos confrontados com “o homem rico” e “o pobre mendigo” nesta vida; na segunda (vs. 23-31) os vemos novamente, mas então na vida além desta. [5]

Na vida, um é rico e o outro pobre; na morte, um é sepultado e o outro, como indigente, talvez não tenha tido um sepultamento digno; na eternidade, um está no céu e o outro no inferno. [6]

Analisemos o texto para um melhor entendimento sobre este assunto.

1 – O CONTRASTE DA VIDA DESSES DOIS HOMENS EM VIDA (Lc 16.19-21).

A história desses dois homens é marcada por contrastes extremos na vida e reversões chocantes após a morte. Jesus nesta parábola destaca duas realidades da vida desses dois homens. Um extremamente rico, e o outro, extremamente pobre. Um vivia abastado, o outro, no entanto, em profunda miséria. O homem rico estava dentro da casa, o pobre homem do lado de fora. O pobre homem não tinha comida, o homem rico tinha toda a comida que ele poderia comer. O pobre homem era uma pessoa sofrida, o homem rico estava satisfeito.

Pensando nisso, analisemos a vida desses dois personagens. 

Em primeiro lugar, a vida do homem rico (Lc 16.19). Tratava-se, de fato, de um homem rico, uma vez que usava roupas caras e oferecia banquetes fartos todos os dias. A palavra que melhor descreve esse estilo de vida é “ostentação”. Esse homem era, sem dúvida, um dos “ricos e famosos”, admirado e invejado. [7] Charles L. Childers destaca que este homem tinha em abundância tudo que o mundo podia oferecer para facilitar o conforto, o esplendor ou a felicidade mundana. Suas roupas eram de príncipe; sua casa era um palácio; suas refeições eram banquetes. [8]

Vestia-se de púrpura e linho finíssimo. Esta tintura púrpura era obtida do peixe púrpura, uma espécie de mexilhão ou murex. Era muito caro, e usado como manto pelos ricos e príncipes (púrpura real). Eles tinham três tons de púrpura (violeta intenso, escarlate ou carmesim intenso, azul profundo (Mc 15.17,20; Ap 18.12). O linho finíssimo, também conhecido como linho de Bisso ou o egípcio (também da índia e Acaia) é uma fibra de linho amarelada, da qual se extraía o linho fino, para roupas de baixo. Era usado para envolver múmias. “Havia alguns linhos egípcios, tão finos, que eram chamados de ar entrelaçado. [9] 

No versículo 20 e 21 nos diz que “Havia também um certo mendigo, chamado Lázaro, que jazia cheio de chagas à porta daquele; e desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico...”. O texto nos mostra que este homem não era somente rico, mas ele não se importava com a situação daquele que estava à sua porta. Não se condoía de sua doença e nem com a fome que ele passava. O problema desse homem não era ser rico, mas ser ganancioso e sem misericórdia para com o próximo. 

Diferentemente de Jó que “fazia de olhos para o cego, e de pés para o coxo. Dos necessitados era pai, e as causas de que eu não tinha conhecimento inquiria com diligência” (Jó 29.15,16), este homem rico agia de forma inversa. Ele não se importava com ninguém, a não ser consigo mesmo e em estar saciado de bens.

Em segundo lugar, a vida de Lázaro (Lc 16.20,21). Esta é a única personagem que recebe um nome nas parábolas de Jesus. A miséria absoluta de Lázaro pode ser vista em quatro fatos dramáticos apontados no texto: 1) era mendigo; 2) estava com fome; 3) estava coberto de chagas; 4) os cães lambiam suas úlceras. [10] Eugene Peterson diz que Lázaro é invisível. Ninguém enxerga Lázaro. Em sua invisibilidade, ele compartilha do destino dos pobres, dos doentes, dos explorados e de todos os “infelizes da terra”. [11]

O nome que Jesus deu ao pobre homem, Lázaro, é significativo. Lázaro é a tradução grega do nome hebraico comum Eleazar, que significa, “a quem Deus tem ajudado”. É um nome apropriado, pois simboliza a única maneira que ele pôde entrar no céu, mediante a infinita graça de Deus. Em contraste com o seu estilo de vida extravagante do homem rico, Lázaro vivia na total miséria. O termo usado aqui para descrevê-lo é “ptōchos” (pobre), essa palavra descreve uma pessoa no estado na mais extrema pobreza (por exemplo, Mc 12.42-44).

Charles L. Childers diz que ele era a incorporação da pobreza, doença, e necessidade, assim como o rico o era da riqueza, prazer e saúde. Lázaro era, sem dúvida, colocado à porta do homem rico pelos seus amigos. Ali ele esperava comer as migalhas, ou pedaços de pão que se usavam para limpar os dedos e se atiravam aos cães debaixo da mesa. Mas este conforto lhe era evidentemente negado. O rico não tinha misericórdia nem compaixão. Os próprios cães vinham lamber-lhe as chagas. Estes provavelmente não eram os cães do homem rico. Eram cachorros selvagens sem donos, que perambulavam pelas ruas e comiam os restos que eram jogados ali. [12]

David A. Neale destaca que: 

O maior segmento da população era a classe camponesa. Esta, geralmente, não era tão afortunada. A população camponesa consistia, em sua maioria, de agricultores de subsistência e operários, para quem a existência cotidiana era uma luta contra a necessidade e a fome.

Além dessas classes, havia aqueles que eram considerados marginalizados. Eles eram os impuros, os aleijados e cegos, os cronicamente enfermos e os destituídos. Lázaro era das mais desesperadamente empobrecidas de todas essas classes. Para aqueles que faziam parte do público de Jesus, essa história de riqueza desperdiçada e de necessidade desesperadora teria sido uma dolorosa reflexão sobre a realidade da vida cotidiana deles. [13] 

“...desejava alimentar-se das migalhas...”. As migalhas que caíam da mesa do rico era o refugo que era jogado fora do portão, incluindo os pedaços de pão que o rico usava como guardanapos, segundo era o costume da época. Era uma comida própria para os cães que percorriam as ruas, mas era ansiosamente rebuscada por esse homem que vivia na mais abjeta pobreza que se possa imaginar, diz Champlin. [14]

Os cães vinham lamber suas chagas. James R. Edwards citando Bailay, diz que o cão vira-lata faz mais por Lázaro que o homem rico. [15] Os cães dão a Lázaro o conforto do azeite e vinho (Lc 10.34), que é negado pelo homem rico. Do que sabemos acerca dos cães do Oriente, podemos até afirmar que eles foram os seus agentes funerários, o seu cortejo e a sua sepultura. Com um estremecimento de nojo nos afastamos, dizendo: “Que tragédia!” [16]

2 – O CONTRASTE DA VIDA DESSES DOIS HOMENS NA MORTE (Lc 16.22).

O extremo contraste entre os dois homens na vida continuou em morte. Enquanto eles estavam vivos, o homem rico tinha tratado os pobres, o sofrimento, o homem que jazia ao seu portão, como se ele já estivesse morto. Mas então tudo mudou. O pobre homem morreu, doente, desamparado e morrendo de fome. Não houve enterro, funeral, ou honra terrena na morte, mas a honra veio do céu como seu corpo foi levado pelos anjos para o seio de Abraão.

O rico também morreu, mas ao contrário do pobre homem, ele foi sepultado e, sem dúvida, um homem assim teria sido homenageado com um funeral elaborado. Todos os seus recursos, dinheiro, amigos, privilégio e prestígio não podiam comprar-lhe mais um dia de vida; suas riquezas não conseguiram impedir a inevitabilidade da morte. E, pior, para ele não há anjos chegando para levá-lo para o céu. 

O texto não traz nenhuma informação acerca da situação religiosa de um ou de outro. Mas Lázaro era evidentemente um fiel servo de Deus, pois, quando morreu, os anjos o levaram para o seio de Abraão. [17] O rico, por sua vez, por causa de seu estilo de vida, fazia do prazer o seu deus. [18] Rienecker diz que, para Lázaro, a morte trouxe o fim de seu sofrimento terreno, e, para o rico, o fim de sua felicidade na terra. [19] John C. Ryle corroborando com esse pensamento disse “morreu o mendigo, e findaram-se todas as suas necessidades físicas. Morreu também o rico, e todos os seus deleites acabaram para sempre. [20]

Com isso em mente, podemos destacar duas lições:

Em primeiro lugar, a morte física vem para todos. Se há algo que é democrático é a morte. Ela vem para todos. Uns talvez morram com muito conforto, outros não, mas quando ela chega leva a todos. Na morte não há rico e nem há pobre, ela nos nivela.

Como disse Matthew Henry:

A morte é o destino comum dos ricos e dos pobres, dos piedosos e dos ímpios; eles estão sob esta sentença. Um morreu em toda a sua plenitude, e o outro na amargura de sua alma; mas eles juntamente jazem no pó, Jó 21.26. A morte não beneficia nem o rico por suas riquezas, nem o pobre por sua pobreza. Os santos morrem para que possam ter as suas dores terminadas, e assim possam entrar em seu gozo. Os pecadores morrem, para que possam prestar contas. Cabe tanto aos ricos como aos pobres se prepararem para a morte, porque ela aguarda a ambos. [21]

James I. Packer diz que a única coisa certa que temos na vida é a morte. O escapismo que leva o homem a fechar os olhos para a perspectiva da morte é tão estúpido quanto neurótico e desmoralizante. [22]   

Em segundo lugar, a morte espiritual é uma realidade. A morte física não se compara a morte eterna. Assim como a vida eterna é uma realidade, a morte eterna também é. A Bíblia a chama de “segunda morte” (Ap 21.8). Lugar de tormento. Lugar longe de Deus.

John C. Ryle destaca que 

A certeza e a eternidade do castigo vindouro dos ímpios são verdades que temos de sustentar e nunca abandonar. Desde o dia em que Satanás disse a Eva: “É certo que não morrereis”, nunca faltou homens que negassem a verdade de Deus. Não sejamos enganados. Existe o inferno para aqueles que não se arrependerem, bem como o céu para os crentes. Existe uma ira vindoura para “os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus” (2Ts 1.8). Dessa ira precisamos fugir a tempo, escondendo-nos naquele grande lugar de refúgio, o Senhor Jesus Cristo. Se, após a morte, os homens estiverem em tormentos no inferno, isto acontece não porque não havia uma maneira de escapar. [23]

3 – O CONTRASTE DA VIDA DESSES DOIS HOMENS NA ETERNIDADE (Lc 16.22-31). 

Esta é a única certeza da vida, nascemos e morremos. A vida que levamos e as escolhas que fazemos definirá nosso destino eterno. Ou iremos para o céu, ou iremos para o inferno. Não existe um meio termo, um caminho alternativo que nos leve para um terceiro lugar. Não há uma segunda chance para mudarmos nossas escolhas feitas em vida. Como disse o autor de Hebreus “aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo” (Hb 9.27).

A morte ocorre quando o espírito deixa o corpo (Tg 2.26). Esse não é o fim, mas sim o começo de uma nova existência em outro mundo. Para o cristão, significa estar na presença do Senhor (2Co 5.1-8; Fp 1.21). Para o incrédulo, significa estar longe da presença de Deus e em meio ao tormento. [24] Depois da morte, o contraste no destino destes dois homens continuou, mas agora a situação está invertida. Vejamos. 

Em primeiro lugar, Lázaro alcança a vida eterna (Lc 16.22). A frase seio de Abraão só aparece aqui na Bíblia. Não é, como alguns acreditam, um termo técnico para a morada dos santos do Antigo Testamento até depois da morte de Cristo fez expiação pelos seus pecados. Apenas indica que quando o pobre homem morreu, ele foi imediatamente para o lado de Abraão na morada dos justos. Leon Morris diz que a expressão não é comum, mas claramente denota a felicidade. [25] 

William Hendriksen destaca que o fato de Lázaro ter sido levado pelos anjos para o seio de Abraão certamente prova que ele honrara seu nome. Enquanto estava na terra, pusera sua confiança em Deus como seu Ajudador e agora Deus ordena aos anjos que levem sua alma para o Paraíso. Aquele que anelara receber as migalhas e sobras agora está reclinado à mesa celestial, onde se celebra um banquete. [26]

Em segundo lugar, o rico alcança a morte eterna (Lc 16.22b-31). Aquele que viveu aqui sem Deus, depois da morte, abriu os olhos e estava no inferno, um lugar de tormentos. Se isso não bastasse, das chamas do inferno, ainda conseguia ver Lázaro e notar sua felicidade. Enquanto Lázaro repousava no seio de Abraão, o rico não teve repouso nenhum no inferno. [27] John MacArthur chama-nos a atenção de que a indicação de que um homem rico seria excluído do céu deve ter escandalizado os fariseus; especialmente a ideia desagradável de que, a um mendigo que comia restos da mesa do homem rico, era garantido um lugar de honra próximo a Abraão. [27]

Charles L. Childers destaca que o rico:

No Hades, ergueu os olhos, estando em tormentos. Ali não havia nenhum sono da alma, nenhum estado intermediário. Ele morreu, e imediatamente estava no inferno, enquanto Lázaro foi levado imediatamente para o céu pelos anjos. Este homem rico sem coração fechou os olhos para as suas riquezas terrenas e abriu os olhos no inferno. A palavra Hades é um termo amplo, equivalente “à terra dos espíritos que partiram” ou “mundo futuro”. Portanto nem sempre se refere a um lugar de punição. Mas nesta parábola era inquestionavelmente um local de punição; o rico abriu os olhos em tormentos. Observe que a palavra está no plural. O fogo era apenas uma das muitas causas de sofrimento para o homem perdido. Havia memória, consciência, raciocínio, a capacidade de enxergar o lugar bem-aventurado de Lázaro, e muito mais. [29]

Champlin diz que o vocábulo grego aqui traduzido por “inferno” não é a geena (a prisão dos perdidos), e, sim, o hades, isto é, o mundo invisível dos mortos. [30] 

Está bem claro que a grande verdade aqui enfatizada é esta: uma vez que uma pessoa tenha morrido, sua alma tendo se separado de seu corpo, sua condição, seja de bem-aventurança ou de condenação, está fixada para sempre. Não existe aquilo que se chama uma “segunda” chance. Portanto, as oportunidades para ajudar os que estão em necessidade e em geral de viver uma vida frutífera para a glória de Deus, têm de ser aproveitadas agora. [31]

Em terceiro lugar, não existe arrependidos no inferno. O homem rico não despertou santo. A morte não transforma um pecador num santo. Quem morre na impiedade passa toda a eternidade na impiedade. [32]

Em Lucas 13.27,28 nos diz acerca das pessoas no inferno:

“Digo-vos que não vos conheço nem sei de onde vós sois; apartai-vos de mim, vós todos os que praticais a iniquidade. Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, e Isaque, e Jacó, e todos os profetas no reino de Deus, e vós lançados fora”.

No inferno não há ninguém que tenha se arrependido de seus pecados, pelo contrário, eles estão cada vez com ódio de Deus e dos salvos que estão na glória eterna. Ali haverá choro e ranger de dentes, o grau máximo de dor e indignação. E aquilo que é a sua causa, e que contribui com ela, é uma visão da felicidade daqueles que são salvos: Quando virdes Abraão, e Isaque, e Jacó, e todos os profetas no Reino de Deus; e vós lançados fora. Observe que os santos do Antigo Testamento estão no Reino de Deus; estes foram beneficiados pelo Messias que morreu e ressuscitou, porque eles viram o seu dia à distância e isto refletiu a consolação sobre eles. A visão da glória dos santos será um grande agravo da infelicidade do pecador; eles então verão o Reino de Deus de longe, e nele contemplarão os profetas a quem odiaram e desprezaram, e eles mesmos, embora estivessem certos de entrarem no reino, serão lançados fora. Esta é a principal razão pela qual rangerão os dentes, Salmos 112.10. [33]

John C. Ryle nos diz que o Senhor Jesus nos mostrou com clareza que, depois de morto, o rico estava “no inferno” atormentado em chamas. Ele nos apresentou a terrível figura do intenso desejo do rico por água para refrescar a sua língua; apresentou também a horrível figura do “abismo” existente entre o rico e Abraão, um abismo que não poderia ser ultrapassado. Em toda a Bíblia, existem poucas passagens tão apavorantes quanto essa. E Aquele que proferiu essas palavras, não esqueçamos, é rico em misericórdia! [34]

Através desse texto, nós temos um vislumbre do que possa ser o inferno. Vejamos o que o texto tem a nos ensinar.

1 – O inferno é um lugar de tormento (Lc 16.233a). A palavra “tormento” é usada quatro vezes neste relato e se refere a uma dor definida. É a mesma palavra usada para a condenação temida pelos espíritos malignos (Mc 5.7) e para os julgamentos que Deus enviará sobre o mundo impenitente (Ap 9.5; 11.10; 20.10). Se o inferno é a prisão eterna dos condenados, o Hades é a cadeia temporária, e o sofrimento em ambos é extremamente real. [35] O inferno é descrito como um lugar onde as chamas são inextinguíveis, de fogo que não se apaga, de fumaça que sobe pelos séculos dos séculos.

2 – O inferno é um lugar onde não há consolo (Lc 16.23-25). A extensão da agonia do homem rico é poderosamente ilustrada, pois ele que antes não considerava qualquer prazer demasiado extravagante implora o menor benefício. [36]

Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te... Não foi solicitado que o rico se lembrasse de um crime ou de uma vida de vícios. Era apenas uma vida de indulgência egoísta, uma vida tão cheia de preocupações egocêntricas que não havia espaço nem tempo para os outros, nem para Deus. Agora, este é consolado, e tu, atormentado, destaca Charles L. Childers. [37]

3 – O inferno revela o que a pessoa tem de pior. Leon Morris diz que A atitude do rico para com o grande patriarca é deferencial, pois o chama de Pai Abraão, e as palavras da sua petição são suficientemente humildes. Mas há uma nota de arrogância inconsciente na sua atitude para com Lázaro, porque supõe que aquele pobre pode ser mandado para lhe prestar um serviço (a não ser que suas palavras queiram dizer que estava disposto a aceitar o mínimo alívio, seja qual for a sua proveniência). Não percebeu que os valores da terra já não são aplicáveis. [38] O inferno potencializa o que o ser humano tem de pior. No caso do homem rico, a sua arrogância.

Seu apelo por Abraão para enviar Lázaro indica que sua visão do mendigo não tinha mudado. Ele ainda via Lázaro como alguém tão humilde e insignificante, que se alguém tivesse que ser selecionado para deixar o céu e vir para o inferno para lhe trazer água, deveria ser Lázaro. Sua atitude inalterada e impenitente ilustra a realidade de que o inferno não é corretivo, mas punitivo.

4 – O inferno é um lugar de onde não se pode sair (Lc 16.26). O inferno é definido na Bíblia como uma prisão de algemas eternas (Jd 6,13). Não haverá chance de arrependimento no inferno. Será uma prisão eterna. Será o castigo eterno. Há um abismo intransponível que separa o inferno do céu. Há um caráter de irreversibilidade da sorte de uma pessoa depois da morte. [39]

5 – O inferno é um lugar de lembranças das oportunidades perdidas (Lc 16.27,28). Pela primeira vez na história, o rico demonstra algum interesse noutras pessoas (mas não pensa nos pobres; fica só no assunto dos seus). Pede que seus cinco irmãos sejam advertidos quanto aquilo que os aguarda. [40] Este espírito missionário, este interesse pela salvação de sua família, deveria ter vindo mais cedo – quando ele ainda estava com eles. [41]

6 – O inferno só pode ser evitado se crermos no testemunho das Escrituras (Lc 16.28-30). Se não ouvem a Moisés e aos Profetas (ou seja, o Antigo Testamento), eles não ficarão convencidos, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos, como a ressurreição de Lázaro, irmão de Maria e marta não convenceu os doutores da lei, pelo contrário, intentaram matá-lo também (Jo 12.10,11), e do próprio Senhor. A incredulidade está no coração, não é uma questão intelectual e nem moral, nenhuma quantidade de provas mediante milagres pode transformar a incredulidade em fé (Jo 12.37). Só a Palavra de Deus tem o poder de fazê-lo (Hb 4.12; 1Pe 1.23). 

Fritz Rienecker destaca que na verdade a situação real é que quem não crê em Moisés e os profetas também não poderá ser persuadido por meio da ressurreição de um morto. O testemunho da Escritura reveste-se de tanta relevância e validade plena que sozinho já é suficiente para produzir uma conversão. Um sinal milagroso que age sobre os sentidos de forma alguma é comparável ao testemunho extraordinário da Escritura. [42]

John MacArthur nesta mesma linha de pensamento fala a respeito da suficiência singular das Escrituras para superar a incredulidade. Ele diz que o Evangelho em si mesmo é poder de Deus para a salvação (Rm 1.16). Como, no fundo, a incredulidade é um problema espiritual, e não intelectual, nenhum montante de evidências jamais transformará incredulidade em fé. Mas a Palavra de Deus revelada tem o poder inerente de transformar (Jo 6.63; Hb 4.12; Tg 1.18; 1Pe 1.23). [43] 

Por isso, o tempo de se arrepender é agora. O tempo de evangelizar é agora. O tempo de ajudar alguém é agora. No inferno, os ímpios são inteiramente responsáveis por não terem ouvido as advertências das Escrituras (16.27-31). [44]

7 – O inferno é eterno. O castigo dos ímpios mortos no inferno é descrito em toda a Escritura como “fogo eterno” (Mt 25.41), “fogo que nunca se apagará” (Mt 3.12), “vergonha e desprezo eterno” (Dn 12.2), um lugar “onde... o fogo nunca se apaga” (Mc 9.44-49), um lugar de “tormentas” e “chamas” (Lc 16.23-24), “eterna perdição” (2Ts 1.9), um lugar de tormento com “fogo e enxofre” onde “a fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre” (Ap 14.10,11) e um “lago de fogo e enxofre” onde os ímpios “de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre” (Ap 20.10).

A punição dos ímpios no inferno é tão duradoura quanto a felicidade dos justos no céu. O próprio Jesus indica que a punição no inferno é tão eterna quanto a vida no céu (Mt 25.46). Os ímpios estão sempre sujeitos à fúria e à ira de Deus. Os que estão no inferno reconhecerão a perfeita justiça de Deus (Sl 76.10). Aqueles que estão no inferno saberão que o seu castigo é justo e que são de fato culpados (Dt 32.3-5). Sim, o inferno é real. Sim, o inferno é um lugar de tormento e castigo que dura para sempre, ou seja, não tem fim. Louve a Deus que, por meio de Jesus, podemos escapar deste destino eterno (Jo 3.16, 18, 36).

CONCLUSÃO 

Devemos nos lembrar de que o homem rico não foi condenado simplesmente por ser rico, assim como Lázaro não foi salvo simplesmente por ser pobre. Abraão foi um homem extremamente rico, no entanto, não estava no tormento do Hades. O homem rico depositou toda a confiança em suas riquezas e não creu no Senhor. Nas palavras de C. S. Lewis: “O caminho mais seguro para o inferno é gradual: declive suave, macio debaixo dos pés, sem curvas fechadas, sem marcos nem placas”. [45] “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Mc 8.36).

Hernandes Dias Lopes diz que a doutrina do inferno não é uma verdade popular. Não agrada aos ouvidos. Choca as pessoas mais sensíveis. O ser humano não gosta de ouvir sobre o inferno. Contudo, pior do que ouvir sobre o inferno é ser lançado nele. [46] 

Pense nisso! 

Bibliografia:

1 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 484.

2 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 459.

3 – Champlin, R. N. O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo, Lucas, Vol. 2, Ed. Hagnos, São Paulo, SP, 2005, p. 161.

4 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p. 271.

5 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 335.

6 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 484.

7 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 312.

8 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 459.

9 – Robertson, A. T. Comentário de Lucas, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2013, p. 293.

10 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 485.

11 – Peterson, Eugene. A Linguagem de Deus, Ed. Mundo Cristão, São Paulo, SP, 2011, p.124.

12 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 459.

13 – Neale, David A. Lucas, 9 – 24, Novo Comentário Beacon, Ed. Central Gospel, Rio de Janeiro, RJ, 2015, p. 185.

14 – Champlin, R. N. O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo, Lucas, Vol. 2, Ed. Hagnos, São Paulo, SP, 2005, p. 162.

15 – Edwards, James R. O Comentário de Lucas, Ed. Shedd, Sto Amaro, SP, 2019, p. 594.

16 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 486

17 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 238.

18 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 485.

19 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 346.

20 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p. 273.

21 – Henry, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento Mateus a João, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2008, p. 667.

22 – Shedd, Russel, Pieratt, Alan – Editores. Packer, James I. Imortalidade, Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1992, p. 116.

23 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p. 273.

24 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 313.

25 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 238.

26 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 338.

27 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 487.

28 – MacArthur, John. Comentário Bíblico MacArthur, Gênesis a Apocalipse, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeiro, RJ, 2019, p. 1275.

29 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 460.

30 – Champlin, R. N. O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo, Lucas, Vol. 2, Ed. Hagnos, São Paulo, SP, 2005, p. 163.

31 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 339.

32 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 484.

33 – Henry, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento Mateus a João, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2008, p. 639.

34 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p. 273.

35 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 313.

36 – Ash, Anthony Lee. O Evangelho Segundo Lucas, Ed. Vida Cristã, São Paulo, SP, 1980, p. 250.

37 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 460.

38 – 36 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 238.

39 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 488.

40 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 239.

41 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 461.

42 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curitiba, PA, 2005, p. 347

43 – MacArthur, John. Comentário Bíblico MacArthur, Gênesis a Apocalipse, Ed. Thomas Nelson, Rio de Janeiro, RJ, 2019, p. 1275.

44 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 489.

45 – Wiersbe, Warren W. Lucas, Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Ed. Geográfica, Santo André, SP, 2007, p. 314.

46 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 491.

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

A CONTROVÉRSIA DE JESUS COM OS FARISEUS - Lc 16.14-18

Por Pr Silas Figueira

Texto base: Lucas 16.14-18

INTRODUÇÃO 

Estes fariseus avarentos foram rápidos para perceber que as palavras de Jesus, a respeito do uso prudente do dinheiro, se aplicavam a eles. Eles tinham ouvido, sem comentar, as três parábolas, que se referiam diretamente a eles (a Ovelha Perdida, a Dracma Perdida, o Filho Pródigo). Mas agora eles não ficam em silêncio, quando ouvem a quarta parábola, dita aos discípulos. Aparentemente, eles não proferiram palavras, mas seus rostos foram eloquentes, com desdém. [1] Leon Morris diz que os fariseus cobiçosos gostavam de disfarçar seu pecado e ver seu dinheiro como evidência da bênção de Deus sobre suas atividades. [2]

Aliás, esse pensamento tem sido muito comum em nossos dias. Muitos líderes cristãos avaliam as bênçãos de Deus na vida de uma pessoa pelos bens materiais que ela possui. Muitos líderes estão pregando o Evangelho da Prosperidade. Essa falsa teologia entrou no Brasil e se instalou em muitos ministérios. Quem prega essa falsa teologia desconhece a vida de Jesus, dos apóstolos e a própria história da Igreja. 

Mas vamos ao texto e ver e destacar algumas lições aqui: 

1 – JESUS REVELA A HIPOCRISIA DOS FARISEUS (Lc 16.14,15). 

É uma verdade paradoxal ver que aqueles que são os mais perigosos inimigos de Deus não são os que se opõem abertamente Ele, mas sim aqueles que por fora parecem ser os mais dedicados a Ele. Muitos supunham que os doutores da lei eram os mais piedosos, especialmente porque eles se identificavam com o Deus das Escrituras. Mas, na realidade, as suas adorações eram falsas. Eles não adoravam a Deus, mas a mamom. Como diz um antigo adágio: “Por fora bela viola, por dentro pão bolorento”.

Em primeiro lugar, os fariseus eram avarentos (Lc 16.14a). Os fariseus eram motivados pela ganância, avareza e cobiça. As mesmas coisas que motivaram Judas a trair Jesus (cf. Jo 12.5-6). O adjetivo philarguros deriva de duas palavras: phileo, “amar”, ou “ter afeição por”, e arguros, “prata”, ou seja, amor ao dinheiro, avareza. Como nos fala no livro de Eclesiastes 5.10: “Quem amar o dinheiro jamais dele se fartará; e quem amar a abundância nunca se fartará da renda; também isto é vaidade”.

Paulo escrevendo a Timóteo o alertou a respeito desse perigo.

Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (1Tm 6.9,10). 

Em segundo lugar, eles zombavam da verdade (Lc 16.14b). Estes fariseus avarentos não podiam suportar que alguém tocasse neste ponto. Esta era a sua Dalila, a sua querida concupiscência; por isto eles zombavam de Jesus, exemykterizon auton - eles fungaram seus narizes para ele, ou tentaram assoar os seus narizes diante dele como um gesto ofensivo. [3]

O discurso de Jesus atingiu como flecha a hipocrisia deles. Jesus arranca-lhes a máscara e diz que Deus conhece o coração avarento deles. A religião deles era apenas uma fachada. A espiritualidade deles era uma propaganda enganosa. Pareciam muito piedosos diante dos outros, mas eram reprovados diante de Deus. Jesus, põe de ponta cabeça os valores mesquinhos dos fariseus, dizendo que aquilo que é elevado entre os homens (o que eles avidamente buscavam) é abominação diante de Deus. [4]

Charles L. Childers observa que o egoísta pervertido passará a ridicularizar quando não tiver argumentos para defender a sua conduta. Visto que os fariseus eram notoriamente ambiciosos, eles sofreram uma dupla “ferroada” através da denúncia de Jesus: ferroada de consciência e ferroada de uma reputação ferida. E natural que sentissem que nestes dois assuntos os ensinos de Jesus eram dirigidos diretamente a eles, como sem dúvida eram - ao menos em parte. [5] Sua reação agressiva e hostil, significava que eles eram falsos adoradores, sem capacidade para receber e responder à verdade. Eles estavam cegos espiritualmente (2Co 4.4), mortos em seus pecados (Ef 2.1), e incapaz de compreender e aceitar as coisas de Deus (1 Co 2.14). Mas escondidos atras do verniz da religião.

Em terceiro lugar, o coração deles era abominável diante de Deus (Lc 16.15). Esta acusação de Jesus aos fariseus é um resumo sucinto de toda a religião falsa. O judaísmo farisaico foi um sistema de obras justiça; de autojustificação; de tentar fazer-se aceitável a Deus, tentando ganhar a salvação através de boas obras. Através da manutenção de certos padrões éticos e legais, e realizando rituais e cerimônias religiosas. Não há dúvida de que eles tinham um zelo pela ideia de Deus (Rm 10.2). Mas zelo divorciada do conhecimento da verdade é inútil.

Davi quando quis trazer a arca para Jerusalém estava muito bem-intencionado, no entanto usou meios errados para fazer isso. Trouxe a arca em um carro e não pelos ombros dos levitas da família de Coate. O resultado foi a morte de Uzá (2Sm 6). Você pode ser muito zeloso pelas coisas de Deus, mas se seu zelo for fora da Palavra irá gerar morte.

Em quarto lugar, o julgamento de Jesus é certo, porque Deus conhece os corações. Como lemos em Jeremias 17.9,10: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, o Senhor, esquadrinho o coração e provo os rins; e isto para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações”. A fachada externa de piedade e santidade dos fariseus podia ter enganado os homens, mas não a Deus, pois, em Sua onisciência, sabia o que estava em seus corações. “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas!” Jesus advertiu: “Porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia. Então, vocês, também, por fora parecem justos aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniquidade” (Mt 23.27,28).

William Hendiksen é enfático quando diz que Jesus sabendo exatamente o que estava acontecendo, desmascarou esses hipócritas. O que ele lhes disse equivale a isto: Vocês são as pessoas que se apresentam diante dos homens como se estivessem vivendo em harmonia com a santa lei de Deus. Mas sua justiça não passa de fachada. Por dentro vocês são exatamente o contrário do que querem que as pessoas creiam que são. Não obstante, Deus os conhece bem. Ele sabe que sua religião é fingida. Porque, o que os homens veem e admiram em vocês é uma abominação aos olhos de Deus. [6]

2 – JESUS VEIO CUMPRIR A LEI (Lc 16.16-18).

Jesus conclui seu ensino mostrando aos fariseus que o evangelho não era um ataque à lei, mas uma consumação da lei. A lei e os profetas, ou seja, o Antigo Testamento, vigoraram até João. Este veio como a dobradiça entre a antiga e a nova dispensação. Ele preparou o caminho do Messias, para quem apontou como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Desde então, vem sendo anunciado o evangelho do reino de Deus, e todo homem se esforça para entrar nele. [7] Leon Morris enfatiza que A vinda de Jesus marcava uma linha divisória. Até então, a revelação de Deus tinha sido feita na lei (a rigor: os livros de Gênesis até Deuteronômio) e os profetas. A expressão combinada representa a totalidade do Antigo Testamento. Operava bem até aos tempos de João Batista. Agora, com a vinda de Jesus vem sendo anunciado o evangelho do reino de Deus. [8]

Fritz Rienecker enfatiza também que a menção de que a velha ordem do reino de Deus cessou com João Batista facilmente poderia levar à opinião equivocada de que assim a lei teria sido abolida. Jesus não veio para dissolver a lei, mas para consumá-la (Mt 5.18). Paulo enfatiza que a lei não foi anulada pela fé, mas confirmada (Rm 3.31). [9]

Com isso em mente, devemos tirar algumas dúvidas em relação a Lei.

Em primeiro lugar, existem a lei civil ou judicial, a lei cerimonial e a lei moral. Deus proferiu e revelou diversas determinações e deveres para o homem, em diferentes épocas na história.  Sua vontade para o homem, constitui a sua Lei e ela representa o que é de melhor para os seus. Quando estudamos a Lei de Deus, mais detalhadamente, devemos, entretanto, discernir os diversos aspectos, apresentados na Bíblia, desta lei.  Como devemos classificá-la e entendê-la? Muitos mal-entendidos e doutrinas erradas podem ser evitadas, se compreendermos que a Palavra de Deus apresenta os seguintes aspectos da lei:

1 – A Lei Civil ou Judicial – Representa a legislação dada à sociedade ou ao estado de Israel, por ex.: os crimes contra a propriedade e suas respectivas punições.

2 – A Lei Religiosa ou Cerimonial – Esta representa a legislação levítica do Velho Testamento, por ex.: os sacrifícios e todo aquele simbolismo cerimonial.

3 – A Lei Moral – Representa a vontade de Deus para com o homem, no que diz respeito ao seu comportamento e seus deveres principais. [10]

Em segundo lugar, Jesus veio cumprir toda a Lei. “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir” (Mt 5.17). O Antigo Testamento traz a revelação da lei e dos profetas, e o Novo Testamento apresenta Jesus e o evangelho. Não há conflito nem contradição entre a antiga e a nova dispensações. Jesus não veio para deitar por terra a lei e os profetas. Veio para cumprir tudo que a lei simbolizava e tudo o que os profetas disseram. A lei é a promessa; Jesus é o cumprimento da promessa. A lei era a sombra; Jesus é a realidade. Jesus não veio para desautorizar a lei, mas para cumpri-la. Não veio para refutar os profetas, mas para ser a essência de tudo o que eles disseram. Jesus cumpriu a lei em seu nascimento, em seus ensinamentos e em sua morte e ressurreição. [11]

Em terceiro lugar, Jesus não aboliu a lei moral. A lei judicial e a lei cerimonial eram, única e exclusivamente, para o povo judeu, mas a lei moral é para todo o povo de Deus. Era no Antigo Testamento, continua no Novo Testamento. A lei moral permanece como reguladora da ética do reino. Essa lei é eterna e jamais passará. O apóstolo Paulo diz: A lei é boa, se alguém dela se utiliza de modo legítimo (1Tm 1.8). E dá seu testemunho: No tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus (Rm 7.22). J. C. Ryle destaca que a parte cerimonial da Lei era uma figura de seu próprio evangelho e seria cumprida literalmente. Sua parte moral era uma revelação da eterna mente de Deus e seria perpetuamente ordenada aos crentes. [12]

Em quarto lugar, Jesus, então, dá um exemplo do caráter permanente da lei moral (Lc 16.18). Sabemos que o casamento e o divórcio eram questões contestadas na época de Jesus. Sabemos também que Jesus defendia um padrão de casamento que, ao nosso conhecimento, nenhum rabi judeu defendia. Não é de surpreender que Lucas inclua o ensino de Jesus sobre essa questão em particular no versículo 18 como exemplo da validade duradoura da lei [moral]. [13]

Por exemplo, o famoso rabino Hillel que viveu na última metade do primeiro século antes de Cristo, e por isso durante o reinado do rei Herodes I, ensinou que um esposo tinha o direito de divorciar-se de sua esposa se ela lhe servisse comida que estivesse ligeiramente queimada; e o rabino Akiba (que viveu cerca do ano 110 d.C.) ainda permitia que um esposo se divorciasse de sua esposa se encontrasse uma mulher mais bela. [14]

Jesus, então, dá um exemplo do caráter permanente da lei moral, em oposição às tentativas de evasão dos fariseus, citando a questão do divórcio e do novo casamento (16.18). [15]

Em quinto lugar, Jesus deixa claro que a entrada no Reino de Deus é com esforço (Lc 16.16b). Enquanto a salvação não é de nenhuma maneira um esforço puramente humano, o verdadeiro arrependimento, no entanto, envolve à vontade atuando na abnegação. “Se alguém quer vir após mim”, Jesus declarou solenemente, “negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Lc 9.23; 14.26,27), uma vez que “quem quiser salvar a sua vida a perderá, mas quem perder a sua vida por minha causa, ele é o único que vai salvá-lo” (Lc 9.24). Há uma luta monumental na alma humana pecaminosa para esmagar orgulho e auto vontade e chegar ao arrependimento.

CONCLUSÃO 

A questão que Jesus destaca aqui é a verdade. A religião falsa condena. Ele não salva, e deve ser exposta para o que seus seguidores, advertidos da condenação, possam ter a verdadeira compreensão da palavra de Deus. Dizer a verdade sobre os mentirosos e enganadores é um ato de misericórdia que se deve fazer. Jesus confrontou os fariseus para que eles pudessem se arrepender, e para que as pessoas que os seguiam pudessem vê-los como eles realmente eram. Essa ainda é a responsabilidade daqueles cujos olhos foram abertos para compreender a glória da verdade divina (cf. Lc 20.45-47).

Pense nisso!

Bibliografia:

1 –Robertson, A. T. Comentário de Lucas, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2013, p. 292.

2 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 235.

3 – Henry, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento Mateus a João, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2008, p. 663.

4 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 479.

5 – Childers, Charles L. Comentário Bíblico Beacon, Lucas, vol. 6, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2006, p. 458.

6 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 324.

7 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 479.

8 – Morris, Leon L. Lucas, Introdução e Comentário, Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP, 1986, p. 236.

9 – Rienecker, Fritz. O Evangelho de Lucas, Comentário Esperança, Ed. Evangélica Esperança, Curi-tiba, PA, 2005, p. 342.

10 – Portela, Solano. Os Três Aspectos da Lei de Deus, https://solanoportela.net/palestras/tres_aspectos.htm#:~:text=A%20Lei%20Religiosa%20ou%20Cerimonial,comportamento%20e%20seus%20deveres%20principais., acessado em 31/10/2023.

11 – Lopes, Hernandes Dias. Mateus, o Rei dos reis, Ed. Hagnos, São Paulo, SP, 2019, p. 192.

12 – Ryle, J. C. Meditações no Evangelho de Lucas, Ed. FIEL, São José dos Campos, SP, 2002, p. 271.

13 – Edwards, James R. O Comentário de Lucas, Ed. Shedd, Sto Amaro, SP, 2019, p. 590.

14 – Hendriksen, William. Lucas, vol. 2, Ed. Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2003, p. 325.

15 – Lopes, Hernandes Dias. Lucas, Jesus o homem perfeito, Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2017, p. 480.